sábado, 30 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 24,37-44 - 01.12.2013 - Ficai atentos e preparados!

Roxo. 1º DOMINGO Advento

Evangelho - Mt 24,37-44

Ficai atentos e preparados!

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 24,37-44
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos:
37'A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé.
38Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam,
casavam-se e davam-se em casamento,
até o dia em que Noé entrou na arca.
39E eles nada perceberam
até que veio o dilúvio e arrastou a todos.
Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem.
40Dois homens estarão trabalhando no campo:
um será levado e o outro será deixado.
41Duas mulheres estarão moendo no moinho:
uma será levada e a outra será deixada.
42Portanto, ficai atentos!
porque não sabeis em que dia virá o Senhor.
43Compreendei bem isso: se o dono da casa
soubesse a que horas viria o ladrão,
certamente vigiaria e não deixaria
que a sua casa fosse arrombada.
44Por isso, também vós ficai preparados!
Porque na hora em que menos pensais,
o Filho do Homem virá.
Palavra da Salvação.



Reflexão
Atitude de vigilância
O primeiro domingo do Advento é o início do ano litúrgico. Para os cristãos, é o verdadeiro “ano novo”, pois a nossa vida de fé é marcada e ritmada pela celebração do Mistério de Deus. O Advento é tempo de preparação para o Natal; tempo que deve ser vivido numa dupla atitude: intensificar a leitura e a meditação da Palavra de Deus e a penitência.
O texto da liturgia de hoje é parte do discurso escatológico de Jesus (Mt 24,1–25,46); discurso sobre o fim. Entenda-se fim não como término, mas como aquilo que é definitivo para a existência humana. Normalmente, a linguagem utilizada para este tipo de discurso é a apocalíptica, que tem um tom um tanto dramático e, por vezes, causa certo medo nas pessoas que não ultrapassam o sentido primeiro do texto. Em nosso caso, o discurso é exortação aos discípulos a colocarem a sua confiança naquilo que não passa. O precursor deste tipo de linguagem na Bíblia é o livro de Daniel (Dn 7–12), escrito em meados do segundo século antes de Cristo.
A evocação do tempo de Noé e o dilúvio servem para colocar os discípulos, destinatários do discurso (cf. Mt 24,1), de alerta e para os convidar a uma atitude de engajamento e coerência com sua vocação cristã. O dilúvio, como evento de purificação, é água divisora entre um antes e um depois. Parece que o dilúvio os faz abrir os olhos quanto ao modo como viviam: nada percebiam, “até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (v. 39). A vida do ser humano não se encerra nos limites da história, nem se resume em comer e beber, nem em procurar “aproveitar a vida”. Na descrição sumária do tempo de Noé, Deus não aparece; é como se ele não contasse para nada. A excessiva preocupação com questões relativas à vida de cada dia e com o bem-estar pode não só nos distanciar das coisas do céu, como também nos fazer prescindir do próprio Deus ou até ignorar sua presença. A história do tempo de Noé, antes do dilúvio, serve para ilustrar esta situação e interpelar os discípulos a que mantenham a vida referida a Deus. A fé em Deus exige uma vida conforme a sua vontade: “Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor!, entrará no Reino dos céus, mas o que faz a vontade do meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21). A vida de quem crê deve ser a expressão da fé que ele professa e do Deus em quem ele põe a sua esperança e confiança. O principal é buscar o Reino de Deus, que antecede todas as coisas, e por Deus o necessário é dado (ver: Lc 12,22-31).
A imprevisibilidade da vinda do Filho do Homem exige uma atitude diferente das pessoas do tempo de Noé, anteriores ao dilúvio (cf. v. 39b-41). A atitude requerida é a da vigilância (cf. v. 42). Vigilância é trabalho de discernimento, é empenho na atividade cotidiana que engaja o homem na sua missão, fruto do seguimento de Jesus Cristo. “É hora de despertarmos do sono”, diz Paulo, “abandonemos as obras das trevas, e vistamos as armas da luz; procedamos honestamente como em pleno dia […]. Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,11-14).
Carlos Alberto Contieri, sj



VIGILÂNCIA Mt, 24,37-44
HOMILIA

Neste primeiro domingo do Advento, somos convidados a nos preparar para a vinda de Jesus. Para a primeira vinda, que acontece no Natal, com o seu nascimento, mas também para a segunda vinda, que irá marcar o fim dos tempos. Durante toda a semana refletimos o capítulo 21 de Lucas, que trata desse assunto.
        A embriaguez, a glutonaria e a luxúria são os sinais que Jesus dá para descrever o estado daqueles que foram surpreendidos pelo dilúvio e dos que serão surpreendidos pela vinda do Filho do Homem. Jesus enraíza assim a vigilância espiritual numa atitude corporal. Se os que foram e serão surpreendidos se entregavam à embriaguez, à glutonaria e à luxúria, como deve ser a atitude dos que permanecem vigilantes? Eles devem agir opostamente; à embriaguez devem opor a sobriedade, à glutonaria devem opor o jejum, à luxúria devem opor a castidade.
A figura paradigmática dessa atitude de vigilância é São João Baptista, ele que não bebia bebida fermentada, comia apenas mel silvestre e gafanhotos e vivia só no deserto. Por isso, Deus deu-lhe o dom de reconhecer em Jesus o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Estar acordado, desperto, com o espírito atento aos sinais dos tempos para não sermos surpreendidos pelo Deus que intervém na história para julgar com justiça para operar a divisão entre os que o esperam e os que se entregam à embriaguez de espírito.
A Igreja recorda-nos, particularmente no tempo do Advento, que a preparação para esses tempos escatológicos é extremamente necessária. São Francisco de Sales diz mesmo que nós deveríamos viver cada dia como se ele fosse o último da nossa vida. A segunda vinda do Senhor não nos deve atemorizar, mas sim encher-nos de confiança. Em primeiro lugar porque Cristo virá julgar com justiça colocando ordem num mundo desordenado pelo pecado e o Bem vencerá finalmente o mal. Então todos os povos subirão à montanha do Senhor e o grande banquete nupcial de todos os povos começará. Por isso a Igreja suspira durante este tempo do Advento dizendo: «Vem, Senhor Jesus»
             Segundo João Paulo II o “Advento encoraja-nos a estar vigilantes e conscientes de que o Reino de Deus se aproxima”. Com este primeiro domingo do Advento tem início um novo ano litúrgico. A Igreja retoma o seu caminho e convida-nos a reflectir mais intensamente sobre o mistério de Cristo, mistério sempre novo que o tempo não pode esgotar. Cristo é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Graças a Ele, a história da humanidade avança como uma peregrinação para o cumprimento do Reino, que Ele próprio inaugurou com a sua encarnação e a sua vitória sobre o pecado e a morte.
            Por isso, Advento é sinônimo de esperança: não a expectativa vã de um deus desprovido de rosto, mas a confiança concreta e certa da vinda d'Aquele que já nos visitou, do «Esposo» que, com o seu sangue, selou com a humanidade um pacto de aliança eterna. É uma esperança que encoraja a estar vigilante, virtude característica deste singular tempo litúrgico. Vigilância na oração, animada por uma expectativa amorosa; vigilância no dinamismo da caridade concreta, consciente de que o Reino de Deus se aproxima, onde os homens aprendem a viver como irmãos.
            Com estes sentimentos, a comunidade cristã entra no Advento, mantendo o espírito vigilante, para receber melhor a mensagem da Palavra de Deus. Hoje, na liturgia é entoado o célebre e maravilhoso oráculo do profeta Isaías, pronunciado num momento de crise da história de Israel.    «No fim dos tempos diz o Senhor acontecerá que o Monte do Templo do Senhor terá os seus fundamentos no cume das montanhas e dominará as colinas. Acorrerão a ele todas as gentes... que das suas espadas forjarão relhas de arados, e das suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra nação, e não se adestrarão mais para a guerra» (Is 2, 2-4).
            Estas palavras contêm uma promessa de paz mais atual do que nunca para a humanidade. Oxalá as palavras do profeta Isaías inspirem a mente e o coração dos fiéis e dos homens de boa vontade e contribuam para criar no mundo um clima mais calmo e solidário.
Que Maria, Virgem vigilante e Mãe da esperança. Daqui a alguns dias celebraremos com fé renovada a solenidade da Imaculada Conceição. Ela nos oriente por este caminho, ajudando cada homem e nação a voltar o olhar para o «monte do Senhor», imagem do triunfo definitivo de Cristo e do advento do seu Reino de paz. Amém!

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÉRIA - Mt 4,18-22 - 30.11.2013 - Imediatamente deixaram as redes e o seguiram.

Vermelho. Santo André, Apóstolo, Festa

Evangelho - Mt 4,18-22

Imediatamente deixaram as redes e o seguiram.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 4,18-22

18Quando Jesus andava à beira do mar da Galiléia,
viu dois irmãos:
Simão, chamado Pedro, e seu irmão André.
Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores.
19Jesus disse a eles: 'Segui-me,
e eu farei de vós pescadores de homens.'
20Eles, imediatamente deixaram as redes e o seguiram.
21Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos:
Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João.
Estavam na barca com seu pai Zebedeu
consertando as redes.
Jesus os chamou.
22Eles, imediatamente deixaram a barca e o pai,
e o seguiram.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mt 4, 18-22

No nosso dia a dia devemos estar sempre atentos à presença de Jesus que se aproxima de nós e nos chama para o serviço do Reino. Esta aproximação acontece principalmente a partir dos apelos que chegam até nós nos sofrimentos, nas dores, nas necessidades não satisfeitas, na fome, na miséria, na culpa, na falta de fé, no desconhecimento de Deus, na falta de sentido de vida, na violência, enfim, em tudo o que exige de nós uma resposta de amor, que é o fundamento de todo apostolado, de todo seguimento de Jesus. Deixando tudo o que estamos fazendo, devemos ser a resposta viva de Deus para todos esses apelos.



VOCAÇÃO DE TODOS Mt 4,18-22
HOMILIA

O Evangelho de hoje fala do chamado dos primeiros discípulos. Em primeiro lugar, sublinhamos o fato de Jesus buscar as pessoas para acompanhá-lo ou para trabalhar com ele. Ele vai a busca de simples pescadores, pois o que importa para Jesus não é preparo científico e títulos acadêmicos dos seus seguidores, mas que eles tenham fé e amor no coração. Porque aquele que prega ou profetiza por ordem de Cristo, não precisa demonstrar nada: só testemunhar a verdade do amor de Deus e a certeza da ressurreição do Senhor.
Em segundo lugar, a vocação dos primeiros discípulos acontece “junto ao mar da Galiléia”.  “O mar da Galiléia” é o lugar no qual vive o povo da Galiléia e ali trabalha. Isto quer nos dizer que o chamado não é feito num ambiente religioso particular, mas aí onde as pessoas verdadeiramente vivem, na sua vida cotidiana. Jesus procura e encontra o povo em sua própria situação concreta. Jesus apresenta a cada um o convite de segui-lo ali onde se encontra, numa situação comum, honesta e honrada como aquela dos primeiros discípulos ou então, numa situação desonrada e moralmente difícil como aquela do cobrador de impostos (Mt 9,9). Jesus vai de um ao outro e os chama.  Neste chamamento sublinha-se o aspecto pessoal. Jesus se aproxima de cada um, fala e o chama. Da mesma maneira Jesus se aproxima de todas as pessoas, e ali onde ele está, lhe faz ouvir aquela palavra de esperança e de confiança que é o chamado a segui-lo.
Em terceiro lugar, Jesus os chama para “segui-lo”.  “Seguir” significa ir atrás de alguém, pisando nas suas pecadas, percorrer o seu caminho e, portanto, pede, sobretudo, uma imensa confiança Nele. Seguir Jesus não é só aceitar sua doutrina, mas entregar-se incondicionalmente à sua pessoa, colaborar na sua missão, partilhar do seu destino que inclui a morte e glorificação. Seguir Jesus, por isso, supõe o abandono confiante Nele, isto é, uma confiança total, doação completa à pessoa de Jesus.  O seguimento de Jesus exige, portanto, urgência, desacomodação diante da situação existente e opção por uma nova forma de ver as coisas e uma prática transformadora. Tudo isto é necessário para percorrer o caminho em direção ao conhecimento do mistério de Jesus.
Em quarto lugar, eles são chamados para ser “pescadores de homens”. A tradicional expressão “pescadores de homens”, que indica a atividade missionária dos discípulos de Jesus, significa não apenas atrair pessoas para a causa do Reino de Deus, mas possui também um matiz de julgamento profético, como o mostra Jeremias em 16,16. A imagem da pesca na tradição bíblica servia para indicar o juízo último de Deus (Jr 16,16; Hab 1,15-17). Nesta linha devemos entender também a parábola da pesca onde se lança a rede na água (Mt 13,45-50). Em outras palavras, a tarefa dos discípulos é a de preparar a humanidade para o acontecimento final. Dentro desta linha de pensamento percebe-se o conteúdo da pregação de Jesus: o anúncio do Reino e com o apelo à conversão (Mt 4,17).
Em quinto lugar, Os discípulos “imediatamente deixaram as redes e foram com Ele”.  O atrativo da chamada de Jesus é irresistível e os fazem capazes de renunciar à sua família e ao seu trabalho para seguir Jesus. Esta ruptura com a própria família tinha umas implicações muito distintas às que têm hoje o abandono do lar familiar. Não era somente nem principalmente uma ruptura afetiva, e sim uma ruptura com todas as seguranças. A casa e a família eram, até então, o grupo de apoio mais sólido desde o ponto de vista social e econômico.
Ao deixar sua família e sua casa, aqueles discípulos fizeram uma opção muito radical: deixaram verdadeiramente tudo para seguir Jesus (cf. Mt 19,27-29). Através da pronta resposta dos discípulos ao convite de Jesus, Mateus propõe um exemplo da conversão radical que a chegada do Reino exige (Mt 4,17) e apresenta aos principais destinatários dos ensinamentos e sinais de Jesus.
            Olhando para a vocação dos quatro primeiros discípulos, vamos nos perguntar: em primeiro lugar, o que significa para você “eles imediatamente deixaram as redes, a barca e o pai e seguiram Jesus”? O que representa para você “a barca” e “rede” na sua vida? Você prefere remar sua própria barca ou quer entrar na barca de Jesus?
Jesus não permite os adiamentos, pois com Ele tudo tem que ser “imediatamente” (Mt 8,21s). Nossa primeira vocação é o nosso chamado para sermos seres humanos, pessoas humanas; o resto são formas e caminhos. Enquanto você não tiver planejado sua vida como um benefício para os outros, não terá sentido que você pergunte por sua vocação. Na sua opção vocacional, não procure quem o exima de sua liberdade e de sua responsabilidade. Ninguém deve nem pode escolher e decidir por você. Não acreditamos que Deus se antecipe escolhendo por você; mas acreditamos que se compromete e escolhe com você quando você faz isso séria e livremente.
Pai, dá-me forças para ser verdadeiro companheiro na missão de seu Filho Jesus, mesmo devendo sofrer perseguições e contrariedades.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 21,29-33 - 29.11.2013 - Quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto.

Verde. 6ª-feira da 34ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Lc 21,29-33

Quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,29-33

Naquele tempo:
29Jesus contou-lhes uma parábola:
'Olhai a figueira e todas as árvores.
30Quando vedes que elas estão dando brotos,
logo sabeis que o verão está perto.
31Vós também, quando virdes acontecer essas coisas,
ficai sabendo que o Reino de Deus está perto.
32Em verdade, eu vos digo:
tudo isso vai acontecer antes que passe esta geração.
33O céu e a terra passarão,
mas as minhas palavras não hão de passar.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 21, 29-33

Devemos ser capazes de reconhecer os sinais dos tempos para que possamos perceber os apelos do Reino de Deus na nossa vida, assim como sermos capazes de descobrir a presença de Jesus na história das pessoas. Somente quando somos capazes de analisar os acontecimentos a partir da ótica da fé é que somos capazes de interpretar os fatos como sendo sinal dos tempos e ação da graça divina no nosso dia a dia. Para que isso seja possível, a Palavra de Jesus deve ser o critério fundamental para a interpretação dos acontecimentos.



HOMILIA
A LIÇÃO DA FIGUEIRA Lc 21,29-33

Esta curta parábola está inserida no discurso escatológico. O escatológico-apocalíptico, que é a expectativa de um fim glorioso para Israel, tem sua origem na tradição do Dia de Javé, o dia da vingança sobre os seus inimigos e de glória e poder para o povo eleito. Os discípulos originários do judaísmo, com sua visão messiânico-escatológica ainda não compreendiam as palavras de Jesus. Jesus os adverte: Vós, do mesmo modo... ficai sabendo...É fundamental que fiquemos atentos para não sermos surpreendidos.
Os cristãos são admoestados a se manterem em contínuo estado de vigilância em relação à história, uma vez que ela está sendo fermentada pelas realidades escatológicas. Urge, pois, perceber como nela se manifestam os sinais do fim.
A mensagem de Jesus nada tem a ver com os apocalipses da época, reservados a um grupo restrito de iniciados. Jesus ensina publicamente, sem a preocupação de selecionar seus ouvintes. Embora só os discípulos o compreendam, sua doutrina deve ser anunciada a todos os povos. Basta abrir-se para ele, para entender o conteúdo de seus ensinamentos.
A tensão que se estabelece é a tensão da esperança. A esperança é o desejo ardente de realizar, hoje, a vontade de Deus. O Reino de Deus já está acontecendo. É a sedução do bem, da vida, da comunhão com Deus, da solidariedade, da fraternidade, da partilha, da alegria. E as palavras de Jesus são anunciadas como convite à participar do banquete da Vida.
A figueira e as demais árvores foram empregadas para ilustrar a parábola da escatologia. Vendo-as frutificar, é possível afirmar, sem perigo de engano, que o verão se aproxima. Igualmente, pode-se declarar que algo de novo estará acontecendo na história, quando a morte ceder lugar à vida, a escravidão abrir espaço para a liberdade, a injustiça for sobrepujada pela justiça, o ódio e a inimizade forem vencidos pelo amor e pela reconciliação.
Este germinar de esperança é um sinal evidente da presença do Filho do Homem, fazendo a escatologia acontecer. Chegará um tempo de plenitude. Este, porém, está sendo preparado pela aproximação paulatina daquilo que todos esperamos.

Postado há 27th November 2008 por Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 21,20-28 - 28.11.2013 - Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete.

Verde. 5ª-feira da 34ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Lc 21,20-28

Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,20-28

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
20Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos,
ficai sabendo que a sua destruição está próxima.
21Então, os que estiverem na Judéia,
devem fugir para as montanhas;
os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se;
os que estiverem no campo, não entrem na cidade.
22Pois esses dias são de vingança,
para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras.
23Infelizes das mulheres grávidas
e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias,
pois haverá uma grande calamidade na terra
e ira contra este povo.
24Serão mortos pela espada
e levados presos para todas as nações.
e Jerusalém será pisada pelos infiéis,
até que o tempo dos pagãos se complete.
25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas.
Na terra, as nações ficarão angustiadas,
com pavor do barulho do mar e das ondas.
26Os homens vão desmaiar de medo,
só em pensar no que vai acontecer ao mundo,
porque as forças do céu serão abaladas.
27Então eles verão o Filho do Homem,
vindo numa nuvem com grande poder e glória.
28Quando estas coisas começarem a acontecer,
levantai-vos e erguei a cabeça,
porque a vossa libertação está próxima.'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 21, 20-28

A libertação verdadeira da pessoa humana é fruto de dois elementos importantes: o primeiro é o seu compromisso pessoal e comunitário com o Reino de Deus e com a comunidade à qual pertence, de modo que a sua vida passa a ser uma constante luta histórica de transformação da realidade tendo como critério os valores do Evangelho; o segundo é a confiança inabalável da presença atuante de Deus na sua vida e na história dos homens como o grande parceiro que está ao lado dos que assumem a luta por um mundo novo. Somente a união entre esses dois elementos pode garantir um processo histórico verdadeiramente libertador.



JESUS FALA DA DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM Lc 21,20-28
HOMILIA

Estamos vivendo o tempo que precede o Advento, tempo de espera e arrependimento. Ocasião propicia para que estejamos conscientes das nossas ações e atentos ao que podem significar as coisas que acontecem ao nosso redor. Jesus nos adverte dos fenômenos que acontecerão no mundo e com as pessoas antes da Sua vinda gloriosa. Se prestarmos atenção, muitos sinais já se fazem notar hoje, no mundo. A maioria das pessoas se apavora quando ouve falar desses prognósticos, porém, os que têm a percepção dos ensinamentos evangélicos, compreendem que as palavras de Jesus vêm nos edificar e nos ajudam a manter a esperança na nossa libertação.
            O mundo à nossa volta se angustia e sofre. Muitas pessoas passam por dificuldades e se sentem perdidas, no entanto, isto é prenúncio de libertação. Jesus mesmo nos esclarece quando diz: “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Jesus já veio como homem e chegou para nós por meio do seio de Maria, se entregou por nós, foi crucificado, morto e ressuscitado para a nossa Salvação. Não podemos mudar os prognósticos de Jesus, todos esses fatos já estão acontecendo. Porém, o que nós podemos fazer é assumir o nosso posto de guardiões da fé sem temor, na certeza de que o tempo da libertação se aproxima e deixando que a manifestação da vida de Jesus aconteça no nosso coração primeiro.
            Expressão retomada por todos os Evangelhos Sinóticos numa retomada da profecia de Daniel 9,27 sobre as 70 Semanas. Cremos que este mundo, conforme a profecia de Jesus está caminhando para o fim? O que Jesus fala sobre o fim dos tempos, o dia do julgamento e a destruição de Jerusalém não era novidade para os judeus. Jesus alerta sim para a iminência da destruição de Jerusalém pela rejeição do Evangelho. Segundo o historiador Josefo mais de um milhão de pessoas morreram quando os romanos destruíram Jerusalém com seu templo no ano 70. A ruína de Jerusalém deveu-se à sua indiferença diante da visita de Deus, na pessoa do Senhor Jesus Cristo (Lc 19,44).
            A abominação é o termo específico para condenar os ídolos, como também a profanação e a apostasia que eles trazem consigo. Por isso, Jesus fala também do julgamento do fim do mundo. Só a cegueira espiritual nos pode impedir de reconhecer os claros sinais que anunciam o dia do julgamento para os que recusam a palavra de Deus a respeito da graça e da salvação. S.Cipriano e S. Agostinho afirmam que neste dia final não se salvarão os que carecem de fé, embora permaneçam na comunidade dos fiéis e participem dos sacramentos. Aliás, a palavra desolação, segundo a etimologia da palavra grega, significa tornar um deserto, vazio da vida de Deus.
            Jesus tinha dito aos discípulos o que lhes custaria segui-lo. E prometeu que jamais os deixaria sozinhos, mesmo no tempo de tribulação. Os santos e mártires que foram submetidos aos tormentos e à morte fizeram da prisão um templo de oração e acesso para o trono da glória de Deus. Eles reconheceram a presença salvadora de Jesus em suas vidas em todas as circunstâncias. O discípulo que seguia Jesus podia perder sua vida corporal, mas não sua alma.
            O maior dom que nos é dado é o de nossa redenção e de adoção como filhos de Deus. Jesus nos redimiu da escravidão do pecado, do medo da morte e da destruição final. Somos gratos porque nossa esperança está no céu e na promessa que Jesus retornará para estabelecer seu reino de paz e de justiça. Sua segunda vinda será marcada por sinais que todos reconhecerão. Seu julgamento é um sinal de esperança para os que confiaram nele.
            Qual é a percepção que você tem das palavras de Jesus? Você se atemoriza quando ouve falar desses acontecimentos? As coisas que você vê acontecer no mundo, hoje, já confirmam isto? - Jesus já veio para você?
            Senhor, enchei meu coração de gratidão pelo dom da redenção e aumentai minha esperança em vosso retorno na glória. Que aquele dia me traga alegria e paz. Ajudai-me a servir-vos fielmente, e que eu faça o melhor uso de meu tempo agora à luz do tempo que virá!

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

terça-feira, 26 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 21,12-19 - 27.11.2013 - Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis.um só fio de cabelo da vossa cabeça.

Verde. 4ª-feira da 34ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Lc 21,12-19

Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis.um só fio de cabelo da vossa cabeça.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,12-19

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
12Antes que estas coisas aconteçam,
sereis presos e perseguidos;
sereis entregues às sinagogas e postos na prisão;
sereis levados diante de reis e governadores
por causa do meu nome.
13Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé.
14Fazei o firme propósito
de não planejar com antecedência a própria defesa;
15porque eu vos darei palavras tão acertadas,
que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater.
16Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais,
irmãos, parentes e amigos.
E eles matarão alguns de vós.
17Todos vos odiarão por causa do meu nome.
18Mas vós não perdereis
um só fio de cabelo da vossa cabeça.
19É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 21, 12-19

Ganhar a vida eterna significa ser capaz de lutar no dia a dia pelos valores que a caracterizam. Mas os valores que caracterizam a vida eterna são completamente diferentes dos valores que caracterizam a nossa sociedade de hoje, sendo que a conseqüência dessa diferença é o conflito, que é seguido da perseguição, do ódio e, muitas vezes, da morte. Mas quem de fato acredita na vida eterna e a deseja ardentemente para si assume o projeto de Deus e os valores do Reino dos céus e luta constantemente por eles, não temendo a perseguição e desafiando até mesmo a morte, porque sabe que nada o separará da vida e vida em abundância.



HOMILIA
PERSEGUIÇÕES E SOFRIMENTOS: CAMINHO PARA A VIDA Lc 21,12-19

Jesus continua falando sobre as perseguições que os discípulos sofrerão. Estas advertências estão inseridas na fala de Jesus ao fazer o envio missionário. As provações dos discípulos de Jesus têm um alcance escatológico, isto é, anteciparão não só a destruição de Jerusalém, mas também a própria Parusia. Os discípulos serão perseguidos, tanto pelas sinagogas judaicas, como por reis e governadores gentios.
Nos evangelhos sinóticos encontramos conjuntos de textos escatológicos, com estilo apocalíptico, que prenunciam o fim dos tempos, de maneira trágica, com a volta do "Filho do Homem". Este estilo literário reproduz a forma encontrada no Primeiro Testamento, no qual, a partir do Dia de Javé, dia de terror para o mundo, porém, de glória para Israel, se elaborou uma literatura apocalíptica. A presença destes textos no Segundo Testamento é o reflexo da antiga tradição das primeiras comunidades de convertidos do judaísmo. Tais textos são encontrados, em bloco, nos "discursos escatológicos", em Mateus (cap. 24-25) e em Marcos (cap. 13), e em dois discursos em Lucas. A invariabilidade das sentenças dos textos, nos três evangelhos, leva a supor que os evangelistas recorreram às mesmas fontes de tradição, especificamente escatológicas.
O discurso escatológico em Marcos prioriza o prenúncio da destruição de Jerusalém, à qual é associada a vinda do Filho do Homem. No discurso escatológico de Mateus, as sentenças sobre a destruição de Jerusalém e sobre a vinda do Filho do Homem estão entremeadas. Lucas, em um primeiro discurso, destaca o tema escatológico da vinda do Filho do Homem (17,22-37) e, em outro, retoma este tema a partir do tema da destruição de Jerusalém, incluindo também a perseguição contra os discípulos missionários (21,5-36). No início do ministério de Paulo havia uma expectativa da volta iminente de Jesus, a parusia. Contudo, essa expectativa surtiu efeito negativo, na medida em que muitos passaram a viver uma vida ociosa e desordenada. Com o tempo, a expectativa da parusia foi desaparecendo, dando lugar à consciência da presença atual de Jesus nas comunidades dos discípulos, que lutam por um mundo novo possível.
O testemunho, nas perseguições e diante dos tribunais, não é resultado da eloqüência, mas, sim, do abandono confiante nas mãos de Deus. É o próprio Jesus é que dá ao discípulo as palavras adequadas a serem proferidas diante dos tribunais. Lucas tinha em mente o testemunho de Estevão e outros mártires. As comunidades dos discípulos, comprometidas com a missão, ao longo da história, têm vivido sob as diversas provações impostas pelos poderosos. A perseverança nas tribulações, suportadas em nome de Jesus, é o caminho para a vida. Dá-me Senhor a graça da perseverança nas tribulações afim de que eu tenha vida plena em Vós.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 21,5-11 - 26.11.2013 - Não ficará pedra sobre pedra.

Verde. 3ª-feira da 34ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Lc 21,5-11



+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,5-11

Naquele tempo:
5Algumas pessoas comentavam a respeito do Templo
que era enfeitado com belas pedras
e com ofertas votivas.
Jesus disse:
6'Vós admirais estas coisas?
Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra.
Tudo será destruído.'
7Mas eles perguntaram:
'Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal
de que estas coisas estão para acontecer?
8Jesus respondeu: 'Cuidado para não serdes enganados,
porque muitos virão em meu nome, dizendo:
'Sou eu!' - e ainda: 'O tempo está próximo.'
Não sigais essa gente!
9Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções,
não fiqueis apavorados.
É preciso que estas coisas aconteçam primeiro,
mas não será logo o fim.'
10E Jesus continuou:
'Um povo se levantará contra outro povo,
um país atacará outro país.
11Haverá grandes terremotos,
fomes e pestes em muitos lugares;
acontecerão coisas pavorosas
e grandes sinais serão vistos no céu.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 21, 5-11

Não podemos por na realidade material o sentido final da nossa vida e a causa da nossa felicidade, pois o mundo material é transitório e só encontra o seu verdadeiro sentido enquanto é relacionado com o definitivo, ou seja, o mundo espiritual, e contribui para que a pessoa encontre nos valores que não são transitórios a causa da sua vida e da sua felicidade. Assim, devemos ser capazes de submeter os valores transitórios aos valores definitivos, pois somente eles podem nos garantir a nossa plena realização.



HOMILIA
JESUS FALA DA DESTRUIÇÃO DO TEMPLO Lc 21,5-11

Este discurso introduz a narrativa da Paixão, que é uma tradição com características próprias, que circulava entre as primeiras comunidades.
O Templo era a sede do judaísmo no tempo de Jesus. Ele já denunciara que o Templo tornara-se um antro de ladrões (cf. 23 nov.). Sua palavra sobre a destruição do Templo, além do fato histórico, tem o sentido do abandono da antiga doutrina emanada do Templo para dar lugar à novidade de Jesus. As religiões excludentes, que consolidam grupos privilegiados religiosos ou raciais, são descartadas para a grande revelação do Deus de amor universal, que chama a si todos os povos e todas as raças, comunicando-lhes sua vida divina e eterna.
A fala de Jesus é motivada pela admiração que a grandiosidade do Templo causava nas pessoas. Todo poder tem como arma a ostentação de riqueza. A ostentação do Templo levava as pessoas a admirarem, se curvarem e se submeterem. Porém, toda ostentação será destruída, pedra por pedra, torre por torre. Jesus já denunciara que o Templo de Jerusalém tornara-se um antro de ladrões. A palavra de Jesus sobre a destruição do Templo, além de sua associação a um fato histórico acontecido, tem o sentido do abandono da antiga doutrina emanada do Templo para dar lugar à novidade de Jesus.
Após a menção do Templo, Jesus descarta que o advento de falsos profetas ou de guerras e abalos telúricos sejam sinais da proximidade do fim.
Assim, os discípulos devem despertar para a presença atual do Filho do Homem, na pessoa de Jesus, transformando o mundo por sua palavra e sua prática amorosa.
Pai, teu Filho Jesus é sinal de tua presença no meio da humanidade. Que eu saiba acolhê-lo como manifestação de tua misericórdia, e só nele colocar toda a minha segurança. Pois o cenário deste mundo passará e deixará ruínas. Só no Céu encontraremos todas as belezas eternas.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

domingo, 24 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 21,1-4 - 25.11.2013 - Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas moedas.

Verde. 2ª-feira da 34ª Semana Tempo Comum
Evangelho - Lc 21,1-4

Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas moedas.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,1-4

Naquele tempo:
1Jesus ergueu os olhos e viu pessoas ricas
depositando ofertas no tesouro do Templo.
2Viu também uma pobre viúva
que depositou duas pequenas moedas.
3Diante disto, ele disse:
'Em verdade vos digo que essa pobre viúva
ofertou mais do que todos.
4Pois todos eles depositaram, como oferta feita a Deus,
aquilo que lhes sobrava.
Mas a viúva, na sua pobreza,
ofertou tudo quanto tinha para viver.'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 21, 1-4

Muitas vezes somos injustos com as pessoas porque fazemos do elemento quantitativo a principal fonte dos nossos juízos e das nossas decisões em relação a elas. Assumindo os critérios do mundo, o número cada vez mais torna-se o principal critério para a nossa avaliação. Jesus nos mostra que diante de Deus, devemos pensar de forma diferente. Não é o quanto foi dado que manifesta a generosidade da pessoa, mas o como, o porquê e o significado da quantia que são realmente importantes, pois nos revela o relacionamento da pessoa com Deus e o seu envolvimento com ele.



HOMILIA
A OFERTA DA VIÚVA POBRE Lc 21,1-4

Hoje, aprendemos de Jesus, o verdadeiro valor das coisas materiais. Parado à porta do Templo, Jesus observava o comportamento das pessoas que chegavam para participarem do culto. Perto de Jesus estava uma caixa para a coleta das ofertas que serviriam para a manutenção do Templo e, para socorrer os que estivessem necessitados. Ali, cada um colocava a sua contribuição livremente, de acordo com a sua vontade. Percebeu então Jesus, que muitos ricos depositaram boas quantias e que os pobres também contribuíam. E, uma viúva pobre, por fim aproxima-se do cofre e deposita duas únicas moedinhas que tinha em sua bolsa. Jesus, após o culto, chama os seus apóstolos e lhes diz : Em verdade vos digo, que esta viúva pobre depositou muito mais do que todos os outros juntos pois, todos deram das sobras que sempre Têm, mas ela, deu tudo o que tinha, todo o seu sustento.
Desta lição concluímos lição que, a doação tem que representar, verdadeiramente, a vontade do nosso coração. Às vezes, sentimos muito quando presenciamos certas cenas que nos chocam, devido ao tamanho do sofrimento que um nosso irmão possa estar passando. Em vários locais que freqüentamos, não estamos livres de presenciar a dor o o sofrimento que deprimem e sufocam pessoas como nós, porém, que as adversidades da vida, o que presenciamos dói muito na carne e no espírito daqueles sofredores.
E, ficamos horrorizados, condoídos e com muita pena, com muito dó, mas, mesmo chegando até às lágrimas, a maioria, enxugando os olhos e limpando a garganta, sai abatida e com muita dor no coração, porque mesmo não estando naquele estado, leva uma vida muito apertada, com muita luta e coragem, conseguindo sobreviver e, , mesmo tendo muito pouco recurso sempre são os que mais ajudam. Mas, a minoria, privilegiada, ignora aqueles sofredores e, até lastimam aquele quadro que enfeia a sua cidade; que mancha o bom nome que ela tem, mas com raras exceções, procuram ajudar àqueles desfavorecidos, mesmo tendo dinheiro e posição social que pode lhes dar condições de acionar as autoridades, para conseguir mudar o tratamento destinado àqueles que nada têm. Gastam, gastam, gastam, mas não gostam de partilhar.
Por isso Jesus fala que os ricos deram do que lhes sobrava. Isso não é dar com amor; é preciso partilhar. Não basta ter dó; não basta Ter pena; não basta chorarmos compadecidos; como muitos fazem nos velórios abraçam e deixam uma mensagem para os parentes e, depois, falam mal dos defuntos, comentando sobre a sua vida. Isso não muda nada na vida dos que sofrem as marcas de um esquema social que os coloca à margem dos planos dos que dirigem esta e outras nações. Que têm os mesmos problemas no mundo inteiro. Com auxílio material, com boa vontade de os ouvirmos e falarmos com carinho e muito amor cristão, alguma coisa sempre se pode fazer. É preciso partilhar o Deus que trazemos dentro de nós, com aqueles que encontramos nas esquinas da vida.
Que triste alguém que vem à casa do Senhor e tem a sua oferta rejeitada, porque com Deus não se pode barganhar, ou se oferece a oferta a adoração de coração, com a vida ligada a Ele ou então melhor que nem ofereça, o que essas pessoas não entendem, é que Deus nunca precisou e nem precisa de recursos puramente humanos para levar a sua palavra, para levar a sua igreja por esta terra por nossa era, mas o que ele sempre procurou e procura ainda hoje, são os verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade, ele sempre procurou corações abertos que não se rendam as coisas desse mundo, mais que se dediquem a Ele em todos os momentos de sua vida, o Senhor nunca se preocupou com a quantidade da oferta, mas sim com a qualidade dessa, era só aquilo que a viúva tinha, e foi para essa oferta que Deus atentou. O que é que nós temos para oferecer ao Senhor? Ofereçamos de todo o coração, para que possa chegar a nossa oferta em cheiro suave diante do nosso Deus!

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sábado, 23 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 23,35-43 - 24.11.2013.- Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado.

Branco. 34º Domingo - Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo Tempo Comum

Evangelho - Lc 23,35-43

Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 23,35-43

Naquele tempo:
35Os chefes zombavam de Jesus dizendo:
'A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo,
se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!'
36Os soldados também caçoavam dele;
aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre,
37e diziam: 'Se és o rei dos judeus,
salva-te a ti mesmo!'
38Acima dele havia um letreiro:
'Este é o Rei dos Judeus.'
39Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo:
'Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!'
40Mas o outro o repreendeu, dizendo:
'Nem sequer temes a Deus,
tu que sofres a mesma condenação?
41Para nós, é justo,
porque estamos recebendo o que merecemos;
mas ele não fez nada de mal.'
42E acrescentou: 'Jesus, lembra-te de mim,
quando entrares no teu reinado.'
43Jesus lhe respondeu: 'Em verdade eu te digo:
ainda hoje estarás comigo no Paraíso.'
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
“Meu reino não é deste mundo”.

A solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, é a festa de encerramento do ano litúrgico.
Há nos evangelhos um único texto em que Jesus assume o título de rei: “O sumo sacerdote o interrogou de novo: ‘És tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?’ Jesus respondeu: ‘Eu sou’” (Mc 14,61-62). De resto, Jesus rejeita para si o título de rei que pudesse identificá-lo com a esperança de restaurar a monarquia davídica e a libertação do país da dominação estrangeira. Jesus rejeita todos os títulos que poderiam fazer pensar no desejo de poder (Mc 1,25.34.44; 3,12; 5,43; 7,36; 8,26.30). O poder observado no mundo não é o vivido por Jesus e proposto aos seus discípulos: “Para vós, não será assim” (ver: Lc 22,24-27). Jesus se distancia de toda forma de poder e distingue a concepção de poder da comunidade dos discípulos com a comum dos “grandes deste mundo”. O que deve ser buscado por toda a Igreja é a prioridade do serviço: “O maior é aquele que serve” (Lc 22,27). Perguntado por Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?” (Jo 18,33), Jesus responde: “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). A única realeza que Jesus aceita é a da cruz. Os evangelhos recordarão, então, a inscrição sobre a cruz: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus” (Mt 27,37; Mc 15,26; Lc 23,38; Jo 19,19-22). A partir da cruz, sobre o título de rei, não paira nenhuma ambigüidade, pois a realeza de Jesus é o serviço até a entrega radical da própria vida, como ato de amor supremo. Jesus, Rei do universo, inaugura um modo de vida que não admite o gosto do poder, tal qual “as nações” o compreendem.
As três interpelações dos que zombavam de Jesus (vv. 35.37.39) lembram as interpelações do relato das tentações (cf. Lc 4,1-13). Isto pode nos fazer compreender que a cruz do Senhor é o lugar da tentação suprema que ele vence: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito” (23,46). No relato das tentações como na paixão, a tentação é a mesma: usar o poder em benefício próprio, usar da condição de Filho de Deus e de Messias para si mesmo. O silêncio do Senhor sobre a cruz ante as interpelações e zombarias é expressão de sua rejeição de todo poder mundano que o desviasse de realizar a vontade do Pai. A cruz é o lugar em que se exerce a realeza tipicamente jesuânica: o poder de salvar, de dar a vida. À súplica do malfeitor: “... lembra-te de mim, quando começares a reinar” (v. 42), Jesus responde: “... hoje estarás comigo no Paraíso” (v. 43; cf. Lc 4,21).
Carlos Alberto Contieri, sj



A FESTA DO AMOR DOAÇÃO Lc 23,35-43
HOMILIA

Cristo é nosso Rei por aclamação. Jesus durante toda a sua atividade pública falava do seu Reino. E o apresentou como uma pedra preciosa e um tesouro num campo: bens preciosos escondidos; o que torna bastante interessante e desafiadora a busca deste reino, e não impossível a sua descoberta para quem o procura. O tesouro, obviamente, é o próprio Jesus; e, no Evangelho de hoje, vemos claramente como este tesouro está escondido, pois, é preciso ver com os olhos da fé para entender que um homem pendurado numa cruz, que sofre por horas a condenação à morte com uma das penas mais humilhantes, parecendo nada mais que um derrotado, um perdedor, rejeitado e desprezado, seja verdadeiramente um Rei. Para a lógica do mundo, isto é um absurdo.
Esta lógica é a dos chefes judaicos. Enquanto o povo observava tudo aquilo com grande dificuldade de compreensão, os chefes do povo caçoavam de Jesus, dizendo: “a outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o escolhido!”; mas, no fundo, não acreditavam naquilo que diziam, por isso mesmo, o provocavam e o insultavam.  Também os soldados faziam algo semelhante, mas como não eram judeus, até o chamavam de “rei dos judeus”, e pediam que ele se salvasse por si só. Pediam para que ele mostrasse o seu poder. Até mesmo a escrita colocada sobre a cruz: “este é o rei dos judeus”, era uma maneira de ofensa. Nesta mesma direção, um dos malfeitores que estava sendo crucificado junto com Jesus, o insultava pedindo com ironia pra que Jesus salvasse a si mesmo e a eles também, os dois malfeitores.
Realmente, a cruz põe uma grande interrogação sobre toda a obra precedente de Jesus, pois parece desmentir claramente tudo aquilo que ele fez e disse. Uma pessoa que está pendurada numa cruz preste a morrer, como pode salvar a outros? Quem depende da sua ajuda, vendo aquela cena, só poderia rir, encontrar uma outra ajuda ou se desesperar. É uma imagem bem diferente da que temos de rei na nossa mente. E agora?
Aparece, então, uma última fala que parece até um milagre. Pelo menos um dos presentes, diretamente envolvido na situação, já que também está sendo crucificado, compreende estar pertinho do tesouro da sua vida. É o outro malfeitor, que nós o chamamos “bom ladrão”, o qual consegue compreender aquele tesouro de graça, mesmo só nos últimos momentos de sua vida. Ele reconhece que aquele homem crucificado, que não desce da cruz, mas morre nela, é o seu Rei salvador. Ele tem fé em Jesus Cristo. Sua oração testemunha isto: “Jesus, lembra- te de mim quando entrares no teu reinado”; é o que pede a Jesus condenado ao seu lado, que está sofrendo a mesma terrível morte vergonhosa. Ele está convencido de que Jesus não fez nada de mal e por isso, não merece morrer; e, que, por isso, Jesus não acaba com a morte, mas que é através dela que ele entrará no seu reino.
Assim, Jesus, com um último “decreto real” afirma, e assegura ao malfeitor que pediu o seu amor que ele provará da alegria do seu reino: “em verdade eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Jesus entrou no paraíso com um malfeitor, que na cruz conseguiu a fé. Que imagem forte! É uma imagem como esta que nos conscientiza claramente que nunca devemos condenar ninguém, nem a nós mesmos, mas sempre estar dispostos a aceitar o tesouro de Deus: o seu amor incondicional por nós. Na cruz, a obra de Jesus chega ao ponto mais alto. O crucificado mostra não ser um rei que garanta o bem estar terreno. Não salvou a si mesmo da cruz. Não nos preserva nem das enfermidades nem da morte. O seu poder refere-se a nossa vida com Deus. Jesus salva da queda do afastamento de Deus e reconduz à comunhão com ele. Quem busca isto nele, será salvo por ele, mesmo que seja um malfeitor. A festa de Cristo Rei, é a festa do deste amor que se doou por toda a humanidade.
Espírito de fidelidade ao Pai, faze o Reino acontecer na minha vida, como aconteceu com Jesus, levando-me a viver na absoluta submissão ao querer do Pai.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 20,27-40 - 23.11.2013 - Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

Verde. Sábado da 33ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Lc 20,27-40

Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 20,27-40

Naquele tempo:
27Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus,
que negam a ressurreição,
28e lhe perguntaram:
'Mestre, Moisés deixou-nos escrito:
se alguém tiver um irmão casado
e este morrer sem filhos,
deve casar-se com a viúva
a fim de garantir a descendência para o seu irmão.
29Ora, havia sete irmãos.
O primeiro casou e morreu, sem deixar filhos.
30Também o segundo
31e o terceiro se casaram com a viúva.
E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos.
32Por fim, morreu também a mulher.
33Na ressurreição, ela será esposa de quem?
Todos os sete estiveram casados com ela.'
34Jesus respondeu aos saduceus:
'Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se,
35mas os que forem julgados dignos
da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura,
nem eles se casam nem elas se dão em casamento;
36e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos,
serão filhos de Deus, porque ressuscitaram.
37Que os mortos ressuscitam,
Moisés também o indicou na passagem da sarça,
quando chama o Senhor 'o Deus de Abraão,
o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'.
38Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos,
pois todos vivem para ele.'
39Alguns doutores da Lei disseram a Jesus:
'Mestre, tu falaste muito bem.'
40E ninguém mais tinha coragem
de perguntar coisa alguma a Jesus.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 20, 27-40

Como todos nós vivemos num mundo marcado pelo materialismo, cada vez mais somos tentados a fazer da matéria a causa da nossa felicidade e nos fecharmos nessa realidade para analisar todas as coisas e, com isso, não somos capazes de ver outros caminhos para a felicidade ou até mesmo outras condições de vida que Deus pode nos conceder para o nosso bem, como é o caso da vida eterna. O erro que os saduceus cometeram e que aparece no evangelho de hoje é esse: se tornaram tão materialistas que ficaram incapazes de abrir o próprio coração para a proposta da vida plena que nos é feita pelo próprio Deus.



A PERGUNTA SOBRE A RESSURREIÇÃO Lc 20,27-40
HOMILIA

A propósito de uma pergunta capciosa dos seus adversários que negavam a ressurreição dos mortos, Jesus procura fazer-lhes compreender que, no mundo novo da ressurreição, as coisas estão fora e acima do nosso modo de pensar terreno. A ressurreição dos mortos pertence já a esse “mundo que há de vir” para além da morte, em que Deus vive como Deus de vivos, como Ele Se tinha revelado no episódio da sarça ardente, ao apresentar-Se a Moisés como Deus dos que tinham vivido antes, mas que para Ele são sempre vivos, Ele “o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob”.
Os saduceus, grandes proprietários de terras, formavam a elite dos sacerdotes(20,27-40). Não acreditavam na ressurreição, e propõem a Jesus um caso difícil, para mostrar que é absurdo crer na ressurreição. Jesus retifica a questão, mostrando que a vida da ressurreição não deve ser concebida como mera cópia da vida na dimensão presente. E os mortos ressuscitam? Referindo-se à célebre forma “Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó”, Jesus mostra que, sendo Deus dos vivos e da Vida, também Abraão, Isaac e Jacó devem estar vivos com ele. Com efeito, o sentido de toda a criação é viver para Deus, e essa vida não conhece fim. Ruma para a plenitude, sempre. O que está com Deus está vivo para gozar a vida em abundância.
            Os saduceus queriam embaraçar Jesus fazendo perguntas a partir da prática do levirato (Dt 25.5-6). No livro do Deuteronômio está ordenado que, no caso de um irmão falecer sem descendência, é a obrigação de um irmão casar com a viúva para dar o nome à família. Se, nessa prática, uma viúva casar sucessivamente, de quem será a mulher na ressurreição? Jesus afirma a ressurreição (vv. 35-37), e mostra aos saduceus que as instituições pertencentes a esta ordem das coisas não continuarão pós-ressurreição. Em outras palavras, as instituições terrenas não continuarão no céu, que é o mundo da justiça plena. O mundo onde está presente o Reino de Deus. Todas as instituições e poderes são transitórios e provisórios, ainda.
            A continuidade entre o agora e o então está em Deus e na sua graça. E Jesus faz excursão mais profunda no Pentateuco, lembrando-os do que Moisés disse a respeito de Deus como o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó. A ressurreição é contrastada, por isso, pela imposição da morte; pelos determinismos e fatalismos da cultura, da religião, da política corrompida, nos sistemas de pensar. A ressurreição é a dádiva da vida e vem de Deus. Assim, à luz da ressurreição, a vida é vista e vivida sob o poder da graça. Em Lucas a ênfase recai na expressão: “não podem mais morrer” com referência aos filhos da ressurreição.
            Pai, és Deus da vida e Deus dos vivos, e queres todos os seres humanos em comunhão contigo para sempre. Ajuda-me a viver, já nesta vida, esta comunhão eterna.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 19,45-48 - 22.11.2013 - Fizestes da casa de Deus um antro de ladrões.

Verde. 6ª-feira da 33ª Semana Tempo Comum
Sta. Cecília VgMt, memória

Evangelho - Lc 19,45-48

Fizestes da casa de Deus um antro de ladrões.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 19,45-48

Naquele tempo:
45Jesus entrou no Templo
e começou a expulsar os vendedores.
46E disse: 'Está escrito:
'Minha casa será casa de oração'.
No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões.'
47Jesus ensinava todos os dias no Templo.
Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis do povo
procuravam modo de matá-lo.
48Mas não sabiam o que fazer,
porque o povo todo ficava fascinado
quando ouvia Jesus falar.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 19, 45-48

Existem muitas pessoas que se vangloriam do fato de participar ativamente da Igreja, possuir ministérios ou ter um cargo importante na comunidade eclesial. Mas infelizmente, existem pessoas que usam do fato da pertença na comunidade para substituir as relações de serviço por relações de poder, para dominar, oprimir, buscar promoção pessoal e desvalorizar as outras pessoas que fazem parte da comunidade. A religião para essas pessoas é uma forma não de adorar ao Deus vivo e verdadeiro, mas sim de promover o culto a si próprio e buscar a satisfação dos seus próprios interesses. A esses diz Jesus: "sofrerão a mais rigorosa condenação".



JESUS NO TEMPLO Lc 19,45-48
HOMILIA

Naquele tempo a celebração da Páscoa acontecia anualmente no templo em Jerusalém. Era uma das três festas anuais que exigiam o comparecimento de todos os homens, sendo as outras a festa de Pentecostes e a dos Tabernáculos. A festa da Páscoa comemorava a saída dos judeus da escravidão no Egito (Êxodo 12:1-13) e começava aproximadamente no décimo quarto dia de abril em nosso calendário, durando sete dias ao todo. A Páscoa propriamente era celebrada no dia inicial, seguindo-se depois a festa dos Pães Ázimos.
            Muitas judeus com suas famílias viajavam do mundo inteiro para Jerusalém durante essas festas. Assim, durante a Páscoa, a área do templo ficava sempre abarrotada com milhares de visitantes além dos seus habitantes.
            Todo israelita de vinte anos para cima tinha que pagar anualmente na tesouraria sagrada do templo meio siclo como um oferecimento ao Senhor (Êxodo 30:13-15), e isto com a tradicional e antiga moeda hebraica deste valor exato. O povo também era obrigado a oferecer animais como sacrifício pelos pecados. Muitos não podiam trazer consigo seus animais porque vinham de longe, ou porque não dispunham de animais nas perfeitas condições exigidas.
            Havia, portanto, grande procura de moedas de meio siclo assim como de animais próprios para os sacrifícios e holocaustos na festa da Páscoa. Para facilitar o comércio, os líderes religiosos permitiam que cambistas de moedas e comerciantes montassem suas bancas e barracas na corte dos gentios no templo, mediante um aluguel. Era lucrativo para os negociantes e rendoso para os sacerdotes, à custa dos que vinham oferecer sacrifício. O templo de Deus estava sendo usado de forma inadequada, e a perseguição do ganho material e o uso de práticas gananciosas predominavam. A Casa de Deus tinha se tornado uma espécie de bolsa de mercadorias ou feira livre.
            O Senhor indignou-se com isto e, tendo feito um chicote de cordas, expeliu todos do templo com seus animais, espalhou o dinheiro dos cambistas e virou-lhes as mesas, dizendo aos que vendiam as pombas “tirai daqui estas coisas: não façais da casa do meu Pai casa de negócio”, pois estavam fazendo um escárnio da casa de Deus. Ao término do seu ministério, aproximadamente três anos mais tarde (Mateus 21:12-17; Marcos 11:12-19; Lucas 19:45-48), Ele repetiu esta “limpeza”, pois o motivo de lucro daquela gente era mais forte que o desejo de conservar a santidade do templo.
            Deus sempre preveniu seu povo contra o uso do culto a Ele para o seu próprio enriquecimento. O que o Senhor fez naquelas ocasiões não foi cruel ou injusto, mas era apenas a manifestação da sua santidade e justiça, o que fez com que seus discípulos se lembrassem do versículo no Salmo 69:9… “o zelo da tua casa me devorou”. Este salmo é citado dezessete vezes no Novo Testamento e é um dos seis salmos mais citados no Novo Testamento.
            Jesus tinha amplos motivos para dizer que os comerciantes gananciosos haviam transformado o templo de Deus num “covil de salteadores”. Para poder pagar o imposto do templo, os judeus e os prosélitos procedentes de outros países tinham de trocar seu dinheiro estrangeiro por moeda aceitável. Os cambistas operavam negócios lucrativos, cobrando uma taxa para cada moeda cambiada. Jesus os chama de salteadores, sugere que as taxas deles eram tão excessivas, que na realidade extorquiam dinheiro dos pobres.
            Alguns não podiam levar seus próprios animais para ser sacrificados. Todos que os levavam tinham de submetê-los a um exame feito por um inspetor no templo por uma taxa. Muitos que não queriam arriscar-se a ter um animal rejeitado depois de trazê-lo de longe, compravam um leviticamente “aprovado” dos negociantes corruptos no templo. Muitos dos camponeses pobres eram bem enganados ali.
            Há evidência de que o ex-sumo sacerdote Anás e sua família tinham capital investido nos comerciantes no templo. Escritos rabínicos falam de “bazares dos filhos de Anás [no templo]”. O lucro que recebiam dos cambistas e da venda de animais na área do templo era uma das suas principais fontes de renda. A ação de Jesus, de expulsar os comerciantes, não só tinha por alvo o prestígio dos sacerdotes, mas também os bolsos deles. Não será que esta cena ainda se repete em nossos dias nas festas dos padroeiros em nossas paróquias e capelas?
            Espírito purificador, tira do meu coração toda sorte de maldade e de egoísmo, que o tornam indigno de ser morada de Deus.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla



PRIMEIRA LEITURA



SALMO

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 12,46-50 - 21.11.2013 - E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: 'Eis minha mãe e meus irmãos.

Branco. Apresentação de Nossa Senhora, Memória

Evangelho - Mt 12,46-50

E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: 'Eis minha mãe e meus irmãos.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 12,46-50

Naquele tempo:
46Enquanto Jesus estava falando às multidões,
sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora,
procurando falar com ele.
47Alguém disse a Jesus:
'Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora,
e querem falar contigo.'
48Jesus perguntou àquele que tinha falado:
'Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?'
49E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse:
'Eis minha mãe e meus irmãos.
50Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai,
que está nos céus,
esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.'
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
“do lado de fora” .

O texto nos lembra o final do longo discurso sobre a montanha (5,7): “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor!, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o que fez a vontade do meu Pai que está nos Céus” (7,21).
Num texto próprio a Marcos, ele nos dá a razão pela qual a parentela de Jesus vai ter com ele. O contexto é a multidão que incessantemente acorre a Jesus a ponto de não poderem, ele e seus discípulos, alimentar-se. A sua família toma a decisão de ir buscá-lo para levá-lo para casa, pois pensavam que ele estivesse “fora de si” (Mc 3,20-21). Observamos que o termo irmão, na linguagem bíblica, abrange os parentes.
Chegados os familiares acompanhados da mãe de Jesus eles são anunciados.
Por duas vezes se diz que estão “do lado de fora” (vv. 46.47). Esta sutil observação parece-nos importante: distante de Jesus, sem ouvir sua palavra, seus ensinamentos, sem contemplar o que ele faz em favor da multidão, sem se deixar tocar por ele, tudo parece loucura. É preciso se aproximar, entrar no “círculo” de Jesus, se aproximar e se deixar envolver por sua palavra, para poder fazer a experiência de que “o que é loucura no mundo, Deus escolheu para confundir o que é forte” (1Cor 1,27).
A família que Jesus reúne ultrapassa os laços de sangue; é “todo aquele que faz a vontade do Pai que está nos céus” (v. 59).
Carlos Alberto Contieri, sj



HOMILIA
A MÃE E OS IRMÃOS DE JESUS Mt 12,46-50

Vemos neste texto de hoje que JESUS é interrompido de um sermão por alguém que diz: A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor.
O que Ele disse quando foi informado que Sua mãe e Seus irmãos estavam ali, nesta ocasião, parece consistir em desprezo aos seus familiares, mas na realidade o significado é mais profundo do que isso.
Ao declarar que todo aquele que faz a vontade de Deus é a Sua família, Ele não estava renunciando à Sua família segundo a carne. Como filho mais velho, Ele continuou a cuidar do bem estar da Sua mãe. Isto foi comprovado quando, ao dar a Sua vida na cruz, Ele passou essa responsabilidade ao discípulo a quem ele amava.
Simplesmente Jesus define claramente que o parentesco de ordem humana, seja a mãe, os irmãos ou irmãs que ele tinha, não tem qualquer significação no Reino de Deus.
O relacionamento mais chegado do Senhor Jesus é com o Seu Pai, que está nos céus, o próprio Deus Pai. O único “parentesco” permanente que Ele pode ter é de ordem espiritual - e é com aqueles que fazem a vontade de Deus. A estes, Ele chama de meus irmãos.
Deixando de lado os laços sangüíneos, representado pelo parentesco segundo a carne com sua mãe e seus irmãos, o Senhor Jesus passará agora a ampliar o Seu ministério a todos aqueles que O receberem, sem distinção entre judeus e gentios. Não se dará mais exclusividade a Israel, devido à sua incredulidade e rejeição.
O relacionamento segundo a carne passa a ser inteiramente superado por afinidades espirituais. A obediência a Deus é agora o fator predominante e definitivo para estabelecer tais afinidades, sem outra distinção qualquer.
O mesmo se aplica a todo aquele que recebe Cristo como o seu Senhor e Salvador. Ele disse: Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. Nosso relacionamento espiritual com Cristo produz um vínculo maior do que nosso parentesco de sangue.
Um aspecto muito importante que deve ser esclarecido é sobre os irmãos de Jesus. Há dias uma das assíduas comentadoras da homilia diária perguntava sobre este aspecto.
Os irmãos de Jesus, como fica claro pelo próprio texto bíblico, eram filhos de Alfeu e sua esposa, e não de José e Maria. A dúvida sobre se Maria teve outros filhos só revela a Em diversos lugares o Evangelho fala desses ‘irmãos’. Assim, S. Marcos e S. Lucas referem que ‘estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos que querem ver-te” (Mt 12, 46-47; Mc 3, 31-32; Lc 8, 19-20; e também em Jo 7, 1-10).
Toda a pessoa que pergunte sobre os irmãos de Jesus somente revela a sua ignorância da própria Bíblia. Até porque as línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que traduzam o nosso ‘primo’ ou ‘prima’, e serve-se da palavra ‘irmão’ ou ‘irmã’.
No Antigo Testamento encontramos e sobretudo em Gn 37, 16; 42, 15; 43, 5; 12, 8-14; 39, 15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23, 21), e primos segundos (Lv 10, 4) - e até ‘parentes’ em geral (Job 19, 13-14; 42, 11). Há muitos exemplos na Sagrada Escritura. Lê-se no Gêneses que ‘Taré era pai de Abraão e de Harão, e que Harão gerou a Lot (Gn 11, 27), que, por conseguinte, vinha a ser sobrinho de Abraão. Contudo, no mesmo Gênesis, mais adiante, chama a Lot ‘irmão de Abraão’ (Gn 13, 3). ‘Disse Abraão a Lot: nós somos irmãos” (Gn 14, 14). Jacó se declara irmão de Labão, quando, na verdade, era filho de Rebeca, irmã de Labão (Gn 29, 12-15).
No Novo Testamento, fica claríssimo que os ‘irmãos de Jesus’ não eram filhos de Nossa Senhora. Os supostos ‘irmãos de Jesus’ são indicados por S. Marcos: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão e não estão aqui conosco suas irmãs?” Tiago e Judas, conforme afirma S. Lucas, eram filhos de Alfeu e Cleófas: ‘Chamou Tiago, filho de Alfeu… e Judas, irmão de Tiago” (Lc 6, 15-16). E ainda: “Chamou Judas, irmão de Tiago” ( Lc 6, 16). Quanto a ‘José’, S. Mateus diz que é irmão de Tiago: “Entre os quais estava… Maria, mãe de Tiago e de José (Mt 27, 56). Em S. Mateus se lê: “Estavam ali (no calvário), a observar de longe…., Maria Mágdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu”. Essa Maria, mãe de Tiago e José, não é a esposa de S. José, mas de Cleofas, conforme S. João (19, 25). Era também a irmã de Nossa Senhora, como se lê em S. João (19, 25): “Estavam junto à Cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria (esposa) de Cleofas, e Maria de Mágadala”. Simão, irmão dos três outros, ‘Tiago, José e Judas’ são verdadeiramente irmãos entre si, filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Alfeu ou Cleophas é o pai deles.
Da mesma forma, se Nossa Senhora tivesse outros filhos, ela não teria ficado aos cuidados de S. João Evangelista, que não era da família, mas com seu filho mais velho, segundo ordenava a Lei de Moisés. Eis um dilema sem saída para os protestantes, pois os ‘irmãos de Jesus’ são filhos de Maria Cléofas e Alfeu.
Também decorre uma pergunta: Por que nunca os evangelhos chamam os ‘irmãos de Jesus’ de ‘filhos de Maria’ ou de ‘José’, como fazem em relação à Nosso Senhor? E por que, durante toda a vida da Sagrada Família, apenas conta-se três membros: Jesus, Maria e José?
A própria Sagrada Escritura demonstra que os supostos ‘irmãos’ de Jesus são seus primos e não seus irmãos carnais. Sua afirmação de que o trecho de S. Mateus tem duas passagens, uma referindo-se à filiação carnal e a segunda à filiação espiritual fica sem sentido, visto que não conferem com o texto bíblico. Até porque o parentesco de sangue não é sequer mencionado pelos seus irmãos nas cartas que escreveram e que se encontram no Novo Testamento, indicando que não davam valor a isso. Ao invés disso, eles se dizem servos de Jesus Cristo.
Portanto, Maria, é o templo divino, onde Deus fez sua morada. Nela, Deus realizou a nova e eterna aliança que é Jesus, trazendo-nos por meio de Seu Filho a salvação. Maria viveu para Deus, cumprindo sua vontade e colaborando com Ela na redenção. Hoje celebramos sua apresentação no Templo. Ela era o templo de Deus, catedral iluminada, sonho do Pai eterno.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla



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