quinta-feira, 13 de março de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 5:43-48 - 15.03.2025

 Liturgia Diária


15 – SÁBADO 

1ª SEMANA DA QUARESMA


(roxo – ofício do dia)


A lei do Senhor é perfeita, converte os corações. O testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos pequenos (Sl 18,8).


Elevemos nossa consciência à plenitude do amor, expressão sublime da liberdade que transcende imposições externas. Que a verdade interior nos conduza à realização plena do ser, permitindo que a escolha pelo bem seja fruto da vontade autêntica. No horizonte da transcendência, o amor se manifesta como força criadora, jamais aprisionada por amarras dogmáticas, mas revelada na pureza da consciência desperta. Assim, caminhamos na senda da santidade, não como submissão imposta, mas como afirmação da essência que se eleva ao infinito, em comunhão com a origem transcendente da verdade, onde o amor se torna luz que ilumina sem restringir.



Evangelium secundum Matthæum 5,43-48

43 Audistis quia dictum est: Diliges proximum tuum, et odio habebis inimicum tuum.
Ouviste que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.

44 Ego autem dico vobis: Diligite inimicos vestros: benefacite his qui oderunt vos: et orate pro persequentibus et calumniantibus vos:
Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

45 Ut sitis filii Patris vestri, qui in cælis est: qui solem suum oriri facit super bonos et malos: et pluit super justos et injustos.
Para que sejais filhos de vosso Pai que está nos céus, que faz o seu sol nascer sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos.

46 Si enim diligitis eos qui vos diligunt, quam mercedem habebitis? Nonne et publicani hoc faciunt?
Se amais aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem isso também os publicanos?

47 Et si salutaveritis fratres vestros tantum, quid amplius facitis? Nonne et ethnici hoc faciunt?
E se saudais apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isso também os pagãos?

48 Estote ergo vos perfecti, sicut et Pater vester cælestis perfectus est.
Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito.

Reflexão:

"Estote ergo vos perfecti, sicut et Pater vester cælestis perfectus est."
"Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito." (Mt 5:48)

Ao amar para além das convenções, o ser se expande na luz do possível, tornando-se artífice da própria elevação. O amor, força que unifica sem dominação, integra os contrastes e dissolve as barreiras do ego. Assim, cada escolha consciente pelo bem ressoa na ordem invisível do universo, irradiando-se sem limite. A perfeição não é um estado fixo, mas um impulso crescente que impulsiona à plenitude. No horizonte infinito da liberdade, amar o inimigo não é submissão, mas afirmação do ser que se reconhece inteiro. Pois o verdadeiro amor não restringe—ele amplia e conduz ao ápice do real.


HOMILIA

O Amor que Eleva à Plenitude

Ao ouvir as palavras do Evangelho – "Amai os vossos inimigos" – o coração humano hesita, pois a razão natural inclina-se ao conflito, ao limite imposto pelo instinto de defesa. Contudo, o convite do Cristo não é um peso sobre os ombros, mas uma chave que liberta. Amar sem distinção não é um gesto de fraqueza, mas a expressão suprema da força, pois quem ama sem fronteiras reconhece sua própria infinitude.

Na dinâmica do existir, a liberdade se manifesta na escolha consciente de expandir-se para além dos condicionamentos, dissolvendo as barreiras que separam. O amor que apenas retribui amor permanece aprisionado na repetição. Mas aquele que rompe essa lógica e ama sem esperar retorno, esse experimenta a essência do divino dentro de si.

A perfeição à qual somos chamados não é estática, mas um contínuo avançar rumo ao mais alto grau de realização do ser. O Pai faz nascer o sol sobre bons e maus, não por indiferença, mas por sua própria plenitude. Assim também aquele que compreende a grandeza do amor não restringe sua luz, pois encontrou a única verdade que não se impõe, mas se oferece.

Amar os inimigos não significa ceder ao mal, mas superá-lo por uma lógica superior. O que habita na verdade não teme a oposição, pois sua força não vem da imposição, mas da comunhão com aquilo que é eterno. No amor está o movimento que conduz ao auge do real, onde cada ser se torna participante da plenitude que o chama.

Que cada coração desperte para essa liberdade suprema, onde o amor não é um peso, mas o voo da alma em direção ao infinito.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

O Chamado à Perfeição: A Plenitude do Ser em Deus

A frase "Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito." (Mt 5,48) encerra um dos ensinamentos mais sublimes de Cristo e impõe à razão humana uma questão fundamental: como pode o finito alcançar a perfeição do Infinito?

1. A Perfeição Divina e o Caminho do Ser

A perfeição do Pai não é uma perfeição estática, mas a plenitude absoluta do Ser. Deus é ato puro, sem potencialidade não realizada, pois n’Ele não há carência. Sua perfeição não é um atributo entre outros, mas sua própria essência. Quando Cristo convida os homens à perfeição, Ele os chama a participar dessa plenitude, não por equivalência ontológica, mas por conformação à vontade divina.

2. O Significado da Perfeição Humana

A perfeição humana não consiste em uma impecabilidade absoluta, mas no movimento incessante de elevação. O ser humano, contingente e marcado pela temporalidade, não pode ser perfeito no sentido absoluto, mas pode tornar-se cada vez mais perfeito na medida em que se une a Deus. A perfeição cristã é um caminho dinâmico de comunhão, onde cada ato de amor verdadeiro nos configura ao Criador.

3. O Amor como Expressão Suprema da Perfeição

O contexto imediato do versículo indica que essa perfeição está ligada ao amor incondicional: "Amai os vossos inimigos". A perfeição divina se manifesta em um amor que transcende qualquer reciprocidade natural. Deus faz chover sobre justos e injustos não por cegueira moral, mas porque seu amor é puro dom. O ser humano, ao amar sem fronteiras, participa dessa lógica divina e rompe os limites do egoísmo.

4. A Perfeição e a Liberdade Espiritual

Aquele que busca a perfeição em Cristo descobre que ela não é imposição exterior, mas expansão interior. O amor não é um dever que oprime, mas um chamado à liberdade mais alta, onde o ser já não se define pelos vínculos do medo ou da retribuição, mas pela entrega confiante ao que é eterno. Assim, a perfeição não é uniformidade ou rigidez moral, mas a expressão mais plena da verdade que habita no coração iluminado pela graça.

5. A União com o Pai e o Fim Supremo do Homem

A frase de Cristo aponta para o fim último do homem: a comunhão com Deus. Esse chamado ecoa a santidade prefigurada no Antigo Testamento: "Sede santos, porque eu sou santo" (Lv 19,2). Mas Cristo eleva essa vocação ao nível da filiação, pois convida-nos não apenas a imitar a Deus, mas a sermos seus filhos, participando de sua vida.

Assim, a perfeição que Cristo exige não é um fardo impossível, mas um horizonte de plenitude, onde a alma encontra repouso ao doar-se sem medida, refletindo na temporalidade a luz do Eterno.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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