quinta-feira, 30 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 5,1-12a - 01.11.2014 - Bem-aventurados os pobres em espírito.

Pai,
torna-me sensível aos sofrimentos
dos pobres e dos marginalizados,
movendo-me a lutar para que tenham
sua dignidade respeitada,
pois são teus preferidos.
Todos os Santos . Solenidade
Cor: Branco

Evangelho - Mt 5,1-12a

Bem-aventurados os pobres em espírito.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 5,1-12a

Naquele tempo:
1Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se.
Os discípulos aproximaram-se,
2e Jesus começou a ensiná-los:
3'Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o Reino dos Céus.
4Bem-aventurados os aflitos,
porque serão consolados.
5Bem-aventurados os mansos,
porque possuirão a terra.
6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
7Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
8Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
9Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
10Bem-aventurados os que são perseguidos
por causa da justiça,
porque deles é o Reino dos Céus.
11Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem
e perseguirem, e mentindo,
disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim.
12aAlegrai-vos e exultai,
porque será grande a vossa recompensa nos céus.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Nossa vocação comum é à santidade.
REFLEXÃO

A festa de todos os santos e santas de Deus é uma festa antiga na Igreja. No século II, a Igreja já celebrava a memória dos seus mártires para que, inspirados por seu testemunho, os fiéis pudessem se manter firmes no testemunho de Jesus Cristo. É uma festa para todos os fiéis, pois nossa vocação comum é à santidade. A primeira bem-aventurança (v. 3) é o fundamento de todas as demais. No ser humano, há um espírito que ele recebeu de Deus, que o chamou à existência (Gn 2,7). A pobreza de espírito é uma pobreza em relação a Deus, isto é, diante de Deus o ser humano se encontra “desnudo”. Para o discípulo, viver essa realidade de maneira concreta é assumi-la com o coração puro. As bem-aventuranças são um apelo a viver a vida em referência a Deus e na confiança nele. Não há nenhum espaço para a passividade, pois o Espírito que age em nós nos conduz a um compromisso efetivo com o Reino de Deus. A perspectiva escatológica de cada bem-aventurança é o fundamento da vida moral, do agir concreto do cristão no mundo.
Carlos Alberto Contieri, sj



O CÓDIGO DA FELICIDADE Mt 5,1-12a
HOMILIA

Celebramos hoje com grande alegria a festa de Todos os Santos. Visitando um viveiro botânico, permanece-se admirado diante da variedade de plantas e flores, e é espontâneo pensar na fantasia do Criador que tornou a terra um maravilhoso jardim. Análogo sentimento nos surpreende quando consideramos o espectáculo da santidade: o mundo parece-nos um «jardim», onde o Espírito de Deus suscitou com admirável fantasia uma multidão de santos e santas, de todas as idades e condições sociais, de todas as línguas, povos e culturas. Cada um é diferente do outro, com a singularidade da própria personalidade humana e do seu carisma espiritual. Mas todos têm impressa a «marca» de Jesus (cf. Ap 7, 3), ou seja, o distintivo do seu amor, testemunhado através da Cruz. Estão todos na alegria, numa festa sem fim, mas, como Jesus, conquistaram esta meta passando através da fadiga e da prova (cf. Ap 7, 14), enfrentando cada qual a própria parte de sacrifício para participar na glória da ressurreição.
            A solenidade de Todos os Santos foi-se afirmando ao longo do primeiro milénio cristão como celebração colectiva dos mártires. Já em 609, em Roma, o Papa Bonifácio IV tinha consagrado o Panteão dedicando-o à Virgem Maria e a todos os Mártires. Aliás, podemos ver este martírio em sentido lato, ou seja, como amor a Cristo sem hesitações, amor que se expressa na doação total de si a Deus e aos irmãos. Esta meta espiritual, para a qual todos os baptizados se sentem propensos, alcança-se seguindo o caminho das «bem-aventuranças» evangélicas, que a liturgia nos indica na solenidade de hoje (cf. Mt 5, 1-12a). É o mesmo caminho traçado por Jesus e que os santos se esforçaram por percorrer, conscientes dos seus limites humanos. Na sua existência terrena, de fato, foram pobres em espírito, sofredores pelos pecados, mansos, famintos e sedentos de justiça, misericordiosos, puros de coração, artífices de paz, perseguidos por causa da justiça. E Deus participou-lhes a sua mesma felicidade: pregustaram-na neste mundo e, no além, gozam dela em plenitude. São agora confortados, herdeiros da terra, saciados, perdoados, vêem Deus do qual são filhos. Numa palavra: «é deles o Reino dos céus» (cf. Mt 5, 3.10).
            Neste dia sentimos reavivar em nós a atracção para o Céu, que nos estimula a apressar o passo da nossa peregrinação terrena. Sentimos acender nos nossos corações o desejo de nos unirmos para sempre à família dos santos, da qual já agora temos a graça de fazer parte. Como diz um célebre canto espiritual: «Quando vier a multidão dos teus santos, como gostaria, Senhor, de estar entre eles!». Possa esta bonita aspiração arder em todos os cristãos, e ajudá-los a superar todas as dificuldades, qualquer receio, todas as tribulações! Queridos amigos, ponhamos a nossa mão na mão materna de Maria, Rainha de todos os Santos, e deixemo-nos conduzir por ela rumo à pátria celeste, na companhia dos espíritos bem-aventurados «de todas as nações, povos e línguas» (Ap 7, 9). E unamos já na oração a lembrança dos nossos queridos defuntos que amanhã comemoraremos.
Postado há 7th November 2010 por BANTU SAYLA

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 14,1-6 - 31.10.2014 - Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?'

Pai,
predispõe-me a manifestar meu amor
a quem precisa de mim,
sem inventar justificativas
para me dispensar desta obrigação urgente.
6ª-feira da 30ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 14,1-6

Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?'

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 14,1-6

1Aconteceu que, num dia de sábado,
Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus.
E eles o observavam.
2Diante de Jesus, havia um hidrópico.
3Tomando a palavra,
Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus:
'A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?
4Mas eles ficaram em silêncio.
Então Jesus tomou o homem pela mão,
curou-o e despediu-o.
5Depois lhes disse:
'Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço,
não o tira logo, mesmo em dia de sábado?'
6E eles não foram capazes de responder a isso.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 14, 1-6

O Evangelho de hoje nos mostra claramente que a vida sempre se impõe diante da morte, a verdade sempre se impõe diante da mentira, da falsidade e do erro. A Lei de Deus foi feita para a vida e não para a morte e a interpretação verdadeira da Lei de Deus deve sempre contribuir para que a vida de todos seja melhor. Jesus denuncia os erros que existem na interpretação da Lei, as interpretações falsas, ou seja, que não apresentam nenhuma legitimidade por serem contraditórias ao espírito da Lei de Deus, por escravizarem quando deveriam libertar, por promoverem a morte quando deveriam promover a vida, e as interpretações mentirosas. Jesus denuncia aquelas interpretações que não estão de acordo com a Lei, mas sim com os interesses de quem as interpretou.
Fonte CNBB



CURA NUM SÁBADO Lc 14,1-6
HOMILIA

Esta narrativa de Lucas é mais uma dentre as inúmeras narrativas encontradas nos evangelhos, que destacam a reação e a perseguição dos chefes religiosos de Israel diante do comportamento libertador de Jesus. A cena tem bastante semelhança com a cura no sábado, do homem da mão seca ou da mulher encurvada. Este homem e esta mulher simbolizam o povo imobilizado e encurvado pelo sistema opressor da Lei da sinagoga e do Templo. Agora, o hidrópico representa os ilustres convivas do chefe fariseu, inchados de orgulho e satisfação por suas posições privilegiadas e pelo poder de sua doutrina. A cura do hidrópico significa o ato libertador de Jesus para com os submissos à ideologia doutrinal e legal.
            O descaso para com a observância sabática é uma das práticas mais comuns de Jesus, o que causa a reação dos fundamentalistas observantes. Libertar os que estão sob jugo da ideologia opressora é uma opção prioritária de Jesus. Jesus age com uma coerência que desnorteia aqueles que, apegados ao poder, o rejeitam. Acabarão decidindo, então, que só resta o caminho da violência para eliminar Jesus.
            Porém, Jesus se vai entregar em Sacrifício para ser nosso alimento: Tomai todos e comei. Tomai todos e bebei, isto é o meu corpo este é o meu sangue.  E tudo acontece e tem o seu final no dia da Ressurreição do Senhor, como nos diz são Paulo. Se Cristo não ressuscitou vá é nossa fé.
            Assim sendo, a Eucaristia faz parte do domingo. Na manhã de Páscoa, primeiro as mulheres, depois os discípulos, tiveram a graça de ver o Senhor. Nesse momento, compreenderam que, doravante, o primeiro dia da semana, o domingo, seria o dia dele, o dia de Cristo. O dia do início da criação tornava-se o dia da renovação da criação. Criação e redenção caminham juntas.
            É por isso que o domingo é tão importante. É belo que, nos nossos tempos, em tantas culturas, o domingo seja um dia livre ou, com o sábado, constitua mesmo o que se chama o fim-de-semana livre. Esse tempo livre, contudo, permanece vazio se Deus não estiver aí presente.
            Às vezes, num primeiro momento, pode tornar-se talvez incómodo ter de prever também a Missa no programa do domingo. Mas, se a tal vos comprometerdes, constatareis também que isso é precisamente o que dá a verdadeira razão ao tempo livre. Não vos deixeis dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudem também os outros a descobri-la. Porque a alegria de que precisamos emana dela, devemos certamente aprender a perceber cada vez mais a sua profundidade, devemos aprender a amá-la. Comprometamo-nos nesse sentido porque isso vale à pena! Descubramos a profunda riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não fazemos a festa para nós, mas, pelo contrário, é o próprio Deus vivo que nos prepara uma festa.
Fonte Padre BANTU SAYLA

terça-feira, 28 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 13,31-35 - 30.10.2014 - Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.

Pai,
predispõe-me, pela força do teu Espírito,
a acolher a salvação que teu Filho Jesus me oferece,
fazendo-me digno deste dom supremo de tua bondade.
5ª-feira da 30ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 13,31-35

Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 13,31-35

31Naquela hora, alguns fariseus aproximaram-se
e disseram a Jesus:
'Tu deves ir embora daqui,
porque Herodes quer te matar.'
32Jesus disse: 'Ide dizer a essa raposa:
eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã;
e no terceiro dia terminarei o meu trabalho.
33Entretanto, preciso caminhar hoje,
amanhã e depois de amanhã,
porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.
34Jerusalém, Jerusalém!
Tu que matas os profetas
e apedrejas os que te foram enviados!
Quantas vezes eu quis reunir teus filhos,
como a galinha reúne os pintainhos debaixo das asas,
mas tu não quiseste!
35Eis que vossa casa ficará abandonada.
Eu vos digo: não me vereis mais,
até que chegue o tempo em que vós mesmos direis:
Bendito aquele que vem em nome do Senhor.'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB


Reflexão - Lc 13, 31-35

A ameaça de morte não faz com que Jesus se acovarde, a sua resposta é bem clara: "devo prosseguir o meu caminho, pois não convém que um profeta perece fora de Jerusalém". Jesus vai seguir o seu caminho até o fim porque a sua fidelidade ao Pai está acima de todas as coisas, inclusive da sua própria vida, que ele vai entregar livremente em Jerusalém para que o homem seja resgatado do reino da morte. O mundo não quer a vida do profeta, não quer que ele chegue a realizar a sua missão e todos os que são do mundo, religiosos ou não, não toleram a presença do profeta, embora a sua morte contribua para a salvação de todos.
Fonte CNBB



O AMOR DE JESUS POR JERUSALÉM Lc 13,31-35
HOMILIA

Após apresentar a denúncia de Jesus sobre a infidelidade de Israel, Lucas insere este diálogo envolvendo alguns fariseus e Jesus. Estes fariseus simulam proteger Jesus das ameaças de Herodes, preposto do império romano, com autoridade sobre a Galiléia. Pois, Herodes já havia mandado matar João Batista, e Jesus, cuja prática se assemelhava à de João, estava também ameaçado. E não só agora com um forte propósito de terminar a Sua Missão: Vão e digam para aquela raposa que eu mandei dizer o seguinte: Hoje e amanhã eu estou expulsando demônios e curando pessoas e no terceiro dia terminarei o meu trabalho.
A resposta de Jesus é um recado a ser dado a Herodes por estes fariseus, que Jesus percebe estarem fazendo o jogo de Herodes. Jesus chama Herodes de raposa e, com uma frase repetida, afirma que continuará seu ministério e seu caminho rumo a Jerusalém. A morte não o intimida. Sabe que está mais próxima a morte por parte dos chefes religiosos de Jerusalém do que por parte de Herodes. Com uma sentença em estilo profético Jesus faz ainda um apelo à conversão a Jerusalém, capital do judaísmo, caracterizando-a como a cidade que mata os profetas.
Poderíamos assim dizer que Ele nem estava aí tanto pelo que herodes haveria de fazer-lhe quanto do que o povo dizia. Ele está a caminho de Jerusalém. Com o seu ensinamento revela a sua rejeição pelo judaísmo e a sua acolhida por parte dos gentios. Mais do que a Herodes, Jesus sabe que paira sobre si a ameaça de morte por parte das autoridades religiosas com sede em Jerusalém. E então o clamor de indignação doe Jesus: Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda! Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!
Com uma sentença em estilo profético, Jesus faz ainda um apelo à conversão de Jerusalém, caracterizando-a como a cidade que mata os profetas.
Os judeus eram o povo escolhido de Deus. A este povo ele tirou do Egito, conduziu-os à terra prometida e lhes livrou dos inimigos. Sobretudo, a este povo Deus prometeu e enviou o Salvador Jesus.
Porém, este povo não foi grato a Deus. Desprezou a Jesus e não o aceitou como o seu Salvador. Quando Jesus esteve aqui na terra, dedicou muito tempo à cidade de Jerusalém. Durante três anos ensinou ao povo lá no templo o amor de Deus e a necessidade do arrependimento.
Jesus se preocupou com este povo porque ele viu que os seus corações estavam endurecidos. O povo de Jerusalém se tornara materialista, ocupando-se demais com as coisas do mundo e esquecendo-se de Deus.
A preocupação com as coisas materiais era tão grande que haviam tornado até o próprio templo numa casa de comércio. Em lugar de usar o templo para a pregação da Palavra de Deus, usavam-no para fazer dinheiro, vendendo e comprando objetos.
Jesus chamou várias vezes este povo ao arrependimento, mostrando-lhes o perigo que estavam correndo e a necessidade de se voltarem para Deus. Porém, o povo permaneceu indiferente. Não se arrependeu. Não reconheceu os seus pecados e nem se voltou para Deus.
Jesus esperava que eles chorassem de arrependimento. E como eles não chorassem, Jesus chora por eles. Chora de pesar, de tristeza e compaixão.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 13,22-30 - 29.10.2014 - Virão do oriente e do ocidente, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.

Pai,
conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação
que passa pelo serviço misericordioso e gratuito
a quem carece de meu amor.
4ª-feira da 30ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 13,22-30

Virão do oriente e do ocidente, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 13,22-30

Naquele tempo:
22Jesus atravessava cidades e povoados,
ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém.
23Alguém lhe perguntou:
'Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?'
Jesus respondeu:
24'Fazei todo esforço possível
para entrar pela porta estreita.
Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar
e não conseguirão.
25Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a
porta, vós, do lado de fora,
começareis a bater, dizendo:
`Senhor, abre-nos a porta!'
Ele responderá: `Não sei de onde sois.'
26Então começareis a dizer:
`Nós comemos e bebemos diante de ti,
e tu ensinaste em nossas praças!'
27Ele, porém, responderá: `Não sei de onde sois.
Afastai-vos de mim
todos vós que praticais a injustiça!'
28Ali haverá choro e ranger de dentes,
quando virdes Abraão, Isaac e Jacó,
junto com todos os profetas no Reino de Deus,
e vós, porém, sendo lançados fora.
29Virão homens do oriente e do ocidente,
do norte e do sul,
e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.
30E assim há últimos que serão primeiros,
e primeiros que serão últimos.'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 13, 22-30

A porta larga que o mundo oferece para as pessoas é a busca da felicidade a partir do acúmulo de bens e de riquezas. A porta estreita é aquela dos que colocam somente em Deus a causa da própria felicidade e procuram encontrar em Deus o sentido para a sua vida. De fato, muitas pessoas falam de Deus e praticam atos religiosos, porém suas vidas são marcadas pelo interesse material, sendo que até mesmo a religião se torna um meio para o maior crescimento material, seja através da busca da projeção da própria pessoa através da instituição religiosa, seja por meio de orações que são muito mais petições relacionadas com o mundo da matéria do que um encontro pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Passar pela porta estreita significa assumir que Deus é o centro da nossa vida.
Fonte CNBB



A PORTA ESTREITA Lc 13,22-30
HOMILIA

A doutrina do "povo eleito" e da "Aliança" com Abraão, contida na Torá, dava ao povo judeu a certeza da salvação. Assim, aqueles que eram "filhos de Abraão" julgavam-se salvos.
Neste Evangelho Jesus fala, especialmente, para todos nós que caminhamos com Ele, meditamos na Sua Palavra e nos consideramos Seus servidores, mas não suportamos passar por provações, dificuldades e perseguições. O seguimento a Jesus Cristo implica, necessariamente, que passemos pela “porta estreita”, isto é, a via que para ser adentrada precisa que nós nos despojemos de toda a bagagem acumulada pela mentalidade do mundo, e, também, sejamos, purificados e alisados nas nossas arestas. A bagagem pode ser intelectual, psicológica, material, racional, idéias, pensamentos, julgamentos, pecados, etc. Portanto, é justo que passemos pelas dificuldades inerentes à nossa missão, em cada situação da nossa vida, as quais nos lapidam, para que estejamos aptos passar pela porta “estreita”.
Passar pela porta estreita requer de nós a vivência da humildade, da renúncia, da solidariedade, do perdão, da compreensão, da justiça que é o amor. Se não vivermos conforme os padrões evangélicos, mesmo que estejamos a serviço do Evangelho, nunca iremos caber na entrada que nos dá acesso a Casa do Pai. Isso não significa, porém, que só possamos ser salvos se passarmos por sofrimentos, todavia, por causa da nossa humanidade prepotente e vulnerável, somos seres que precisam ser polidos a fim de caber dentro da veste da santidade que o Senhor nos reservou. Às vezes, nós podemos estar ajuizando que pelo simples fato de que estejamos falando de Deus e anunciando o Seu amor, nós já temos garantida a nossa passagem pela “porta”. No entanto, o próprio Jesus fala que “virão homens do oriente e do ocidente… e tomarão lugar à mesa do reino de Deus!” Isso denota que os que ainda não tiveram acesso a Palavra de Deus, mas já a praticam, mesmo sem conhecê-La estão mais aptos a assumir o posto no reino de Deus e a participar do Banquete preparado para todos os povos. Entretanto, também podemos avaliar que nós, os que temos consciência dessa realidade, somos chamados a ser primeiros, quando, vivemos e assumimos as conseqüências da nossa adesão ao Evangelho, encarnando os ensinamentos da justiça de Deus na nossa vida.
Para você o que significa a porta estreita? – O que para você é mais difícil viver no seguimento de Jesus? – Você carrega muita bagagem: intelectual, material, idéias próprias, vontade própria? – O que você já tem desprezado para entrar pela porta estreita?
Pai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 6,12-19 - 28.10.2014 - Passou a noite toda em oração. Escolheu doze dentre os discípulos, aos quais deu o nome de apóstolos.

Pai,
transforma-me em apóstolo de teu Filho Jesus
para que, movido pelo Espírito,
eu possa ser sinal da presença dele neste mundo
tão carente de salvação.

São Simão e São Judas, Apóstolos . Festa
Cor: Vermelho

Evangelho - Lc 6,12-19

Passou a noite toda em oração. Escolheu doze dentre os discípulos, aos quais deu o nome de apóstolos.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 6,12-19

12Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar.
E passou a noite toda em oração a Deus.
13Ao amanhecer, chamou seus discípulos
e escolheu doze dentre eles,
aos quais deu o nome de apóstolos:
14Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu irmão André;
Tiago e João;
Filipe e Bartolomeu;
15Mateus e Tomé;
Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota;
16Judas, filho de Tiago,
e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor.
17Jesus desceu da montanha com eles
e parou num lugar plano.
Ali estavam muitos dos seus discípulos
e grande multidão de gente de toda a Judéia e de Jerusalém,
do litoral de Tiro e Sidônia.
18Vieram para ouvir Jesus
e serem curados de suas doenças.
E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus
também foram curados.
19A multidão toda procurava tocar em Jesus,
porque uma força saía dele, e curava a todos.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 6, 12-19

Jesus não quis realizar sozinho a obra do Reino, mas chamou apóstolos e discípulos para serem seus colaboradores. Nós, ao contrário, muitas vezes queremos fazer tudo sozinhos e afirmamos que os outros mais atrapalham que ajudam. Com isso, negamos a principal característica da obra evangelizadora que é a sua dimensão comunitário-participativa, além de nos fazermos auto-suficientes, perfeccionistas e maquiavélicos, pois em nome do resultado do trabalho evangelizador, excluímos os próprios evangelizadores, fazendo com que os fins justifiquem os meios e vivendo a mentalidade do mundo moderno da política de resultados, isto porque muitas vezes não somos evangelizadores, mas adoradores de nós mesmos.
Fonte CNBB



O SEU PLANO DE AÇÃO! Lc 6,12-19
HOMILIA

Sempre que Jesus se isolava para rezar, é porque havia algo de estrema importância por fazer. Dessa vez foi a escolha dos Doze Apóstolos. Apesar d’Ele ter o raciocínio rápido até demais para dar as respostas mais sensatas, na hora de tomar decisões importantes Ele passava a noite inteira em reflexão, em oração. Traçando um plano de vida, e querendo cumpri-lo sem dar margem a erros, no Evangelho de hoje, Jesus vaí ao monte e passa aí a noite inteira. Monte aqui significa intimidade profunda com Deus Seu Pai. Pois Ele, veio para fazer não a Sua vontade mas a d’Aquele que o enviou. Então essa deve ser a primeira lição de hoje para nós: buscar uma meta, um objetivo de vida, e traçar um plano para alcançá-lo. Mas tenhamos também certeza de que sozinho não o conseguiremos. Eu te pergunto, qual é o teu plano hoje? O plano de Jesus foi difundir o Evangelho para toda a humanidade. O nosso não precisa ser tão pretensioso, mas é preciso que cada um saiba para onde vai, o que vai fazer lá e o porque?
Outro ponto importante é que Jesus, sendo um líder servidor, com certeza acompanhava um por um dos seus Doze Apóstolos e Amigos. Devia conhecer a intimidade de cada um, seus anseios, suas preocupações, suas dúvidas, seus amores e no decorrer dos 3 anos deve ter feito um profundo processo de cura e transformação nesses 12 homens, para que eles soubessem como deveriam ser com os seus próprios seguidores, quando chegasse a vez deles. Jesus sabia que estava formando os 12 não para Ele próprio, mas para o mundo. Como um verdadeiro Pai, que escuta, acolhe, compreende, perdoa, e dá forças e meios para superar as dificuldades, e principalmente as próprias limitações. Estamos no período de eleições no Brasil, como seria bom se tivéssemos líderes, mais padres, mais coordenadores, mais pais, mais mães, mais irmãos, mais professores que se sentissem responsáveis pelos seus como Jesus.
Por fim, a força que saía de Jesus e que curava a todos. Na linguagem de hoje, poderíamos dizer que Jesus era uma pessoa que tinha presença. Ele é a Luz, por isso atraía a todos quer pessoas ruíns quer boas. Sua postura é sempre impecável. Mesmo lidando com doenças e demônios, Jesus conservava uma atitude positiva, conservando em tudo a firmeza de ânimo. Assim como Ele, nós devemos praticar a firmeza de ânimo. Épreciso traçar um projeto de vida, sermos determinados e tocar para frente, contando sempre com a ajuda dos outros. Pois uma mão lava a outra e as duas ficam limpas. Jesus ao escolher os seus discípulos não faz outra coisa senão confiar-lhes também a responsabilidade e os envia em missão para onde Ele mesmo deveria ir. Precisamos ter atitudes positivas no nosso dia-a-dia. Uma atitude positiva mesmo frente aos problemas da vida. Isto nos fará superar todas as dificuldades.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 13, 10-17 - 27.10.2014 - Esta filha de Abraão, não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?

Pai,
que eu saiba dar ao amor ao próximo
a devida primazia,
não submetendo este mandamento
a preceitos secundários
que me impedem de descobrir
a tua verdadeira vontade.
2ª-feira da 30ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 13,10-17

Esta filha de Abraão, não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 13,10-17

Naquele tempo:
10Jesus estava ensinando numa sinagoga, em dia de sábado.
11Havia aí uma mulher que, fazia dezoito anos,
estava com um espírito que a tornava doente.
Era encurvada e incapaz de se endireitar.
12Vendo-a, Jesus chamou-a e lhe disse:
'Mulher, estás livre da tua doença.'
13Jesus colocou as mãos sobre ela,
e imediatamente a mulher se endireitou,
e começou a louvar a Deus.
14O chefe da sinagoga ficou furioso,
porque Jesus tinha feito uma cura em dia de sábado.
E, tomando a palavra, começou a dizer à multidão:
'Existem seis dias para trabalhar.
Vinde, então, nesses dias para serdes curados,
mas não em dia de sábado.'
15O Senhor lhe respondeu:
'Hipócritas! Cada um de vós
não solta do curral o boi ou o jumento,
para dar-lhe de beber, mesmo que seja dia de sábado?
16Esta filha de Abraão,
que Satanás amarrou durante dezoito anos,
não deveria ser libertada dessa prisão,
em dia de sábado?'
17Esta resposta envergonhou todos os inimigos de Jesus.
E a multidão inteira se alegrava
com as maravilhas que ele fazia.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 13, 10-17

Quando o valor material está em jogo em uma determinada situação, ninguém duvida sobre a necessidade de uma ação, pois tudo é permitido para evitar a perda material. Mas quando o valor é a pessoa humana, tudo é muito complicado. Não se pode agir por uma série de motivos como proibições legais, necessidade de uma melhor organização, haverá melhores oportunidades, não é assim que se fazem as coisas e uma série de outros argumentos. Tudo isso nos mostra que nos nossos tempos, os valores não são diferentes dos do tempo de Jesus. Nos mostra também que não vivemos plenamente o Evangelho, pois amamos mais o dinheiro do que os nossos irmãos e irmãs.
Fonte CNBB



VOCÊ ESTÁ CURADA Lc 13,10-17
HOMILIA

O Evangelho de Lucas traz uma mensagem universal, global, anunciando Jesus como o Salvador do mundo; mas faz isso usando de uma linguagem e estilo literário regionais. As parábolas de Jesus são organizadas no Evangelho de Lucas de forma a comporem um todo doutrinário, que pode melhor ser compreendido a partir do entendimento da cultura da época.
            Entre os Evangelhos, o livro de Lucas é o único que possui a narrativa da cura da mulher encurvada. Jesus estava mais uma vez ministrando na sinagoga e entre a multidão estava uma mulher possessa de um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; ela andava encurvada sem de modo algum poder endireitar-se. Vivia debaixo de um governo maligno. Sua enfermidade era espiritual e refletia no físico. Suas vértebras se fundiram e era impossível consertar. Hoje temos obras científicas comprovadas de que as doenças do espírito provocam descargas muito fortes na estrutura física do homem provocando todo tipo de enfermidades. Quem sabe na vida daquela mulher a falta de perdão, ressentimentos, raízes profundas de amargura, foram as brechas para o inimigo trabalhar e lançar a enfermidade. Não sabemos, pois a Palavra não nos afirma assim, mas podemos conjecturar.
            Durante dezoito anos aquela mulher encurvada estava todas as semanas no templo, ouvindo as pregações, louvando, ofertando e sacrificando, mas sem nenhuma solução para o seu problema. Hoje temos muitos vivendo como essa mulher: vida pessimista, encurvada, oprimida por cargas e fracassos durante anos. O versículo 12 nos diz que Jesus viu aquela mulher. As mulheres na sinagoga ocupavam os últimos lugares, elas não adoravam junto com os homens, havia uma cortina que separava, mas Jesus a viu, chamou-a e liberou uma Palavra de Autoridade contra o espírito de enfermidade que a atormentava, e logo em seguida tocou-a e ela se endireitou e glorificava a Deus. O Mestre a contemplou nos últimos bancos, na ala das mulheres, sentiu compaixão pela dor daquela mulher, parou tudo, e chamou-a para frente, a ala dos homens, quebrando totalmente o protocolo da tradição e diante de todos libertou-a de todo o tormento.
            Em seguida os religiosos se levantaram contra a vitória daquela mulher, pois não aceitaram a cura em dia de sábado. Nunca haviam feito nada por ela em todo o decorrer dos anos, mas quando alguém fez levantaram-se contra. Jesus defendeu-a! A vida é muito mais importante do que as tradições e ritos. Quem sabe muitos tem se levantado contra a tua vitória, mas creia que Jesus no momento certo te defenderá diante de tudo e todos, tu serás justificado pelo Bom Mestre.
            No versículo 6 Jesus afirma que aquela mulher estava cativa e era “Filha de Abraão”, ou seja, era israelita, filha da promessa, mas Satanás a havia escravizado. Não é apenas Satanás que faz as pessoas se curvarem. O pecado (Salmo 38:6), a tristeza (Salmo 42:5), o sofrimento (Salmo 44,25) entre outros, também podem ter esse efeito. Jesus é o único capaz de libertar o cativo!
            Ao final da história, no último versículo, haviam duas classes de pessoas: os envergonhados e os que se alegravam com a vitória daquela mulher. Talvez você em alguma área da sua vida esteja encurvado. Você não consegue andar corretamente. Aquela mulher não levantava a cabeça, só olhava para o chão. Ninguém conseguia ver sua face, andava escondida, cheia de complexos. Mas quando Jesus chega, Ele muda tudo. Quando Jesus chega o inferno tem que se render diante do Seu grande Poder. Quando Jesus chega os inimigos tem que recuar e saírem envergonhados.
Meu irmão, minha irmã, este é o seu dia. Este é o seu momento! Levante-se, ergue a cabeça e tome posse do milagre! Jesus está lhe dizendo: “Você está curada. Vai em paz.”
Pai, que eu saiba dar ao amor ao próximo a devida primazia, não submetendo este mandamento a preceitos secundários que me impedem de descobrir a tua verdadeira vontade.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 22,34-40 - 26.10.2014 - Amarás o Senhor teu Deus, e ao teu próximo como a ti mesmo.

Pai,
que o meu amor a ti se manifeste
na solidariedade para com o meu próximo.
E que a comunhão com o meu próximo
expresse meu profundo amor por ti.
30º DOMINGO Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Mt 22,34-40

Amarás o Senhor teu Deus, e ao  teu próximo como a ti mesmo.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22,34-40

Naquele tempo:
34Os fariseus ouviram dizer que Jesus
tinha feito calar os saduceus.
Então eles se reuniram em grupo,
35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo:
36'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?'
37Jesus respondeu: '`Amarás o Senhor teu Deus
de todo o teu coração, de toda a tua alma,
e de todo o teu entendimento!'
38Esse é o maior e o primeiro mandamento.
39O segundo é semelhante a esse:
`Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'.
40Toda a Lei e os profetas
dependem desses dois mandamentos.
Palavra da Salvação
Fonte CNBB



REFLEXÃO
O amor como fundamento da Lei.

A liturgia da palavra deste domingo é dominada pelo tema da Lei, enquanto expressão do cuidado de Deus para com toda a humanidade e do cuidado que cada um deve ter para com o seu semelhante. A Lei de Deus é dom oferecido como caminho para a vida, para a santidade e para a liberdade. A Lei foi dada por Deus ao seu povo para que ele preservasse o dom da vida e da liberdade; para que nunca mais o povo caísse na escravidão.
A pergunta do fariseu, doutor da Lei, acerca do primeiro dos mandamentos tem por finalidade pôr Jesus à prova, testar seu conhecimento e sua ortodoxia na interpretação da Lei. Mas não podemos descartar a hipótese de que os fariseus, ante a enorme quantidade de preceitos que deviam observar de modo irrepreensível (613 preceitos), já não soubessem mais, se é que um dia compreenderam, qual era o maior mandamento, ou seja, qual o mandamento que fundamenta todos os demais; qual era aquele mandamento que diante de um conflito entre dois deles nada pode substituí-lo ou ter precedência (cf. Lc 10,25-37). Na sua resposta, Jesus une de modo indissolúvel dois mandamentos: amor a Deus e amor ao próximo. O amor ao próximo é a consequência natural do verdadeiro amor a Deus. Esse dois mandamentos, considerados unitariamente, são o fundamento da Lei. Na origem da Lei de Deus, está o seu amor e a sua compaixão pelo ser humano que Ele criou. Em todos os demais mandamentos da Lei deve estar presente o mandamento do amor, inclusive como critério para observar ou não um determinado preceito. Quem cumpre o mandamento do amor cumpre plenamente a Lei e os profetas. O amor tira todo rancor e amargura; é o amor que dá sentido a tudo, que faz com que tudo tenha gosto; é o amor que nutre o desejo de viver. O amor a Deus e ao próximo se torna, em Jesus Cristo, um modo de viver. Somente amando podemos ser verdadeira e profundamente felizes e cristãos. O amor a Deus e ao próximo é uma força de vida que nos faz viver uma Páscoa permanente da saída do eu para a entrega generosa, gratuita, a Deus e ao próximo.
Fonte Carlos Alberto Contieri, sj - Paulinas



AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO Mt 22,34-40
HOMILIA

Do amor a Deus e ao próximo dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22,40). É a conclusão a quem Jesus quer que todos nós cheguemos no nosso dia-a-dia. Com esta afirmação, Jesus estabelece um vínculo entre dois amores. Desconhecer este fato pode levar a graves deformações que abalam o equilíbrio interno da fé e consequentemente nos leva à morte.
É fundamental que todos nós, valorizemos as exigências do amor fraterno, procurando agir motivados pelo amor divino porque, se Deus não ocupar o lugar Lhe compete na nossa vida, até a caridade para com o próximo tende a se degradar e o caus se torna maior.
No Evangelho, Jesus retoma e comenta a essência da Lei. Após enfrentar a armadilha dos fariseus, através dos herodianos, sobre o imposto e a investida dos saduceus sobre a ressurreição, Jesus é colocado à prova por um dos fariseus sobre o maior mandamento da Lei. Jesus responde à questão, servindo-se em parte da versão deuteronômica: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento, Dt 6,5. Embora só fosse interrogado sobre o maior mandamento, Jesus acrescenta o segundo, servindo-se da versão do Levítico: Amarás o teu próximo como a ti mesmo cf. Lv 19,18). Segue-se a assertiva: Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.
Embora a mentalidade ocidental tenha a tendência de privilegiar o papel da razão quanto ao conhecimento, mesmo o do amor, não faltam referências à compreensão como ato produzido pela experiência. Nesse sentido, a vivência torna-se também meio de conhecer, indo ao encontro daquilo que Jesus indica a respeito do amor a Deus. Não se trata apenas de compreensão racional ou entendimento mental, mas do conhecimento da fé, que, sendo entre outras coisas a experiência de ser amado por Deus, provoca a resposta humana do amor. Tal amor não exclui a inteligência das verdades reveladas e do próprio Deus, antes impulsiona a compreensão, através do estudo da fé. Sob este aspecto, a expressão ninguém ama o que não conhece, se for aplicada ao conhecimento humano sobre Deus, indica tanto a experiência quanto a intelecção da fé.
É sugestivo que Jesus acrescente o segundo mandamento, mesmo que o fariseu só se tenha interessado pelo maior mandamento para afirmar a semelhança do amor ao próximo ao amor a Deus e acentuar que desses dois amores dependem toda a lei e os Profetas.
Qual deve ser o parâmetro do amor entre nós? Jesus: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. No contexto da Lei Antiga o a ti mesmo aproxima o apreço que cada um tem por si, inclusive como membro do Povo de Deus, ao apreço que se deve ter pelo semelhante, respeitado por ser também membro do Povo, e, como tal, sujeito não só de deveres, mas também de direitos iguais (Lv 19,11-18). Outras vezes, o a ti mesmo refere-se ao apreço pelo outro que, mesmo sendo estrangeiro, é visto como semelhante ao israelita na situação de exílio já superada. Em ambos os casos, o apreço pelo semelhante supõe o amor a si mesmo e a experiência do amor de Deus, expresso na repetição: Eu sou Iahweh vosso Deus (Lv 19,10.14.16.18.32) e no incisivo: Eu sou Iahweh, vosso Deus que vos fez sair da terra do Egito (Lv 19,36). Também na Nova Lei, Jesus aproxima o amor que cada um tem por si mesmo ao amor do outro, através da regra: Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas (7,12; cf. Lc 6,31). Fazendo depender a Lei e os Profetas do amor a Deus e do amor ao próximo como a si mesmo, Jesus compõe a armadura ou o fundamento da religião. A supressão de um desses amores faz desmoronar todo o edifício.
Os fiéis de Cristo que não se preocupam em ser testemunhas visíveis do amor do Pai, pelo serviço aos irmãos, fazem com que seu testemunho perca o centro de todo o seu agir. Aliás, é na mútua articulação entre o amor a Deus e ao próximo que reside à diferença entre a caridade cristã e a filantropia. O amor a Deus se visibiliza no amor ao próximo e o próprio Deus ama seus filhos através dos irmãos que se reúnem e se encontram. Desta maneira, é o amor de Deus que possibilita o encontro sacramental do divino no humano, especialmente mediante a pessoa do pobre. Por isso, a própria luta em prol da justiça e a promoção social dos empobrecidos, são para o cristão motivado pelo amor a Deus, e devem assim permanecer, a fim de não se descaracterizarem em atitudes que a própria Moral cristã condena como a violência ou a vingança. Portanto, Amarás o teu próximo como a ti mesmo!
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 13,1-9 - 25.10.2014 - Se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.

Pai,
que a minha vida seja
uma contínua busca de comunhão contigo,
por meio de um arrependimento sincero
e de minha conversão urgente para ti.
Sábado da 29ª Semana Tempo Comum
Sto. Antônio de Sant'Ana Galvão
Cor: Branco

Evangelho - Lc 13,1-9

Se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 13,1-9

1Naquele tempo, vieram algumas pessoas
trazendo notícias a Jesus
a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado,
misturando seu sangue com o dos sacrifícios que
ofereciam.
2Jesus lhes respondeu:
'Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores
do que todos os outros galileus,
por terem sofrido tal coisa?
3Eu vos digo que não.
Mas se vós não vos converterdes,
ireis morrer todos do mesmo modo.
4E aqueles dezoito que morreram,
quando a torre de Siloé caiu sobre eles?
Pensais que eram mais culpados
do que todos os outros moradores de Jerusalém?
5Eu vos digo que não.
Mas, se não vos converterdes,
ireis morrer todos do mesmo modo.'
6E Jesus contou esta parábola:
'Certo homem tinha uma figueira
plantada na sua vinha.
Foi até ela procurar figos e não encontrou.
7Então disse ao vinhateiro:
'Já faz três anos que venho procurando figos nesta
figueira e nada encontro.
Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?'
8Ele, porém, respondeu:
'Senhor, deixa a figueira ainda este ano.
Vou cavar em volta dela e colocar adubo.
9Pode ser que venha a dar fruto.
Se não der, então tu a cortarás.'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 13, 1-9

Quem vive na graça de Deus tem a vida dentro de si. Ao contrário, a paga do pecado é a morte. Esta verdade deve sempre estar presente em nossas mentes, a fim de que possamos, apesar dos nossos pecados, buscar a verdadeira vida que vem de Deus. A partir dessa consciência, devemos procurar constantemente a conversão, a busca da santidade, a coerência da nossa vida com a fé que professamos. O Evangelho de hoje nos mostra que Deus tem paciência conosco e, por meio da sua graça, está sempre contribuindo para a nossa conversão e para a nossa santificação, mas é necessário que também nós procuremos fazer a nossa parte.
Fonte CNBB



ARREPENDER-SE PARA VIVER Lc 13,1-9
HOMILIA

Temos, nesta narrativa de Lucas, o único caso, nos Evangelhos, em que Jesus, em seus ensinamentos, faz referência a episódios recentemente acontecidos. Aqueles que trazem a notícia a Jesus, que seriam fariseus, pretendem intimidá-lo. Para eles, a morte dos galileus, por Pilatos, foi castigo por serem pecadores. Jesus afirma que nem os galileus nem os mortos sob a torre de Siloé eram mais pecadores do que estes que agora lhe falam. Em seguida, Jesus incita-os à conversão. Se não se converterem, eles morrerão em seus pecados, do modo como eles julgavam que aqueles morreram.
O amor a Deus e a misericórdia com os irmãos mais pobres nos santificam. Assim será comigo e contigo se andarmos pelo caminho do bem, da paz, do amor pelos doentes, presos, abandonados, movidos pela caridade para com o próximo, seremos santos. Veja que Jesus descarta o sofrimento e a morte como castigo de Deus. Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
            O mal, o castigo, a morte não vem de Deus. Pois se assim fosse, E então apelando pela memória, o Senhor diz aos presentes: lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
            Porque Jesus usa estas palavras e comparações? Porque este mesmo povo que reconhece em Deus o princípio da vida, em dado momento abandona sua fidelidade a Javé deixando de percebê-Lo como Senhor da história. Com isto, Israel vai perdendo sua identidade que estava centrada na Aliança com Javé: a de ser o povo eleito. Israel rejeita o Deus único e verdadeiro ao querer ocupar Seu lugar ou cair na tentação da idolatria (Ex 32, 1-6). Assim, aquele povo que recebia a vida de Javé, experimenta a morte como conseqüência de seu pecado, sendo que os profetas procuram alertar para a ligação existente entre a desestruturação do povo e a sua infidelidade ao Deus da vida (Jer 21, 4-8).
            Portanto, a nossa separação de Deus resulta da rejeição à conversão ao seu amor terá como conseqüência a nossa própria morte. Apesar de Deus ser longânime e é puro dom de amor. Escute, pois, a Palavra de Jesus: Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram. “Vê, Eu te proponho, hoje, a vida e a felicidade ou a morte e a desgraça” (Dt 30, 15). “Pois Deus não fez a morte nem se alegra com a ruína dos vivos” (Sab 1, 13).    Jesus insiste a que nos convertamos, deixemos de praticar o mal e aprendamos a praticar o bem. Porque a irmã morte pode chegar no dia e na hora em que menos pensarmos.
            Pai, que a minha vida seja uma contínua busca de comunhão contigo, por meio de um arrependimento sincero e de minha conversão urgente para ti.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 12,54-59 - 24.10.2014 - Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente?

Pai,
corrige a negligência que me impede
de entregar-me inteiramente a ti, sem demora.
Torna-me hábil para as coisas do teu Reino!
6ª-feira da 29ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 12,54-59

Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente?

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 12,54-59

Naquele tempo:
54Jesus dizia às multidões:
'Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente,
logo dizeis que vem chuva.
E assim acontece.
55Quando sentis soprar o vento do sul,
logo dizeis que vai fazer calor.
E assim acontece.
56Hipócritas! Vós sabeis interpretar
o aspecto da terra e do céu.
Como é que não sabeis interpretar o tempo presente?
57Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?
58Quando, pois, tu vais com o teu adversário
apresentar-te diante do magistrado,
procura resolver o caso com ele
enquanto estais a caminho.
Senão ele te levará ao juiz,
o juiz te entregará ao guarda,
e o guarda te jogará na cadeia.
59Eu te digo: daí tu não sairás,
enquanto não pagares o último centavo.'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 12, 54-59

Devemos saber reconhecer o tempo em que estamos vivendo. Vivemos os últimos tempos, o tempo pós-pascal. Tempo de edificação do Reino de Deus na história dos homens. Tempo de fazer com que o mistério da cruz e da ressurreição produzirem frutos de fraternidade, justiça e solidariedade. Tempo de presença do Espírito Santo na vida de todos, tempo de crescimento no amor e na verdade. Tempo de reconciliação, de construção da paz e da vida nova. Tempo de sentir os apelos do reino que se manifestam na história, apelos para nos comprometermos com os pequenos, apelos para celebrarmos o Deus atuante na história.
Fonte CNBB



OS SINAIS DOS TEMPOS Lc 12,54-59
HOMILIA

Jesus lamenta que os seus ouvintes sejam capazes de interpretar os sinais do tempo e não captem os sinais dos tempos que representam a chegada do Reino de Deus entre eles. Não descobrem nele e nos seus sinais a importância do momento em que vivem. Portanto, Jesus repreende os seus contemporâneos, que sabem distinguir os sinais meteorológicos, mas não o sinal que Ele mesmo é: o Filho Unigênito enviado pelo Pai para salvação de todos. Compreender o tempo  em que vivemos é compreender as intenções de Deus que, em todo o tempo, sobretudo pelo mistério da Igreja e dos sacramentos, torna atual o mistério de Jesus com toda a sua eficácia salvífica.
            Saber fazer previsões do tempo, analisando os dados da meteorologia, implica uma atenção interessada. Se não estivermos realmente interessados e atentos para nos darmos conta da importância do tempo como tempo para exercer a justiça e a caridade, corremos sério risco. Há que reconciliar-se radicalmente com aqueles com que estamos em conflito. Caso contrário, podemos cair no redemoinho do não-perdão, donde não sairemos sem danos. É como se Jesus apontasse o sinal do tempo por excelência, que é Ele mesmo, como sinal de salvação, mas só para quem se compromete a viver como reconciliado, isto é, na paz, na justiça e na bondade.
            É na história que podemos compreender as intenções de Deus, e não fora dela. Daí a atenção que devemos dar aos sinais dos tempos. Deus atua dentro do tempo. É também no tempo que responde às nossas interrogações. Quantas vezes Lhe fazemos perguntas na oração, e encontramos as respostas na vida. É, pois, no tempo que havemos de ler os sinais de salvação e de perdição. O sinal de salvação por excelência é sempre Cristo, com o seu mistério pascal. Ele salva-nos à medida que, lendo os sinais dos tempos e confrontando-os com a Palavra, deixamos que ela mesma, a Palavra, produza frutos em nós e no nosso tempo. Pondo em prática a Palavra, permitimos a Deus fazer muito mais do que podemos esperar.
            Um dos sinais do nosso tempo é a chamada globalização, em que passamos de um mundo dividido e fragmentado, àquilo a que M. McLuhan chamou de a «aldeia global». Os meios de comunicação, que podem ser instrumentos de divisão e guerra, também podem e devem tornar-se instrumentos de união e de paz. Para isso, todos os homens de boa vontade, e particularmente nós, os crentes, havemos de superar a tentação do individualismo, que fragmenta, e dar espaço à unificação da nossa pessoa, e à união entre os homens. Como crentes, temos a certeza de que Cristo habita no nosso coração e que, fundados e radicados na sua caridade, podemos ser repletos da plenitude de Deus, e alcançar a unificação do coração e de todas as nossas faculdades e forças, a unificação da nossa pessoa. S. Paulo indica-nos os meios para isso: a humildade, a mansidão, a paciência, e o suportar amoroso de nossas índoles.
            A chave que temos ao alcance da mão, para contribuirmos para a unidade entre os homens, é procurar tudo o que une e deixar de parte tudo o que divide como dizia e fazia João XXIII. Com essa chave chegaremos à unificação pessoal, comunitária, eclesial, social e… planetária. Vivendo e realizando esse projeto, o nosso tempo, que está sob o signo de Jesus, tornar-se-á um tempo de claridade, iluminado pela luz da salvação. E, com Cristo e como Cristo, tornar-nos-emos instrumentos de unidade e de paz. A exemplo do Fundador, sintonizando com os sinais dos tempos e em comunhão com a vida da Igreja, queremos contribuir para instaurar o reino da justiça e da caridade cristã no mundo; queremos participar na construção da cidade terrena e na edificação do Corpo de Cristo empenhando-nos sem reserva, no advento da nova humanidade.
            Muitas vezes nós, como os conterrâneos de Jesus, temos um coração duro. Não sabemos olhar em profundidade e não descobrimos, ou não queremos descobrir, o sentido dos acontecimentos; inclusive, olhamos para o outro lado se o que vemos nos compromete.
            Pai, corrige a negligência que me impede de entregar-me inteiramente à ti, sem demora. Torna-me hábil para as coisas do teu Reino! Cura a minha cegueira, Senhor, e dá-me a luz do teu Espírito para ver a profundidade das pessoas.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

terça-feira, 21 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 12,49-53 - 23.10.2014 - Não vim trazer a paz mas a divisão.

Pai,
que o batismo de Jesus, por sua morte de cruz,
purifique-me de todo pecado e de toda maldade,
como um fogo ardente,
abrindo o meu coração totalmente para ti.
5ª-feira da 29ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 12,49-53

Não vim trazer a paz mas a divisão.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 12,49-53

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
49Eu vim para lançar fogo sobre a terra,
e como gostaria que já estivesse aceso!
50Devo receber um batismo,
e como estou ansioso até que isto se cumpra!
51Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra?
Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão.
52Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas,
três ficarão divididas contra duas e duas contra três;
53ficarão divididos:
o pai contra o filho e o filho contra o pai;
a mãe contra a filha e a filha contra a mãe;
a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 12, 49-53

A vinda de Jesus cria um divisor de águas na história dos homens. De um lado encontramos os que são dele e, de outro, os que são do mundo. A partir dessa divisão se estabelece o conflito, que é caracterizado principalmente pela diferença de valores, e exige de todos os que abraçam a fé a consciência de suas conseqüências, entre elas a de ser odiado pelo mundo. Como cristãos, devemos enfrentar o conflito com o mundo, mas não com as mesmas armas do mundo, uma vez que estas levam à morte, o grande valor do mundo. Devemos enfrentar o mundo com a fé, a espiritualidade, a entrega, a partilha, a doação, a fraternidade, o testemunho, o profetismo, que são valores do Reino e levam à vida.
Fonte CNBB



O FOGO QUE JESUS VEIO TRAZER Lc 12,49-53
HOMILIA

Jesus mostra sua expectativa de que o fogo do amor que ele veio lançar já estivesse aceso na terra. O fogo purifica, consumindo o que não se aproveita. Ou ainda, neste evangelho, Jesus mais uma vez se manifesta amoroso para conosco, convidando-nos a conhecer sua missão em meio às alegrias e dificuldades. Jesus veio nos trazer o Espírito Santo, o Espírito de amor, o Consolador, Aquele que nos ensina todas as coisas. Jesus nos deixa o exemplo: Ele que é o Rei se fez pequeno quando pediu a João Batista para o batizar, batismo esse que nos dá força em meio ao combate espiritual, onde a carne e o espírito conseguem vivenciar dentro de uma fraternidade de amor e paz. Após o batismo, somos chamados a vivenciar os frutos do Ressuscitado para que possamos ter uma vida plena e cheia do Espírito Santo.
Jesus era consciente de que um efeito (ainda que não desejado) do seu trabalho ia ser causa de divisão entre os partidários do imobilismo e os que lutam por um mundo novo. Por isso inflamou a ira dos funcionários do templo e de todos os que se consideravam donos da verdade. O fogo da Palavra de Deus não era para funcionários lúgubres saturados de doutrinas e sedentos de poder. Mas o fogo de Jesus não é o fogo das paixões políticas. É o fogo do Espírito que tem que ser aprovado na entrega total, no batismo da doação pessoal. É um fogo que prende aí onde se abandonaram os interesses pessoais e se busca um mundo de irmãos.
            A paz de Jesus é um fogo purificador que não se confunde com a Pax Romana? Aquela paz que Roma (e qualquer império) se esforça por proclamar. Esta é só uma tranquilidade institucional que garante a vantagem dos opressores sobre os oprimidos, do império sobre os subalternos, da injustiça sobre o direito.
            O fogo purificador de Jesus faz amadurecer os mensageiros, os discípulos, os profetas, os apóstolos. O destino deles, como o do mestre, é sair ao encontro da obscuridade com um clarão que põe às claras tudo o que a ordem atual esconde. O fogo põe as claras também às deficiências pessoais, as ambições subterrâneas, os desejos reprimidos. O fogo que se prova com a entrega total ao serviço do evangelho.
            Devemos observar que o Senhor Jesus Cristo não está atacando o relacionamento familiar, mas indica que nenhum laço terreno, embora muito íntimo, poderá diminuir a lealdade a Ele. Essa lealdade pode até mesmo causar em determinados membros de uma família que eles sejam afastados ou ignorados pelos outros por terem escolhido seguir a Cristo Jesus. Podemos resumir que o Senhor Jesus Cristo se refere a espada por ser um instrumento cortante e que na qual a sua vinda causará separação em muitas pessoas, não porque Ele quer, mas pela opção de cada um em segui-lo como Senhor e salvador.
            Pai, que o batismo de Jesus, por sua morte de cruz, purifique-me de todo pecado e de toda maldade, como um fogo ardente, abrindo o meu coração totalmente para ti.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 12,39-48 - 22.10.2014 - A quem muito foi dado, muito será pedido.

Pai, 
leva-me a tomar consciência
de que muito será exigido de mim,
pois muito me foi dado.
Que minha vida seja compatível
com minha condição de discípulo do teu Reino.
4ª-feira da 29ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 12, 39-48

A quem muito foi dado, muito será pedido.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 12,39-48

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
39Ficai certos: se o dono da casa
soubesse a hora em que o ladrão iria chegar,
não deixaria que arrombasse a sua casa.
40Vós também ficai preparados!
Porque o Filho do Homem vai chegar
na hora em que menos o esperardes'.
41Então Pedro disse:
'Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?'
42E o Senhor respondeu:
'Quem é o administrador fiel e prudente
que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa
para dar comida a todos na hora certa?
43Feliz o empregado que o patrão, ao chegar,
encontrar agindo assim!
44Em verdade eu vos digo:
o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens.
45Porém, se aquele empregado pensar:
'Meu patrão está demorando',
e começar a espancar os criados e as criadas,
e a comer, a beber e a embriagar-se,
46o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado
e numa hora imprevista,
ele o partirá ao meio
e o fará participar do destino dos infiéis.
47Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor,
nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade,
será chicoteado muitas vezes.
48Porém, o empregado que não conhecia essa vontade
e fez coisas que merecem castigo,
será chicoteado poucas vezes.
A quem muito foi dado, muito será pedido;
a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 12, 39-48

O Filho do Homem vai chegar na hora em que menos esperamos, pois ele está sempre chegando até nós nos pobres e necessitados. Os que esperam a vinda de Jesus somente no último dia tornam-se pregadores do fim do mundo e vivem uma fé ritual, são incapazes de amar verdadeiramente e, na verdade, não conhecem Jesus presente em suas vidas, possuem uma fé egoísta, pois a espera de Jesus não é para o encontro com ele, mas para ganhar o prêmio eterno. A longa espera e a falta de vivência concreta do amor faz com que essas pessoas desanimem e maltratem seus irmãos e irmãs, fazendo-se merecedores da sorte dos infiéis.
Fonte CNBB



QUEM É O CRISTÃO MADURO? Lc 12,39-48
HOMILIA

Estas duas parábolas de Lucas vêm reforçar o tema da vigilância que a nosso ver é uma das qualidades do cristão maduro na fé à Deus e ao próximo. Estar preparado para o encontro com o Filho do homem (Jesus identificado com o humano) pode significar que, a partir de Jesus, o humano se torna o lugar do encontro com Deus
Quem é o maduro para Deus senão aquele que assume a própria responsabilidade? Vivemos numa sociedade onde a culpa não existe. E mais estamos expostos a um rolo de acontecimentos, com seu emaranhado de causas e consequênicas. Vale apenas ouvir as palavras que Jesus nos dirige como alerta máxima: vocês, também, fiquem alertas, porque o Filho do Homem vai chegar quando não estiverem esperando.  Qual é a razão da advertência de Jesus? É que os homens e as mulheres facilmente se metem num jogo de empurra e empurra. Os que erram são os outros, os culpados não somos nós, não sou eu. Para mim tudo o que faço está certo. Portanto, a culpa não existe e se existe, é dos outros, é dos dirigentes, é do governo, é da hierarquia. Não esquecemos que é índice de maturidade cristã também saber examinarmo-nos sem fraquezas e reconhecer a própria parte de responsabilidade. Nós somos responsáveis de muitos males que acontecem no mundo.
            Jesus nos dirige a palavra: Quem é, então, o empregado fiel e inteligente? É aquele que o patrão encarrega de tomar conta da casa e de dar comida na hora certa aos outros empregados. O evangelho apresenta o cristão vigilante com a psicologia do administrador, não do patrão. Todos querem ser patrões e querem mandar. Se esquecem que só Deus é o Senhor: Foi dito que o mundo iria melhor se tivesse menos arquitetos e mais pedreiros, menos discussões e mais trabalhos. Provavelmente mundo e Igreja precisam menos de patrões,  e mais de servos. Jesus chama a atenção fundamentalmente sobre os de casa. A autoflagelação não serve porém a humildade está sempre no centro da exortação de Jesus aos discípulos.
            Concluindo diremos que estas duas parábolas, a da chegada inesperada do ladrão e a do comportamento do servo que aguarda a chegada do senhor, continuam o tema escatológico da vinda gloriosa do Filho do Homem.
            O primeiro grande acontecimento escatológico é a encarnação. É o nascimento de Jesus. É a presença do Filho do Homem, Jesus, Filho de Deus, na história ao longo dos tempos. A partir de Jesus, o humano se torna o lugar do encontro com Deus. Os discípulos, na diversidade de seus dons, são chamados ao serviço à vida, construindo o mundo novo possível onde Deus se faz presente pelo amor. Aqui se incerta segunda a vinda gloriosa. Por isso, esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã deve permanecer atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Quero que saibas que a responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser feito. E tu sabes tudo o que deves fazer para teres como herança a vida eterna. Muito te será exigido. Pois diz Jesus: assim será pedido muito de quem recebe muito; e, daquele a quem muito é dado, muito mais será pedido.
Pai, leva-me a tomar consciência de que muito será exigido de mim, pois muito me foi dado. Que minha vida seja compatível com minha condição de discípulo do teu Reino.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

domingo, 19 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 12,35-38 - 21.10.2014 - Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar.

Pai,
somente em ti quero centrar
as minhas opções mais profundas,
para não permitir que o egoísmo
tome conta do meu coração e me afaste de ti.
3ª-feira da 29ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 12,35-38

Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 12,35-38

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
35Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas.
36Sede como homens que estão esperando
seu senhor voltar de uma festa de casamento,
para lhe abrir em, imediatamente, a porta,
logo que ele chegar e bater.
37Felizes os empregados que o senhor
encontrar acordados quando chegar.
Em verdade eu vos digo:
Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa
e, passando, os servirá.
38E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada,
felizes serão, se assim os encontrar!
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 12, 35-38

O verdadeiro discípulo de Jesus procura viver sempre um dos valores mais importantes que aparecem no Evangelho: o serviço. Ele sempre está pronto para servir o seu senhor que chega, pois vê o próprio Jesus que vem até ele na pessoa do pobre, do nu, do faminto, do injustiçado, do doente, do abandonado, do carente, enfim, de todos os que precisam de amor, de ajuda material, psicológica, afetiva ou espiritual. Esse discípulo não fala muito de amor e de Evangelho, porque sua vida é o grande discurso da vivência do amor evangélico. Este é o que está de rins cingidos e abre a porta do seu coração sempre que o Senhor chega e este é o feliz que será eternamente servido pelo Senhor.
Fonte CNBB



VIGIAI Lc 12,35-38
HOMILIA

O tema da vigilância, que é o núcleo do Evangelho de hoje, era próprio das primeiras comunidades cristãs, entre as quais havia a expectativa de uma volta em breve de Jesus, morto e ressuscitado, seguindo-se o julgamento final. Diante da correria diária, trabalho, serviços, estudos e outras atividades que fazem parte de nossas vidas, ficam às vezes impossíveis ou esquecidos nosso momento de intimidade com o Senhor. Intimidade, aqui não queremos que entendas somente o ouvir uma música religiosa, fazer leitura bíblica. Mas sim, viver a regra beneditina que consiste no rezar e trabalhar. Pois o Senhor nos diz: felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Esse manter-se acordado estende-se ao serviço, seja na sua Paróquia, na comunidade dentro da sua pastoral ou ministério. Servir e trabalhar naquilo para o qual o Senhor nos chamou. Tu já descobriste o teu lugar na Paróquia, na comunidade? É fundamental que tu saibas qual o teu lugar e função aí para que Deus te fale ao coração.
            O Senhor nos pede que fiquemos os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Como estão os teus rins e os teus olhos espirituais? A virtude da vigilância é por si mesma, uma atitude escatológica a aguardar constantemente o retorno do Senhor.  Os serviços vigilantes, a representar os membros da comunidade eclesial, são felizes porque o próprio Senhor, por ocasião de seu advento, fará a função de servo, cingindo-os e colocando-os à mesa.
            A vigilância escatológica é a virtude de quem aguarda o fato derradeiro.  Por isso, o Filho do Homem que há de vir sobre as nuvens dos céus (Dn 7,13), por ocasião da parusia, assemelha-se ao ladrão que não avisa a hora do assalto.  A vigilância supõe e exige um estado constante de preparação para juízo escatológico, colocando os fiéis de Cristo em estado permanente de crise, de modo especial, aqueles que têm a missão de anunciar o Reino à semelhança do administrador fiel e prudente.  Neste caso, a escatologia possui uma dimensão presente e eclesial, pois o juízo definitivo supõe a avaliação das atividades atuais dos fiéis, mediante as penas impostas pelo Senhor.  A provação dos últimos tempos acentua a responsabilidade histórica do cristão, sobremaneira agradecido pelos bens messiânicos: a quem muito se deu e foi confiado, muito será pedido e reclamado.
            Por tudo quanto dissemos o importante é não se desviar, não se distrair. É manter-se sempre alerta, acordado, e esperar até final pela segunda vinda gloriosa do nosso Senhor Jesus Cristo. Feliz és tu se assim estás procedendo. Porque o próprio Senhor passando te servirá, como fez na Última Ceia, com seus Apóstolos.
            Pai, somente em ti quero centrar as minhas opções mais profundas, para não permitir que o egoísmo tome conta do meu coração e me afaste de ti.
         
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sábado, 18 de outubro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 12,13-21 - 20.10.2014 - E para quem ficará o que tu acumulaste?

Pai,
preserva-me do apego exagerado às riquezas,
as quais me tornam insensível
às necessidades do meu próximo.
Que eu descubra na partilha
um caminho de salvação.
2ª-feira da 29ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 12,13-21

E para quem ficará o que tu acumulaste?

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 12,13-21

Naquele tempo:
13Alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: 'Mestre,
dize ao meu irmão que reparta a herança comigo.'
14Jesus respondeu:
'Homem, quem me encarregou de julgar
ou de dividir vossos bens?'
15E disse-lhes:
'Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância,
porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas,
a vida de um homem não consiste na abundância de bens.'
16E contou-lhes uma parábola:
'A terra de um homem rico deu uma grande colheita.
17Ele pensava consigo mesmo:
'O que vou fazer?
Não tenho onde guardar minha colheita'.
18Então resolveu: 'Já sei o que fazer!
Vou derrubar meus celeiros e construir maiores;
neles vou guardar todo o meu trigo,
junto com os meus bens.
19Então poderei dizer a mim mesmo:
- Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos.
Descansa, come, bebe, aproveita!'
20Mas Deus lhe disse: 'Louco!
Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida.
E para quem ficará o que tu acumulaste?'
21Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo,
mas não é rico diante de Deus.'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 12, 13-21
Mas Deus lhe disse: Louco! Louco é aquele que é incapaz de perceber a verdadeira hierarquia dos valores e submete o eterno ao temporal, o celeste ao terreno, fazendo com que o acúmulo de bens materiais se tornem a causa maior da sua própria felicidade, o que faz com que ele feche a sua vida para os valores que são eternos e que trazem a felicidade que não tem fim. A verdadeira loucura consiste em não conhecer a Deus e, por isso, não valorizar a sua presença em nossas vidas, não viver no seu amor e não amar, de modo que não haja partilha de todos os bens, não possibilitando um crescimento mútuo e um projeto comum de felicidade, que dura para sempre.
Fonte CNBB



O RICO SEM JUÍZO Lc 12,13-21
HOMILIA

Sabemos que Lucas não é muito favorável às grandes fortunas. É mais fácil um camelo entrar pelo olho de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus (18, 25). O parágrafo se inicia com uma advertência séria: Cuidado! Deveis estar em vigilantes de modo a evitar toda forma de cobiça ou ambição de ser ricos. Pois a verdadeira vida não depende da abundância dos bens materiais. Na realidade Jesus usa em presente de infinitivo o verbo exceder. A tradução seria: porque na realidade a vida de alguém não consiste em ter excesso de posses. A vida não consiste em acumular riquezas. E na continuação Jesus explica o porquê desta afirmação que vai fazer com que Paulo descreva a cobiça como uma forma de idolatria (Cl 3,5)
No Eclesiástico1, 18-19 podemos ler que quem se enriquece por avareza; está com os pés na cava. Pois quando ele disser: encontrei descanso, agora comerei dos meus bens, não sabe quando deixará tudo a outros e morrerá. Ou ainda como está nos Provérbio: Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz (27,1).
No evangelho Jesus fala homem cujas terras produziram uma colheita copiosa. Que farei, pois não tenho onde estocar semelhante riqueza? Ele só pensou em si mesmo, para viver uma vida de descanso e prazer. Como diz o apóstolo em 1Cor 15, 32 comamos e bebamos que amanhã morreremos. E com a finalidade que também propõe o livro do Sirácida, encontrei descanso; agora comerei de meus bens (11, 19), pensa em aumentar a capacidade de seus celeiros para ter uma vida fácil, sem preocupações, para descansar, comer beber e gozar como muitos fazem nos dias de hoje. Uma solução mais fácil seria repartir o que não coubesse nos celeiros com os mais necessitados, ou vender a preço mais acessível o excedente. Seria uma maneira de ajudar a quem não tem, e cumprir com o que Tobias recomendava a seu filho: Dá esmola de tudo que te sobrar e não sejas avaro na esmola (4, 16).
Num caso de justiça Jesus é interpelado. Mas Jesus recusa ser juiz. A justiça, considerada do ponto de vista humano, é falha e deixa muito a desejar. No litígio, os homens enfrentam uma guerra que mata não os corpos mas a amizade e o amor. Por isso Jesus dirá: Assume uma atitude conciliadora com o teu aniversário, enquanto estás no caminho, para não te acontecer que teu aniversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e assim, sejas lançado na prisão (Mt 5, 25). Porém a caridade não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade (! Cor 13, 5-6). De fato todas as revoluções em nome da justiça, da igualdade e da liberdade têm sido extremamente cruentas e abundantes em mortes humanas. Muitas buscam a desforra e a vingança, Por isso todas as encíclicas sociais terminam com a mesma advertência: a justiça deve ser temperada pela caridade que é a que tem a última palavra nas relações sociais.
Talvez não tenhamos em conta que num mundo tão injusto como o romano de escravos e cidadãos diversamente classistas, Jesus nada disse a respeito. Porém, a ênfase evangélica está na justiça divina para a qual Lucas deixa a definitiva sentença, como Ai de vós ricos, porque já tendes a vossa consolação (Lc 6,24).
O problema da desigualdade, por não dizer péssima distribuição das riquezas, tem como solução uma voluntária redistribuição das mesmas, de modo que os mais ricos enriqueçam os mais pobres com as riquezas que para eles sobram e para estes faltam. A chamada esmola deve ser considerada como uma necessidade voluntária de distribuição das riquezas. Mais do que condenar os ricos devemos pregar a pobreza voluntária, desterrando a ambição como programa humano e oferecendo a simplicidade e austeridade de vida como objetivo evangélico e ideal social.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla