Liturgia Diária
11 – TERÇA-FEIRA
1ª SEMANA DA QUARESMA
(roxo – ofício do dia)
Senhor, vós vos tornastes um refúgio para nós de geração em geração; desde sempre e para sempre, vós sois Deus (Sl 89,1s).
Ao revelar a oração sublime, Jesus demonstra que o ato de elevar o espírito à Origem nos compromete com a Verdade e com a plenitude do Ser. O reconhecimento da Fonte nos insere na ordem maior, onde a liberdade e a responsabilidade convergem na busca do Supremo Bem. A comunhão interior nos desperta para a expansão da consciência e para a realização da justiça transcendental. Assim, na prece autêntica, celebramos o caminho da ascensão, guiados pelo Verbo que ilumina a consciência individual, harmonizando-a com o Princípio eterno que nos chama à perfeição da unidade e do discernimento.
Evangelium secundum Matthaeum 6,7-15
7 Cum autem oratis, non multum loquamini, sicut ethnici. Putant enim quod in multiloquio suo exaudiantur.
Quando orardes, não faleis muito, como os gentios. Eles pensam que serão ouvidos por causa de suas muitas palavras.
8 Nolite ergo assimilari eis: scit enim Pater vester quid opus sit vobis, antequam petatis eum.
Não vos assemelheis a eles, pois vosso Pai sabe do que necessitais antes que lho peçais.
9 Sic ergo orabitis: Pater noster, qui in caelis es, sanctificetur nomen tuum.
Portanto, orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
10 Adveniat regnum tuum. Fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.
11 Panem nostrum supersubstantialem da nobis hodie.
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.
12 Et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris.
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
13 Et ne nos inducas in tentationem, sed libera nos a malo. Amen.
E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. Amém.
14 Si enim dimiseritis hominibus peccata eorum, dimittet et vobis Pater vester caelestis delicta vestra.
Se perdoardes aos homens as suas faltas, também vosso Pai celeste vos perdoará as vossas.
15 Si autem non dimiseritis hominibus, nec Pater vester dimittet vobis peccata vestra.
Se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas faltas.
Reflexão:
"Pater noster, qui in caelis es, sanctificetur nomen tuum."
"Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome." (Mt 6:9)
Essa frase inicia a oração ensinada por Jesus, reconhecendo a Deus como Pai e estabelecendo a relação entre a humanidade e a Origem Suprema.
A oração que Jesus ensina desperta a consciência para o real sentido da existência. No ato de reconhecer a Origem, o ser se projeta para além de si, ajustando-se ao eixo da ordem universal. O Reino é a convergência última da vontade reta, que alinha liberdade e plenitude. O pão cotidiano simboliza a força necessária para cada instante da jornada. O perdão revela a interdependência entre os indivíduos, pois a harmonia só se mantém quando se compreende a reciprocidade. Assim, ao elevar-se na súplica, o ser participa do dinamismo que conduz ao horizonte último do Bem.
HOMILIA
A Perseverança na Verdade que Liberta
Evangelho segundo Mateus 10,17-22
Jesus alerta seus discípulos sobre as adversidades que encontrarão ao seguirem o caminho da Verdade. Não esconde as dificuldades, nem adoça a realidade. Diz-lhes que serão entregues aos tribunais, açoitados nas sinagogas e levados diante de reis e governadores. Mas também revela que, nesse enfrentamento, o Espírito falará por eles, tornando-os testemunhas de algo maior que si mesmos.
A perseguição, porém, não é apenas uma provação, mas um critério. Quem se alinha ao eixo do Bem enfrentará inevitavelmente a resistência do mundo que se recusa a se elevar. Não há crescimento sem atrito, nem iluminação sem contraste. No entanto, aquele que persevera, longe de sucumbir, torna-se ponto de convergência para a própria realização do Reino.
A palavra final não pertence ao caos, mas à ordem superior que rege todas as coisas. O sofrimento não define a jornada, mas sim a fidelidade àquilo que transcende o instante. Os laços naturais, os vínculos terrenos, podem se romper, pois a verdade não se curva à conveniência. Mas aquele que sustenta sua liberdade na essência e não no medo não será vencido.
Por isso, perseverar não é apenas resistir, mas avançar com consciência desperta, sabendo que cada provação se transforma em um passo rumo à plenitude do ser. A promessa não é de facilidades, mas de consumação. E ao fim, não será aquele que cedeu ao imediatismo que encontrará a verdadeira vida, mas aquele que se manteve firme até o último instante.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
"Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome." (Mt 6,9) – A Origem Suprema e a Consagração do Ser
A primeira invocação do Pai-Nosso contém um dos mais profundos mistérios da revelação cristã: a filiação divina e a santidade absoluta de Deus. Cada palavra expressa uma verdade essencial que estrutura toda a relação entre o ser humano e a Origem Suprema.
"Pai nosso" – A filiação como princípio de liberdade
Ao chamar Deus de "Pai", Jesus revela que nossa relação com o Absoluto não é de servidão cega, mas de participação consciente. A paternidade divina implica que não somos meros fragmentos dispersos na criação, mas seres chamados a um vínculo vivo com Aquele que é a Fonte do Ser. Essa filiação nos insere na ordem da liberdade, pois ser filho é receber a existência como dom, mas também como responsabilidade. Não é uma posse exclusiva de indivíduos ou grupos, pois o Pai é "nosso" — expressão de comunhão e não de isolamento.
"Que estás nos céus" – A transcendência que sustenta a imanência
Deus "está nos céus", não no sentido de distância espacial, mas de transcendência absoluta. O céu, nas Escrituras, representa a plenitude da realidade, onde a ordem divina se manifesta sem distorção. Ao reconhecer Deus nos céus, a consciência humana se abre para além do imediato, compreendendo que a Verdade não está limitada às contingências passageiras. No entanto, essa transcendência não o afasta de nós; pelo contrário, ao estar nos céus, Ele permanece a Origem e Destino de tudo, sustentando cada instante do ser.
"Santificado seja o teu nome" – O nome como essência e a consagração como resposta
Na tradição bíblica, o "nome" não é apenas uma designação, mas a expressão do próprio ser. Santificar o nome de Deus significa reconhecer e proclamar sua absoluta pureza, sua verdade imutável, seu caráter único e sem contaminação. Mas essa santificação não é apenas uma afirmação teórica: ela exige uma resposta existencial. O ser humano é chamado a alinhar sua liberdade com essa santidade, vivendo de modo que suas escolhas e sua consciência reflitam a ordem divina.
Conclusão – A ascensão da consciência à unidade suprema
Essa invocação inicial do Pai-Nosso não é apenas uma fórmula de oração, mas um chamado à elevação da consciência. Quem pronuncia essas palavras compreende que não caminha sozinho, mas em comunhão com todos os que reconhecem a Verdade. Também entende que sua liberdade se realiza plenamente apenas ao integrar-se à vontade do Pai, que está nos céus. E, por fim, assume que santificar o nome divino não é um ato passivo, mas um compromisso de viver em consonância com o Bem supremo, onde a plenitude do ser se cumpre.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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