— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 54dirigindo-se para a sua terra, Jesus
ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. E diziam: “De onde lhe vem
essa sabedoria e esses milagres? 55Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe
não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56E suas
irmãs não moram conosco? Então, de onde lhe vem tudo isso?” 57E ficaram
escandalizados por causa dele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é
estimado em sua própria pátria e em sua família!” 58E Jesus não fez ali muitos
milagres, porque eles não tinham fé.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Jesus é rejeitado em
Nazaré
Os conterrâneos de Jesus O tinham visto partir como filho de
carpinteiro, e agora O reencontram como Mestre, rodeado de discípulos. É uma
novidade que interpretam somente como vantagem social. Isso os impede de
acolherem a Palavra de Deus e a explicação das Escrituras e a Sua revelação
como o Ungido de Deus. Vista a posição de Jesus neste prisma cria-se neles a
impressão de que Jesus partiria acabando por deixá-los outra vez na sua
pobreza.
A sabedoria de Jesus deixou intrigada a população de Nazaré,
onde ele vivera desde a infância: De onde lhe vinham tanta sabedoria e o poder
de fazer milagres? Não era possível que o filho de um carpinteiro, bem
conhecido no povoado, manifestasse uma sabedoria maior que a dos grandes
mestres. Era inexplicável como alguém, cujos parentes nada tinham de especial,
falasse com tamanha autoridade. Os concidadãos de Jesus suspeitavam dele, e não
acreditavam que estivesse falando e agindo por inspiração divina. Por este
motivo, o Mestre tornou-se para eles motivo de escândalo.
Na última parte do texto de hoje, Jesus nos dá um puxão de
orelha. Porque muitas vezes fechamos os nossos ouvidos para acolher o conselho,
a advertência e o ensino daqueles que são nossos parentes, familiares, vizinhos
ou conhecidos. E por outro encoraja-nos a não desistirmos da nossa missão de
anunciar o reino de Deus seja a que custo for. Jesus nos ensina que a tarefa é
dura. E, sobretudo, quando se trata de evangelizar a partir de dentro de casa.
Para Jesus também não foi fácil ser profeta na sua casa, na sua família. As
pessoas duvidavam dele, não queriam acreditar no Seu poder e por isso mesmo Ele
não fez ali muitos milagres.
A experiência de rejeição não chegou a desanimar Jesus. Ele
se deu conta de estar vivendo uma situação semelhante à dos antigos profetas de
Israel. Nenhum deles foi aceito e reconhecido pelo povo ao qual tinham sido
enviados. Antes, todos foram desprezados e humilhados, quando não, assassinados
de maneira perversa e desumana.
Jesus não perdeu tempo com quem se obstinava em não
aceitá-lo. Por isso, não realizou em Nazaré muitos milagres. Seria perda de
tempo, acarretaria ainda mais maledicência, acirraria os ânimos do povo. Por
isso, seguiu em frente, buscando quem estivesse aberto para deixar-se tocar por
sua mensagem. O fracasso não o abateu nem atenuou o ardor com que realizava a
missão que o Pai lhe tinha confiado.
Jesus é Aquele irmão que Deus nosso Pai nos enviou para nos
mostrar o caminho que nos leva para o Céu. E então, precisamos estar atentos
para acolher as pessoas que dentro da nossa casa nos abrem os olhos e são
instrumentos de Deus para nossa conversão. Ouvidos atentos e coração aberto,
porque o Senhor fala por meio de quem nós nunca nem esperávamos que falasse.
Muitas vezes Deus nos manda Seus emissários que nos aconselham com palavras de
sabedoria que Ele próprio sugeriu para nós. Porém, por ser essa pessoa,
simplesmente alguém que é muito conhecido nosso, nós desprezamos as
recomendações de Deus. Nesse caso, os milagres também não acontecem na nossa
vida, e muitos problemas nunca serão solucionados por causa da nossa
impertinência.
Pai, livra-me da tentação de querer enquadrar-te em meus
mesquinhos esquemas. Que eu saiba reconhecer e respeitar o teu modo de agir.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 27“Deixo-vos a
paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se
intimide o vosso coração. 28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a
vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é
maior do que eu. 29Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando
acontecer, vós acrediteis.
30Já não falarei muito convosco, pois o chefe deste mundo
vem. Ele não tem poder sobre mim, 31amas, para que o mundo reconheça que eu amo
o Pai, eu procedo conforme o Pai me ordenou”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Deixo-vos a minha paz
Chegou à hora do Príncipe da Paz partir para o seio do Seu
Pai. E não querendo deixar seus melhor amigos em conflito, em guerra rompe o
silencia provocado pelo medo da solidão que seria provada pela sua ausência.
Então se levanta e pronuncia as benditas palavras: Deixo com vocês a paz. É a
minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem
aflitos, nem tenham medo.
Trata-se aqui do discurso da despedida. O mestre sabia que
tinha chegado a hora de sair deste mundo. E por isso, não queria partir sem dar
sossego, calma, segurança, tranqüilidade, amparo, conforto, prosperidade,
vitória em fim garantia de vida plena.
O mestre faz uma clara declaração da sua personalidade. Ele
é, por natureza, comunicador de paz. Sem dúvida, não estamos às voltas com uma
espécie de paz intimista e sentimental. A paz de Jesus é muito mais do que
isto! Ele é O Príncipe da Paz.
A paz é um dom de Jesus para seus discípulos, em vista do
testemunho que são chamados a dar. Ela visa à ação. Por isso, não pode reduzir-se
ao nível do sentimento. A paz de Jesus tem como efeito banir do coração dos
discípulos todo e qualquer resquício de perturbação ou de temor que leva ao
imobilismo. Possuindo o dom da paz, eles deveriam manter-se imperturbáveis, sem
se deixar intimidar diante das dificuldades.
Assim pensada, a paz de Jesus consiste numa força divina que
não deixa que os discípulos rompam a comunhão com o Mestre. É Jesus mesmo,
presente na vida dos discípulos, sustentando-lhes a caminhada, sempre dispostos
a seguir adiante com alegria, rumo à casa do Pai, apesar das adversidades que
deverão enfrentar.
A paz do mundo é bem outra coisa. A paz do mundo é falsa e
enganosa, coexistindo com a perturbação e o medo. A paz do mundo é a ausência
de discordâncias, questionamentos ou conflitos, vigorando a submissão geral à
ordem imposta pelo poder.
Encontra-se na fuga e na alienação dos problemas da vida.
Leva o discípulo a cruzar os braços, numa confiança ingênua em Deus do qual
tudo espera, sem exigir colaboração. Neste sentido ela é uma paz que conduz à
morte!
O discípulo sensato rejeita a paz oferecida pelo mundo para
acolher aquela que Jesus oferece. Pois eles sabem que só a paz de Jesus desfaz
a paz que o mundo e os seus homens podem oferecer.
A paz de Jesus é a paz que é fruto da prática libertadora,
fraterna, solidária, restauradora da vida e da dignidade dos homens e mulheres.
É a paz do reencontrar a vida na união de vontade com o Pai.
Jesus Príncipe da Paz dá-me a constância na fé e na
esperança para que jamais duvide das vossas promessas.
Deixo-vos a minha Paz. Sim Senhor Jesus eu dá-me a graça e a
força para que no meu dia a dia eu a começar por hoje e agora eu tome posse da
vossa Paz. Paz que me tranqüiliza a alma e me faça em tudo mais do que vencedor
porque Tu estás comigo e em mim.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 21“Quem
acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será
amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”. 22Judas – não o
Iscariotes – disse-lhe: “Senhor, como se explica que te manifestarás a nós e
não ao mundo?” 23Jesus respondeu-lhe: “Se alguém me ama, guardará minha
palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada.
24Quem não me ama não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é
minha, mas do Pai que me enviou. 25Isso é o que vos disse enquanto estava
convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele
vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Em que consiste o
novo mandamento?
Não precisas de responder. Até porque, Jesus já respondeu
por você: Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. O
que deve fazer é fazer um exame de consciência para ver se realmente é assim
que tem vivido. O modo como guarda os Seus mandamentos será a prova de fogo.
Pois: E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e
manifestar-me-ei a ele.
O requisito fundamental para que vejamos em nós a
manifestação da glória do Pai, do Filho e do Espírito Santo passa por amar a
Deus sobre todas as coisas, ou seja, fazendo o estudo da Palavra, guardando os
domingos e festas de guarda; e por último, amar as pessoas como a nós mesmo.
Acredito que você sabe que ser cristão é viver o amor de
Cristo e trabalha para construir um mundo melhor.
Somos pessoas, e por isso nos relacionamos uns com os
outros. Este relacionamento acontece ou é feito de várias maneiras numa
convivência diária. E conviver é viver com os outros, como amigos, isto é,
demonstrando amizade sincera, Isto é, desejando e fazendo para os outros
exatamente aquilo que desejamos para nós, tratando os demais como nós
gostaríamos de ser tratados também por eles.
Mas isso, só é possível na comunhão de amor com Jesus, que
está unido com Deus-Pai e o Espírito Santo na eternidade. Ele nos convida a nos
unirmos com Ele e neste propósito, como discípulos devemos contar com a
presença do Espírito Santo, que é a luz de seus passos.
Antes, Jesus afirmara que iria ao Pai para preparar uma
morada para os discípulos. Agora, fica esclarecido que esta morada não é em
outro lugar distante, no céu, mas no próprio discípulo que guarda sua palavra.
Segue nova afirmação da união com o Pai: a sua palavra é a palavra do Pai. A
habitação divina nos discípulos completa-se com o envio do Defensor, o Espírito
Santo. Sua missão é revelar a presença de Jesus nas comunidades, iluminar suas
palavras e fortalecer a fé dos discípulos.
Só tendo o Espírito Santo em nós conseguiremos cumprir o
mandamento do amor. E a medida desse amor é o próprio Jesus: A pessoa que não
me ama não obedece à minha mensagem. É preciso que amemos a Deus sobre todas as
coisas e amemos ao próximo como a nós mesmos.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
31Depois que Judas saiu do cenáculo, disse Jesus: “Agora foi
glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi
glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo.
33aFilhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. 34Eu vos
dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também
vós deveis amar-vos uns aos outros. 35Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMULIA
O distintivo do discípulo
de Jesus
Estamos na fase final da caminhada histórica do “Messias”.
Aproxima-se a “Hora”, o momento em que vai nascer – a partir do testemunho do
amor total cumprido na cruz – o Homem Novo e a nova comunidade.
O contexto em que este trecho nos coloca é o de uma ceia, na
qual Jesus Se despede dos discípulos e lhes deixa as últimas recomendações.
Jesus acabou de lavar os pés aos discípulos (cf. Jo 13,1-20) e de anunciar à
comunidade desconcertada a traição de um do grupo (cf. Jo 13,21-30); nesses
quadros, está presente o seu amor (que se faz serviço simples e humilde no
episódio da lavagem dos pés e que se faz amor que não julga, que não condena,
que não limita a liberdade e que se dirige até ao inimigo mortal, na referência
a Judas, o traidor). Em seguida, Jesus vai dirigir aos discípulos palavras de
despedida; essas suas palavras – resumo coerente de uma vida feita de amor e
partilha – soam a testamento final. Trata-se de um momento muito solene; é a
altura em que não há tempo nem disposição para “conversa fiada”: aproxima-se o
fim e é preciso recordar aos discípulos aquilo que é mesmo fundamental na
proposta cristã.
O texto divide-se em duas partes. Na primeira parte, Jesus
interpreta a saída de Judas, que acabou de deixar a sala onde o grupo está
reunido, para ir entregar o “mestre” aos seus inimigos. A morte é, portanto,
uma realidade bem próxima… Jesus explica, na sequência, que a sua morte na cruz
será a manifestação da sua glória e da glória do Pai. O termo grego “doxa” pode
entender-se como “riqueza”, “esplendor”. A “riqueza”, o “esplendor” do Pai e de
Jesus manifesta-se, portanto, no amor que se dá até ao extremo, até ao dom
total. É que a “glória” do Pai e de Jesus não se manifesta no triunfo
espetacular ou na violência que aniquila os maus, mas manifesta-se na vida
dada, no amor oferecido até ao extremo. A entrega de Jesus na cruz vai
manifestar a todos os homens a lógica de Deus e mostrar a todos como Deus é:
amor radical, que se faz dom até às últimas consequências. Na segunda parte
temos, então, a apresentação do “mandamento novo”. Começa com a expressão “meus
filhos” – o que nos coloca num quadro de solene emoção e nos leva ao
“testamento” de um pai que, à beira da morte, transmite aos seus filhos a sua
sabedoria de vida e aquilo que é verdadeiramente fundamental.
Qual é, portanto, a última palavra de Jesus aos seus, o seu
ensinamento fundamental? “Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos amei, vós deveis
também amar-vos uns aos outros”. O verbo “amar” aqui utilizado define, em João,
o amor que faz dom de si, o amor até ao extremo, o amor que não guarda nada
para si, mas é entrega total e absoluta. O ponto de referência no amor é o
próprio Jesus (“como Eu vos amei”); as duas cenas precedentes (lavagem dos pés
aos discípulos e despedida de Judas) definem a qualidade desse amor que Jesus
pede aos seus: “amar” consiste em acolher, em pôr-se ao serviço dos outros, em
dar-lhes dignidade e liberdade pelo amor (lavagem dos pés), e isso sem limites
nem discriminação alguma, respeitando absolutamente a liberdade do outro
(episódio de Judas). Jesus é a norma, não com palavras, mas com atos; mas agora
traduz em palavras os seus atos precedentes, para que os discípulos tenham uma
referência.
“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros”.
Que bela novidade! Como se fosse Jesus a inventar o amor! Os homens e as
mulheres não esperaram que Jesus viesse para saber um pouco o sentido da
palavra “amor” e do verbo “amar”! Aliás, o mandamento de “amar o seu próximo
como a si mesmo” encontra-se já no Livro do Levítico. Então, como compreender
esta “novidade”? O próprio Jesus dá-nos a chave: “Como Eu vos amei, amai-vos também
uns aos outros”. Só olhando Jesus saberemos como Ele nos amou. A sua própria
vida é uma prática desta palavra. E isto vai para além daquilo que,
humanamente, podemos fazer. Ele diz-nos para perdoar setenta vezes sete, isto
é, sem colocar qualquer limite ao perdão.
“Amai os vossos inimigos e rezai pelos vossos
perseguidores”… “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”… São João
escreve que “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim”,
isto é, até à plenitude do amor cuja Fonte é o seu Pai. Sim, a maneira de Jesus
nos amar ultrapassa a nossa maneira de amar. Neste sentido, o amor que Ele nos
convida a viver entre nós é mesmo novo! Mas há mais! Porque as exigências de um
tal amor podem parecer desmedidas, fora do nosso alcance, e deixar-nos no
desespero: nunca chegaremos aí! Ora, é preciso compreender bem o “como Eu vos
amei”. Jesus não nos diz: “Eu amei-vos. Agora, desenrascai-vos, fazei esforço
para Me imitar!” Ele diz-nos: “Como Eu, que vos amo e vos dou o amor infinito
do Pai, deixai-vos amar, como uma criança que se deixa tomar nos braços da sua
mãe e do seu pai. Vinde até Mim. Àquele que vem até Mim, não o abandonarei.
Então, poderei derramar sobre vós a força do próprio Amor que é Deus. Assim,
encontrareis a força para ir para além das capacidades humanas, podereis, dia
após dia, aprender a amar-vos como Eu vos amo”. Sim, Senhor, quero ir para
junto de Ti, porque tens as palavras da vida eterna!
O amor, igual ao de Jesus, que os discípulos manifestam
entre si será visível para todos os homens. Esse será o distintivo da
comunidade de Jesus. Os discípulos de Jesus não são os depositários de uma
doutrina ou de uma ideologia, ou os observantes de leis, ou os fiéis
cumpridores de ritos; mas são aqueles que, pelo amor que partilham, vão ser um
sinal vivo do Deus que ama. Pelo amor, eles serão no mundo sinal do Pai.
A proposta cristã resume-se no amor. É o amor que nos
distingue, que nos identifica; quem não aceita o amor, não pode ter qualquer
pretensão de integrar a comunidade de Jesus. O que é que está no centro da
nossa experiência cristã? A nossa religião é a religião do amor, ou é a
religião das leis, das exigências, dos ritos externos? Com que força nos
impomos no mundo – a força do amor, ou a força da autoridade prepotente e dos privilégios?
Falar de amor hoje pode ser equívoco… A palavra “amor” é,
tantas vezes, usada para definir comportamentos egoístas, interesseiros, que
usam o outro, que fazem mal, que limitam horizontes, que roubam a liberdade…
Mas o amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço, que
respeita a dignidade e a liberdade do outro, que não discrimina nem
marginaliza, que se faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais
vida. É este o amor que vivemos e que partilhamos?
Por um lado, a comunidade de Jesus tem de testemunhar, com
gestos concretos, o amor de Deus; por outro, ela tem de demonstrar que a utopia
é possível e que os homens podem ser irmãos. É esse o nosso testemunho de
comunidade cristã ou religiosa? Nos nossos comportamentos e atitudes uns para
com os outros, os homens descobrem a presença do amor de Deus no mundo? Amamos
mais do que os outros e interessamo-nos mais do que eles pelos pobres e pelos
que sofrem?
Espírito de amor, não permitas que eu seja mesquinho no
amor; antes, que eu seja capaz de amar como Jesus.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 7“Se vós me
conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o
vistes”. 8Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”
9Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me
conheces Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o
Pai”? 10Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que
eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim,
realiza as suas obras.
11Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim.
Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. 12Em verdade, em verdade
vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores
do que estas. Pois eu vou para o Pai, 13e o que pedirdes em meu nome, eu o
realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14Se pedirdes algo em
meu nome, eu o realizarei.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Ainda não me
conheces?
Estas palavras são fundamentais não só para Filipe, quanto
para nós. Pois nelas vemos a clara epifania, ou seja, manifestação da
humanidade do rosto do Pai na pessoa do Filho: Jesus.
Vê-lo à Ele é ver o próprio Deus. Esta verdade é tão
verdadeira que foi o próprio Filho de Deus quem no-la deu a conhecer: Há tanto
tempo que estou convosco, e ainda não me conheces Filipe? São sabes que quem me
vê, vê o Pai?
Filipe como muitos dos nossos irmãos hoje, ainda não tinha
compreendido a verdade segundo a qual, o Filho estava em perfeita sintonia com
o Pai. Numa inter-relação total. Era necessário que se desvendasse, derrubasse
a parece que lhe impedia de reconhecer Deus Pai no Filho testemunhado pela
pomba, no ato monte da transfiguração. «Este é o meu Filho muito amado, no qual
pus todo o meu agrado. Escutai-o.» Mt 17, 1-9 .
Ao sermos convidados a escutar a palavra de Jesus neste
texto, o Pai se dá a conhecer, assim como quer revelar no seu Filho a sua
vontade. Portanto, não nos bastará ouvir, escutar. Será necessário fazer uma
mudança radical. Uma experiência viva das obras do amor de Jesus, que são as
obras do Pai. Pois, o Pai, que está em mim, é quem faz o seu trabalho. Creiam
no que lhes digo: eu estou no Pai e o Pai está em mim.
Ao acreditarmos em Jesus, somos movido a assumir as suas
obras em vista da promoção da vida plena para todos. Procuremos ver o rosto de
Deus nos rostos das pessoas por Ele amadas: Talvez me perguntes como aquele
jovem do evangelho de Lc 10:25-35, ‘mas quem é o meu próximo’? A resposta é
simples. São os pecadores, os pobres, os simples, os humildes, os
marginalizados, os andarilhos, os doentes, os encarcerados, as prostitutas, os alcoólatras
e tantas outras. Alías « quanto pior for a pessoa com quem convives melhor será
para ti»!
Por quê? Assim com fé, confiança e esperança na conversão
desta pessoa te convertes num verdadeiro orante e melhor exercitaras a
caridade, a paciência, a misericórdia, o perdão, o amor de Deus que se Deus no
Filho para o perdão dos nossos pecados e salvação das nossas almas. Esta é a
glória do Pai, que é a glória de Jesus, à qual os discípulos são chamados a
participar.
Como discípulos eu e tu somos interpelados. Peças ao Senhor
que nos dê esta graça de sermos um em Jesus seu Filho, para que o mundo
reconheça em nós Jesus Cristo, o enviado do Pai ao mundo cuja missão é a
libertação da opressão e a construção do mundo novo de fraternidade e justiça.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1“Não se
perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. 2Na casa
de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou
preparar um lugar para vós, 3e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar,
voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também
vós. 4E para onde eu vou, vós conheceis o caminho”.
5Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde
vais. Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a
Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Jesus, o caminho para
o pai
Diante de tantas dificuldades pelo que passamos: situação de
traições, abandono, desconfiança, injustiças, calúnias, fofocas, doenças,
desemprego, complicada sitação financeira. Assim como ontem ante a sua partida
para o Céu, Jesus confortou os seus discípulos para que não se preocupassem,
assim também hoje e neste evangelho acontece. Dirige-nos palavras de conforto.
Ele mostra-nos que não nos deixa abandonados.
O nosso Deus é um Deus presente. É preciso vivermos a
certeza de que Ele está no meio de nós dando-nos forças e coragem para que cada
dia avancemos seguindo rumo à meta. Sabemos que o caminho é duro de mais. E
Muitas vezes parece infindo. E o melhor e sentar e desistir. Todavia, meu
filho, minha filha, o mérito, a vitória, o segredo ou seja o trunfo de tudo
isto está saber que enquanto caminhamos ouçamos e sintamos ecoar dentro de nós
as santas palavras de Jesus: Não se perturbe o vosso coração. Creiam em Deus e
creiam também em mim.
Com Jesus e por Jesus nós somos mais do vencedores. Ele é a
única solução da nossa vida. Ele é o caminho que nos conduz à casa do seu e
nosso Pai. Quero relembrar a figura da porta. Jesus é a porta de entrada para a
casa do Pai.
Se com fé, confiança e perseverança clamares por Ele. Virá erguê-lo
ainda que estejas no fundo do poço. Por com Jesus e pela força da oração tudo
pode ser mudado.
Isto não são falácias, sofismas. Quem nos garante é ele
mesmo: quando eu for e preparar um lugar para vocês, voltarei e os levarei
comigo para que onde eu estiver vocês estejam também.
Na dúvida de Tomé, Jesus já respondeu a minha e a sua
dúvida. Portanto, creia, acredite, professe a sua fé em Jesus que é o caminho,
a verdade e a vida que nos conduz até Deus nosso Pai.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, 15e
disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!
16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os
sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em
meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum
veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os
doentes, eles ficarão curados”.
19Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi
levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. 20Os discípulos então saíram e
pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio
dos sinais que a acompanhavam.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Seja testemunha do
senhor ressuscitado
Estamos diante das narrativas de aparições do ressuscitado
que segundo os exegetas seriam (16,9-20) acréscimos posteriores, feitos pela
Igreja estruturada, provavelmente já no segundo século, a qual achou por bem
reforçar neste Evangelho a dimensão do Cristo glorioso.
Glorioso porque? A razão é simples. Os Apóstolos estavam
angustiado por não poder realizar o seu sonho de levar o Evangelho a todos os
povos conforme Jesus os havia mandado. Pois, eles enviados pelo poder que Jesus
recebeu do Pai, os apóstolos deveriam partir, dispostos a caminhar por todas as
estradas do mundo, e a anunciar a Boa Nova da salvação a quantos encontrassem.
Ninguém podia ser deixado de lado, pois a salvação é um direito de todos. Assim
como hoje também os discípulos muitas vezes vacilaram. Tiveram medo de anunciar
e pregar o Evangelho com viva voz. E então ressurge Jesus e os confirma na fé
dando-lhes a certeza da sua presença entre eles.
Para que eles não ficassem duvidando dá-lhes sinais visíveis
e concretos. O primeiro sinal é o de adesão. Assim, Jesus envia-lhes soprando
sobre eles afim de que recebam a Força do Espírito Santo. Portanto, o sinal de
adesão a Jesus se dá no batismo feito “em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo”. Ele é a forma de vincular toda a humanidade com o Pai, por meio de
Jesus, na força do Espírito Santo. Desta comunhão de amor deveria surgir uma
humanidade nova, fundada na filiação divina e na fraternidade.
Por sua vez os apóstolos têm como tarefa levar os novos
discípulos a pautar suas vidas pelos ensinamentos do Mestre. Bastaria ensinar
os batizados a observar tudo quanto Jesus lhes havia ensinado: nada mais do que
amar a Deus e ao próximo, como fora explicitado no Sermão da Montanha.
Uma certeza deveria animar os apóstolos: o Ressuscitado
estaria para sempre junto deles, incentivando-os a serem fiéis à missão.
Portanto, nada de se deixarem abater pela grandiosidade e pelas exigências da
tarefa recebida.
Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda
criatura! Ou seja, tornai-vos a esperança dos homens, vós que sois, para vós
mesmos, causa de desespero. Descobrireis a extensão de vossa incredulidade
quando virdes o mundo crer em vossa palavra, vós que sequer confiastes no
testemunho de vossos olhos. Sabereis qual a dureza de vosso coração, quando virdes
no mundo inteiro os povos mais selvagens proclamarem meu nome sem jamais me
terem visto, enquanto vós me renegastes quando vivi entre vós.
Vereis pela terra homens divididos, homens encerrados em
ilhas, encravados em rochedos, perdidos no deserto, mágicos, gregos tagarelas,
romanos bem-falantes, procurarem a fé pela própria fé, que vós procurastes com
a mão e com o dedo no fundo de minhas chagas.
Assim Jesus enviou os Apóstolos ontem, assim faz com você.
Ele está enviando hoje a você meu irmão, minha irmã como testemunha de Sua
Paixão, de Sua Morte e Ressurreição; aceite que olhe mais de perto esses
mistérios. Não deixe que a sua lentidão se serva de obstáculos para os seus
irmãos e irmãs. Não tenha medo. Ele está com você. Nada acontecerá com você durante
a sua missão. Saiba que a sua disponibilidade em aceitar o convite do anúncio
do Evangelho vai fortificar a fé daqueles que hão de crer por meio de você.
Quem crer e for batizado será salvo (Mc 16, 16), diz o Evangelho.
Como batizado, batizada saiba que, a fé é para o Batismo o
que a alma é para o corpo. Assim, aquele que nasce da água vive da fé: O justo,
diz S. Paulo, viverá pela fé (Rm 1, 17). Portanto, aceite o convite, não tenha
medo, coloque-se ao serviço do Senhor, servindo os seus irmãos. Seja testemunha
do Senhor Ressuscitado.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 44Jesus exclamou em alta voz: “Quem crê em
mim não é em mim que crê, mas naquele que me enviou. 45Quem me vê, vê aquele
que me enviou. 46Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim
não permaneça nas trevas.
47Se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, eu
não o julgo, porque eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. 48Quem
me rejeita e não aceita as minhas palavras já tem o seu juiz: a palavra que eu
falei o julgará no último dia. 49Porque eu não falei por mim mesmo, mas o Pai,
que me enviou, ele é quem me ordenou o que eu devia dizer e falar. 50Eu sei que
o seu mandamento é vida eterna. Portanto, o que eu digo, eu o digo conforme o
Pai me falou”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Jesus é a minha vida
e a minha luz
Para Jesus, no Evangelho que João nos apresenta, vida
significa luz. Pois para Ele, vida e luz, são duas palavras que reclamam uma
pela outra na sua própria pessoa. Jesus é a luz e a vida do mundo. São João faz
crer em alguma revelação do próprio Divino Mestre “e a vida era a luz dos
homens”. A vida é o mesmo que a luz. Ele é a luz dos homens, e assim Ele é a
vida dos homens, dos quais é luz. E deste modo quando se diz vida, pode se
dizer o Salvador, vida, não de Si mesmo, mas de outros, dos quais é também luz.
Essa vida existe no Verbo de Deus de uma maneira inseparável, e existe
juntamente desde que foi feita por Ele.
João está retomando, com novos esclarecimentos, temas já
apresentados no seu Evangelho: a unidade com o Pai, que O enviou; crer nele e
vê-lo é crer e ver aquele que o enviou; o que Jesus fala é o que o Pai ordenou;
Jesus é a luz que brilha nas trevas, é a luz do mundo, já anunciada no prólogo
e retomada no discurso na festa das Tendas. O julgamento não será feito por
Jesus, mas sim pela acolhida ou rejeição de Suas palavras. Jesus, em união com
o Pai, veio comunicar a todos a vida eterna. A participação na vida eterna é
opção de cada um. Deus conta com nossa adesão na fé e com nosso dom de amor a
serviço da vida, a qual, assumida em Deus, é eterna.
Pai santo, que enviaste o teu Filho ao mundo, não para o
condenar, mas para o salvar, faz com que eu, carregado de misérias, jamais
perca a confiança, e me afaste de Ti, triste e desanimado. Infunde o teu
Espírito no mais íntimo de mim mesmo para que, iluminado pela tua luz, ganhe
força e coragem para retomar o caminho. As tuas palavras, por vezes, são duras.
Mas sei que, com elas, apenas queres recuperar-me e salvar-me, dar-me ajuda
para que não perca a vida eterna que me preparaste. Sei que és benevolente, mesmo
quando te mostras severo. Por isso, imprime no meu coração as palavras do teu
Filho para que possa saborear hoje, amanhã e sempre, a tua salvação. Amém.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
22Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do
Templo. Era inverno. 23Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão. 24Os
judeus rodeavam-no e disseram: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o
Messias, dize-nos abertamente”.
25Jesus respondeu: “Já vo-lo disse, mas vós não acreditais.
As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; 26vós, porém,
não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 27As minhas ovelhas escutam
a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu dou-lhes a vida eterna e elas
jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão.
29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e
ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
O povo rejeita Jesus
Estamos diante do diálogo com os judeus. E é fácil perceber
o conflito entre a sinagoga e as comunidades cristãs no tempo em que João
escreve o seu Evangelho. A sinagoga, tentando reencontrar sua rígida
identidade, decidira expulsar os judeus que aderiram à fé em Jesus. Procurava
demover os cristãos inseguros, alegando-lhes que ele não era o Messias, o
Cristo. Contudo, João mostra que a fé em Jesus deve ser mantida tendo em vista
as suas obras de amor. As palavras dele ecoam nas comunidades e os discípulos devem
segui-lo. É ele quem dá a vida eterna e seu Pai guarda de maneira segura seus
discípulos. A agressividade dos adversários estava já se tornando perigosa e se
manifestava ameaçadora quando Jesus falou abertamente sobre sua identidade, ser
o Filho de Deus. Sobretudo quando diz: “Quando tiverdes elevado o Filho do
Homem então sabereis que EU SOU” (Jo 8,28). “Abraão, vosso pai, exultou por ver
o meu Dia. Ele o viu e encheu-se de alegria” “Antes que Abraão nascesse EU SOU”
(v. 56 e 56) e finalmente: “Eu e o Pai somos um”. Esta última afirmação foi a
que procurou mais irritação com a ameaça de O querem matar: “Os judeus, outra
vez, apanharam pedras para lapidá-lo”; ainda mais forte esta irritação quando
Jesus ressuscitou: “Então a partir desse dia resolveram matá-lo”.
Jesus é um personagem incômodo, ontem, hoje e sempre. A
motivação desta incomodidade é que Jesus fala, diz a verdade, e a verdade é
exigente, interessa a vida e incide sobre o comportamento humano. Qual verdade?
Jesus é o Filho de Deus, sua identidade é divina, conceito ou melhor, evento
que se torna difícil aceitar por o homem racional e que não se abre a
transcendência. Quando Jesus disse: “EU SOU”, igualando-se a Deus; quando
disse: “Aquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo dizeis: ‘Blasfêmias! ’,
porque disse: Sou Filho de Deus!”, declarando-se Filho de Deus; quando a
pergunta do Chefe do Sinédrio És tu o Messias, o Filho de Deus Bendito? Jesus
respondeu: “Eu sou”, afirmando que o Messias é o Filho de Deus, o mundo
religioso judaico, com seus chefes, pareceu acabar por causa de um terremoto
tal, que provocou nos detentores o pânico total de perder o poder religioso e
político, seu estado social e familiar. A reação foi decisiva, a morte.
Jesus provoca terremotos também hoje, nas pessoas e nos
povos, enfrentando-se com as ideologias e o pensamento moderno e pós-moderno,
na sociedade com suas denúncias contra o permissivismo e relativismo, com seus
fortes chamamentos a reconhecer a dignidade do homem, feito à imagem e
semelhança de Deus e redimido por Jesus Cristo, Salvador e Redentor. É preciso
que você e eu sejamos como João e anunciemos Jesus seja a que custo for. Pois
Ele é o único que nos pode salvar.
Pai, dá-me um coração de discípulo que se deixa guiar
docilmente pelo Mestre Jesus, tornando-se, assim, apto para reconhecer sua
condição de Messias de Deus.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus: 1“Em verdade, em verdade vos
digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar,
é ladrão e assaltante. 2Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3A esse o
porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e
as conduz para fora. 4E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à
sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5Mas não seguem
um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.
6Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o
que ele queria dizer. 7Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo,
eu sou a porta das ovelhas. 8Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões
e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. 9Eu sou a porta. Quem entrar
por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10O ladrão só vem
para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em
abundância”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Eu sou a porta das
ovelhas
Em todos os evangelhos João é o único que nos apresenta
Jesus diretamente como e a Porta das ovelhas. Jesus indica claramente que ele é
a única porta por onde devem entrar todos os pastores de Israel. Ou seja, os
reis ou dirigentes messiânicos de Israel devem se ajustar ao único verdadeiro
pastor que é Jesus. Quem não entrar, como os apóstolos, pela sua porta não pode
ser verdadeiro pastor. Por isso, na continuação Jesus explica seu papel de
supremo e verdadeiro pastor. A afirmação de Jesus segundo a qual ele é a porta
do aprisco é de tal modo absoluta, que nos obriga a mantê-la como uma verdade
de fé. Todo aquele que não se compromete com Jesus e seus ensinamentos não
podem ser verdadeiro pastor das ovelhas que constituem os súditos do reino.
Essa porta é única de modo que qualquer outra porta moral ou
dogmática será o mesmo que entrar no aprisco por cima da cerca. E isso é
roubalheira, é vandalismo prática própria dos ladrões, que servem melhor a seus
interesses do que ao bem das ovelhas a eles encomendadas.
Quem são os tais? Evidentemente aqueles que buscam o
dinheiro como proveito de seus serviços, ou a fama para serem louvados como
tais líderes. Quando Jesus coloca seu serviço como dar a vida e para isso ele
escolheu a morte para que elas tenham vida (Jo 10, 15). Jesus dirá como os
chefes da terra subjugam e dominam, mas aquele que quiser ser grande entre seus
discípulos deve servir a todos como fez ele mesmo (Mt 20, 25-28).
Não podemos esquecer que os primeiros pastores são os
próprios pais. Neste mundo em que o bem-estar e o prazer substituem o amor e o
serviço, é bom recordar as palavras de Jesus sobre como apascentar as ovelhas,
que no caso são os filhos.
“Em verdade vos declaro: Eu sou a porta das ovelhas.” Jesus
acaba de abrir a porta que nos tinha mostrado fechada. Ele mesmo é essa porta.
Reconheçamo-lo, entremos e alegramo-nos por ter entrado.
“Os que vieram antes são ladrões e salteadores”; é preciso
compreender: “Os vieram fora de mim”. Os profetas vieram antes dele; eram
ladrões e salteadores? De forma nenhuma, porque não vieram fora de Cristo;
estavam com ele. Ele tinha-os enviado como mensageiros, mas tinham nas suas
mãos o coração dos enviados. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, diz ele
(Jo 14,6). Se ele é a verdade, os que estavam na verdade estavam com ele. Os
que vieram fora dele, pelo contrário, são ladrões e salteadores porque só
vieram para pilhar e fazer morrer. “A esses, as ovelhas não escutaram”, diz
Jesus.
Mas os justos acreditaram que ele viria tal como nós
acreditamos que ele já veio. Os tempos mudaram, a fé é a mesma. Uma mesma fé
reúne os que acreditavam que ele devia vir e os que acreditam que ele já veio.
Vemos entrar todos, em épocas diferentes, pela única porta da fé, quer dizer,
Cristo. Sim, todos os que acreditaram no passado, no tempo de Abraão, de Isaac,
de Jacob, de Moisés ou dos outros patriarcas e profetas que, todos eles,
anunciavam Cristo, todos esses eram já suas ovelhas. Neles se ouviu o próprio
Cristo, não como uma voz estranha, mas com a sua própria voz.
Portanto, quem entrar por Jesus encontrará pastagem, isto é,
alimento para a vida. E vida em abundância, a vida eterna.
Pai torna-me um discípulo dócil de Jesus, o verdadeiro
pastor que arriscou a própria vida para me salvar. Somente ele poderá
conduzir-me para ti e contigo viver eternamente.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!
— Naquele tempo, disse Jesus:
27“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e
elas me seguem. 28Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém
vai arrancá-las de minha mão.
29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e
ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
As minhas ovelhas
escutam a minha voz
Meu irmão, na alegria deste encontro, onde celebramos a
páscoa semanal, o Senhor Ressuscitado se revela como pastor em nossas vidas e
manifesta ternura e cuidado para com seu povo. O 4o Domingo de Páscoa é
conhecido como o “Domingo do Bom Pastor ” porque todos os anos a Liturgia
propõe uma passagem do capítulo 10o de São João, na qual Jesus é apresentado
como “Bom Pastor”. É o tema central de hoje.
PASTOR é aquele que vai à frente do rebanho para indicar o
caminho, que conduz às pastagens e às nascentes de água.
No Antigo Testamento essa imagem era muito familiar ao povo
judeu. Muitos líderes foram pastores: Jacó, Moisés, Davi. Freqüentemente Israel
é comparado a um rebanho, do qual Deus é o Pastor. Ezequiel afirma que o
próprio Deus assumirá a condução do seu povo. Ele porá à sua frente um Bom
Pastor, que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida. Essa promessa se
cumpre em Jesus.
No Evangelho de hoje, Cristo se apresenta como o “BOM
PASTOR”. O texto é uma Catequese sobre a Missão de Jesus: consiste em conduzir
os homens às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida
em plenitude. Na Parábola, vemos DUAS ATITUDES:
1. A Atitude do Pastor (Cristo): - “Dá a vida pelas
ovelhas…” Ele conhece: “Eu conheço as minhas ovelhas…” E cuida delas: “Jamais
se perderão, ninguém vai arrancá-las de minhas mãos” . Muitos ficam perturbados
diante das falhas de representantes da Igreja. Sobretudo com o caso do
escândalo da pedofilia, das crises e confusões, que percebem nas comunidades.
A Igreja não está confiada apenas nas mãos de pastores
humanos mas sobre tudo é o Próprio Cristo que apascenta as ovelhas. Alias elas
são d’Ele. Estes são apenas instrumentos, necessários e imperfeitos, do único
pastor que guia a Igreja e que sempre supre as falhas dos cristãos através do
Espírito Santo: Podemos ter confiança. Cristo nos garante: “Eu mesmo dou a vida
para elas… e ninguém vai arrancá-las de minhas mãos…” Quem são os “Verdadeiros
Pastores”? Hoje muitos se apresentam como Pastores prometendo vida, conforto,
felicidade. Em quem devemos confiar? Quem são os “verdadeiros Pastores?
CRISTO: É o único Pastor dos cristãos, da Igreja, na qual os
demais pastores são apenas instrumentos. Pessoas que presidem e animam nossas
comunidades cristãs: Bispos, Padres, Ministros, apesar dos seus limites e
imperfeições; mas o único Pastor, que devemos a escutar e a seguir sem
condições, é Cristo e mais ninguém. Porque se confiarmos em alguém como guia
que não seja Ele, não cegaremos ao Pai. Pessoas que ensinam a mensagem de
Cristo: Os pais, os mestres, Catequistas, os companheiros de trabalho que se comportam
com honestidade, a mãe, que marcada pela dor, tudo suporta com paciência e com
amor, o Pai que educa o filho para o perdão, para a reconciliação, para a
partilha. No mundo em que muitos se declaram detentores da verdade e bons
pastores, como distinguir a “Voz” do Bom Pastor? Através de um confronto
permanente com a sua Palavra. Quem ensina diferente de Cristo, não é Pastor.
Através da participação nos Sacramentos, onde se nos comunica a vida que o
Pastor nos oferece. Através da Oração, onde nos faz conhecer e reconhecer a sua
voz.
2. A Atitude das Ovelhas: Elas o conhecem numa intimidade
profunda: ESCUTAM e SEGUEM. Isso significa percorrer o mesmo caminho de Jesus,
numa entrega total aos projetos de Deus e numa doação total de amor e de
serviço aos irmãos. Quem são as ovelhas desse Rebanho? Só os que foram
batizados e estão associados a uma paróquia? Só os “fiéis”, que obedecem à
palavra do padre? Só os que freqüentam regularmente a igreja? São todas as
pessoas que ESCUTAM A SUA VOZ e O SEGUEM. Pode ser discípulo do bom Pastor
também aquele que, embora não conheça Cristo, se sacrifica pelo pobre, pratica
a justiça, a fraternidade, a partilha dos bens, a hospitalidade, a fidelidade,
a sinceridade, a recusa à violência, o perdão aos inimigos, o compromisso com a
paz.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o
escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61Sabendo
que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou:
“Isto vos escandaliza? 62E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde
estava antes? 63O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras
que vos falei são espírito e vida. 64Mas entre vós há alguns que não creem”.
Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de
entregá-lo.
65E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir
a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. 66A partir daquele momento,
muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. 67Então, Jesus
disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?” 68Simão Pedro respondeu: “A
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69Nós cremos firmemente e
reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
A Quem iremos senhor?
A revelação de Jesus como o pão descido do céu e de sua
carne dada como alimento para a vida do mundo provocou incompreensão e
murmurações entre os judeus (Jo 6,41.52). Muitos de seus discípulos também, sem
entender, abandonaram Jesus. Ante esta atitude do povo, Jesus fazendo um
pequeno comentário, pergunta aos seus discípulos: Acaso também vós quereis
partir? Pelo que nos parece o abandono foi geral. O lugar ficou praticamente
vazio e então era o momento de Jesus animar aos que restavam e que Ele tinha
escolhido a dedo: os 12 apóstolos. Se a resposta fosse negativa, a pergunta
pareceria uma exclusão de todos que deixando Jesus foram embora. Jesus
praticamente lhes diz: Vós também sois do tipo pusilânime e covarde que na
dificuldade desanima e foge? Também hoje e agora Jesus faz a mesma pergunta.
Gostaria que não só não se esquecesse da resposta de Pedro como fizesse sua:
Senhor, a quem iremos? Só Tu tens Palavras de vida eterna. Veja que a resposta
de Pedro tem como sujeito a quem interpelar a palavra Senhor. Evidentemente,
não é o mesmo Senhor do ressuscitado, que recebeu o poder. Mas indica que as
Palavras de Jesus têm autoridade, poder e a capacidade de salvar as nossas
vidas e por isso nos devemos submeter a elas. É preciso que, como Pedro, você
tenha a consciência de que não existe em nenhum lugar do mundo outro nome no
qual possa ser salvo, senão no nome e poder de Jesus. Suas são palavras que
contem verdade eterna, a única que propriamente pode ser declarada como
verdade. É por esta certeza que eu e você temos que acreditar. Pedro nos mostra
que Ele é o Ungido, o Filho do Deus.
Afirmar que é o Filho do Deus vivo, é um ato de fé inusitado
entre os discípulos de Jesus, não por aclamá-lo Messias, mas por declará-lo
Filho de Deus, aceitando que o Pai é Deus. Assim, Pedro estava disposto a
admitir e acreditar nessas palavras que eram palavras de vida.
Por outro lado, Jesus pede uma resposta clara a seus
apóstolos e Pedro, em nome de todos, dá a única possível para um seguidor de
Jesus. Este é o Ungido do Senhor e como Filho sabe perfeitamente a vontade do
Pai, cujo seguimento é a verdadeira vida.
Para os homens de fora as palavras de Jesus constituem um
fracasso. Os homens as escutam não com o espírito de obediência a quem fala da
experiência como viva, mas com o critério de uma razão humana que se julga
independente e absoluta: É o critério de Tomé: Se não vejo não creio. Jesus é o
vidente que nos declara existirem matizes nas cores e nós somos os cegos que
não podem captá-los. Negá-los porque não os podemos experimentar é cerrar-se ao
mistério que sempre existe na grande verdade divina.
Vemos que Jesus se intitula o filho do homem como um caso
particular de ser membro da família humana. Isto significa que ele pode ser
visto e ouvido como um homem; mas com a particularidade de ser representante da
divindade, ou seja, a face humana de Deus. Ele sabe como conduzir a humanidade
e seu exemplo é paradigma de todos os que desejam viver suas vidas em
conformidade com os planos e desígnios de Deus. Até dirá aprendei de mim que
sou pacífico e humilde em minhas ambições e propósitos.
Em nossos dias a Palavra de Jesus tem uma resposta negativa:
a incredulidade porque é palavra difícil, e exige uma submissão prática da vida
não só no modo de pensar mas também no modo de atuar. Ou pode ter uma resposta
positiva como a dada por Pedro: é a fé. Mas uma fé, não no homem sábio,
brilhante, mas na testemunha que conta o que viveu no seio de Deus. A sua
palavra está corroborada por obras admiráveis. Se nestas não acreditamos,
desaparece o Filho de Deus e só fica o homem Jesus, admirável em palavras e
condutas, mas puramente humano de quem podemos tomar as palavras que nos convêm
e descartar as palavras difíceis que atrapalham o nosso ideal ou a nossa
maneira de vida. Jamais será vida para nós.
Que Simão Pedro interceda por nós para que diante de tantos
profetas da falsidade reconheça nas palavras de Jesus, a Vida, a Verdade e o
Caminho que nos conduz a Deus no nosso Pai e digamos: A QUEM IREMOS SENHOR, SÓ
TU TENS PALAVRAS DE VIDA ETERNA. Pai, por intermédio de São Pedro, dá-me
inteligência para compreender as palavras de Jesus e aderir a elas, pois só
assim estarei seguro para acolher a salvação que me ofereces.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 52os judeus discutiam entre si, dizendo:
“Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” 53Então Jesus disse: “Em
verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não
beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54Quem come a minha carne e
bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Porque
a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. 56Quem
come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57Como o
Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come
viverá por causa de mim. 58Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele
que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para
sempre”. 59Assim falou Jesus, ensinando na sinagoga em Cafarnaum.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Quem não como Jesus não
vive
O ponto central da Santa Missa é a consagração do pão e do vinho.
Nesse momento há uma transubstanciação. O pão se torna o Carne e o vinho se
torna o Sangue de Jesus Cristo.
O texto de hoje nos diz que estamos chegando quase ao fim do
Discurso do Pão da Vida.
E é aqui onde começa a parte mais polêmica. Porque os judeus
se fecham ontem e hoje infelizmente ainda muitos dos nossos irmãos e irmãs
começam a questionar as afirmações de Jesus. Não aceitam esse ensinamento de
Jesus: Tomai e comei, isso é o meu corpo que será entregue por vós. Tomai e
bebei, isso é o meu sangue que será derramado por vós e por muitos.
Carne e sangue: expressão da vida e da doação total. Os
judeus reagem: Como esse homem pode dar-nos 0a sua carne para comer?
Talvez por ser perto da festa da Páscoa e porque dentro de
poucos dias, todos iam comer a carne do cordeiro pascal na celebração da noite
de páscoa. Eles não entenderam as palavras de Jesus, porque tomaram tudo ao pé
da letra. E hoje não existem irmãos assim? Sei que não é o seu caso. Mas se
for, reconheça e saiba que Jesus não diminui as exigências, não retira nada do
que disse, e insiste: Eu garanto a vocês: se vocês não comem a carne do Filho
do Homem e não bebem o seu sangue, não terão a vida em vocês. Quem come a minha
carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último
dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira
bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele.
Comer a carne de Jesus significa aceitar Jesus como o novo
Cordeiro Pascal, cujo sangue nos liberta da escravidão. A lei do Antigo
Testamento, por respeito à vida, proibia comer sangue (Dt 12,16.23; At 15.29).
Sangue era o sinal da vida.
Beber o sangue de Jesus significa assimilar a mesma maneira
de viver que marcou a vida de Jesus. O que traz vida não é celebrar o maná do
passado, mas sim comer este novo pão que é Jesus, a sua carne e o seu sangue.
Participando da Ceia Eucarística, assimilamos a sua vida, a
sua doação e entrega. Se vocês não comem a carne do Filho do Homem e não bebem
o seu sangue não terão vida em vocês. Devem aceitar Jesus como messias
crucificado, cujo sangue vai ser derramado.
Quem me receber como alimento viverá por mim. As últimas
frases do Discurso do Pão da Vida são de grande profundidade e tentam resumir
tudo que foi dito. Elas evocam a dimensão mística que envolve a participação na
eucaristia. Expressam o que Paulo diz na carta aos Gálatas: Vivo, mas já não
sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim (Gl 2,20).
E o que diz o Apocalipse de João: Se alguém ouvir minha voz
e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, ele comigo (Ap 3,20). E
o próprio João no Evangelho: Se alguém me ama guardará minha palavra e o meu
Pai o amará e a ele viremos e nele faremos nossa morada (Jo 14,23). E termina
com a promessa da vida que marca a diferença com o antigo êxodo: Este é o pão
que desceu do céu. Não é como o pão que os pais de vocês comeram e depois
morreram. Quem come deste pão viverá para sempre.
Termina o discurso na sinagoga. Até aqui foi a conversa
entre Jesus e o povo e os judeus na sinagoga de Cafarnaum. Como aludimos
anteriormente, o Discurso do Pão da Vida nos oferece uma imagem de como era a
catequese naquele fim do primeiro séculos nas comunidades cristãs da Ásia
Menor.
As perguntas do povo e dos judeus refletem as dificuldades
dos membros das comunidades. E as resposta de Jesus representam os
esclarecimentos para ajuda-los a superar as dificuldades, aprofundar sua fé e
viver mais intensamente a eucaristia que era celebrada sobretudo nas noites de
sábado para o domingo, o Dia do Senhor.
A partir do Discurso do Pão da Vida, a celebração da
Eucaristia recebe uma luz muito forte e um aprofundamento enorme. Que luz estás
percebendo que te ajuda a dar um passo? Comer a carne e o sangue de Jesus é o
mandamento que ele nos dá. Meu irmão, como vives a eucaristia na tua vida?
Mesmo não podendo ir à missa todos os dias ou todos os domingos, tua vida deve
ser eucarística. Como tens realizado este objetivo?
Pai, que o corpo e o sangue de teu Filho Jesus sejam
alimento para a minha caminhada em busca de ti, de maneira que eu não venha a
desfalecer pelo caminho.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44“Ninguém pode vir a
mim, se o pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia.
45Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele
que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim. 46Não que alguém já tenha
visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47Em verdade, em
verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna.
48Eu sou o pão da vida. 49Os vossos pais comeram o maná no
deserto e, no entanto, morreram. 50Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele
comer, nunca morrerá. 51Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão
viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do
mundo”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Jesus é o pão da reconciliação
A Palavra pregada por Jesus deve ser recebida, acolhida,
comida e ruminada pois ela é Palavra de vida eterna. Assim, a humanidade
alimentada pela Palavra viva que é Jesus, com a alegria e a fé nascida do
alimento que Deus lhe deu reconhece que Ele é o pão da vida, que lhe conduz à
comunhão com o Pai e e por isso lhe dá a vida divina. Por sua vez com alegria e
entusiamo deve comprometer-se com ela e anunciá-la aos seus irmãos fazendo com
ela uma unica realidade. Pois assim como Jesus e o Pai são um só, assim também
a humanidade deve ser uma só com Ele. Este foi, é deverá ser sempre o conteúdo
da mensagem de Jesus. É fundamental que nós cristãos lutemos pela unidade en
não pela desunião.
Para nós o ditado segundo o qual, “cada um por si Deus por
todos”, não tem lugar. Mesmo entre os aqueles que não se conhecem ou são de
outras confissões religiosas. Quando você se encontra com os que não são
católicos qual tem sido o teu comportamento? De que tem falado ou discutido?
Quanto à mim, por exemplo numa dialogo sobre coisas que nos dividem. Mas sim
sobre coisas que nos aproximam e unem. Muitas vezes nós nos julgamos os
melhores e os sabedores de tudo. Mas nos esquecemos que o nosso Deus também é o
Deus daqueles que julguamos ruins.
A mim e a você hoje Jesus volta a ensinar. Mostra-nos que
Ele e o Pai estão unidos pelo mesmo amor. A mesma união com o Pai deve
acontecer com os discípulos que estão unidos a Jesus. Ninguém pode vir a mim,
se o Pai que me enviou não o atrai. Viver em comunão com Deus e entre nós deve
ser nosso desejo e nossa missão de cristãos. Fomos feitos para a comunhão de
irmãos, jamais para a divisão e separação. Portanto se você estiver vivendo
isso, hoje mesmo levante-se vai ter com a pessoa com quem você não fala, com
quem você brigou ou discutiu. Vai pedir perdão e reconcilie-se com ela. Este é
o pão do qual Jesus redundantemente quer que comamos: Eu sou o pão vivo que
desceu do céu. Se alguém comer desse pão, viverá para sempre. E o pão que eu
darei para que o mundo tenha vida é a minha carne.
Estamos diante da continuação do longo discurso sobre o pão,
pronunciado após a partilha dos pães com a multidão, na montanha. Um dos
aspectos que Jesus vem salientando é que a iniciativa da salvação vem do Pai.
Ninguém se faz discípulo de Jesus se não for designado por Deus seu Pai. E todo
aquele escuta a sua palavra e procura fazer a vontade daquele que o enviou é
introduzido na vida que nunca mais terá fim. Visto que: aqui está o pão que
desce do céu; e quem comer desse pão nunca morrerá.
Nos nossos dias alimentar-se de Jesus é ter vida é
contemplá-lo e seguir seus passos. No serviço, na fraternidade e na
solidariedade social, na busca da justiça e da paz, entra-se em comunhão de
vida eterna com Jesus.
Deixemo-nos tocar pelo convite que Jesus. Vinde convidados
do meu Pai, a mesa está posta vinde. Participemos plena, consciente e
ativamente; comamos e bebamos o corpo e o sangue de Jesus. Repito esta mesa é a
mesa da compreensão, do diálogo, do perdão, da reconciliação. Ninguém se deve
aproximar dela se não perdoar de todo o coração a seu irmão, irmã, marido,
esposa, esposo, filhos, colegas amigos e até os seus inimigos. Mas padre, o que
ele me fez foi muito duro e dolorido. Sinto as feridas até agora. Eu lhe
respondo “busque em primeiro lugar o Reino dos céu e a sua justiça e o resto
lhe será dado por acréscimo ! É Jesus quem está dizendo isso pra você meu irmão
e minha irmã. Corra atrás daquilo que você chama de prejuízo. Deus é maior, Ele pode
tudo! Alias o verdadeiro cristão não deve ser inimigos e a ninguém deve ter
dívida senão a dívida do amor!
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 35“Eu sou o pão da
vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede.
36Eu, porém, vos disse que vós me vistes, mas não acreditais. 37Todos os que o
Pai me confia virão a mim, e quando vierem, não os afastarei.
38Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a
vontade daquele que me enviou. 39E esta é a vontade daquele que me enviou: que
eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia.
40Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê
tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Eu sou o pão vivo
descido do céu
A Eucaristia é um mistério, uma realidade salvífica. As suas
riquezas somente são acessíveis a quem acolher palavra reveladora de Jesus.
Escutemos, então, o próprio Jesus, que quis revelar a verdade e a beleza deste
mistério da fé. Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem
crêe em mim nunca mais tera sede.
A partir do que Jesus está falando a mim e a você precisamos
acatar de uma voz por todas que a vida nos vem do Pão que desceu do céu. E esta
vida é Jesus que se faz presente na história humana e nos dá o sentido pleno da
vida, e sacia a fome e a sede de vida eterna.
Ele se define a si próprio como Pão da vida que é necessário
comer mediante a fé: «Eu sou o pão da vida. Cristo reafirma com insistência a
sua identidade como pão da vida oferecido para ser comido, não obstante a
murmuração dos judeus perante as suas palavras.
A vontade do Pai, ao enviar o Filho, é que quem vê o Filho;
suas palavras e ações e nele crê, seguindo seus passos, tenha a vida eterna e
venha a ressuscitar no último dia. Por isso, para nós cristãos, comer o pão do
céu significa assimilar o seu amor e seu exemplo de serviço, de partilha e dom
da vida. Acolhamos e comamos, pois, deste pão do céu para que venhamos a
ressuscitar no último dia para a vida eterna.
Prolongando na vida o que foi celebrado no mistério, somos
constituídos em comunidade aprendem a tornar eucarística a própria existência.
De fato, assim como Jesus é Eucaristia para o Pai e para a
Igreja, assim também a Igreja que vive de acordo com a fé professada e
celebrada, fazendo da sua própria existência um culto espiritual agradável a
Deus, pode tornar-se, em cada expressão do seu agir e do seu sofrer, eucaristia
para o Pai e para o mundo. Deste modo, o povo de Deus, peregrino no mundo,
encontra no pão eucarístico, “alimento dos viajantes”, o maná para o seu
caminho, o pão para a sua peregrinação, com a certeza de chegar à meta. E faz
da sua vida uma oblação agradável a Deus. É o que vemos na vida de Santa
Catarina de Sena, cuja memória celebramos hoje. Ela fez da sua vida mensageira
da paz no meio de uma sociedade violenta. Ofereceu sua vida em favor dos
doentes e dos encarcerados. Foi a mulher que deu o pão da vida aos pobres e
sofredores pela sua ação de caridade.
Portanto, faça da Eucaristia que comunga todos os dias o Pão
dos fortes e da sua vida uma missão entre os homens, seus irmãos
anunciando-lhes a salvação que Cristo o Pão da Vida nos trouxe. Seja
instrumentos de alegria, da paz, da justiça, do amor, e da vitória de Deus na
vida dos seus. É o próprio Jesus quem está falando isso para ti meu irmão e
minha irmã: Pois a vontade do meu Pai é que todos os que vêem o Filho e crêem
nele tenham a vida eterna; e no último dia eu os ressuscitarei. Portanto,
acredite e tenha fé no Pão da vida. Você e os seus viverão eternamente.