quinta-feira, 27 de março de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 18:9-14 - 29.03.2025

Liturgia Diária


29 – SÁBADO 

3ª SEMANA DA QUARESMA


(roxo – ofício do dia)


Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! Pois ele te perdoa toda culpa (Sl 102,2s).


Elevados pelo chamado à transcendência, coloquemo-nos, com espírito livre e consciência desperta, diante da Fonte Suprema, reconhecendo as limitações que desafiam nossa jornada. Que o anseio pelo aprimoramento contínuo guie nossa senda, impulsionando-nos à plenitude do ser, onde a oração se torna expressão autêntica da verdade interior. Na comunhão com o Verbo eterno, cultivemos a razão e a vontade iluminada, buscando a harmonia entre fé e discernimento. Que a ascensão espiritual seja fruto da liberdade responsável, onde cada escolha reflete a dignidade inalienável do espírito que, no Amor primordial, encontra sua realização última.



Evangelium secundum Lucam 18,9-14

9 Dixit autem et ad quosdam, qui in se confidebant tamquam justi, et aspernabantur ceteros, parabolam istam:
E disse também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos como justos e desprezavam os outros:

10 Duo homines ascenderunt in templum ut orarent: unus pharisæus, et alter publicanus.
Dois homens subiram ao templo para orar: um fariseu e outro publicano.

11 Pharisæus stans hæc apud se orabat: Deus, gratias ago tibi, quia non sum sicut ceteri hominum, raptores, injusti, adulteri, velut etiam hic publicanus:
O fariseu, de pé, orava consigo mesmo desta forma: Deus, dou-te graças porque não sou como os outros homens, ladrões, injustos, adúlteros, nem como este publicano.

12 Jejuno bis in sabbato: decimas do omnium quæ possideo.
Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo o que possuo.

13 Et publicanus a longe stans, nolebat nec oculos ad cælum levare: sed percutiebat pectus suum, dicens: Deus, propitius esto mihi peccatori.
Mas o publicano, estando longe, não queria nem levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Deus, sê propício a mim, pecador.

14 Dico vobis, descendit hic justificatus in domum suam ab illo: quia omnis qui se exaltat, humiliabitur: et qui se humiliat, exaltabitur.
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.

Reflexão:

quia omnis qui se exaltat, humiliabitur: et qui se humiliat, exaltabitur.
Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado. (Lucas 18,14)

Essa sentença sintetiza a essência da parábola, revelando o princípio da verdadeira justiça: a elevação espiritual não vem da autossuficiência arrogante, mas da humildade autêntica diante do Absoluto.

O verdadeiro progresso não se constrói na ilusão da própria perfeição, mas na consciência lúcida da necessidade de crescer sempre. A liberdade interior não reside na exaltação da própria virtude, mas na busca sincera da verdade, que exige humildade para reconhecer limites e grandeza para superá-los. O homem não se define pelo que ostenta, mas pelo que se transforma. Quanto mais se esvazia da falsa segurança, mais se abre à plenitude do Ser. A ascensão não se faz por méritos aparentes, mas pela entrega confiante ao princípio supremo que ordena e eleva todas as coisas ao seu sentido mais alto.


HOMILIA

A Humildade como Caminho da Plenitude

O ser humano, ao longo de sua jornada, busca a elevação, mas frequentemente confunde grandeza com exaltação de si mesmo. O fariseu da parábola acreditava que sua retidão lhe conferia um estado superior, pois cumpria ritos e observâncias exteriores, medindo sua justiça pela inferioridade dos outros. No entanto, a verdadeira ascensão não está na comparação, mas na sincera disposição de crescer.

O publicano, ciente de suas falhas, não ousa levantar os olhos ao céu, pois compreende que sua essência não se realiza em autosuficiência, mas na abertura ao transcendente. Ele não se aferra a méritos aparentes, mas lança-se àquele que dá sentido à sua existência. E é esse ato de reconhecimento e entrega que o justifica.

A grande ilusão do homem é crer que pode estruturar-se em sua própria grandeza, quando, na realidade, a plenitude se encontra na liberdade de ser verdadeiro. Aquele que se apega ao próprio orgulho fecha-se à dinâmica do crescimento; aquele que se esvazia de sua vaidade encontra espaço para ser preenchido pelo que é eterno.

A ascensão do espírito não se dá por autoafirmação, mas por integração à ordem suprema do Amor, que é ao mesmo tempo origem e destino. Quem se humilha não anula sua dignidade, mas a expande ao reconhecer que só se é plenamente quando se está em comunhão com a fonte da Vida. E, ao se abandonar nessa luz, já não precisa proclamar sua grandeza, pois a própria verdade se encarrega de elevá-lo ao seu mais alto propósito.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Lei da Inversão: Humildade e Exaltação na Economia Divina

A afirmação de Cristo em Lucas 18,14 — "Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado." — revela uma das grandes leis espirituais que regem a relação entre o homem e Deus. Essa verdade não é apenas um princípio moral ou um ensinamento ético, mas a manifestação de uma realidade ontológica profunda: a humildade não é uma virtude acessória, mas a via de acesso ao ser pleno.

1. O Paradoxo da Humildade e Exaltação

A lógica divina opera por inversão em relação à lógica humana. No mundo, exalta-se aquele que acumula poder, conhecimento ou prestígio. Na economia divina, porém, a verdadeira grandeza não se mede pela autoafirmação, mas pela abertura ao Absoluto. O homem que se exalta crê possuir em si mesmo a razão última de sua dignidade e, ao fechar-se nessa ilusão, distancia-se da fonte que poderia realmente elevá-lo. Por outro lado, quem se humilha, não no sentido de uma anulação servil, mas na consciência de sua contingência, abre-se à graça e, assim, é elevado à verdadeira plenitude.

2. A Humilhação como Desapego da Ilusão do Eu

O orgulho exalta o homem na medida em que o faz crer autossuficiente. Essa exaltação, no entanto, é vazia, pois se fundamenta em algo perecível: o ego e suas construções ilusórias. A humilhação que se segue não é um castigo imposto por Deus, mas a consequência natural de uma existência fundamentada no transitório. Quando o homem edifica sua grandeza sobre si mesmo, descobre, mais cedo ou mais tarde, que sua base é frágil e destinada à queda.

A humildade, por outro lado, não consiste em uma negação do valor pessoal, mas no reconhecimento de que toda grandeza autêntica provém da integração ao princípio supremo do Amor. O humilde não se reduz à insignificância, mas encontra sua verdadeira identidade ao se colocar em relação com o Infinito.

3. Cristo como Modelo Supremo

Jesus encarna essa lei em sua própria vida: sendo o Verbo eterno, não reivindica para si glória mundana, mas assume a condição de servo (cf. Fl 2,6-11). Ele não se exalta segundo os critérios humanos, mas se entrega, e é precisamente essa entrega que o conduz à glória da ressurreição. Sua exaltação não é resultado de um poder autoimposto, mas da perfeita conformação à vontade do Pai.

Assim, o ensinamento de Lucas 18,14 é a chave da verdadeira realização humana. Não é a força própria que nos eleva, mas a adesão humilde à verdade maior que nos transcende. Somente aquele que se esvazia de si pode ser plenamente preenchido pelo Ser, e é nessa entrega que se encontra a verdadeira exaltação.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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