Ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
9,51-56
51Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu.
Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém
52e enviou mensageiros à sua frente.
Estes puseram-se a caminho
e entraram num povoado de samaritanos,
para preparar hospedagem para Jesus.
53Mas os samaritanos não o receberam,
pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém.
54Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram:
'Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu
para destruí-los?'
55Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os.
56E partiram para outro povoado.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 9,
51-56
A mentalidade dos homens é bem diferente da mentalidade de
Deus e o Evangelho de hoje nos mostra muito bem essa verdade. Deus não abandona
o homem ao poder do pecado e da morte, mas vem em seu socorro através do seu
próprio Filho que, com sua morte, destrói o pecado e a morte, e conquista para
todos nós a vida. Os apóstolos agem de maneira completamente diferente. Diante
da resistência do povo da Samaria em receber Jesus, querem que caia fogo do céu
e devore a todos. Os homens querem punição e morte, enquanto Deus quer
misericórdia e vida.
OS SAMARITANOS NÃO
RECEBEM JESUS Lc 9,51-56
HOMILIA
Lucas inicia a narrativa da caminhada de Jesus da Galiléia a
Jerusalém. Jesus toma a firme decisão de se dirigir ao centro do judaísmo,
Jerusalém e o Templo, para ali fazer seu anúncio libertador, em um confronto
direto com o estado teocrático judaico. Jesus sabia que com tal decisão
arriscava sua própria vida. "Ia se completando o tempo para ser elevado ao
céu": com esta afirmativa Lucas prepara sua própria e original narrativa
da Ascensão que será feita no livro de Atos. Ao atravessarem a Samaria, os discípulos
enviados a um povoado para preparar hospedagem devem ter cometido um equívoco.
Com sua visão triunfalista tradicional devem ter falado de um Jesus glorioso,
restaurador de Israel, o que suscitou a rejeição dos moradores, que eram
discriminados pelos judeus. E, ainda, com espírito vingativo, estes discípulos
queriam um fogo do céu para destruí-los. Jesus repreende-lhes esta sua
ideologia. O problema não estava nos samaritanos, mas na cegueira dos
discípulos enviados. O próprio Lucas, na parábola do samaritano, e, depois,
João em seu evangelho destacam a acolhida dos samaritanos a Jesus.
Neste Evangelho, mais uma vez Jesus mostrou que Deus não
quer exterminar ninguém, e não se compraz em liquidar com as pessoas. Ele
seguia firme para Jerusalém a fim de completar a Sua missão e sabia que a hora
da sua entrega já estava chegando. Porém, teria que ir, primeiro, para
Jerusalém, ser aclamado como Rei, e depois, ser condenado à morte pelo mesmo
povo que o aplaudira. Ele tinha consciência da sua missão. Os discípulos que O
acompanhavam não estavam entendendo nada. Os samaritanos, porque não se davam
bem com os judeus não aceitaram hospedar Jesus no povoado da Samaria.
Os discípulos, prepotentes como todos nós, insinuaram para
que Jesus fizesse algo contra os samaritanos. Queriam aproveitar-se do poder de
Jesus para revidarem aos samaritanos. Jesus, porém não os aprovou e os
repreendeu. Mesmo tendo todo o poder Jesus sabia ter bom senso e mudou a sua
rota evitando assim o confronto com os samaritanos. Que lição de humildade
Jesus nos dá: nós não nos conformamos quando somos rejeitados por alguém e
queremos logo dar o troco, nos valendo muitas vezes da nossa posição social, ou
financeira, achamos que podemos “mandar descer fogo do céu” para prejudicar a
quem nos feriu.
Qual a lição que você tira para a sua vida? – Você é uma
pessoa vingativa que quer dar o troco seja de que jeito for? – Você aceita
perder numa discussão, num jogo, numa competição? – Você, é daquelas pessoas
que evitam os conflitos ou dão tudo por uma confusão? – Você gosta de se
aproveitar de situações que o privilegiam.
Pai, livra-me de ser levado por impulso e pelas paixões ao
me deparar com quem se recusa a acolher a mensagem do Reino. Que a minha
mansidão possa conquistá-lo para ti.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
9,46-50
Naquele tempo:
46Houve entre os discípulos uma discussão,
para saber qual deles seria o maior.
47Jesus sabia o que estavam pensando.
Pegou então uma criança, colocou-a junto de si
48e disse-lhes:
'Quem receber esta criança em meu nome,
estará recebendo a mim.
E quem me receber,
estará recebendo aquele que me enviou.
Pois aquele que entre todos vós for o menor,
esse é o maior.'
49João disse a Jesus:
'Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome.
Mas nós o proibimos, porque não anda conosco.'
50Jesus disse-lhe:
'Não o proibais, pois quem não está contra vós,
está a vosso favor.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 9,
46-50
A lógica que nos é proposta por Jesus nos desafia a entender
as relações de autoridade e de poder de uma forma totalmente diferente da
proposta pelo mundo: autoridade significa conduzir as outras pessoas para uma
vida melhor e poder significa serviço e humildade. Com isso, o Evangelho nos
mostra que devemos nos afastar da opressão, da dominação e do autoritarismo do
poder pelo poder. O Evangelho de hoje também nos mostra que o fato de sermos a
Igreja de Jesus Cristo não nos dá o direito de nos apossarmos da sua pessoa e
da sua ação, uma vez que ele chama diferentes pessoas através de modos
diferentes para que, de diferentes modos, continue agindo no meio dos homens.
O MAIS IMPORTANTE Lc
9,46-50
HOMILIA
O Evangelho de hoje trata de um assunto que nunca sai de
moda: a vaidade, a soberba, o orgulho, a avareza, ou seja, dos sete pecados
capitais que se resume no desejo de ser grande. O desejo de se sentir
importante é um dos mais primitivos desejos do ser humano. Aliás, o ditado
popular diz que o coração do homem é insaciável de ambições. Quanto mais tem
mais quer.
Diferentemente da nossa maneira de pensar, olhar e ver humanos, Jesus
nunca olha para uma pessoa, mas sempre olha através da pessoa. Quando olhamos
para alguém, não percebemos o que aquela pessoa está passando, pensando,
sentindo. Isso nós só conseguimos saber quando nos anulamos e nos colocamos no
lugar da outra pessoa. Jesus foi, então, o maior de todos os psicólogos que já
existiu. Ele sondava o coração, e era capaz de ser aquela pessoa.
Na
passagem de hoje, Ele sondou o coração dos discípulos e sentiu que eles se
perguntavam quem, dentre os Doze, seria o maior. Eles eram humanos como nós, e
dentro do grupo, procuravam uma posição de destaque. Observe que Jesus não
coloca todos no mesmo patamar. Jesus admite que haja a possibilidade de alguém
ser maior que os outros. Existe uma hierarquia no Reino dos Céus! Mas essa
hierarquia é o inverso da nossa.
Aqui,
neste mundo, quanto maior for a sua posição, mais inacessível você se torna. Na
hierarquia de Jesus, quanto mais acessível você for, maior a sua posição. Viu
como inverte duplamente? Neste mundo, você cresce e se torna inacessível; no
Reino dos Céus, você se torna acessível e cresce!
Quando as
pessoas tiverem medo e resistência em falar com você, significa que algo está
errado. O primeiro passo é assumir. Se você não assumir, não vai conseguir nem
passar para o segundo passo: descobrir o porquê. A maioria das pessoas quer
interagir mais, ter mais e melhores amigos. Mas só o farão se encontrarem
abertura no seu coração. E isto pode ser na forma de um sorriso, uma
brincadeira ou até em você saber o nome da pessoa e chamá-la pelo nome. E esse
já é o terceiro passo: abrir-se. Em pouco tempo, você já vai ser tão solicitado,
que não vai dar nem conta de tanta responsabilidade.
O
missionário do Reino, portanto, não pode desprezar ninguém! A criança que Jesus
tomou em seus braços nesta passagem, representa não só as crianças, mas todos
os que são excluídos neste mundo.
Jesus nos
revela hoje a novidade do projeto de Deus: é um mundo de justiça, de vida plena
para todos, abolindo os privilégios daqueles que concentram poder a partir da
acumulação de riquezas ou do prestígio religioso. Percebe-se, nos Evangelhos,
que os discípulos vindos do judaísmo sempre tiveram dificuldades em
compreendê-lo. Estavam tomados pela ideologia messiânica nacionalista. Como
Jesus falou para eles sobre a fragilidade de sua condição humana, vulnerável ao
sofrimento e à morte, aludindo ao fim que pressentia acontecer em Jerusalém e
os discípulos não entenderam e logo em seguida, passam a discutir quem seria o
maior, pensando que Jesus estaria na iminência de conquistar o poder, assim
também Ele quer falar para nós. Jesus nos apresenta como exemplo e, sobretudo,
condição para sermos os maiores no Seu Reino o olhar puro e simples de uma
criança. A criança como símbolo e modelo de humildade e exclusão do Reino dos
Céus. Somos chamados a viver dedicados ao serviço, sem pretensões ao poder e a
privilégios.
Pai, que
eu busque sempre destacar-me no serviço ao meu semelhante, de modo especial,
aos mais necessitados, pois nisto consiste minha verdadeira grandeza de
discípulo. E que nesta busca eu seja simples, puro e humilde como as crianças.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro os males;
agora ele encontra aqui consolo e tu és atormentado.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
16,19-31
Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus:
19'Havia um homem rico,
que se vestia com roupas finas e elegantes
e fazia festas esplêndidas todos os dias.
20Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas,
estava no chão à porta do rico.
21Ele queria matar a fome
com as sobras que caíam da mesa do rico.
E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.
22Quando o pobre morreu,
os anjos levaram-no para junto de Abraão.
Morreu também o rico e foi enterrado.
23Na região dos mortos, no meio dos tormentos,
o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão,
com Lázaro ao seu lado.
24Então gritou: 'Pai Abraão, tem piedade de mim!
Manda Lázaro molhar a ponta do dedo
para me refrescar a língua,
porque sofro muito nestas chamas'.
25Mas Abraão respondeu: 'Filho, lembra-te
que tu recebeste teus bens durante a vida
e Lázaro, por sua vez, os males.
Agora, porém, ele encontra aqui consolo
e tu és atormentado.
26E, além disso, há um grande abismo entre nós:
por mais que alguém desejasse,
não poderia passar daqui para junto de vós,
e nem os daí poderiam atravessar até nós'.
27O rico insistiu: 'Pai, eu te suplico,
manda Lázaro à casa do meu pai,
28porque eu tenho cinco irmãos.
Manda preveni-los, para que não venham também eles
para este lugar de tormento'.
29Mas Abraão respondeu:
'Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!'
30O rico insistiu: 'Não, Pai Abraão,
mas se um dos mortos for até eles,
certamente vão se converter'.
31Mas Abraão lhe disse:
`Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas,
eles não acreditarão,
mesmo que alguém ressuscite dos mortos'.'
Palavra da Salvação.
REFLEXÃO
Quais os meios para
entrar no Reino de Deus?
Os versículos 14 a 18 do capítulo 16 fazem a transição da
parábola do administrador desonesto para o do rico e Lázaro.
Estes versículos nos deixam a impressão de que os fariseus
amam o dinheiro (cf. v. 14) e exaltam em seus corações o que é detestável (até
mesmo idolátrico) aos olhos de Deus (cf. v. 15). O que é um momento pobre para
os fariseus é, na verdade, um grande momento, pois é um tempo em que todo homem
se esforça por entrar no Reino de Deus (cf. v. 16), pela obediência à Lei (cf.
v. 17). O que Jesus está tentando fazer ver aos fariseus é que, num tempo onde
os meios para entrar no Reino de Deus estão na Lei de Deus, eles correm o risco
de abraçar não a Lei, mas o que é abominável aos olhos de Deus.
É sobre esse pano de fundo que Jesus conta a parábola do
rico e de Lázaro, nosso evangelho de hoje, em que se vive a vida como se a Lei
não impusesse obrigações com relação ao próximo, como: “Amarás o teu próximo
como a ti mesmo” (Lv 19,18). O desprezo pelo outro compromete o cumprimento dos
mandamentos. Marcos no seu evangelho nos alerta para situação semelhante:
“Abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos à tradição dos homens” (Mc 7,8).
Da região dos mortos (v. 23), o rico compreende que é a obediência à Lei o meio
de entrar no Reino de Deus, por isso ele pede a Abraão que envie Lázaro ao seu
irmão para alertá-lo (vv. 27-28). Mas Abraão insiste que eles já têm os meios:
Moisés e os Profetas (v. 29.31), isto é, toda a Escritura, que é preciso ouvir
(v. 29). Se eles rejeitam este meio, rejeitarão também Lázaro, ressuscitado dos
mortos (cf. v. 31).
Cabe a eles, como também a nós, buscar os meios adequados,
não quaisquer meios, mas os consignados na Escritura, para entrar no Reino de
Deus. A Lei e os Profetas são dados para esta vida em vista do Reino de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
A PARÁBOLA DO RICO E
DE LÁZARO Lc 16,19-31
HOMILIA
Esta parábola é uma seqüência de parábolas mencionadas por
Jesus no Evangelho de Lucas, a do filho pródigo, o administrador infiel e
automaticamente a parábola do rico e Lázaro. Existe uma suposição de que Jesus
queria dizer através desta parábola que os homens bons e maus recebiam suas
recompensas após a morte, porém esta alegoria contradiz dois princípios:
1º) Um dos princípios mais relevantes de interpretação, é
que cada parábola tem um propósito de ensinar uma verdade fundamental.
2º) O sentido de cada parábola deve ser analisado a partir
do contexto geral da Bíblia.
Na verdade Jesus nesta parábola não estava tratando do
estado do homem na morte, nem do tempo quando se darão as recompensas. Ademais
interpretar que esta parábola ensina que os homens recebem sua recompensa
imediatamente após a morte, é contradizer claramente o que a Bíblia apresenta
por um todo (Mt 16:27, 25:31-40, ICo 15:51-55, Isa 4:16, 17, Ap 22:12), dentre
outros textos. Obviamente nesta parábola Jesus estava fazendo uma clara
distinção entre a vida presente e a futura, pretendendo através desta relação
mostrar que a salvação do judeu-fariseu, ou de qualquer homem, seria individual
e não coletiva, como criam, e isso através da verdadeira consideração a
imutável lei de Deus aos profetas (Lc 16:27-31).
A parábola do rico e Lázaro tem o propósito de ensinar que o
destino futuro fica determinado pelo modo que o homem aproveita as
oportunidades nesta vida. Em conexão com o contexto da parábola anterior do
administrador infiel. “Se, pois, não vos tornardes fiéis na aplicação das
riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?” Lc 16:11.
Sendo assim, compreende-se que os fariseus não administravam suas riquezas de
acordo com a vontade divina, e por isso estavam arriscando seu futuro, perdendo
a vida eterna.
Portanto, fica estabelecido que interpretar esta parábola de
forma literal, resultaria em ir contra os próprios princípios encontrados nas
escrituras. Fosse essa história uma narrativa real, enfrentaríamos, o absurdo
de ter que admitir ser o ‘seio de Abraão’ o lugar onde os justos desfrutarão o
gozo, e que os ímpios podem se ver e falar uns com os outros. As lições
apresentadas nesta parábola são claras e convincentes, porém os justos ou
injustos receberam suas recompensas somente no dia da ressurreição (Jo
14:12-15,20 e 21, Sl 6:5, 115:17, Ec 9:3-6 e Isa 38:18).
Na verdade esta parábola traça um contraste entre o rico que
não confiava em Deus e o pobre que nele depositava confiança. Os Judeus criam
ser a riqueza um sinal das bênçãos de Deus pelo fato de serem descendentes de
Abraão, e a pobreza indício, do seu desagrado para com os ímpios. O problema
não estava no fato do homem ser rico, mas sim por ser egoísta. A má
administração dos bens concedidos por Deus havia afastado os fariseus e os
Judeus da verdadeira riqueza, que é a vida eterna, esqueceram do segundo
objetivo que se encerra na lei de Deus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”
Mt 22:39.
Pai, não permitas que nada neste mundo me impeça de ver o
sofrimento de meu próximo e fazer-me solidário com ele.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens.
Eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
9,43b-45
Naquele tempo:
43bTodos estavam admirados
com todas as coisas que Jesus fazia.
Então Jesus disse a seus discípulos:
44'Prestai bem atenção às palavras que vou dizer:
O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens.'
45Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia.
O sentido lhes ficava escondido,
de modo que não podiam entender;
e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 9,
43b-45
Muitas pessoas encontram dificuldades para compreender o que
Jesus nos fala, e essas dificuldades existem porque verdadeiramente não
conhecem Jesus e não comungam as suas propostas e os seus valores. A única
contribuição que podemos dar para que essas pessoas possam compreender Jesus é,
auxiliados pela graça divina, nos lançarmos num verdadeiro trabalho
missionário, juntamente com toda a Igreja, no sentido de possibilitar às
pessoas um verdadeiro encontro com o Divino Mestre, a fim de que possam de fato
conhecê-lo, compreender a sua Palavra e viver o seu Evangelho.
JESUS FALA DA SUA
MORTE Lc 9,43b-45
HOMILIA
Cristo insiste em anunciar a Sua Paixão e Morte. Primeiro
veladamente à multidão, e depois com mais clareza aos discípulos no Evangelho
de hoje. Estes, porém, não entendem as Suas palavras, não porque não sejam
claras, mas pela falta das disposições adequadas, pela falta de fé. Talvez você
também fique chocado: como é possível o Filho do dono da vida morrer? Se isso
tiver de acontecer contigo é sinal de que ainda não chegou para ti o
entendimento pleno do mistério do sofrimento, o significado da cruz. E então
deves escutar o comentário de São João Crisóstomo: “Ninguém se escandalize ao
contemplar uns Apóstolos tão imperfeitos, porque ainda não tinha chegado a Cruz
nem tinha sido dado o Espírito Santo.”
Os
discípulos tinham uma admiração e carinho extraordinários por Jesus. Percebendo
isso, Jesus avisou-os: O Filho do Homem será entregue aos homens. Para nós, que
sabemos o que Jesus passou da Quinta-feira Santa até a Crucificação, essa frase
de Jesus é muito clara, mas o que tem de mais interessante no Evangelho de hoje
é fazer o exercício de se colocar no lugar dos discípulos, e tentar entender o
que se passava em seus corações e mentes.
O
Evangelho de Lucas diz que os discípulos não alcançaram o sentido, e tinham
medo de perguntá-lo a respeito. Eles não alcançaram o sentido porque não se
passava em suas cabeças que Jesus poderia ser entregue à morte! E tinham medo
de perguntá-lo porque sabiam que não iriam gostar do que iriam ouvir.
Os
discípulos admitiram a fragilidade de não fazerem perguntas a Jesus sobre esse
assunto porque tinham medo. Será que nós também não temos medo de saber sobre
algum assunto desagradável? Se os discípulos tivessem perguntado a Jesus sobre
o que Ele estava falando, certamente poderiam ter se preparado melhor para os
acontecimentos… Se o exame tivesse sido analisado a tempo, uma vida poderia ter
sido salva… Se o assunto delicado tivesse sido conversado com calma, talvez
muitos aborrecimentos pudessem ter sido evitados. É preciso que o Filho do Homem seja
entregue nas mãos dos homens para que nós tenhamos a vida e vida em plenitude.
E quem no-lo confirma é o próprio Jesus: se o grão de trigo caído na terra não
morre, permanece só. Mas se morre dá muito fruto. Permita que te diga meu
irmão, a vida autêntica vai ser entregue nas mãos dos homens, para que os
homens a possuam. Pois, na lógica humana, só é vivo quem tem a vida e para nós
a termos é necessário que alguém a conceda. E então se justifica a entrega da
vida de Jesus aos homens. No Evangelho segundo João 10,10 Jesus diz: eu vim
para que tenham vida, e a tenham em abundância. Como a teríamos em plenitude se
Ele não morresse na cruz?
Senhor, dá-me a graça de entender que a vida autêntica de fé
e de missão é entrega e doação plena como vós mesmos fizestes. Que eu seja um
dom, uma doação para os meus irmãos e irmãs. O mistério da Cruz, que não é
outro senão o mistério Pascal da salvação do mundo em Cristo morto e
ressuscitado domina toda a vida de Jesus. Para os discípulos de todos os tempos,
ele será sempre uma realidade misteriosa, difícil de ser acreditada. No
entanto, é n’Ele que se revela todo o mistério de Jesus Cristo, Filho de Deus,
Salvador.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
9,18-22
Aconteceu que,
18Jesus estava rezando num lugar retirado,
e os discípulos estavam com ele.
Então Jesus perguntou-lhes:
'Quem diz o povo que eu sou?'
19Eles responderam: 'Uns dizem que és João Batista;
outros, que és Elias; mas outros acham
que és algum dos antigos profetas que ressuscitou.'
20Mas Jesus perguntou: 'E vós, quem dizeis que eu sou?'
Pedro respondeu: 'O Cristo de Deus.'
21Mas Jesus proibiu-lhes severamente
que contassem isso a alguém.
22E acrescentou: 'O Filho do Homem deve sofrer muito,
ser rejeitado pelos anciãos,
pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei,
deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 9,
18-22
Jesus não é simplesmente um personagem histórico ou um mero
objeto da razão humana, é uma pessoa viva, e uma pessoa só pode ser
verdadeiramente conhecida através do encontro e do relacionamento. Só conhece
verdadeiramente Jesus quem realiza na sua própria vida a experiência do
Ressuscitado presente e atuante na sua história pessoal e comunitária, quem
descobre que Cristo não é o sobrenome de Jesus, mas quem ele é verdadeiramente:
o Messias, o Ungido de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Deus
Encarnado, o Redentor de toda a humanidade. Mas é preciso que a descoberta de
tudo isso seja de forma existencial, de modo que essas verdades não sejam um
conjunto de palavras teóricas e vazias, mas manifestam o que Jesus significa nas
nossas vidas.
A AFIRMAÇÃO DE PEDRO
Lc 9,18-22
HOMILIA
O Evangelho nos fala que “Jesus estava rezando num lugar
retirado e os discípulos estavam com Ele.” À medida que caminhamos com Jesus
Ele também nos atrai para um lugar a parte a fim de que possamos conversar com
Ele assim como faziam os Seus discípulos. Aí, então, Ele nos vai revelando os
projetos do Pai para nós, como também vai se desnudando e, na partilha, na
camaradagem, na confiança, sonda o nosso coração para coisas que precisamos
entender. O Evangelho de ontem narra a reação de Herodes ante as notícias que
se espalhavam sobre Jesus. Após esse episódio, Lucas narra a multiplicação dos
pães, e hoje continua com o versículo 18, onde Jesus pergunta o que dizem
d’Ele, e o que os discípulos pensam dEle. E o interessante disso tudo é que os
discípulos escutavam os mesmos comentários que chegaram aos ouvidos de Herodes
que, Jesus era ou João Batista, ou Elias, ou algum dos profetas antigos que
ressuscitou. Mas o que Jesus realmente queria saber era o que os seus
discípulos pensavam a respeito d’Ele. E nesse momento é Pedro quem se adianta,
dizendo: "Tu és o Cristo de Deus!"
A palavra
"Cristo" vem do grego, é uma tradução literal de "Messias",
e significa "ungido". Esta resposta de Pedro tem todo um significado,
e é sobre isso que vamos refletir hoje.
Na verdade, quando Jesus dirigiu-se aos Seus discípulos e
lhes perguntou o que “os outros” diziam Dele, era apenas um pretexto para tocar
nesse assunto. O Seu desejo era que os Seus seguidores tivessem consciência de
quem Ele era e aprendessem a expor a sua opinião de uma forma consciente e
concreta. Em outras palavras, que eles O conhecessem e ao mesmo tempo se
conhecessem. O Senhor nos exercita nesse sentido. Saber quem é Jesus e
conhecê-Lo intimamente nos garante a possibilidade para que nós também nos
conheçamos e, aos pouquinhos, percebamos o plano de Deus para nós e do que
precisamos para que a vontade do Pai se realize na nossa vida. Jesus não estava
interessado na opinião dos outros.
Os livros
proféticos do Antigo Testamento falam da vinda do Messias, o Salvador. E
atribui a Ele o poder de curar os doentes, expulsar demônios, e trazer a paz ao
povo. João Batista sabia disso. E é por isso que quando ele mandou seus
discípulos perguntarem a Jesus se Ele era o Messias, Jesus pediu que os
discípulos de João o acompanhassem durante aquela tarde enquanto Ele realizou a
cura de cegos e aleijados. Depois disso, Jesus disse aos discípulos de João que
voltassem para dizer o que tinham visto. Jesus não queria dizer, neste momento,
que Ele era o Messias, pois muitas coisas ainda precisavam acontecer antes do
seu martírio. João Batista, como conhecedor das escrituras, sabia desses
sinais. Se Jesus já afirmasse desde esse momento que era a Promessa de Deus, o
alvoroço e a polêmica seriam ainda maiores do que este que já estava
acontecendo. E isso poderia encurtar a sua trajetória no meio de nós.
Mas então as
pessoas da época não sabiam que Ele era o Ungido de Deus? O Filho de Deus? Que
não deveriam esperar que viesse outro? Pois é, não sabiam. Somente os
discípulos sabiam disso. E foram severamente proibidos de comentar isso com
alguém até que Ele passasse pelo martírio, morte e ressurreição.
Hoje, também,
Ele não quer saber de nós o que um ou outro conhecem sobre Ele, porém, o que
Ele quer de nós é o conhecimento aprofundado da Sua pessoa e, como Pedro,
tenhamos a convicção do Espírito para afirmar: “Tu és o Cristo de Deus!” Assim
sendo, teremos a esperança e a confiança plena de que, depois do sofrimento e,
mesmo da morte, nós também, como Ele, seremos ressuscitados.
Você tem buscado ficar sozinho com Jesus?- Quem é Jesus para
você?- Quem é você para você mesmo?- Você tem dúvidas em relação à sua
intimidade com Jesus?- Você, também, como Pedro, pode afirmar que Jesus é o
Cristo de Deus, isto é, que Jesus é o seu Salvador?
Pai, só tu podes revelar-me a identidade de teu Filho Jesus.
Que eu a conheça de forma verdadeira para poder conformar com ela a minha vida.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
9,7-9
Naquele tempo:
7O tetrarca Herodes ouviu falar
de tudo o que estava acontecendo,
e ficou perplexo, porque alguns diziam
que João Batista tinha ressuscitado dos mortos.
8Outros diziam que Elias tinha aparecido;
outros ainda, que um dos antigos profetas tinha
ressuscitado.
9Então Herodes disse: 'Eu mandei degolar João.
Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?'
E procurava ver Jesus.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 9, 7-9
Vemos o surgimento de diferentes formas de misticismo e as
diferentes religiões estão se multiplicando por todos os lados. Para nos
defender, afirmamos que existem falsos profetas que ficam enganando o povo para
ganhar dinheiro e fazer da religião meio de vida. À luz do Evangelho de hoje,
podemos analisar este fato. As pessoas falam muitas coisas a respeito de Jesus,
embora muitas vezes porque desconhecendo verdade, e esse desconhecimento se dá
porque não evangelizamos como devemos e também porque conhecemos a nossa fé de
modo superficial, mas não admitimos a nossa ignorância e manifestamos nossa
opinião como verdade de fé, basta ver o acúmulo de bobagens que cristãos de
meia tigela veiculam na Internet, em sites que afirmam ser católicos , mas que
na verdade são caóticos e escondem Jesus.
A DÚVIDA DE HERODES
Lc 9,7-9
HOMILIA
Sabes o porque Herodes procurava ver Jesus? A razão é
simples, as palavras e os milagres de Jesus atraiam em torno dele verdadeiras
multidões. Contudo, era impossível controlar a intenção de cada pessoa. Muitos
vinham por pura curiosidade. Outros, esperando que Jesus os curasse de alguma
enfermidade ou, de qualquer forma, os libertasse. Outros, ainda eram movidos
por um desejo sincero de escutar Jesus e tornar-se seus discípulos, escolhendo
como projeto de vida a proposta do Reino.
Herodes mandara matar João Batista para ver-se livre da
acusação que pesava sobre ele. Porém, ele não sabia que João Batista era apenas
o precursor do Messias. O verdadeiro Salvador estava vivo e sendo interrogado,
argüido, pelos prodígios que realizava. A palavra e a ação de Jesus, agora,
deixam o povo e as autoridades sem saber o que pensar. Por isso, “Herodes
procurava ver Jesus.” A pessoa de Jesus ainda hoje continua a ser questionada
por aqueles que ainda não tiveram com Ele uma experiência de salvação. Muitos
procuram Jesus, porém não têm consciência de que O procuram! “Quem é esse
homem?” Jesus é o protótipo do homem vindo do céu, é o modelo que todo filho e
filha de Deus precisam seguir para serem reconhecidos pelo Pai. Muitos, ainda hoje,
escrevem sobre Jesus sem tê-Lo conhecido e fazem suposição sobre a Sua pessoa.
Outros, com suas teorias e falsas doutrinas, levam a muitos a acreditarem em
utopias e hipóteses vãs.
Esta variedade de intenções não influenciava a conduta do
Mestre. Ele não satisfazia a curiosidade das pessoas, por exemplo, fazendo
milagres sob encomenda. Suas curas beneficiavam somente àquelas que, de algum
modo, demonstravam ter lê. Os corações sinceros dependiam da vontade expressa
de Jesus para se tornarem seus discípulos. Só se punha a segui-lo quem ele
chamava pelo nome. Não adiantava oferecer-se.
O violento Herodes, tendo ouvido falar de Jesus, manifestou
curiosidade de vê-lo. Este rei não sabia de quem se tratava. As hipóteses
levantadas lhe satisfaziam. Daí seu desejo de vê-lo pessoalmente. Quiçá
esperasse presenciar o espetáculo de um milagre realizado por Jesus, pois
tivera notícia de sua fama. Seu desejo de ver o Mestre só seria realizado por
ocasião da paixão. Mas, naquela ocasião, Jesus o decepcionou, por não ceder a
seus caprichos.
Para que nós tenhamos convicção sobre quem é Jesus e qual o
Seu verdadeiro papel na nossa vida nós precisamos conhecê-Lo através do estudo
e reflexão da Palavra, ter intimidade com Ele na oração, na adoração, na
Eucaristia. Assim sendo poderemos apresentá-Lo àqueles que ainda não O conhecem
para que também, tenham eles, um Encontro com a Salvação.
O que você fala de Jesus você o diz com conhecimento de
causa? – Você conhece Jesus porque lê muito sobre Ele ou porque encarna a Sua
Palavra como uma comida para a Sua alma?
Pai, diversamente dos inimigos de Jesus, quero conhecer a
identidade e a missão de teu Filho, pois é por ele que me guiarei para ser fiel
a ti.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
9,1-6
Naquele tempo:
1Jesus convocou os Doze,
deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios
e para curar doenças,
2enviou-os a proclamar o Reino de Deus
e a curar os enfermos.
3E disse-lhes: 'Não leveis nada para o caminho:
nem cajado, nem sacola, nem pão,
nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas.
4Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí;
e daí é que partireis de novo.
5Todos aqueles que não vos acolherem,
ao sairdes daquela cidade,
sacudi a poeira dos vossos pés, como protesto contra eles.'
6Os discípulos partiram e percorriam os povoados,
anunciando a Boa Nova e fazendo curas em todos os lugares.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 9, 1-6
O Evangelho de hoje é uma espécie de "Manual do
Evangelizador". Ele nos mostra que o evangelizador não age em nome
próprio, pois ele não evangeliza por que quer, mas porque é enviado por Deus.
Os poderes que tem para evangelizar não são próprios, são recebidos para serem
usados em uma finalidade própria. Os bens materiais não podem ser um empecilho
para o trabalho, nem podem ofuscar a força do anúncio e do testemunho. A
inserção e a participação na vida das pessoas e das famílias é fundamental. Mas
o mais importante são os dois objetivos que caracterizam a evengelização: a
luta contra toda espécie de mal, que se manifesta na ordem da cura, e a
proclamação da presença do Reino de Deus na vida de todas as pessoas.
A MISSÃO DOS APÓSTOLOS Lc 9,1-6
HOMILIA
De dois em dois como se fossem testemunhas de uma verdade
perante o mundo que não a conhecia. Evidentemente, a verdade era o Reino para o
qual deviam se preparar com nova mentalidade Jesus envia os seus discípulos. A
autoridade sobre os espíritos impuros ou imundos é como o carimbo da divindade
ao dominar os que na época se consideravam seus inimigos e triunfadores na luta
entre o bem e o mal. O triunfo sobre eles indicava que o seu reino estava no
fim e um novo reinado prestes a ser instaurado: o reinado da luz, da verdade e
do bem em nome de Jesus, o representante do Deus vivo. Lucas em lugar paralelo,
expressamente fala de proclamar o reino de Deus. O envio de dois em dois era
próprio do tempo, pelo que dizia respeito aos mensageiros enviados para atestar
uma mensagem. Também podemos ver nessa situação uma oportunidade para o mútuo
apoio em situações difíceis. Jesus, no início de sua escolha, chama de dois em
dois os irmãos pescadores. Os espíritos imundos: cremos que esta autoridade é
para fazer calar os mesmos como Jesus fez na sinagoga de Cafarnaum ou
expulsá-los como no caso da sogra de Simão, pois era considerada essa doença
como causada por um espírito. Os enfermos
que curam eram os indispostos, para distingui-los dos que estavam mal e dos
débeis. Não cremos que exista uma diferença real entre os termos que expressam
uma mesma realidade: a doença.
E ordenou a eles de modo que não tomem para o caminho se não
unicamente bordão, nem alforje, nem pão, nem cobre na cintura. Mas tendo atado
as sandálias e não vestissem duas túnicas. As ordens eram umas positivas:
bordão, sandálias e uma túnica. Coisas
necessárias para o caminho, pois nunca se caminhava descalço e um bordão era
necessário tanto para se apoiar naqueles caminhos rudes e difíceis como arma
defensiva contra os bandidos. Uma túnica é o mínimo que devia cobrir um corpo
nu, ou seja, o necessário. As ordens negativas eram: não levar o alforje, que
correspondia não ao cesto onde os judeus carregavam as provisões, especialmente
o pão e vinho em sua peregrinação para Jerusalém, mas ao embornal dos mendigos
que muitos missionários ambulantes levavam em suas missões. Também impede o
dinheiro que era carregado numa bolsa na cintura ou dentro da faixa com que se
atava a túnica ao redor dos rins. O texto fala de cobre, as moedas mais pobres
sem ouro ou prata. Evidentemente com isto queria dizer que não podiam recolher
qualquer dinheiro, nem como pobres, em sua missão.
Lucas diz que ordenou não tomar nada para o caminho, nem
bordões, nem embornal, nem pão, nem prata, nem duas túnicas por cabeça. Dos
textos vemos que não coincidem nos detalhes, especialmente Mateus para quem o
bordão e as sandálias eram tão descartáveis como os alforjes e a túnica
sobressalente. Os enviava com recursos até menores que, os que tinham os
mendigos, os mais pobres, para indicar que seu trabalho missionário não
dependia dos valores humanos, mas da confiança que a Ele deviam: ao jovem rico
manda dar tudo aos pobres para segui-lo. A pobreza era uma das características
de Jesus, que não tinha nem onde reclinar a cabeça.
Pai, tendo
recebido a tarefa de continuar a missão de Jesus, ensina-me a imitá-lo tanto no
modo de ser e de pregar, quanto na pobreza e na coragem de enfrentar a
rejeição.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
8,19-21
Naquele tempo:
19A mãe e os irmãos de Jesus aproximaram-se,
mas não podiam chegar perto dele, por causa da multidão.
20Então anunciaram a Jesus:
'Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver.'
21Jesus respondeu:
'Minha mãe e meus irmãos são aqueles
que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 8,
19-21
Existem muitas pessoas que querem demonstrar-se religiosas,
mostrar a todos que participam da vida da Igreja e têm amizade com o clero e
até usam dos cargos e funções sociais para conseguir isso. Porém, essas pessoas
querem apenas se promover, não querem nenhum compromisso com o Evangelho e com
o Reino de Deus. A atitude de Jesus nos mostra quem é importante para ele:
aquele que ouve a Palavra de Deus e a coloca em prática, aquele que é capaz de
amar, perdoar, partilhar, acolher, socorrer, consolar, compreender, ensinar,
comprometer-se, doar-se, reunir, celebrar, orar, ser feliz com os que são
felizes, chorar com os que choram, são empáticos, solidários, vivem o amor de
Deus.
HOMILIA
A PROVA DE SER FILHO
DE DEUS Lc 8,19-21
“Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a mensagem de
Deus e a praticam”. Ao declarar que todo aquele que faz a vontade de Deus é a
Sua família, Ele não estava renunciando à Sua família segundo a carne. Como
filho mais velho, Ele continuou a cuidar do bem estar da Sua mãe. Isto foi
comprovado quando, ao dar a Sua vida na cruz, Ele passou essa responsabilidade
ao discípulo a quem ele amava. Simplesmente Jesus define claramente que o
parentesco de ordem humana, seja a mãe, os irmãos ou irmãs que ele tinha, não
tem qualquer significação no Reino de Deus.
O relacionamento mais chegado do Senhor Jesus é com o Seu
Pai, que está nos céus, o próprio Deus Pai. O único “parentesco” permanente que
Ele pode ter é de ordem espiritual - e é com aqueles que fazem a vontade de
Deus. A estes, Ele chama de meus irmãos.
Deixando de lado os laços sangüíneos, representado pelo
parentesco segundo a carne com sua mãe e seus irmãos, o Senhor Jesus passará
agora a ampliar o Seu ministério a todos aqueles que O receberem, sem distinção
entre judeus e gentios. Não se dará mais exclusividade a Israel, devido à sua
incredulidade e rejeição.
O relacionamento segundo a carne passa a ser inteiramente
superado por afinidades espirituais. A obediência a Deus é agora o fator
predominante e definitivo para estabelecer tais afinidades, sem outra distinção
qualquer.
O mesmo se aplica a todo aquele que recebe Cristo como o seu
Senhor e Salvador. Ele disse: Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua
mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a
mim, não pode ser meu discípulo. Nosso relacionamento espiritual com Cristo
produz um vínculo maior do que nosso parentesco de sangue.
Um aspecto muito importante que deve ser esclarecido é sobre
os irmãos de Jesus. Há dias uma das assíduas comentadoras da homilia diária
perguntava sobre este aspecto. Os irmãos de Jesus, como fica claro pelo próprio
texto bíblico, eram filhos de Alfeu e sua esposa, e não de José e Maria. A
dúvida sobre se Maria teve outros filhos só revela a Em diversos lugares o
Evangelho fala desses ‘irmãos’. Assim, S. Marcos e S. Lucas referem que
‘estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus
irmãos que querem ver-te” (Mt 12, 46-47; Mc 3, 31-32; Lc 8, 19-20; e também em
Jo 7, 1-10).
Toda a pessoa que pergunte sobre os irmãos de Jesus somente
revela a sua ignorância da própria Bíblia. Até porque as línguas hebraica e
aramaica não possuem palavras que traduzam o nosso ‘primo’ ou ‘prima’, e
serve-se da palavra ‘irmão’ ou ‘irmã’.
No Antigo Testamento encontramos e sobretudo em Gn 37, 16;
42, 15; 43, 5; 12, 8-14; 39, 15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23, 21), e
primos segundos (Lv 10, 4) - e até ‘parentes’ em geral (Job 19, 13-14; 42, 11).
Há muitos exemplos na Sagrada Escritura. Lê-se no Gêneses que ‘Taré era pai de
Abraão e de Harão, e que Harão gerou a Lot (Gn 11, 27), que, por conseguinte,
vinha a ser sobrinho de Abraão. Contudo, no mesmo Gênesis, mais adiante, chama
a Lot ‘irmão de Abraão’ (Gn 13, 3). ‘Disse Abraão a Lot: nós somos irmãos” (Gn
14, 14). Jacó se declara irmão de Labão, quando, na verdade, era filho de
Rebeca, irmã de Labão (Gn 29, 12-15).
No Novo Testamento, fica claríssimo que os ‘irmãos de Jesus’
não eram filhos de Nossa Senhora. Os supostos ‘irmãos de Jesus’ são indicados
por S. Marcos: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de
José, e de Judas e de Simão e não estão aqui conosco suas irmãs?” Tiago e
Judas, conforme afirma S. Lucas, eram filhos de Alfeu e Cleófas: ‘Chamou Tiago,
filho de Alfeu… e Judas, irmão de Tiago” (Lc 6, 15-16). E ainda: “Chamou Judas,
irmão de Tiago” ( Lc 6, 16). Quanto a ‘José’, S. Mateus diz que é irmão de
Tiago: “Entre os quais estava… Maria, mãe de Tiago e de José (Mt 27, 56). Em S.
Mateus se lê: “Estavam ali (no calvário), a observar de longe…., Maria Mágdala,
Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu”. Essa Maria, mãe
de Tiago e José, não é a esposa de S. José, mas de Cleofas, conforme S. João
(19, 25). Era também a irmã de Nossa Senhora, como se lê em S. João (19, 25):
“Estavam junto à Cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria (esposa) de
Cleofas, e Maria de Mágadala”. Simão, irmão dos três outros, ‘Tiago, José e
Judas’ são verdadeiramente irmãos entre si, filhos do mesmo pai e da mesma mãe.
Alfeu ou Cleophas é o pai deles.
Da mesma forma, se Nossa Senhora tivesse outros filhos, ela
não teria ficado aos cuidados de S. João Evangelista, que não era da família,
mas com seu filho mais velho, segundo ordenava a Lei de Moisés. Eis um dilema
sem saída para os protestantes, pois os ‘irmãos de Jesus’ são filhos de Maria
Cléofas e Alfeu.
Também decorre uma pergunta: Por que nunca os evangelhos
chamam os ‘irmãos de Jesus’ de ‘filhos de Maria’ ou de ‘José’, como fazem em
relação à Nosso Senhor? E por que, durante toda a vida da Sagrada Família,
apenas conta-se três membros: Jesus, Maria e José?
Portanto, a própria Sagrada Escritura demonstra que os
supostos ‘irmãos’ de Jesus são seus primos e não seus irmãos carnais. Sua
afirmação de que o trecho de S. Mateus tem duas passagens, uma referindo-se à
filiação carnal e a segunda à filiação espiritual fica sem sentido, visto que
não conferem com o texto bíblico. Até porque o parentesco de sangue não é
sequer mencionado pelos seus irmãos nas cartas que escreveram e que se
encontram no Novo Testamento, indicando que não davam valor a isso. Ao invés
disso, eles se dizem servos de Jesus Cristo.
Pai que minha condição de membro da grande família do Reino
se expresse no meu modo de proceder. Pela disposição a amar, quero dar provas
de ser teu filho.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
8,16-18
Naquele tempo, disse Jesus à multidão:
16Ninguém acende uma lâmpada
para cobri-la com uma vasilha
ou colocá-la debaixo da cama;
ao contrário, coloca-a no candeeiro,
a fim de que todos os que entram, vejam a luz.
17Com efeito, tudo o que está escondido
deverá tornar-se manifesto;
e tudo o que está em segredo deverá tornar-se conhecido
e claramente manifesto.
18Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis!
Pois a quem tem alguma coisa, será dado ainda mais;
e àquele que não tem,
será tirado até mesmo o que ele pensa ter.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 8,
16-18
O conhecimento da Palavra de Deus é muito importante, mas
não é suficiente para que uma pessoa se torne verdadeiramente cristã. O
importante é assumir os valores que estão presentes nela, de modo que a Palavra
de Deus se torne vida das pessoas, e assim elas testemunhem esses valores para
todos e manifestem o amor de Deus para com seus filhos e filhas. Jesus nos faz
uma grave advertência no Evangelho de hoje: "Portanto, prestai atenção à
maneira como vós ouvis!" Existem doutores na Palavra de Deus, mas que
fazem da Palavra de Deus apenas objeto de conhecimento. É claro que o
conhecimento da Palavra de Deus é importante, mas devemos ser doutores na sua
vivência.
SOMOS A LUZ DE CRISTO
Lc 8,16-18
HOMILIA
Quando ouvimos falar de lâmpada, logo nos lembramos de luz.
Jesus é Luz e acende em nós esta luz para que possamos irradiá-la por onde
passamos. A lâmpada no lampadário é nosso Senhor Jesus Cristo, a verdadeira luz
do Pai que ilumina todo o homem que vem a este mundo. Dito de outra forma, é a
Sabedoria e a Palavra do Pai; tendo aceitado a nossa carne, tornou-se realmente
e foi chamada a “luz” do mundo. É celebrado e exaltado na Igreja pela nossa fé
e pela nossa piedade. Torna-se assim visível a todas as nações e brilha para
todos os da casa, isto é, para o mundo inteiro, tal como é dito nas suas
palavras: Não se acende uma candeia para pô-la debaixo de um vaso, mas no
candelabro onde brilhe para todos os da casa. Mais uma vez, com estas palavras,
Jesus nos incita a levarmos uma vida sem mancha, aconselhando-nos a velar
constantemente sobre nós mesmos, uma vez que estamos colocados diante dos olhos
de todos os homens, tal como atletas num estádio visto por todo o universo na
linguagem paulina.
A nossa vida é a lâmpada que deve irradiar a Luz de Deus.
Porém, muitas vezes nós somos como luminárias apagadas ou mesmo cobertas. Não
nos colocamos à vista, não nos apresentamos nem nos deixamos ser vistos.
Ficamos como que escondidos, porque não queremos compromisso nem desejamos
assumir encargos para uma vida mais profícua. Uma vida apagada, medíocre,
voltada somente para as coisas fúteis, para os prazeres, os lucros, o bem estar
da carne, é como uma lamparina coberta, não tem serventia. Se, somos pessoas
que meditamos a Palavra de Deus, com certeza temos em nós a Sua Luz, o Seu
direcionamento e conhecemos o Seu pensamento. Seremos cobrados por tudo quanto
nós recebemos. Não nos enganemos: refletir com a palavra de Deus é assumir
compromisso para mudar o mundo. Quanto mais recebemos, mas teremos que dar.
Seremos julgados conforme a capacidade que ganhamos de Deus. Possui alguma
coisa na vida, aquele que irradia ao mundo, a Luz de Jesus, os Seus ensinamentos
e a Sua mensagem evangélica. A esse, será dado mil vezes mais, pois terá a vida
eterna. Porém, aquele que vive só para o mundo, pensa que tem tudo, mas não
possui nada. Por isso, no final, não terá mais nem a própria vida que pensa
possuir. Continuará sem nada. Assim, iluminados por Cristo, não podemos
sentar-nos tranqüilos, escondidos num cantinho do mundo, porque estamos à vista
de todos os homens, tal como uma cidade situada no cimo de um monte, tal como
em casa uma luz que se pôs sobre o lampadário. Saiba que as piores malícias não
poderão lançar qualquer sombra sobre a nossa luz, se vivermos na vigilância dos
que são chamados a conduzir para o bem o mundo inteiro.
Como tem sido a sua vida: uma lâmpada coberta ou colocada no
candeeiro? – De que você tem consciência que precisa mudar para irradiar a Luz
de Cristo? – Você tem a ousadia de querer mudar o mundo? – Como você poderá
mudar este mundo: falando ou agindo? – A sua lâmpada está acesa e colocada à
vista de todos? – A lâmpada, é o seu testemunho, e o compromisso que você
assume para edificação do reino de Deus. Pense nisto e faça novos propósitos de
vida, hoje, que a sua vida responda, pois, à santidade do seu ministério, para
que a graça de Deus seja anunciada em toda a parte.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
16,1-13
Naquele tempo:
1Jesus dizia aos discípulos:
'Um homem rico tinha um administrador
que foi acusado de esbanjar os seus bens.
2Ele o chamou e lhe disse:
'Que é isto que ouço a teu respeito?
Presta contas da tua administração,
pois já não podes mais administrar meus bens'.
3O administrador então começou a refletir:
'O senhor vai me tirar a administração.
Que vou fazer?
Para cavar, não tenho forças;
de mendigar, tenho vergonha.
4Ah! Já sei o que fazer,
para que alguém me receba em sua casa
quando eu for afastado da administração'.
5Então ele chamou cada um
dos que estavam devendo ao seu patrão.
E perguntou ao primeiro:
'Quanto deves ao meu patrão?'
6Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!'
O administrador disse:
'Pega a tua conta, senta-te, depressa,
e escreve cinqüenta!'
7Depois ele perguntou a outro:
'E tu, quanto deves?'
Ele respondeu: 'Cem medidas de trigo'.
O administrador disse:
'Pega tua conta e escreve oitenta'.
8E o senhor elogiou o administrador desonesto,
porque ele agiu com esperteza.
Com efeito, os filhos deste mundo
são mais espertos em seus negócios
do que os filhos da luz.
9E eu vos digo:
Usai o dinheiro injusto para fazer amigos,
pois, quando acabar,
eles vos receberão nas moradas eternas.
10Quem é fiel nas pequenas coisas
também é fiel nas grandes,
e quem é injusto nas pequenas
também é injusto nas grandes.
11Por isso, se vós não sois fiéis
no uso do dinheiro injusto,
quem vos confiará o verdadeiro bem?
12E se não sois fiéis no que é dos outros,
quem vos dará aquilo que é vosso?
13Ninguém pode servir a dois senhores.
porque ou odiará um e amará o outro,
ou se apegará a um e desprezará o outro.
Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.'
Palavra da Salvação.
REFLEXÃO
É preciso sair do
comodismo; o Reino de Deus exige empenho, inteligência, discernimento.
Esta parábola do início do capítulo 16 de Lucas dá
continuidade ao capítulo precedente. Em que consiste esta conexão entre os
capítulos 15 e 16? É o que podemos chamar de “elemento destoante”. O filho mais
jovem admite a seu pai que ele pecou (vv. 18.21) e reconhece não ser mais digno
de ser chamado “seu filho” (vv. 19.21). No entanto, sua motivação para voltar
para a casa do pai é o desejo da própria preservação. Sua motivação não é estar
de novo com o seu pai, mas ter o pão dos empregados do seu pai (cf. v. 17). O
capítulo 16 continua o discurso do capítulo 15, mas o auditório é outro; agora
se trata dos discípulos (cf. v. 1).
É outra história, a do “administrador injusto ou desonesto”
(cf. v. 8). É preciso cuidado para interpretar bem o que a parábola diz, do
contrário poderia induzir a erro, considerando que Jesus elogia a desonestidade
do administrador. O que é louvada nesta parábola é a habilidade de uma pessoa
de empregar meios para alcançar determinado fim; ele utiliza sua inteligência
para encontrar o meio de assegurar sua felicidade.
O que preocupa Jesus são os meios para entrar no Reino de
Deus – é exatamente isso que a parábola enfatiza. Não quaisquer meios, pois é
preciso entrar pela “porta estreita”. A porta que dá acesso ao Reino de Deus é
o próprio Jesus. Jesus urge para os discípulos deixarem a passividade e
empreenderem tal “sabedoria” a fim de alcançar o seu objetivo, a saber, entrar
no Reino de Deus. Assim como o filho mais novo da parábola do pai
misericordioso escolhe os meios para salvar a própria vida, da mesma forma o
administrador desonesto é louvado por ter-se aplicado em encontrar os meios
pelos quais poderia ter a sua vida salva. Não é, reiteramos, elogio à
desonestidade, mas ao esforço de buscar os meios para ter a vida salva. Esta é
a lição dada aos discípulos e ao leitor do evangelho: é preciso sair do
comodismo; o Reino de Deus exige empenho, inteligência, discernimento. A máxima
de Santo Inácio de Loyola nos parece bem adequada aqui: “Fazei tudo como se
tudo dependesse de nós e espera tudo como se tudo dependesse de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
O DINHEIRO E A
PRUDÊNCIA Lc 16,1-13
HOMILIA
Esta parábola – nem sempre bem interpretada – é dirigida aos
fariseus que são amigos do dinheiro, seu verdadeiro Deus. Representa, como
todas as outras, um caso extremo: um homem que está a ponto de ser despedido de
seu trabalho e que necessita urgentemente para garantir o futuro, antes de
ficar sem emprego. Para isso monta uma estratégia.
Acusado de desperdiçar os bens de seu dono (16,1), causa
pela qual vai ser despedido do trabalho, decide abaixar a quantidade da divida
de cada um dos credores de seu patrão, renunciando à comissão que lhe pertence
como administrador. É sabido que os administradores não recebiam na Palestina
um salário, mas uma comissão que era cobrada, colocando com frequência
interesses exorbitantes aos credores. A atuação de administrador deve ser
entendida assim: o que devia cem barris de azeite tinha emprestado cinqüenta e
nada mais, os outros cinqüenta eram a comissão correspondente que o
administrador renunciava com a vantagem de conseguir amigos para o futuro.
Renunciando à comissão, o administrador não lesa em nada os interesses do seu
patrão. Daí que o patrão o felicite por saber garantir o futuro dando o
“dinheiro injusto” a seus credores. O patrão louva a estratégia daquele “administrador
do injusto”, qualificativo que se dá no evangelho de Lucas ao dinheiro, pois,
enquanto acumulado, procede de injustiça ou leva a ela.
Para
Lucas, tudo dinheiro é injusto. No entanto, se não o usa, desprendendo-se dele,
para “ganhar amigos”, faz um bom investimento, não em termos financeiros, nem
bancários, mas em termos humanos e cristãos. O dinheiro injusto, como
encarnação da escala de valores da sociedade civil, serve de pedra de toque
para ensaiar a disponibilidade do discípulo para que coloque a serviço dos
demais o que de fato não é seu, mas que se apropriou em detrimento dos
despossuídos e marginalizados.
O dinheiro
injusto é qualificado na conclusão da parábola como “o nada” e “o alheio”,
enquanto oposto ao que “vale de verdade, o importante, o vosso”. E “o que vale
de verdade” não é o dom do dinheiro, mas o Espírito de Deus que comunica vida
aos seus (“quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedem”, cf.
Lc 11, 13). Isso sim, para receber o Espírito (que é comunicação da vida de
Deus que fortalece o homem) se requer o desprendimento e a generosidade para
com os demais (11, 34-36).
A parábola
termina com esta frase lapidar: “Não podem servir a Deus e ao dinheiro”. A
pedra de toque de nosso amor a Deus é a renuncia ao dinheiro. O amor ao
dinheiro é uma idolatria. É preciso optar entre dois senhores: não há meio
termo. O campo de treinamento desta opção é o mundo, a sociedade, onde os
discípulos de Jesus tem que partilhar o que possuem com os que nada tem, com os
oprimidos os despossuídos, os deserdados da terra.
O afã do
dinheiro é a fronteira que divide o mundo em dois; é a barreira que nos separa
dos outros e faz com que o mundo esteja organizado em classes antagônicas:
ricos e pobres, opressores e oprimidos; a ânsia do dinheiro é o inimigo número
um que impossibilita o mundo ser uma família unida onde todos se sentem à mesa
da vida. Por isso o discípulo, para garantir o futuro, deve estar disposto no
presente a renunciar ao dinheiro que leva à injustiça e torna impossível a
fraternidade.
Um outro aspecto a salientar ao escutar o Evangelho de hoje
é o da falta da prudência. Pode-se perguntar: e “porque os filhos deste mundo
são mais prudentes do que os filhos da luz” (Lc 16,8) se o Senhor nos mandou
ser “prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16)? Ao
citar essa passagem, outra pergunta se impõe à nossa consideração: por que as
serpentes servem como modelo de prudência? Quiçá porque, como se diz, elas não
se expõem para atacar. Já no livro do Gênesis se dizia que “a serpente era o
mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado” (Gn
3,1). Neste capítulo também se pode ver a maneira espertalhona que a serpente,
símbolo do diabo nesse caso, teve para levar os nossos primeiros pais ao pecado
que nos trouxe a ruína espiritual. Mas, cuidado, prudência e astúcia são duas
realidades distintas, ainda que, à primeira vista, poderíamos confundi-las. A
astúcia, na verdade, é uma falsa prudência, porque está penetrada de simulação
e interesse. A prudência, ao contrário, é uma virtude que – segundo a maneira
de pensar de Santo Tomás de Aquino – nos dá uma visão clara das coisas, fazendo
com que valorizemos mais a verdade que nelas há que as nossas tendências
apetitivas. Um exemplo das mais variadas manifestações da virtude da prudência
é – como dizia um santo – não expor-se como católico quando está de moda ser
católico e, ao contrário, manifestar-se católico quando todos se acovardam.
Pensemos, por um momento, em qual dessas duas situações nos encontramos.
A
prudência é uma virtude cardeal, ou seja, uma das quatro virtudes ao redor das
quais giram os demais valores que constroem uma vida humana na verdade e na
bondade e com uma unidade sem fissuras. Somente a pessoa prudente pode ser ao
mesmo tempo forte, temperada e justa. Isso é assim porque a prudência nos ajuda
a aplicar o conhecimento do bem que temos às nossas ações concretas. A primazia
da prudência entre as virtudes cardeais é porque – como disse Josef Pieper – a
realização do bem exige um conhecimento da verdade. Que Deus nos dê essa
tamanha virtude. Afim de que sejamos fiéis na administração dos bens que Ele
mesmo nos confiou.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Vermelho. São Mateus, Apóstolo e Evangelista, Festa
Evangelho - Mt 9,9-13
Não vim para chamar os justos mas os pecadores.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
9,9-13
Naquele tempo:
9Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus,
sentado na coletoria de impostos,
e disse-lhe: 'Segue-me!'
Ele se levantou e seguiu a Jesus.
10Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus,
vieram muitos cobradores de impostos e pecadores
e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos.
11Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos
discípulos: 'Por que vosso mestre come
com os cobradores de impostos e pecadores?'
12Jesus ouviu a pergunta e respondeu:
'Aqueles que têm saúde não precisam de médico,
mas sim os doentes.
13Aprendei, pois, o que significa:
`Quero misericórdia e não sacrifício'.
De fato, eu não vim para chamar os justos,
mas os pecadores'.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 9, 9-13
Todos nós vivemos afirmando que Jesus é misericordioso, que
veio para trazer a salvação para todas as pessoas e coisas do gênero, mas na
hora da convivência com as pessoas, parece que não é bem assim, pois somos
proibitivos e sabemos sempre evidenciar os erros e os pecados que são cometidos
para provocarmos discórdia, separação e exclusão. É muito comum ouvirmos nas
comunidades: "Eu acho que Fulano não pode participar de tal coisa porque
ele fez isso e aquilo". Devemos crer que de fato não somos nós quem
chamamos para o serviço do Reino, é Jesus quem chama e ele sabe muito melhor
que nós quem está chamando e porque ele está chamando. A nós compete criar
condições para que todos possam assumir a própria vocação.
JESUS E O PECADOR Mt
9,9-13
HOMILIA
O Evangelho de hoje nos diz que Jesus viu primeiro. Referindo-se
a Mateus, é vê-lo na sua situação cotidiana: Jesus viu um homem chamado Mateus,
sentado na coletoria de impostos. Mas o olhar de Jesus é capaz de ir além do
que um simples olhar enxerga de um judeu cobrador de impostos. Ele reconhece em
Mateus um filho muito querido de Deus, e isso é o que Ele comunica primeiro
para o cobrador de impostos. Seu olhar sobre Mateus está carregado da ternura e
misericórdia de Deus Pai-Mãe, que cura as feridas e perdoa os pecados, amando-o
incondicionalmente.
Enganamo-nos achando que somente os que já vivem cumprindo
os mandamentos têm primazia no reino dos céus. Entendemos que os grandes
pecadores, isto é, os que cometem barbaridades não têm mais chances com Deus
por causa das suas grandes transgressões. Jesus Cristo, neste Evangelho vem nos
dizer justamente o contrário: “eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”.
Ele compara o pecador àquele que está doente e, por isso, precisa de médico
para ser curado. Todos nós precisamos de médico, pois somos doentes, pecadores.
Portanto, Jesus Cristo é o médico que foi enviado pelo Pai para nos devolver a
saúde.
Por isso, Ele nos chama e nos atrai para si, mesmo que
estejamos “sentados na coletoria de impostos” com a mente cheia de interesses
pecaminosos e com mil planos para colocar em ação. Jesus nos vê e se apieda do
nosso coração doente e nos chama com autoridade: “Segue-me”! Quando escutamos a
Sua Palavra que nos chama, nós não conseguimos mais ficar parados no mesmo
posto. Como Mateus, nós também nos levantamos e O seguimos. O seguimento de
Jesus nos leva, então, a negar tudo o que o mundo nos ensinou e a assumir
compromisso com uma vida digna de filhos e filhas de Deus. Jesus chama os
pecadores, a sua missão é esta. Em qualquer lugar ou situação em que nos
encontremos Ele nos faz o convite para segui-Lo, no entanto, Ele deseja ser
convidado para entrar na nossa casa e levar para lá a salvação, não importando
como esteja a nossa família. Ele não quer só a nós, Ele quer a todos.
Qual é a sua postura diante daqueles que são “pecadores
públicos”? – Você acha que eles também têm direito a salvação? – Você se reconhece
doente, necessitado de médico? – Jesus veio para você? – Você sente-se também
julgado por alguém quando erra?
Senhor Jesus, faze-me trilhar o caminho da solidariedade,
para que eu me aproxime daqueles aos quais deve ser levada a salvação.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Ss. André Kim Taegon Presb, Paulo Chong Hasang e Comps. Mts.
memória
Evangelho - Lc 8,1-3
Andavam com ele várias mulheres que ajudavam a Jesus
e aos discípulos com os bens que possuíam.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
8,1-3
Naquele tempo:
1Jesus andava por cidades e povoados,
pregando e anunciando a Boa Nova do Reino de Deus.
Os doze iam com ele;
2e também algumas mulheres
que haviam sido curadas de maus espíritos e doenças:
Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios;
3Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes;
Susana, e várias outras mulheres
que ajudavam a Jesus e aos discípulos
com os bens que possuíam.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 8, 1-3
Assim como Jesus não parava, mas vivia caminhando de um lado
para o outro anunciando a chegada do Reino de Deus, a sua Igreja não pode ficar
parada. Ela deve ir sempre ao encontro do outro, abrir novas fronteiras no
trabalho evangelizador para que todos possam ter a oportunidade de conhecer o
Reino de Deus, assim como livremente optar por ele. Para realizar a sua missão,
a Igreja deve, assim como o divino Mestre, envolver o maior número possível de
pessoas, sem distinção entre elas, que queiram colocar a sua vida a serviço do
Reino de Deus, como fizeram as mulheres, conforme nos narra o Evangelho de hoje.
A MULHER NÃO É
PRODUTO DE COMÉRCIO Lc 8,1-3
HOMILIA
Jesus tinha um grupo de discípulas, formado de mulheres que
o seguia por dois motivos: Primeiro,
eram mulheres que foram curadas por Jesus, e em sinal de gratidão o seguiam
para ajudá-lo em sua caminhada, pois eram mulheres ricas. Vejam que uma delas era nada mais nada menos
a Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes. Não era fraca não! O segundo
motivo destas mulheres seguirem Jesus, é que a situação da mulher naqueles
tempos era de grande humilhação, inferioridade
e discriminação por parte dos homens, não havendo nenhuma consideração
de igualdade entre marido e mulher, muito pelo contrário a mulher servia apenas
para procriar.
Como
Jesus, era contra todo tipo de discriminação e preconceito, defendia a
igualdade da mulher em relação ao seu marido. Mais uma motivo de gratidão
daquelas mulheres para seguir o Mestre e o ajudar em sua caminhada. Assim O grupinho das discípulas de Jesus
estava ligado a ele por laços de afeto e gratidão. Não se tratava de fãs, nem
de paquera, como alguém possa pensar. Jesus aceita essa colaboração do grupo
feminino, vendo isso de uma forma sadia e como uma ajuda muito bem-vinda. E essas mulheres são tratadas em pé de
igualdade com os discípulos e sua tarefa consistia em prestar assistência a
Jesus com seus bens, e, assim, aliviá-lo de certas preocupações materiais,
inevitáveis para qualquer ser humano.
Comparando
aquelas mulheres com as de hoje, percebemos que todo extremismo acarreta uma
situação oposta. A posição de
inferioridade da mulher em relação ao homem gerou o movimento de libertação
feminina que analisado nos mínimos detalhes, resultou em um movimento de
desvalorização feminina. Isto porque,
libertação feminina não pode ser interpretada como libertinagem feminina. Constantemente vemos garotas dizendo e
gritando palavrões pela rua. Certamente, isto não é libertação
feminina, mais sim desvalorização da menina.
Por outro lado, ser livre, não é ser promíscua, não é fazer
o que lhe vem na cabeça. Ser livre não é fugir do casamento, fugir de construir
uma família, e botar filhos no mundo sem pensar nas consequências. Ser livre não é promover os famosos encontros
de “ficar por ficar” com um rapaz sem compromisso. Isto é tornar-se coisa, é
instrumentalizar-se, para não dizer escravizar-se. É tornar-se objeto de prazer
dos homens. É isso que quer dizer emancipação? Liberdade e igualdade de
direitos? O que é ser mulher para ti? Não tenho nada contra estas meninas que
agem assim, pois elas não têm culpa, pois são vítimas de uma mídia que as
ensinou que liberdade da mulher significa vulgarizar a mulher, significa
comercializar o seu próprio corpo e personalidade. Sabia de alguma coisa? A
mulher não tem de ser submissa nem de ser vista como objeto de prazer, ou de
procriação. Mas precisa se valorizar, e ser valorizada pela sociedade a partir
dela mesma. Você que é mulher não se conceder uma melancia, mulher produto.
Porque estando no mercado serás comercializada. E quanto mais saturação do
mercado, menos valor terá. Sabemos que no mundo as mulheres são mais do que os
homens. Mas isso não significa que você se coloque nas prateleiras do
supermercado, da feira e do shopping Center! É você que tem que trabalhar a sua
própria personalidade e personeidade. Precisa ser tratada em pé de igualdade
pelos homens. E não em pé de mercadoria ou comida, carro, casa, material de
higiene etc.
É verdade que existem moças que por causa deste ou de outro
motivo se tornaram escravas do sexo, o que não justifica a sua conduta. Mas
também, mãe solteira, por exemplo, não pode ser discriminada, pois são nossas
irmãs em Cristo e precisam ser acolhidas, orientadas e se possível,
evangelizadas. Desse jeito, estamos dando à mulher, o valor que ela merece,
assim como nós gostaríamos que fosse tratada a nossa mãe. E não nos esqueçamos
que sempre atrás de um grande homem, está sempre uma grande mulher.
Pai, reveste-me do amor e da fidelidade necessárias para ser
servidor do Reino. Que eu demonstre meu reconhecimento a ti, colocando minha
vida a serviço do meu próximo.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla