terça-feira, 11 de março de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 7:7-12 - 13.03.2025

 Liturgia Diária


13 – QUINTA-FEIRA 

1ª SEMANA DA QUARESMA


(roxo – ofício do dia)


Prestai ouvidos, Senhor, às minhas palavras, escutai o meu clamor. Ficai atento ao meu apelo, ó meu Rei e meu Deus! (Sl 5,2s)


Nesta celebração do Mistério Supremo, exaltemos a Origem do Ser, que responde àqueles que o buscam com autenticidade e livre discernimento. Ele é a Fonte primordial, da qual emana toda perfeição que sustenta a existência e fortalece a jornada daqueles que escolhem a verdade. No chamado interior de cada consciência, ressoa a voz que liberta, honra a autonomia e inspira a plenitude. Assim, na liberdade do espírito, elevamos nossa comunhão àquele que, sem impor, atrai, sem subjugar, guia, e sem restringir, revela o horizonte onde a justiça e o bem florescem pela livre adesão ao eterno princípio do amor.



Evangelium secundum Matthaeum 7,7-12

7 Petite, et dabitur vobis: quaerite, et invenietis: pulsate, et aperietur vobis.
Pedi, e vos será dado; buscai, e encontrareis; batei, e vos será aberto.

8 Omnis enim, qui petit, accipit: et qui quaerit, invenit: et pulsanti aperietur.
Pois todo aquele que pede, recebe; quem busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-á.

9 Aut quis est ex vobis homo, quem si petierit filius suus panem, numquid lapidem porriget ei?
Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?

10 Aut si piscem petierit, numquid serpentem porriget ei?
Ou, se pedir um peixe, porventura lhe dará uma serpente?

11 Si ergo vos, cum sitis mali, nostis bona data dare filiis vestris, quanto magis Pater vester, qui in caelis est, dabit bona petentibus se?
Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem!

12 Omnia ergo quaecumque vultis ut faciant vobis homines, et vos facite illis: haec est enim lex, et prophetae.
Tudo, pois, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles, porque esta é a Lei e os Profetas.

Reflexão:

"Petite, et dabitur vobis: quaerite, et invenietis: pulsate, et aperietur vobis."
"Pedi, e vos será dado; buscai, e encontrareis; batei, e vos será aberto." (Mt 7:7)

Essa frase resume a essência do ensinamento de Jesus sobre a relação entre a busca humana e a resposta divina, destacando a importância da iniciativa e do desejo sincero na caminhada espiritual.

Aquele que pede manifesta sua aspiração ao horizonte do possível. Quem busca, expande sua compreensão, encontrando na realidade a resposta ao seu desejo de saber. Bater à porta é afirmar a própria autonomia, reconhecendo que as passagens do caminho se revelam àquele que caminha. O princípio do bem supremo não impõe limites àquele que age com justiça e verdade. Cada escolha traz em si o movimento do progresso, pois a vida se ordena conforme a intenção que a dirige. No dar e receber, no pedir e acolher, ergue-se o edifício de uma existência onde a liberdade e a verdade convergem em plenitude.


HOMILIA

O Chamado à Plenitude: O Caminho do Pedido, da Busca e da Abertura

No centro da existência humana, há um impulso essencial que move o espírito: o anseio por algo maior, a aspiração pelo encontro com a verdade, a sede por plenitude. O Evangelho de Mateus nos revela uma dinâmica profunda da vida: “Pedi, e vos será dado; buscai, e encontrareis; batei, e vos será aberto” (Mt 7,7). Essas palavras não são meras instruções, mas expressam a própria estrutura do real, onde o movimento do coração que deseja transforma o horizonte de possibilidades.

Aquele que pede manifesta sua consciência de carência e sua liberdade para reconhecer o que falta. Não há crescimento sem o desejo legítimo de alcançar algo além do que já se tem. Quem busca, por sua vez, não se contenta com a inércia, mas compreende que a verdade não se impõe, antes se revela ao olhar atento. E aquele que bate à porta compreende que a realização última exige envolvimento ativo, pois as grandes passagens da vida não se abrem por acaso, mas em resposta à perseverança.

Jesus nos convida a reconhecer que há um princípio doador no cerne do real, um princípio que não nega a resposta a quem se abre à verdade. O Pai que está nos céus não impõe sua presença, mas deixa-se encontrar por aqueles que desejam participar da plenitude. Isso nos ensina que o mundo é permeado de sentido e que cada ser tem sua dignidade de filho, capaz de interagir com essa realidade maior, não como mero expectador, mas como participante consciente do próprio destino.

Há, portanto, um duplo movimento no existir: o da entrega e o da recepção, o do agir e o da revelação. A vida não é uma imposição cega, mas um convite à construção. Quem pede, recebe; quem busca, encontra; quem bate, vê as portas se abrirem. Não porque o universo seja um mecanismo automático de recompensa, mas porque a verdade se doa àquele que está disposto a acolhê-la.

Ao final, Jesus nos deixa um princípio fundamental: “Tudo, pois, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles” (Mt 7,12). Aqui está o fundamento de toda convivência autêntica e de toda realização genuína. O bem não pode ser apenas esperado, mas precisa ser gerado. O amor, a justiça e a verdade não são apenas dádivas recebidas, mas também sementes que devem ser plantadas.

Que essa palavra nos inspire a compreender a grandeza de nossa existência, onde cada escolha tem peso, cada busca tem sentido e cada abertura à verdade nos torna mais plenos. O destino de cada um não é algo que simplesmente se impõe, mas algo que se constrói no pedido sincero, na busca incansável e na coragem de abrir portas para o novo.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Estrutura da Graça e da Liberdade: O Pedido, a Busca e a Abertura em Mateus 7,7

A frase “Pedi, e vos será dado; buscai, e encontrareis; batei, e vos será aberto” (Mt 7,7) revela uma das dinâmicas mais profundas da relação entre Deus e o ser humano, articulando os princípios da graça divina e da liberdade humana em um movimento ascendente de plenitude.

1. O Pedido: A Consciência da Dependência e da Filiação

O ato de pedir pressupõe a consciência da carência. Não se trata de uma carência degradante, mas da realidade própria da criatura que reconhece sua incompletude e se volta para Aquele que pode preenchê-la. No contexto bíblico, o pedir não é um gesto passivo, mas um ato de confiança na bondade divina. Assim como um filho pede ao pai aquilo que necessita, o ser humano, na medida em que se abre para Deus, reconhece-se como filho e participante de uma ordem maior.

Porém, este pedido não pode ser entendido como um mero desejo de satisfação individual. Cristo não fala de qualquer pedido, mas daquele que está ordenado ao bem verdadeiro. “Vos será dado” significa que Deus concede não o que é supérfluo, mas o que realmente conduz à realização última da alma.

2. A Busca: A Expansão da Consciência e o Caminho da Verdade

Se pedir manifesta a consciência da carência, buscar revela o dinamismo da alma que deseja crescer em verdade. A busca exige esforço, movimento e discernimento. Jesus nos ensina que o Reino de Deus não se impõe de modo arbitrário, mas se revela àqueles que o procuram com um coração sincero.

A busca está ligada à inteligência e à vontade: não basta desejar o bem, é preciso sair de si e caminhar em sua direção. O verbo “encontrar” confirma que a verdade não é um enigma insolúvel, mas uma realidade acessível àqueles que se dispõem a percorrer o caminho. Deus se deixa encontrar por aqueles que verdadeiramente o desejam, pois Ele mesmo ordenou o universo de maneira que a verdade não fosse um segredo inatingível, mas um tesouro para aqueles que se esforçam.

3. A Abertura: A Superação da Passividade e a Participação na Graça

O terceiro movimento — bater e ver a porta se abrir — nos conduz ao ápice da relação entre Deus e o homem. Se o pedido expressa a carência e a busca demonstra o engajamento, bater à porta exige coragem e perseverança. A porta fechada simboliza os limites que a existência impõe ao ser humano: a opacidade do mundo, o mistério do sofrimento, a dúvida sobre o futuro. Cristo nos assegura que aqueles que insistem, que permanecem fiéis, verão a porta se abrir.

Aqui há um ensinamento crucial: a graça não anula a liberdade, mas a convida à cooperação. Deus abre a porta, mas é o homem quem bate. O Reino dos Céus é dom gratuito, mas exige adesão ativa.

4. O Significado Teológico da Progressão

A estrutura dessa passagem revela um movimento ascendente na vida espiritual:

  • O pedido é o despertar da consciência para Deus.
  • A busca é o esforço contínuo para encontrá-lo.
  • Bater à porta é a decisão de entrar na comunhão com Ele.

Cada verbo aprofunda o anterior, indicando que a relação com Deus não é estática, mas dinâmica. Jesus nos mostra que não basta desejar, é preciso buscar; não basta buscar, é preciso agir. Aquele que deseja o bem deve mover-se em sua direção, e aquele que deseja entrar no Reino precisa insistir até que a porta se abra.

Conclusão: A Estrada para a Plenitude

Mateus 7,7 é um convite à realização plena do ser humano em Deus. A fé autêntica não se limita a aguardar passivamente, mas se manifesta no desejo sincero, na busca diligente e na ação concreta. Deus, como Pai amoroso, não apenas escuta, mas responde; não apenas se deixa buscar, mas se deixa encontrar; não apenas abre a porta, mas acolhe aquele que nela entra.

O ensinamento de Cristo, portanto, não é apenas uma promessa, mas uma revelação sobre a estrutura da existência: o real é ordenado de tal modo que a plenitude se oferece àquele que a deseja, a verdade se manifesta a quem a busca e a comunhão se abre a quem tem coragem de entrar.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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