terça-feira, 31 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 2,16-21 - 01.01.2014 - Encontraram Maria e José e o recém-nascido. E, oito dias depois, deram-lhe o nome de Jesus.

Branco. Oitava do Natal: Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria Natal

Evangelho - Lc 2,16-21

Encontraram Maria e José e o recém-nascido. E, oito dias depois, deram-lhe o nome de Jesus.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 2,16-21

Naquele tempo:
16Os pastores foram às pressas a Belém
e encontraram Maria e José,
e o recém-nascido, deitado na manjedoura.
17Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito
sobre o menino.
18E todos os que ouviram os pastores
ficaram maravilhados com aquilo que contavam.
19Quanto a Maria, guardava todos estes fatos
e meditava sobre eles em seu coração.
20Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus
por tudo que tinham visto e ouvido,
conforme lhes tinha sido dito.
21Quando se completaram os oito dias
para a circuncisão do menino,
deram-lhe o nome de Jesus,
como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 2, 16-21

Assim que os anjos se afastaram dos pastores, eles foram para Belém a fim de conhecer o Salvador que havia nascido e, assim que o encontraram, passaram a anunciar a todos quem ele era. Deste modo. a presença do Salvador não ficou sendo apenas algo que os pastores ficaram sabendo, mas foram conhecê-lo pessoalmente, mostrando para nós que o conhecimento sobre Jesus não é suficiente para a nossa salvação, mas precisamos ir ao seu encontro para conhecê-lo pessoalmente e também nos tornar evangelizadores, mostrando a todos quem é Jesus, de modo que a sua salvação possa chegar a todos os cantos da terra.



RAINHA DA PAZ, DAÍ-NOS A PAZ Lc 2,16-21
HOMILIA

Eles foram depressa, e encontraram Maria e José, e viram o menino deitado na manjedoura. Então contaram o que os anjos tinham dito a respeito dele. Todos os que ouviram o que os pastores disseram ficaram muito admirados. Maria guardava todas essas coisas no seu coração e pensava muito nelas. Então os pastores voltaram para os campos, cantando hinos de louvor a Deus pelo que tinham ouvido e visto.
E tudo tinha acontecido como o anjo havia falado. Uma semana depois, quando chegou o dia de circuncidar o menino, puseram nele o nome de Jesus. Pois o anjo tinha dado esse nome ao menino antes de ele nascer.
O ano litúrgico antecipa-se ao ano civil, iniciando-se com o tempo do Advento que prepara o Natal. Na oitava do Natal, em 1º de janeiro, a Igreja faz a comemoração de Maria, “Mãe de Deus”. Este título de Maria, atribuído pelo Concílio de Éfeso (431), realça a íntima união entre a divindade e a humanidade, revelada na encarnação de Jesus. A maternidade divina de Maria vem, de certo modo, preencher a carência do feminino na imagem tradicional de Deus, particularmente no Primeiro Testamento. Nas devoções a Maria, os fiéis buscam a face materna de Deus. Nos evangelho Maria ocupa um papel mais discreto na Bíblia se comparado com a tradição católica. Os dados estritamente biográficos derivados dos Evangelhos dizem-nos que era uma jovem donzela virgem, quando concebeu Jesus, o Filho de Deus. Era uma mulher verdadeiramente devota e corajosa. O Evangelho de João menciona que antes de Jesus morrer, Maria foi confiada aos cuidados do apóstolo João e a Igreja Católica viu aí que nele estava representada toda a humanidade, filha da Nova Eva.
«A virgem engravidará e dará à luz um filho… Mas José não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus. » (Mateus 1,23-25), “Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. … será chamado Filho do Altíssimo.” Maria pergunta ao anjo Gabriel: “Como acontecerá isso, se não conheço homem?” O anjo respondeu: «O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado santo, Filho de Deus.» (Lucas 1,26-35).
Lucas é o evangelista da misericórdia e dos pobres. Em sua narrativa, são os humildes pastores que, movidos pela esperança da libertação e do resgate de sua dignidade, vão ao encontro do recém-nascido. Maria acolhe o novo que se manifesta e, em oração, medita sobre seu significado. Em Jesus, que recebeu um nome comum em sua época, revela-se o projeto de Deus de nos conceder a salvação por meio da humildade e da comum condição da encarnação.
Convido-te a dar o primeiro passo no novo ano de mãos dadas com Santa Maria, a Mãe de Deus e nossa Mãe Ela nos dá segurança, porque traz em seus braços o Príncipe da Paz. Sem o acolhimento de nosso Salvador; o mundo celebra inutilmente o dia Mundial da Paz e da Fraternidade Universal. Os homens têm provado, ao longo dos séculos, que são impotentes para construir a verdadeira Paz por si própria. Continuam poderosos apenas para multiplicar a violência e provocar mortes.
Por isso, hoje é um dia de súplica universal pela Paz e pela Fraternidade, que somente Jesus pode fazer-nos construir. Alías é o que significa o Seu Nome. Jesus Cristo, O Ungido do Senhor, o Deus conosco, O Emanuel. Suplicamos confiantes, porque ora conosco e por nós a Mãe de Deus, Aquela que deu ao mundo a nossa Paz! Jesus Cristo o Príncipe da Paz! Maria Rainha da Paz, dai-nos a Paz!

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Jo 1,1-18 - 31.12.2013 - A Palavra se fez carne e habitou entre nós.

Branco. 7º DIA NA OITAVA DO NATAL Natal

Evangelho - Jo 1,1-18

A Palavra se fez carne e habitou entre nós.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,1-18

1No princípio era a Palavra,
e a Palavra estava com Deus;
e a Palavra era Deus.
2No princípio estava ela com Deus.
3Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez
de tudo que foi feito.
4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5E a luz brilha nas trevas,
e as trevas não conseguiram dominá-la.
6Surgiu um homem enviado por Deus;
Seu nome era João.
7Ele veio como testemunha,
para dar testemunho da luz,
para que todos chegassem à fé por meio dele.
8Ele não era a luz,
mas veio para dar testemunho da luz:
9daquele que era a luz de verdade,
que, vindo ao mundo,
ilumina todo ser humano.
10A Palavra estava no mundo
- e o mundo foi feito por meio dela -
mas o mundo não quis conhecê-la.
11Veio para o que era seu,
e os seus não a acolheram.
12Mas, a todos que a receberam,
deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus
isto é, aos que acreditam em seu nome,
13pois estes não nasceram do sangue
nem da vontade da carne
nem da vontade do varão,
mas de Deus mesmo.
14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós.
E nós contemplamos a sua glória,
glória que recebe do Pai como filho unigênito,
cheio de graça e de verdade.
15Dele, João dá testemunho, clamando:
'Este é aquele de quem eu disse:
O que vem depois de mim passou à minha frente,
porque ele existia antes de mim'.
16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça.
17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça
e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo.
18A Deus, ninguém jamais viu.
Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai,
ele no-lo deu a conhecer.
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
Hino à Palavra

Quanto à origem e à estrutura do prólogo segundo João, há pouco acordo entre os estudiosos. Seja como for, o Prólogo do quarto evangelho antecipa os temas fundamentais que serão desenvolvidos ao longo de todo o evangelho. Mais parece um hino em que o tema principal é o “Logos”. O Logos preexistente do v. 1 é identificado com o Filho único de Deus, que é quem revela o Pai (v. 18; cf. 14,9-10).
Carlos Alberto Contieri,sj



A PALAVRA DA VIDA Jo 1,1-18
HOMILIA

No princípio era a Palavra, luz para todo ser humano. “No princípio era a Palavra…” faz pensar na primeira frase da Bíblia que diz: “No princípio Deus criou o céu e a terra”. Deus criou por meio da sua Palavra. “Ele falou e as coisas começaram a existir”. Todas as criaturas são uma expressão da Palavra de Deus. O prólogo diz que a presença universal da Palavra de Deus é vida e luz para todo ser humano. Esta Palavra viva de Deus, presente em todas as coisas, brilha nas trevas. As trevas tentam apagá-la, mas não conseguem. A busca de Deus renasce constantemente no coração humano. Ninguém consegue abafá-la. “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho Unigênito que está no seio do Pai no-l’O deu a conhecer” (Jo 1, 18). Quem desde o princípio nos dá a conhecer o Pai é o Filho, porque desde o princípio está com o Pai: as visões proféticas, a diversidade de graças, os ministérios, a glorificação do Pai, tudo isto, como uma sinfonia bem composta e harmoniosa, Ele o manifestou aos homens, no tempo próprio, para seu proveito. Porque onde há harmonia tudo sucede no tempo próprio; e quando tudo sucede no tempo próprio, há proveito. Por isso o Verbo tornou-Se o administrador da graça do Pai em proveito de homens, em favor dos quais Ele pôs em prática a sua tão sublime economia da graça, mostrando Deus aos homens e apresentando o homem a Deus. Manteve, no entanto, a invisibilidade do Pai, para que o homem se conserve sempre reverente para com Deus e tenha um estímulo para o qual deve progredir; mas, ao mesmo tempo, mostrou também que Deus é visível aos homens por meio da economia da graça, para não suceder que o homem privado totalmente de Deus, chegasse a perder a sua própria existência.
A Palavra se fez carne. Deus não quer ficar longe de nós. Por isso a sua Palavra chegou mais perto ainda e se fez presente no meio de nós na pessoa de Jesus. Literalmente o texto diz: “A Palavra se fez carne e montou sua tenda no meio de nós!”. No tempo do Êxodo, lá no deserto, Deus vivia numa tenda, no meio do povo (Ex 25,8). Agora, a tenda onde Deus mora conosco é Jesus, “cheio de graça e de verdade!”. Jesus veio revelar quem é este nosso Deus que está presente em tudo, desde o começo da criação. Porque a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem, é a visão de Deus. Com efeito, se a manifestação de Deus, através da criação, dá a vida a todos os seres da terra, muito mais a manifestação do Pai, por meio do Verbo, dá a vida a todos os que vêem a Deus!
Senhor Jesus, que eu veja tua glória de Filho de Deus resplandecer em teus gestos misericordiosos em favor da humanidade.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

domingo, 29 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 2,36-40 - 30.12.2013 - Pôs-se a falar do menino a todos que esperavam a libertação de Jerusalém.

Branco. 6º DIA NA OITAVA DO NATAL Natal

Evangelho - Lc 2,36-40

Pôs-se a falar do menino a todos que esperavam a libertação de Jerusalém.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 2,36-40

Naquele tempo:
36Havia também uma profetisa, chamada Ana,
filha de Fanuel, da tribo de Aser.
Era de idade muito avançada;
quando jovem, tinha sido casada
e vivera sete anos com o marido.
37Depois ficara viúva,
e agora já estava com oitenta e quatro anos.
Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus
com jejuns e orações.
38Ana chegou nesse momento
e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino
a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor,
voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade.
40O menino crescia e tornava-se forte,
cheio de sabedoria;
e a graça de Deus estava com ele.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 2, 36-40

Toda pessoa que faz da sua vida um serviço a Deus vive a alegria do encontro com ele. Com Ana não foi diferente. Depois de oitenta e quatro anos vividos na busca da realização da vontade de Deus, ela tem a alegria do encontro pessoal com ele. Mas Ana não fica com essa alegria só para ela; sai anunciando a todos que aquele menino é a resposta do próprio Deus a todos os que esperam a verdadeira libertação. E este anúncio é acompanhado do reconhecimento do amor de Deus, que é fiel às suas promessas, através do louvor a ele.



A PROFETISA ANA Lc 2,36-40
HOMILIA

A profetisa Ana não abandonava o Senhor. Essa é uma das grandes características de todos aqueles a quem Deus se manifestou ou se deixou revelar. E nós, ao raiar de um novo ano, como anda nossa fidelidade ao Senhor? Que propósitos fizemos em cima das missões que Deus nos confiou?
            Ana não abandonava o Senhor mesmo após tanto tempo de viuvez. Eu imagino a dificuldade em ser mulher em um período repleto de tradições centradas nos homens. Ser viúva, mais que um estado civil era imaginá-la sem ter alguém que cuidasse se sua saúde, de sua vida, do mínimo necessário para poder sobreviver. Ser viúva era contar com a doação das pessoas caso não tivesse patrimônios, riquezas.
            Ana se apega a Deus. E quem melhor ela poderia se apegar? Ela não pula do barco! Existe muita gente e talvez você seja um deles, que nesse ano, por um instante pensaram em desistir. Cansaram talvez dos dedos apontados, das críticas infundadas, das perseguições… Não encontram mais forças ou razões para levantar a cabeça e com ela a sua auto-estima. Mas é preciso voltar a acreditar no Senhor e esperar a visita de Jesus a nossa aflição.             Nossa perseverança normalmente dura até a primeira sede de Deus. Como posso me afastar do poço nesse mundo tão deserto? Ninguém é tolo de enfrentar o deserto sem levar consigo um cantil ou reservatório de água. Como, portanto suportar as dificuldades da vida sem levar Deus conosco?
            Ele precisa estar no nosso trabalho, na escola, em casa. Esses locais precisam aos poucos se tornar oásis e não desertos. O que faz um local de adversidades se tornarem pouco a pouco um lugar melhor é a água que carrego no cantil. É a fé persistente de Ana; é bater contra a rocha e ver brotar água aos olhos dos mais descrentes; é ver esperança no filho drogado; é depositar nas mãos de Deus o futuro incerto; é ver a reconstrução e a vida quando a chuva derruba a casa; é ver a luta de quem insiste em levantar mesmo que a vida não lhe ofereça condições; é ver Jesus andando sobre as águas e acalmando o mar agitado da sua vida. Num desiste de você mesmo nem dos que você ama. Saiba que com Jesus e pela força da oração tudo pode ser mudado.
Pai, dá-me a graça de ser piedoso e justo como as pessoas envolvidas no mistério da encarnação de teu Filho Jesus. Sejam elas para mim fonte de perene inspiração como fez a profetisa Ana, afim de que possa um dia contemplar a vossa face lá no Céu.
          

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sábado, 28 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 2,13-15.19-23 - 29.12.2013 - Levanta-te, pega o menino e sua mãe foge para o Egito.

Branco. Sagrada Família de Jesus, Maria e José Natal

Evangelho - Mt 2,13-15.19-23

Levanta-te, pega o menino e sua mãe foge para o Egito.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 2,13-15.19-23

13Depois que os magos partiram,
o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse:
'Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o
Egito! Fica lá até que eu te avise!
Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo.'
14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe,
e partiu para o Egito.
15Ali ficou até à morte de Herodes,
para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta:
'Do Egito chamei o meu Filho.'
19Quando Herodes morreu,
o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito,
20e lhe disse: 'Levanta-te, pega o menino e sua mãe,
e volta para a terra de Israel;
pois aqueles que procuravam matar o menino
já estão mortos.'
21José levantou-se, pegou o menino e sua mãe,
entrou na terra de Israel.
22Mas, quando soube que Arquelau reinava na Judéia,
no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá.
Por isso, depois de receber um aviso em sonho,
José retirou-se para a região da Galiléia,
23e foi morar numa cidade chamada Nazaré.
Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos
profetas:
Ele será chamado Nazareno.'
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
A família de Nazaré

Já começamos a dizer antes que Jesus realiza um novo êxodo, que vai culminar, de modo definitivo, na sua Páscoa. Já dissemos que Jesus é apresentado como o novo Israel e o novo Moisés. Ele é também comparado a Jacó (cf. Gn 46,2-5), que desceu ao Egito, aí cresceu e, ao sair, saiu como se fosse um povo numeroso. José, como no anúncio do nascimento de Jesus, é o destinatário da mensagem do anjo. É apresentado como homem justo, pois realiza o que lhe é pedido da parte de Deus (cf. vv. 13.19).
Com a citação de Oseias no centro do relato: “Do Egito chamei o meu filho” (Os 11,1), na qual o profeta se referia à saída do Egito, o evangelista parece querer comunicar que Jesus percorre as etapas fundamentais da história do seu povo, e que, por isso, ele é plenamente membro do povo eleito.
Estamos celebrando a festa da Sagrada Família de Nazaré. O que a faz santa? É a presença do Filho de Deus que assumiu a nossa humanidade. A presença do Emanuel permitiu revelar Maria como a que recebeu o favor de Deus e José, como o homem justo. A sua presença aproxima a realidade celeste da nossa humanidade. Ademais, a santidade da família de Nazaré se exprime no engajamento em realizar a vontade de Deus. Por isso, o desejável é o que São Paulo exprime tão bem: “Revesti-vos do amor, que une a todos na perfeição”. O amor é a expressão máxima da vida cristã.

Carlos Alberto Contieri, sj



A FUGA PARA O EGITO Mt 2,13-15.19-23
HOMILIA

É característico de Mateus elaborar suas narrativas teológicas como sendo atualizações de antigas narrativas do Primeiro Testamento. Neste texto, sobre a ameaça de Herodes ao menino e a fuga de José, com o menino e a mãe, para o Egito, pode-se ver uma alusão à história de José do Egito. José, o sonhador, um dos doze filhos de Jacó (Ex 37,5-11.19), ameaçado de morte pelos irmãos, encontra refúgio no Egito. Depois, os descendentes de Jacó no Egito são conduzidos de volta para Canaã (Palestina) por Moisés. Na narrativa de Mateus, José, como José do Egito, também tem sonhos reveladores. Advertido em sonho por um anjo, diante da ameaça de morte para o menino Jesus, José também busca refúgio no Egito. Mateus, então, afirma o cumprimento da escritura na volta de José, do menino e da mãe: “Do Egito chamei meu filho” (Os 11,1). De volta à Judéia, José é novamente advertido em sonho sobre o cruel Arquelau, indo buscar refúgio no norte da Palestina, na Galiléia, em Nazaré. Jesus, um novo Moisés na visão de Mateus, ficou conhecido como “o nazareno”. Na família e nas comunidades de discípulos, apesar de todas as tribulações, deve vigorar sempre a harmonia, na estima, no respeito e na gratidão mútuos. Jesus testemunhou um amor vivido na família aberto e transbordante para com todos os demais carentes da sociedade e do mundo.
Aqui Mateus mostra como a revelação do nascimento de Jesus foi recusada por Herodes, que tinha de seu lado “toda a cidade de Jerusalém”, e como fracassou a trama que pretendia entravar o projeto divino.
            O Egito sempre representou, para os judeus residentes na Terra Santa, o mais prático lugar de refúgio. Isso valia também no tempo de Herodes Magno, quando os romanos dominavam o Egito.
            Encontramos no texto, um profeta não nomeado. Fazendo uma releitura descobrimos que se trata de Oseias (Os 11,1). O profeta fala do povo de Israel, que Deus tirou da escravidão do Egito, tratando-o como filho, enquanto este se tornou indigno desse amor. É assim acenado um tema que será bem desenvolvido no resto do evangelho de Mateus, isto é, que em Jesus se realizou plenamente tudo o que Deus havia pedido em vão ao seu povo.
            Nos vv. 19-20, falando no plural “os que buscavam tirar a vida ao menino”, talvez o evangelista queira aludir a toda Jerusalém que era solidária com Herodes e, sobretudo, aos muitos futuros inimigos de Jesus que depois quiseram a sua morte. Arquelau foi mal-visto pelos seus súditos, por causa de sua crueldade, a tal ponto que os romanos o depuseram no ano 6 d. C. Portanto, é historicamente certo o julgamento de Mateus, que considera a Galileia como uma região politicamente mais tranquila do que a Judeia.
            No v. 23, a frase, aqui genericamente atribuída aos profetas, não aparece em nenhum lugar do antigo testamento. É claro, porém, que o evangelista pretende retrucar a quem defendia que o Messias não poderia vir de Nazaré, nem da Galileia (cf. Jo 1,46; 7,41.52). Entretanto, juntamente com esse significado, para o evangelista, o termo “Nazareno” devia ter um outro: provavelmente aludia ao termo hebraico, que significa “broto”. Haveria assim uma alusão ao oráculo messiânico de Is 11,1. Este fato, de que Jesus realiza o Êxodo definitivo, é sublinhado pelo uso do texto de Oséias, 11, 1. Na profecia original, o “Filho” era o próprio povo de Israel. Aqui Mateus a aplica a Jesus como indivíduo, pois Ele representa o início da restauração de todo Israel. A fuga e a volta constituem o Novo Êxodo, com um novo e maior Moisés – Jesus.
No que se refere à família moderna, podemos ver como a família de Nazaré pôs-se no seguimento da vontade de Deus. Sendo pessoas “justas”, José e Maria não hesitam, mas colocam as suas vidas a serviço da vontade divina, de realizar a salvação de Jesus. Era uma família tipicamente judaica - com a sua fé alimentada pela espiritualidade dos “anawim”, ou dos “pobres de Javé”, tão bem expressada pelos profetas Segundo-Isaías, Sofonias e Segundo-Zacarias, entre outros. Foi no seio desta família, com esta espiritualidade, que Jesus descobriu a sua identidade, a sua fé e a sua missão.
Que a celebração desta festa anime a todas as famílias cristãs, num mundo onde a vida familiar é desprezada e até atacada, a fortalecer a sua vivência da fé, criando laços de amor e doação, baseando-se nos valores evangélicos de solidariedade, justiça e partilha. No nosso mundo da idolatria do consumo, do “ter”, e do ‘poder”, a nossa vivência familiar é instrumento valioso na realização permanente do processo do Êxodo em nossa vida, hoje. Que Deus abençoe as nossas família. Jesus Maria e José, nossa família vossa é!
Pai, que a fidelidade demonstrada pela Sagrada Família de Nazaré seja exemplo para as famílias cristãs, cuja fé é provada em meio a tribulações.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 2,13-18 - 28.12.2013 - Herodes mandou matar todos os meninos de Belém.

Vermelho. Santos Inocentes, Mártires, Festa

Evangelho - Mt 2,13-18

Herodes mandou matar todos os meninos de Belém.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 2,13-18

13Depois que os magos partiram,
o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José
e lhe disse:
"Levanta-te, pega o menino e sua mãe
e foge para o Egito!
Fica lá até que eu te avise!
Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo".
14José levantou-se de noite,
pegou o menino e sua mãe,
e partiu para o Egito.
15Ali ficou até à morte de Herodes,
para se cumprir
o que o Senhor havia dito pelo profeta:
"Do Egito chamei o meu Filho".
16Quando Herodes percebeu
que os magos o haviam enganado,
ficou muito furioso.
Mandou matar todos os meninos de Belém
e de todo o território vizinho,
de dois anos para baixo,
exatamente conforme o tempo indicado pelos magos.
17Então se cumpriu
o que foi dito pelo profeta Jeremias:
18"Ouviu-se um grito em Ramá,
choro e grande lamento:
é Raquel que chora seus filhos,
e não quer ser consolada,
porque eles não existem mais".
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
O novo Israel
O novo é dito com as palavras antigas e evoca o passado de Israel. Jesus é apresentado como o novo Israel e o Novo Moisés. Herodes lembra o Faraó do Egito que mandou matar todos os meninos nascidos dos Hebreus, pois eles representavam uma ameaça (Ex 1,15-22). Como Moisés escapou misteriosamente da morte (Ex 2,1-10) e fugiu para outro país para escapar do Faraó (Ex 2,11-15), do mesmo modo Jesus escapa da crueldade de Herodes (vv. 13-15) e, depois, vai para Nazaré (v. 23). Já desde muito cedo, pouco depois de seu nascimento, a perseguição de Herodes e o massacre das crianças de Belém prefiguram a rejeição de Jesus por parte de Israel.Casrlos Alberto Contieri,sj



O MARTIRIO DAS CRIANÇAS Mt 2,13-18
HOMILIA

Hoje é o dia dedicado aos Santos Inocentes, que são aquelas crianças que foram assassinadas a mando de Herodes, quando José fugiu com Maria e Jesus para o Egito. Esses pequenos e inocentes mártires foram os primeiros a morrer para que se cumprisse o projeto de Deus com Jesus. E Jesus devia saber disso. A presença de Jesus na história humana despertou a fúria de quem estava firmemente alicerçada num esquema de pecado, posto em xeque pela salvação oferecida à humanidade. A pregação de Jesus desmascarava a injustiça, tornava pública a perversidade dos opressores, revelava a fragilidade de sistemas fundados na opressão e na violência.
A matança dos inocentes de Belém foi uma espécie de antecipação do futuro de Jesus e de seus discípulos. Um frágil recém-nascido foi suficiente para abalar a segurança do prepotente e violento Herodes. Sua decisão de eliminar as crianças da região onde nascera o Messias Jesus visava eliminar no seu nascedouro, tudo o que pudesse pôr em risco a segurança de seu reino. O que leva uma pessoa a matar crianças com menos de 2 anos de idade? Parece algo distante da nossa realidade, mas está mais perto do que pensamos. E aqui eu vou dar dois exemplos de como isso acontece bem perto de nós.
            Primeiro pensemos no aborto, que é algo aparentemente sem maiores conseqüências, mas que transforma as pessoas que o praticam em assassinos semelhantes a Herodes. Por que Herodes mandou matar aquelas crianças? Para não perder seu lugar no trono. Por que as pessoas abortam? Para não perderem seu lugar no trono. Uma criança não-planejada representa uma mudança nos planos dos pais, que para não perderem o controle de suas vidas, tornam-se assassinos de um inocente. E isso acontece em todas as classes sociais, da mesma forma que o segundo exemplo...
            Algumas crianças vão sendo mortas aos poucos pela ausência ou pela super-proteção dos pais. A ausência física, ou a ausência do exemplo a seguir. As crianças se espelham muito nos seus pais, e todas as atitudes dos pais penetram no inconsciente e refletem no comportamento dos filhos. Crianças não sabem distinguir entre o certo e o errado vão aprendendo à medida que vão vendo e escutando seus pais... E a super proteção priva a criança de desenvolver suas potencialidades... Esse tipo de morte lenta começa na infância, por culpa dos pais.
            Cuidar de crianças não é uma tarefa fácil, mas de todas as tarefas, é a mais gratificante. Ser o herói e o exemplo de vida para um filho deveria ser o desejo de todos os pais, pois aquele filho e aquela filha são a continuação da sua vida nesse mundo. Uma árvore boa só pode dar frutos bons, que tem sementes boas, que formarão outras árvores boas.
Pai, sê o guia de minha caminhada, livrando-me de todas as ciladas do mal, e conservando-me incólume para o teu santo serviço.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Jo 20,2-28 - 27.12.2013 - O outro discípulo correu mais depressa que Pedro, e chegou primeiro ao túmulo.

Branco. São João, Apóstolo e Evangelista, Festa
    
Evangelho - Jo 20,2-28

O outro discípulo correu mais depressa que Pedro,
e chegou primeiro ao túmulo.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,2-28

No primeiro dia da semana,
2Maria Madalena saiu correndo
e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo,
aquele que Jesus amava,
e lhes disse:
"Tiraram o Senhor do túmulo,
e não sabemos onde o colocaram".
3Saíram, então, Pedro e o outro discípulo
e foram ao túmulo.
4Os dois corriam juntos,
mas o outro discípulo
correu mais depressa que Pedro
e chegou primeiro ao túmulo.
5Olhando para dentro,
viu as faixas de linho no chão,
mas não entrou.
6Chegou também Simão Pedro,
que vinha correndo atrás,
e entrou no túmulo.
Viu as faixas de linho deitadas no chão
7e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus,
não posto com as faixas,
mas enrolado num lugar à parte.
8Então entrou também o outro discípulo,
que tinha chegado primeiro ao túmulo.
Ele viu, e acreditou.
Palavra da Salvação.




REFLEXÃO
O salto da fé.

Há uma tristeza que imobiliza e impede de dar o salto da fé. As lágrimas impedem de ver com clareza a realidade própria da fé. Este relato deve ser a expressão da experiência feita do Cristo Ressuscitado, do itinerário pelo qual se chega à fé na ressurreição. Maria Madalena, que corre desesperada ao encontro de Simão Pedro e do discípulo que Jesus amava, tem razão de dizer que tiraram o Senhor do sepulcro e que ele não está lá (v. 2). O túmulo vazio não é prova da ressurreição de Jesus, e os sinais da presença do Ressuscitado não são evidentes, precisam ser sempre discernidos. Simão Pedro e o discípulo amado correm para o sepulcro; Pedro tem precedência, entra primeiro, depois entra o outro discípulo. Ambos viram a mesma realidade, mas ela não teve para os dois o mesmo significado, pois do discípulo que Jesus amava o narrador do evangelho diz que “viu e creu” (v. 8).
Carlos Alberto Contieri, sj



O DISCÍPULO AMADO Jo 20,2-8
HOMILIA

A liturgia de hoje traz o testemunho de São João, o discípulo amado que conta todas as coisas que aconteceram com Jesus para que nós também acreditemos. Por isso, hoje nós meditamos no Evangelho em que é narrada a ressurreição de Jesus e que tem em São João um dos protagonistas deste acontecimento. Quando Maria Madalena deu aos discípulos a notícia de que tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram, nós verificamos que os primeiros a correrem ao túmulo, foram Simão Pedro, que se afigurava como líder de todos e o discípulo que se considerava o mais amado por Jesus, no caso, João.
Jesus já os havia advertido e anunciado a eles o que iria lhe acontecer, porém eles estavam ainda como que cegos. Mesmo diante de tantas evidências, de tantos sinais eles ainda não tinham tido o entendimento completo. Por isso, nós imaginamos o que não se passava dentro dos seus corações e qual não deve ter sido a sua surpresa quando chegaram ao túmulo de Jesus. Estavam agora em busca do corpo de Jesus. Procuravam um morto, mas Jesus estava vivo. Porém o fato de eles terem ido rapidamente a busca do que “ouviam falar” comprova para nós a fé que os movia. A surpresa transformou-se em alegria depois que eles viram Jesus e puderam perceber que tudo que Jesus lhes anunciara estava se comprovando. E nós? O que estamos esperando para assumirmos de vez a nossa condição de homens e mulheres salvos em Jesus Cristo? Aonde O temos procurado? Será que nós conseguimos vê-Lo na hora da escuridão? Será que, a fé e a esperança ainda nos movem ou ainda estamos parados, inertes esperando alguma coisa que já aconteceu?
Será que você tem procurado Jesus no túmulo quando lá só existem os vestígios? Onde verdadeiramente Jesus está na sua vida? Você também acredita como se estivesse estado presente? Você se considera um discípulo amado? Por que?
Espírito de fé no Ressuscitado, a exemplo do discípulo amado, faze-me professar a fé no Senhor que está vivo e presente em nosso meio, sempre pronto a nos ajudar.

Postado há 27th December 2010 por Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 10,17-22 - 26.12.2013 - Não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai.

Branco. Santo Estevão, o primeiro mártir, Festa

Evangelho - Mt 10,17-22

Não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 10,17-22

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos:
17"Cuidado com os homens,
porque eles vos entregarão aos tribunais
e vos açoitarão nas suas sinagogas.
18Vós sereis levados
diante de governadores e reis, por minha causa,
para dar testemunho diante deles e das nações.
19Quando vos entregarem,
não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer.
Então naquele momento
vos será indicado o que deveis dizer.
20Com efeito, não sereis vós que havereis de falar,
mas sim o Espírito do vosso Pai
é que falará através de vós.
21O irmão entregará à morte o próprio irmão;
o pai entregará o filho;
os filhos se levantarão contra seus pais,
e os matarão.
22Vós sereis odiados por todos,
por causa do meu nome.
Mas quem perseverar até o fim,
esse será salvo".
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
O preço do testemunho

Nosso texto é parte do discurso missionário de Jesus (Mt 10). Os discípulos devem ter presente, olhando para o seu próprio Senhor, a possibilidade de ser ameaçados, hostilizados e perseguidos. O mais doloroso é que a perseguição, a hostilidade, não vêm somente de fora, mas também de dentro da comunidade, da própria família (cf. v. 21).
Na perseguição é preciso prudência e simplicidade (v. 16); é preciso discernir para não se deixar enredar por quem quer que seja. É por causa de Jesus que os discípulos são perseguidos (v. 18a). Esse sofrimento é o preço do testemunho: “... dareis testemunho diante deles e diante dos pagãos” (v. 18b). Em tudo isso é preciso confiança, pois o “Espírito do vosso Pai falará em vós” (v. 20). O Espírito Santo, dom gratuito do Pai, é que inspira os discípulos. Essa confiança é que deve sustentar a vida dos discípulos enviados em missão. As traições, o ódio, a rejeição por causa de Jesus e do seu evangelho não têm por que nos assustar. Todos nós somos às vezes cordeiro e lobo, até que se realize a identificação do discípulo com o Mestre.
A missão é universal porque os doze discípulos escolhidos por Jesus não acabarão “de percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho do Homem” (v. 23). A tarefa de conduzir as pessoas ao único e verdadeiro pastor (cf. Ex 34,23-34) será permanente, enquanto houver ódio entre os irmãos (cf. v. 21), enquanto houver perseguições em nome de Jesus (cf. v. 22).

Carlos Alberto Contieri, sj



HOMILIA
QUEM PERMANECER FIRME SERÁ SALVO Mt 10,17-22

Os Evangelhos mostram a Igreja como um barco, no qual Jesus está presente, embora em alguns momentos pareça estar dormindo (Mt 8,23-27). O mar que este barco atravessa é a História, às vezes calmo, outras vezes turbulento e ameaçador. Há quase dois mil anos o barco saiu de seu porto. Não sabemos quando chegará ao seu destino, mas temos certeza de que Jesus nunca o abandonará.

Em Pentecostes, "a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a pregação" (Ad Gentes, n. 4).

Pentecostes do ano 30. Todos reunidos: os apóstolos, Maria, parentes de Jesus, algumas mulheres. Um ruído de ventania desce do céu. Línguas como de fogo surgiram e se dividiram entre os presentes. Todos ficaram repletos do Espírito de Deus e começaram a falar em outras línguas.

Esta assembléia inicial, esta igreja, é o princípio. Depois do prodígio das línguas, Pedro dirigiu-se à multidão reunida na praça e fez uma memorável pregação. Muitos se converteram, especialmente judeus vindos da Diáspora. Estes levaram a Boa-Nova aos seus locais de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de comunidades cristãs em Damasco, Antioquia, Alexandria e mesmo em Roma. Alguns helenistas, no entanto, permaneceram em Jerusalém. Para cuidar de suas necessidades materiais, os apóstolos escolheram sete diáconos. E dentre estes está Estevão de cujo martírio celebramos hoje.

Temos nesta narrativa de Mateus um trecho do discurso atribuído a Jesus ao enviar os doze apóstolos em missão. O texto é escrito em estilo literário-apocalíptico. No evangelho de Marcos, mais primitivo, ele faz parte do discurso escatológico de Jesus ao prenunciar a destruição do Templo de Jerusalém, nas vésperas de sua Paixão (Mc 13,9-13). De fato, muitos dos primeiros cristãos sofreram perseguições tanto da parte dos judeus como do império romano. A alusão à terrível tragédia no seio da família, no texto acima, no seu estilo escatológico-apocalíptico, é uma referência à tradição profética da injustiça universal no fim dos tempos (Mq 7,6). Após a perseguição e morte de Jesus, o diácono Estêvão foi o primeiro dos discípulos a ser martirizado. Embora com uma função subalterna como diácono, ele ousou fazer uma pregação de denúncia do Templo e das tradições do judaísmo, e foi apedrejado.

O seu grupo foi perseguido e disperso, enquanto os chefes da igreja de Jerusalém foram poupados.

Estevão era o diácono que mais se destacava. Por sua pregação incisiva, é detido pelas autoridades judaicas, julgado e apedrejado como blasfemador. Torna-se o primeiro mártir da História da Igreja. Enquanto é assassinado, perdoa os seus perseguidores e entrega, confiante, a sua vida nas mãos de Jesus.

O manto de Estevão foi deixado aos pés de um jovem admirador do ideal farisaico chamado Saulo.

Que ele interceda por nós afim de que não tenhamos medo de ninguém e de nada contando que anunciamos o Evangelho a propósito ou a despropósito.


Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Jo 1,1-18 - 25.12.2013 - A Palavra se fez carne e habitou entre nós.

Branco. Natal do Senhor - Missa do dia Natal

Evangelho - Jo 1,1-18

A Palavra se fez carne e habitou entre nós.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,1-18

1No princípio era a Palavra,
e a Palavra estava com Deus;
e a Palavra era Deus.
2No princípio estava ela com Deus.
3Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez
de tudo que foi feito.
4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5E a luz brilha nas trevas,
e as trevas não conseguiram dominá-la.
6Surgiu um homem enviado por Deus;
Seu nome era João.
7Ele veio como testemunha,
para dar testemunho da luz,
para que todos chegassem à fé por meio dele.
8Ele não era a luz,
mas veio para dar testemunho da luz:
9daquele que era a luz de verdade,
que, vindo ao mundo,
ilumina todo ser humano.
10A Palavra estava no mundo
- e o mundo foi feito por meio dela -
mas o mundo não quis conhecê-la.
11Veio para o que era seu,
e os seus não a acolheram.
12Mas, a todos que a receberam,
deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus
isto é, aos que acreditam em seu nome,
13pois estes não nasceram do sangue
nem da vontade da carne
nem da vontade do varão,
mas de Deus mesmo.
14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós.
E nós contemplamos a sua glória,
glória que recebe do Pai como filho unigênito,
cheio de graça e de verdade.
15Dele, João dá testemunho, clamando:
'Este é aquele de quem eu disse:
O que vem depois de mim passou à minha frente,
porque ele existia antes de mim'.
16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça.
17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça
e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo.
18A Deus, ninguém jamais viu.
Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai,
ele no-lo deu a conhecer.
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
Cristo revela o Pai


“Ninguém jamais viu a Deus; o Filho Unigénito que está no seio do Pai no-l’O deu a
conhecer” (Jo 1, 18). Quem desde o princípio nos dá a conhecer o Pai é o Filho, porque desde o princípio está com o Pai: as visões proféticas, a diversidade de graças, os ministérios, a glorificação do Pai, tudo isto, como uma sinfonia bem composta e harmoniosa, Ele o manifestou aos homens, no tempo próprio, para seu proveito. Porque onde há harmonia tudo sucede no tempo próprio; e quando tudo sucede no tempo próprio, há proveito. Por isso o Verbo tornou-Se o administrador da graça do Pai em proveito de homens, em favor dos quais Ele pôs em prática a sua tão sublime economia da graça, mostrando Deus aos homens e apresentando o homem a Deus. Manteve, no entanto, a invisibilidade do Pai, para que o homem se conserve sempre reverente para com Deus e tenha um estímulo para o qual deve progredir; mas, ao mesmo tempo, mostrou também que Deus é visível aos homens por meio da economia da graça, para não suceder que o homem privado totalmente de Deus, chegasse a perder a sua própria existência.

Porque a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem, é a visão de Deus. Com efeito, se a manifestação de Deus, através da criação, dá a vida a todos os seres da terra, muito mais a manifestação do Pai, por meio do Verbo, dá a vida a todos os que vêem a Deus!



A PALAVRA DA VIDA Jo 1,1-18
HOMILIA

No princípio era a Palavra, luz para todo ser humano. “No princípio era a Palavra…” faz pensar na primeira frase da Bíblia que diz: “No princípio Deus criou o céu e a terra”. Deus criou por meio da sua Palavra. “Ele falou e as coisas começaram a existir”. Todas as criaturas são uma expressão da Palavra de Deus. O prólogo diz que a presença universal da Palavra de Deus é vida e luz para todo ser humano. Esta Palavra viva de Deus, presente em todas as coisas, brilha nas trevas. As trevas tentam apagá-la, mas não conseguem. A busca de Deus renasce constantemente no coração humano. Ninguém consegue abafá-la. “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho Unigênito que está no seio do Pai no-l’O deu a conhecer” (Jo 1, 18). Quem desde o princípio nos dá a conhecer o Pai é o Filho, porque desde o princípio está com o Pai: as visões proféticas, a diversidade de graças, os ministérios, a glorificação do Pai, tudo isto, como uma sinfonia bem composta e harmoniosa, Ele o manifestou aos homens, no tempo próprio, para seu proveito. Porque onde há harmonia tudo sucede no tempo próprio; e quando tudo sucede no tempo próprio, há proveito. Por isso o Verbo tornou-Se o administrador da graça do Pai em proveito de homens, em favor dos quais Ele pôs em prática a sua tão sublime economia da graça, mostrando Deus aos homens e apresentando o homem a Deus. Manteve, no entanto, a invisibilidade do Pai, para que o homem se conserve sempre reverente para com Deus e tenha um estímulo para o qual deve progredir; mas, ao mesmo tempo, mostrou também que Deus é visível aos homens por meio da economia da graça, para não suceder que o homem privado totalmente de Deus, chegasse a perder a sua própria existência.
A Palavra se fez carne. Deus não quer ficar longe de nós. Por isso a sua Palavra chegou mais perto ainda e se fez presente no meio de nós na pessoa de Jesus. Literalmente o texto diz: “A Palavra se fez carne e montou sua tenda no meio de nós!”. No tempo do Êxodo, lá no deserto, Deus vivia numa tenda, no meio do povo (Ex 25,8). Agora, a tenda onde Deus mora conosco é Jesus, “cheio de graça e de verdade!”. Jesus veio revelar quem é este nosso Deus que está presente em tudo, desde o começo da criação. Porque a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem, é a visão de Deus. Com efeito, se a manifestação de Deus, através da criação, dá a vida a todos os seres da terra, muito mais a manifestação do Pai, por meio do Verbo, dá a vida a todos os que vêem a Deus!
Senhor Jesus, que eu veja tua glória de Filho de Deus resplandecer em teus gestos misericordiosos em favor da humanidade.

Postado há 31st December 2010 por Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 1,67-79 - 24.12.2013 - O sol que nasce do alto nos visitará.

Roxo. ÚLTIMOS DIAS ANTES DO NATAL - 24-12 Advento

Evangelho - Lc 1,67-79

O sol que nasce do alto nos visitará.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 1,67-79

Naquele tempo:
67Zacarias, o pai de João, repleto do Espírito Santo,
profetizou, dizendo:
68'Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,
porque visitou e redimiu o seu povo.
69Fez aparecer para nós uma força de salvação
na casa de seu servo Davi,
70como tinha prometido desde outrora,
pela boca de seus santos profetas,
71para nos salvar dos nossos inimigos
e da mão de todos os que nos odeiam.
72Ele usou de misericórdia para com nossos pais,
recordando-se de sua santa aliança
73e do juramento que fez a nosso pai Abraão,
para conceder-nos,
74que, sem temor e libertos das mãos dos inimigos,
nós o sirvamos,
75com santidade e justiça, em sua presença,
todos os nossos dias.
76E tu, Menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
pois irás adiante do Senhor
para preparar-lhe os caminhos,
77anunciando ao seu povo a salvação,
pelo perdão dos seus pecados.
78Graças à misericordiosa compaixão do nosso Deus,
o sol que nasce do alto nos visitará,
79para iluminar os que jazem nas trevas
e nas sombras da morte,
e dirigir nossos passos no caminho da paz.'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 1, 67-79

João Batista é o precursor do Messias, aquele que veio para dar testemunho da verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo, expulsando as trevas do erro, do pecado e da morte, para dar a todos a vida nova, a vida em abundância. Zacarias, no seu canto, nos mostra não apenas este fato, mas também que o nosso Deus é o Deus da misericórdia, que vem ao nosso encontro para nos trazer a salvação, nos libertar de todo poder do inimigo e fazer de todos nós um povo santo, que vive na sua graça e que é destinado à vida eterna.



HOMILIA
A PROFECIA DE ZACARIAS Lc 1,67-79
Como Maria na hora da visitação a Isabel, também Zacarias celebra, em longo cântico de louvor e ação de graças, as maravilhas de Deus, que ele contempla realizadas em sua própria casa. É o termo do Antigo Testamento, a aurora do Novo, à hora em que vai nascer o Sol de justiça, o Filho de Deus feito homem. É o cântico que a Igreja há-de cantar todas as manhãs na Hora de Laudes.
O cântico de Zacarias é um louvor ao Deus misericordioso que realiza, através de Jesus, a «visita» aos pobres. Em Jesus se manifesta a força que liberta dos inimigos e do medo, formando um povo santo diante de Deus e justo diante dos homens. Desse modo, manifesta-se a luz que ilumina a condição do povo, abrindo uma história nova, que se encaminha para a Paz, isto é, a plenitude da vida.
Ao tempo do Novo Testamento, muitos previram o cumprimento dessas promessas maravilhosas. Simeão "esperava a consolação de Israel" (Lucas 2:25). Ana representava aqueles que "esperavam a redenção de Jerusalém" (Lucas 2:38). José de Arimatéia "esperava o reino de Deus" (Lucas 23:51). Deus tinha preparado pessoas espirituais para o desenvolvimento de seu plano. Suas muitas promessas e a exposição delas pelos profetas despertaram certa expectativa nos corações do seu povo.
Os primeiros anúncios de que aquelas grandes promessas estavam sendo cumpridas deram alegria aos que ouviram as notícias. O anjo Gabriel disse a Maria: "Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim" (Lucas 1:32-33). Zacarias, inspirado pelo Espírito Santo, falou como Deus estava cumprindo as promessas que havia feito a Davi e a Abraão (Lucas 1:67-79, especialmente 69,73). João Batista e, mais tarde, Jesus e seus discípulos pregaram: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo" (Marcos 1:15.
O Magnificat de Maria, tal como o Benedictus de Zacarias é uma exultação no Espírito Santo. Ela resulta do fato de o Espírito Santo os ter feito compreender que as antigas profecias e as promessas de Deus atingiram a sua realização.
Lucas sublinha de modo muito claro que o reconhecimento do Messias e o alcance da sua missão salvadora só pode acontecer aos que têm o Espírito Santo em si. É com este mesmo sentido que Lucas apresenta o canto do velho Simeão no templo. Este ao ver o Menino de Maria, como estava em sintonia com o Espírito Santo, reconheceu naquele recém-nascido o Messias no qual se realizam as antigas profecias e as promessas de Deus.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

domingo, 22 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOM ILIA DIÁRIA - Lc 1,57-66 - 23.12.2013 - Nascimento de João Batista.

Roxo. ÚLTIMOS DIAS ANTES DO NATAL - 23-12 Advento

Evangelho - Lc 1,57-66

Nascimento de João Batista.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 1,57-66

57Completou-se o tempo da gravidez de Isabel,
e ela deu à luz um filho.
58Os vizinhos e parentes ouviram dizer
como o Senhor tinha sido misericordioso
para com Isabel, e alegraram-se com ela.
59No oitavo dia, foram circuncidar o menino,
e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
60A mãe porém disse:
'Não! Ele vai chamar-se João.'
61Os outros disseram:
'Não existe nenhum parente teu com esse nome!'
62Então fizeram sinais ao pai,
perguntando como ele queria que o menino se chamasse.
63Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu:
'João é o seu nome.'
64No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu,
sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus.
65Todos os vizinhos ficaram com medo,
e a notícia espalhou-se
por toda a região montanhosa da Judéia.
66E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando:
'O que virá a ser este menino?'
De fato, a mão do Senhor estava com ele.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 1, 57-66

O nascimento de João Batista nos mostra a atuação de Deus na história e que nem sempre entendemos esta atuação ou os nossos projetos são os mesmos dele. Quando existe discordância entre a vontade de Deus e a nossa vontade, nós nos tornamos limitados e incapazes de viver plenamente na graça divina e de comunicar esta graça aos nossos irmãos e irmãs, mas quando a nossa vida é conforme a vontade de Deus, a graça divina atua em nós, a mão do Senhor está conosco e a nossa boca se abre para anunciar suas maravilhas e proclamar os seus louvores.



O NASCIMENTO DE JOÃO Lc 1,57-66
HOMILIA

A Igreja celebra o nascimento de João como algo sagrado, e é o único nascimento que se festeja: celebramos o nascimento de João e o de Cristo; e o seu nascimento foi motivo de alegria para muitos. Quando São João Batista nasceu, a Virgem Maria estava em sua casa. Quanta alegria e doçura reinavam naquele lar! Os dias da Virgem na casa de Zacarias foram de grande gozo para todos. Maria dava um novo sentido aos pequenos sucessos cotidianos. Esta alegria era contagiosa, e dela participavam os vizinhos e os parentes que ouviram dizer que Deus a cumulara com sua misericórdia e com ela se alegraram.
            Os vizinhos e parentes também se alegraram por Isabel ter sido agraciada por Deus: “Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi ouvida, e Isabel, tua mulher, vai te dar um filho, ao qual porás o nome de João. Terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento. Pois ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida embriagante; ficará pleno do Espírito Santo ainda no seio de sua mãe” (Lc 1, 13-15).
            Hoje, infelizmente, muitos se enchem de inveja e de ódio, quando ficam sabendo que uma pessoa recebeu alguma graça ou que está progredindo na vida. Essa é a atitude de pessoas amigas e discípulas do demônio. Tu sabes quais são os sinais para saber se uma pessoa é invejosa?
            1º Alegrar-se com o mal alheio. Se você percebe que uma pessoa se alegra com a desgraça do próximo, que sente prazer por qualquer insucesso ou fracasso do próximo, então já descobriu uma pessoa invejosa. Em 1 Pd 2,1 diz: “Rejeitai… qualquer espécie de inveja”. Cuidado com esse tipo de gente; isto é, cuidado com a pessoa que se alegra com o mal alheio, a mesma é pior que o diabo. Os invejosos são piores que o diabo, pois o diabo não inveja os outros diabos, ao passo que os homens não respeitam sequer os participantes da sua própria natureza.
            2º Entristecer-se com o bem alheio. Se você percebe que uma pessoa se entristece, só porque viu alguém subir de cargo, tome cuidado, ela é invejosa e venenosa. O invejoso não consegue se controlar diante do sucesso do próximo, ele fica inquieto e se transforma num monstro: enruga a testa, cerra os dentes, torce o nariz, fica com o semblante azedo e olhos fixos no chão. A inveja quando não destrói o invejado, tira a paz do invejoso!
            3º Reprimir os louvores dados aos outros. O invejoso não suporta ouvir ninguém ser elogiado, logo diz algo contra a pessoa que foi elogiada; o mesmo encontra defeito em tudo. Aos olhos do invejoso qualquer defeito dos outros é grande. O invejoso também vê o bem, mas sempre com maus olhos. Até das pessoas santas o invejoso tenta tirar alguma coisa, não podendo negar o louvor aos santos, ele o faz com avareza e reserva. Quanta maldade!
            4º Falar mal do próximo. A língua do invejoso se assemelha a uma metralhadora incontrolável; a sua inveja é tão grande, que ele fala mal do próximo publicamente e também em segredo; quanto aos defeitos dos outros, o invejoso sempre aumenta ou inventa. Da inveja nascem o ódio, a maledicência e a calúnia.
            No Antigo Testamento a circuncisão era um rito instituído por Deus para assinalar com uma marca os que pertenciam ao povo eleito. Deus mandou a circuncisão a Abraão como sinal da Aliança que estabelecia com ele e com toda a sua descendência (cf. Gn 17,10-14), e prescreveu que se realizasse no oitavo dia do nascimento. O rito realizava-se na casa paterna ou na sinagoga, e além da operação sobre o corpo do menino, incluía bênçãos e a imposição do nome.
            Com a instituição do batismo cristão cessou o mandamento da circuncisão. Os Apóstolos, no Concílio de Jerusalém (cf. At 15,1ss.), declararam definitivamente abolida a necessidade do antigo rito para os que se incorporassem na Igreja. A libertação da voz de Zacarias, no nascimento de João, é o mesmo que o rasgar-se do véu do templo, pela cruz de Cristo. Se anunciasse a si mesmo, João não abriria a boca de Zacarias. Se solta a língua, é porque nasce a voz; já a prenunciar o Senhor. Com razão se soltou em seguida a sua língua, porque a fé desatou o que tinha atado a incredulidade. É um caso semelhante ao do apóstolo São Tomé, que tinha resistido a crer na Ressurreição do Senhor, e acreditou depois das provas evidentes que lhe deu Jesus ressuscitado (cf. Jo 20,24-29). Com estes dois homens, Deus faz o milagre e vence a sua incredulidade; mas ordinariamente Deus exige-nos fé e obediência sem realizar novos milagres. Por isso repreendeu e castigou Zacarias, e censurou o apóstolo Tomé: “Porque Me viste acreditaste; bem-aventurados os que sem ter visto acreditaram” (Jo 20, 29).
            As pessoas ali presentes compreenderam que estavam diante de algo sobrenatural, ainda que não tivessem um conhecimento completo do que estava a suceder: “… e por toda a região montanhosa da Judéia comentavam-se esses fatos”. E diziam: ‘Que virá a ser esse menino? ‘ E, de fato, a mão do Senhor estava com ele”. Que São João Batista abra os nossos olhos e a nossa língua, porque estamos cegos e mudos espiritualmente, os vícios nos cegaram e taparam nossa boca, não conseguimos enxergar e falar da grandeza da vida de santidade.
            Pai, conta comigo para realizar o teu projeto, como contaste com João cujo nascimento foi revestido de gestos amorosos de tua Providência.

Fonte Hpmilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sábado, 21 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 1,18-24 - 22.12.2013 - Jesus nascerá de Maria, prometida em casamento a José, filho de Davi.

Roxo. 4º DOMINGO Advento

Evangelho - Mt 1,18-24

Jesus nascerá de Maria, prometida em casamento a José, filho de Davi.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 1,18-24

18A origem de Jesus Cristo foi assim:
Maria, sua mãe, estava prometida em casamento
a José, e, antes de viverem juntos,
ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo.
19José, seu marido, era justo
e, não querendo denunciá-la,
resolveu abandonar Maria, em segredo.
20Enquanto José pensava nisso,
eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho,
e lhe disse: 'José, Filho de Davi,
não tenhas medo de receber Maria como tua esposa,
porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo.
21Ela dará à luz um filho,
e tu lhe darás o nome de Jesus,
pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados'.
22Tudo isso aconteceu para se cumprir
o que o Senhor havia dito pelo profeta:
23'Eis que a virgem conceberá
e dará à luz um filho.
Ele será chamado pelo nome de Emanuel,
que significa: Deus está conosco.'
24Quando acordou,
José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado,
e aceitou sua esposa.
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
O Mistério de Deus
Quarto e último domingo do Advento. Estamos às portas de celebrarmos o Natal do Senhor, solenidade para a qual nos preparamos ao longo de quase quatro semanas.
Se Acaz se recusa demagogicamente a pedir ao Senhor um sinal de sua proteção contra o inimigo (cf. Is 7,12), o profeta anuncia um sinal de Deus: “Eis que a jovem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14). A Igreja nascida do mistério pascal de Jesus Cristo, relendo este texto de Isaías, vê nele a promessa do nascimento do Verbo de Deus.
O episódio do evangelho deste domingo apresenta-nos a missão de José. Se, no evangelho de Lucas, o anúncio é feito a Maria, no de Mateus o anúncio do nascimento de Jesus é feito a José em sonho (ver: Gn 37,5-9.19). Maria, prometida em casamento a José, se encontra grávida pelo poder do Espírito Santo (cf. v. 18). A atitude de José nem sempre é compreendida pelo leitor do evangelho, e esta falta de clareza quanto ao texto persiste nas pregações. Não raras vezes se traduz a atitude pretendida de José em relação a Maria como “repúdio”, como se ela tivesse cometido uma falta. A melhor tradução é “deixar ir livremente” (v. 19). José compreende que a gravidez de Maria é habitada pelo Mistério de Deus. Ele não quer tomar para si o que Deus reservou para ele. É exatamente por isso que o narrador diz que ele era “justo” (v. 19). Mas a palavra do anjo a ele permite-lhe compreender que Deus precisa dele. A ele cabe dar uma existência histórica ao Filho de Deus: “... tu lhe porás o nome de Jesus” (v. 21). “... não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (v. 20). A palavra do anjo a José muda, transforma a sua relação com Deus, pois ela encurta a distância entre o divino e o humano. O seu matrimônio com Maria não é incompatível com a consagração dos dois a Deus: “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa”.

Carlos Alberto Contieri, sj



HOMILIA
JESUS, FILHO DE MARIA ESPOSA DE JOSÉ Mt 1,18-24

Estamos no 4º Domingo do Advento. Dentro de poucos dias nascerá o Sol da Justiça. Como você sabe, o tempo do Advento é o tempo favorável à conversão. É um período muito particular, quando cada homem e mulher são convocados pelo próprio Deus a esperar naquele que há de vir. Jesus Cristo, o Senhor. Contagiados com sua presença salvífica, devemos crer nas promessas do Pai. E, libertos da desesperança, reconheçamos Jesus, não apenas como filho da história, mas como Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido a todos nós. Que neste tempo do Advento nosso coração seja transformado em manjedoura, para que o Rei-Messias nasça e faça morada no meio de nós.
Os evangelhos foram escritos a partir das memórias de Jesus elaboradas e veiculadas pelas primeiras comunidades de discípulos. O evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, é o que mais se aproxima da realidade de Jesus. Este evangelista segue o roteiro que Lucas, mais tarde, registra em Atos dos Apóstolos em uma fala de Pedro: "É necessário que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que foi arrancado do nosso meio, um destes se torne testemunha da sua ressurreição" (At 1,21-22). Assim, Marcos inicia seu evangelho com o batismo de João e termina com o túmulo vazio, após a crucificação.

Posteriormente, Mateus e Lucas inserem, no início de seus evangelhos, as narrativas de infância, com a concepção e o nascimento de Jesus. João, por sua vez, elabora o prólogo de seu evangelho a partir do Verbo eterno de Deus que se faz carne. As narrativas de infância em Mateus giram em torno da figura de José, enquanto em Lucas dizem respeito a Maria. Em Mateus, José, e por ele Jesus, é associado à linhagem davídica (filho de Davi). Em Lucas, onde a genealogia de Jesus remonta a Adão e Eva, Jesus é associado a toda a humanidade (filho do homem), sem exclusividades raciais. Paulo, apóstolo, registra esta polaridade: segundo a carne, descendente de Davi, segundo o Espírito de santidade foi declarado Filho de Deus.

Mateus, escrevendo para discípulos oriundos do judaísmo, procura apresentar Jesus como sendo o cumprimento de suas expectativas tradicionais do Primeiro Testamento.

Assim, além da genealogia davídica com a qual inicia seu evangelho, aplica a Jesus um texto de Isaías em que este se refere à concepção de uma jovem esposa do rei Acaz. As narrativas de infância realçam tanto a realidade da condição humana de Jesus como a sua origem divina. Pela encarnação Deus revela que homens e mulheres foram criados para participar de sua vida divina e eterna.

Portanto, não tenhamos medo. Deus vai suscitar para nós um sinal. O Menino que está para nascer é o Deus connosco. Ele é o grande sinal da presença de Deus entre nós. Ele nos quer libertar e instaurar para nós um novo reino, o Reino de amor e de justiça, o Reino da vida eterna.


Postado há 24th December 2007 por Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 1,39-45 - 21.12.2013 - Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?

Roxo. ÚLTIMOS DIAS ANTES DO NATAL - 21-12 Advento

Evangelho - Lc 1,39-45

Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,39-45

39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa,
dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia.
40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.
41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
a criança pulou no seu ventre
e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42Com um grande grito, exclamou:
'Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre!'
43Como posso merecer
que a mãe do meu Senhor me venha visitar?
44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos,
a criança pulou de alegria no meu ventre.
45Bem-aventurada aquela que acreditou,
porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu.'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 1, 39-45

Vemos no evangelho de hoje o encontro de duas mulheres que estão grávidas sem que isso fosse possível. De um lado, Isabel, idosa e estéril, e de outro Maria, virgem. A idosa representando o Antigo Testamento, pois será a mãe do último profeta da Antiga Aliança. A virgem representando o Novo Testamento, pois será a mãe daquele que no seu sangue selará a Nova e Eterna Aliança entre Deus e os homens. Vemos a complementaridade entre as duas Alianças e vemos também em Maria a essência da missão evangelizadora: levar Jesus a todas as pessoas para que possam reconhecê-lo e acolhê-lo.



BENDITA ÉS TU ENTRE AS MULHERES Lc 1,39-45
HOMILIA

Continuamos meditando os relatos do nascimento do evangelho de Lucas, e o faremos ainda até o Natal. Hoje nos é apresentada a cena que chamamos comumente de “visitação” de Maria à sua prima Isabel. A Virgem vai até as montanhas da Judéia onde vivia sua prima. O encontro das duas mulheres foi imortalizado, como muitissima outras páginas da Bíblia, nas obras dos artistas cristãos.
            No entanto o que mais conta são as palavras com que Isabel saúda a Maria, cheia – diz o evangelista – do Espírito Santo: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre!”, palavras que milhões e milhões de cristãos repetimos em todas as línguas do mundo para saudar diariamente a mãe de nosso Senhor. Bendita não por seus próprios méritos, mas pela graça e pelo favor divino, porque soube acolher a Palavra de Deus até a ponto de gerá-la em seu seio, porque se pôs inteiramente à disposição de Deus que fazia dela instrumento precioso de sua obra de salvação. Isabel é consciente da desproporção da visita: “Quem sou eu para que a mãe de meu Senhor me visite?”, pergunta. A mesma humildade com que seu filho, João Batista, dirá mais tarde que não é digno nem de desatar as sandálias do Messias. E proclama ditosa, bem-aventurada, bem-amada a Maria porque nela se cumprirá o que lhe disse o Senhor por meio do anjo. Mesmo que a leitura de hoje se interrompa neste ponto, sabemos que Maria prorrompeu, em resposta às palavras de Isabel, num cântico de ação de graças, o “Magnificat” que já sabemos de memória.
            Deveríamos fazer nossos os sentimentos e as palavras de Isabel, bendizer e felicitar a Maria pelas maravilhas que Deus realizou nela. Mas deveríamos, sobretudo, assumir as atitudes destas mulheres que são submissas e se põem à disposição dos planos salvíficos de Deus. Compete a nós levar o Messias para visitar os nossos irmãos que sofrem e choram, para que se alegrem como Isabel e louvem ao Deus que os salva e liberta.

A celebração do nascimento de Jesus nos leva a recordar a condição de mulher e a fé de Maria. O episódio que chamamos de visitação nos relata o encontro de duas mulheres mães. Maria, a galiléia, vai a Judá, região onde o filho que carrega dentro de si será um dia rechaçado e condenado à morte (Lc 1,39). No momento da saudação da jovem, o menino que Isabel está para dar à luz “salta de alegria” (vv. 41 e 44). A mãe alude pouco depois ao que sente dentro de si; trata-se da alegria do menino – o futuro João Batista – ao redor de quem haviam girado até agora os acontecimentos narrados neste primeiro capítulo de Lucas. João cede agora a vez para Jesus. A alegria é a primeira resposta à vinda do Messias. Experimentar alegria porque nos sentimos amados por Deus é preparar-nos para o Natal.
            Isabel pronuncia então uma dupla bênção. Como ocorre sempre em manifestações importantes, Lucas evidencia que ela fala “cheia do Espírito Santo. Maria é declarada “Bendita entre as mulheres”; sua condição de mulher é colocada em destaque; como tal ela é amada e privilegiada por Deus. Isto é ratificado pelo segundo motivo do elogio: “Bendito é o fruto do teu ventre”. Este fruto é Jesus, mas o texto sublinha o fato de que, por enquanto, está no corpo de uma mulher, em suas entranhas, tecido de seu tecido. O corpo de Maria passa a ser então a arca santa onde se abriga o Espírito e manifesta a grandeza de sua condição feminina. Em sua visitante Isabel reconhece a “Mãe do Senhor”, aquela que dará à luz o que deve libertar o seu povo, segundo o que foi anunciado pelo profeta Miquéias (5, 2-5).
            Bendizer significa falar bem, elogiar, glorificar. Antes do nascimento de Jesus aparecem nos Evangelhos bênçãos por parte de Zacarias, Simeão, Isabel e Maria. Todos bendizem a Deus por aquilo que Ele realiza. Porém, ao mesmo tempo, Jesus abençoa as crianças, os enfermos, os discípulos, ao Pai. Toda bênção é dirigida a Deus. A oração de bênção é, sobretudo, louvor de ação de graças. Deste modo celebramos a Eucaristia. Mas também a bênção se estende a todas as criaturas, inclusive as inanimadas: ramos, cinza, pão e vinho. São bem-aventurados os santos e especialmente “bendita” é Maria, a mãe de Jesus.
            O Espírito Santo ajuda Isabel a pronunciar sua louvação: “Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” A partir de então, milhões de vezes os cristãos têm repetido esta louvação na Ave Maria. São benditos, bem-aventurados os que acreditam em Deus, os que praticam a Palavra, os que dão frutos, os pobres, com os quais Jesus se identifica.
            “Bendita és tu entre as mulheres”.  Maria é bendita porque acreditou! Esta foi sua grandeza e o fundamento de sua fidelidade: sua fé! Maria se converte em Mestra da fé, aceitando tudo quanto se anunciava da parte de Deus, mesmo que não sabendo explicar como tudo aconteceria. Toda vida de Maria se fundamenta em sua fé, na adesão que fez desde o primeiro momento à revelação que chegou até ela.
Pai, a exemplo de Isabel, anseio conhecer a verdadeira identidade de Maria que, na sua humildade, tornou-se o ser humano abençoado por excelência e então dia a pois dia poder dizer também o meu sim ao vosso projeto de amor.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla