sábado, 31 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 14,1.7-14 - 01.09.2013 - Quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado.

Verde. 22º DOMINGO Tempo Comum

Evangelho - Lc 14,1.7-14

Quem se eleva, será humilhado e
quem se humilha, será elevado.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 14,1.7-14

1Aconteceu que, num dia de sábado,
Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus.
E eles o observavam.
7Jesus notou como os convidados
escolhiam os primeiros lugares.
Então contou-lhes uma parábola:
8'Quando tu fores convidado para uma festa de casamento,
não ocupes o primeiro lugar.
Pode ser que tenha sido convidado
alguém mais importante do que tu,
9e o dono da casa, que convidou os dois,
venha te dizer: 'Dá o lugar a ele'.
Então tu ficarás envergonhado
e irás ocupar o último lugar.
10Mas, quando tu fores convidado,
vai sentar-te no último lugar.
Assim, quando chegar quem te convidou,
te dirá: 'Amigo, vem mais para cima'.
E isto vai ser uma honra para ti
diante de todos os convidados.
11Porque quem se eleva, será humilhado
e quem se humilha, será elevado.'
12E disse também a quem o tinha convidado:
'Quando tu deres um almoço ou um jantar,
não convides teus amigos, nem teus irmãos,
nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos.
Pois estes poderiam também convidar-te
e isto já seria a tua recompensa.
13Pelo contrário, quando deres uma festa,
convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos.
14Então tu serás feliz!
Porque eles não te podem retribuir.
Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos.'
Palavra da Salvação.


REFLEXÃO
Um convite à generosidade.

Jesus continua sua subida para Jerusalém. À medida que faz seu caminho para o Pai, ele vai instruindo os seus discípulos. Um israelita de verdade mantém os ouvidos sempre abertos, pois ele sabe que toda sabedoria vem de Deus, e se deixa instruir por Deus: “O homem sensato medita as máximas em sua oração, ouvido atento, eis o que o sábio deseja” (Eclo 3,29).
O episódio do evangelho deste domingo se dá durante uma refeição, “na casa de um dos chefes fariseus” (v. 1). Duas outras vezes Jesus foi, segundo Lucas, a uma refeição na casa de fariseus (7,36; 11,37). Há entre Jesus e os fariseus uma mescla de simpatia e resistência. Os fariseus, efetivamente, desejam viver fielmente sua religião e crêem servir a Deus através de suas práticas, sobretudo, uma determinada prática da Lei.
Mas a rigidez quase obsessiva os cega, liga-os de modo estreito à letra do texto; a Lei de Deus é para eles um conjunto de regras e preceitos. Esse modo de cumprir a Lei, que eles julgavam ser o correto, fazia com que se esquecessem do essencial da Lei: o amor a Deus e o amor fraterno. Tal modo de interpretar a Lei os impedia de olhar para os outros com misericórdia e pôr em prática a palavra do Senhor: “É misericórdia que eu quero, e não sacrifícios” (Os 6,6).
A refeição na casa de um dos chefes dos fariseus acontece num sábado, dia dado pelo Senhor para celebrar o dom da vida, através da obra da criação, e a libertação do país da escravidão.
Mesmo que em nosso relato os interlocutores sejam os que estavam na casa dos fariseus, são os discípulos os instruídos; é a comunidade cristã que deve aprender como se comportar no novo tempo. A instrução é motivada pela observação de “como os convidados escolhiam os primeiros lugares” (v. 7). A parábola utiliza a imagem do casamento, em que os lugares já eram predeterminados.
Há duas lições: o lugar é recebido de quem convidou para a festa (cf. v. 8-11). Certamente é outro modo de dizer: “Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles” (Mt 6,1; ver também: Pr 25,6-7). A segunda é um convite à generosidade: “... quando deres um banquete, convida os [que] não têm como te retribuir!” (cf. vv. 12-14). É preciso renunciar ao anseio de recompensa ou retribuição: “Se amais os que vos amam, que graça alcançais? Até mesmo os pecadores agem assim. Se fazeis o bem aos que no-lo fazem, que graça alcançais? Até mesmo os pecadores agem assim… E se emprestais àqueles de quem esperais receber, que graça alcançais?... Fazei o bem e empresteis sem esperar coisa alguma em troca” (Lc 6,32-35).

Carlos Alberto Contieri, sj



O LUGAR Á MESA DO BANQUETE Lc 14,1.7-14
HOMILIA

Jesus olha tanto para o dono da festa bem como para os convidados ficou desapontado; e, então levantando a cabeça dirige a palavra à seus Apóstolos: Quando você der um almoço ou um jantar, não convide os seus amigos, nem os seus irmãos, nem os seus parentes, nem os seus vizinhos ricos. Porque certamente eles também o convidarão e assim pagarão a gentileza que você fez.
            Quero lembrar-te de que a oportunidade do Evangelho sobre o banquete dos pobres e aleijados permite abordar o tema da Igreja como assembléia universal e indiscriminada dos filhos de Deus. O plano salvífico de Deus, manifestado em Jesus de Nazaré, apresenta-se definitivamente como a assembléia universal e indiscriminada dos filhos de Deus dispersos.  Por isso, a Igreja, através de variadas modalidades associativas visibilizadas pelo amor, os ministérios e os sacramentos, sobretudo a celebração eucarística, se manifesta nas múltiplas assembléias locais.  Abre-se ao projeto divino da acolhida de todos os homens, mediante a fé em Cristo.  Prossegue e prolonga a obra da congregação universal dos filhos de Deus, privilegiando os pobres e marginalizados, na qualidade de primeiros convidados ao festim dos bens messiânicos, pois se os pobres têm vez, ninguém se sente excluído.  Entretanto, a Igreja jamais será um fim em si, mas o meio pelo qual se processa a unificação dos homens entre si e com Deus em Cristo.  Daí, o tema da congregação universal apontar para o banquete definitivo do Reino de Deus onde serão acolhidos na morada do Pai (Jo 14,2-3), a Jerusalém do Alto (Apc 21,10; Hb 12,22-23).
            O amor preferencial pelos pobres, o espaço aberto aos marginalizados, a promoção dos necessitados será sempre sinal evidente do Reino de Deus que a Igreja anuncia, vive e constrói.  O próprio Reino manifesta a sua força e vitalidade, congregando os pobres na Igreja de Cristo para promovê-los a uma vida mais digna até a eternidade feliz.
            Lucas apresenta o tema da humildade, a partir da parábola da escolha dos lugares, e o tema da importância dos pobres no Reino de Deus, a partir da parábola da escolha dos convidados (Lc 14,1.7-14). Nos diálogos à mesa, os autores gregos geralmente apresentavam os comensais em torno do dono da casa, sublinhando a posição social dos presentes.  Lucas também começa retratando um dos notáveis entre os fariseus para logo, desconcertantemente, introduzir um hidrópico na cena, necessitado de cura.  Deste modo, dá a entender que a refeição messiânica não é reservada a elites, mas se abre a todos, notadamente os pobres e marginalizados.
            Durante os diálogos à mesa, era costume que cada conviva pronunciasse um discurso para elogiar o tema a ser abordado e descrever-lhe as situações.  No caso de Lucas, é Jesus quem inicia a conversação, referindo-se à possibilidade de curar o hidrópico no Sábado, enquanto os legistas e fariseus se calam e não conseguem replicá-lo.  Jesus, no entanto, insiste no diálogo, escolhendo como tema a humildade e descrevendo suas manifestações.  Tendo como pano de fundo a literatura sapiencial (Pr 25,6-7), elogia a humildade, a partir da parábola da escolha dos lugares em que o ocupante do último posto é convidado a se transferir para mais perto.
            Quanto à parábola da escolha dos convidados, mais do que apontar para a humildade de quem convida os marginalizados, acentua, bem a gosto de Lucas, a importância dos pobres no Reino de Deus.  Na realidade, há a questão básica que se impõe aos que crêem, sobre a acolhida devida aos carentes e necessitados, privilegiados de Jesus.  Em tom sapiencial, que sobre exalta as conseqüências dos atos humanos, é melhor para Jesus, convidar os pobres, pois, não tendo com que retribuir, a recompensa da gratuidade há de ser dada pelo próprio Deus na ressurreição dos justos.  Do mesmo modo que é conveniente se colocar no último lugar pela vivência da humildade, também é mais dadivoso convidar os pobres e aleijados para o banquete do que os amigos, parentes e vizinhos ricos.
            Consciente de que Jesus inaugura o banquete universal dos pobres (Is 55,1-5), Lucas insiste na gratuidade do gesto divino que acolhe a todos em seu Reino, chamado a atenção para a mesma atitude daqueles que convidam os que não podem retribuir.  Entretanto, se considerarmos a interpretação eucarística proposta por vários comentadores, teremos a superação, nas assembléias dominicais, de manifestações de vaidade e ostentação das reuniões pagãs, através das regras da humildade ou das escolhas dos lugares e a exclusão de barreiras judaicas, impostas pela impureza legal aos marginalizados mediante as regras da gratuidade e da acolhida dos pobres. Quem são os que participam da tua festa? Com quem gastas o teu dinheiro? E como o gastas? Lembra-te do apelo do Mestre: Quando deres um banquete convide os cegos, os aleijados, os pobres e serás abençoado. Pois eles não poderão pagar o que tu fizeste, mas Deus te pagará no dia em que as pessoas que fazem o bem ressuscitarem.
            Espírito que conduz ao amor dos mais pobres, abre meu coração para acolher os deserdados deste mundo, pois eles têm a primazia no coração do Pai.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 25,14-30 - 31.08.2013 - Como foste fiel na administração de tão pouco, vem participar de minha alegria.

Verde. Sábado da 21ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Mt 25,14-30

Como foste fiel na administração de tão
pouco, vem participar de minha alegria.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,14-30

Naquele tempo,
Jesus contou esta parábola a seus discípulos:
14Um homem ia viajar para o estrangeiro.
Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens.
15A um deu cinco talentos,
a outro deu dois e ao terceiro, um;
a cada qual de acordo com a sua capacidade.
Em seguida viajou.
16O empregado que havia recebido cinco talentos
saiu logo,
trabalhou com eles, e lucrou outros cinco.
17Do mesmo modo, o que havia recebido dois
lucrou outros dois.
18Mas aquele que havia recebido um só,
saiu, cavou um buraco na terra,
e escondeu o dinheiro do seu patrão.
19Depois de muito tempo, o patrão voltou
e foi acertar contas com os empregados.
20O empregado que havia recebido cinco talentos
entregou-lhe mais cinco, dizendo:
`Senhor, tu me entregaste cinco talentos.
Aqui estão mais cinco que lucrei'.
21O patrão lhe disse: `Muito bem, servo bom e fiel!
como foste fiel na administração de tão pouco,
eu te confiarei muito mais.
Vem participar da minha alegria!'
22Chegou também o que havia recebido dois talentos,
e disse:
`Senhor, tu me entregaste dois talentos.
Aqui estão mais dois que lucrei'.
23O patrão lhe disse: `Muito bem, servo bom e fiel!
Como foste fiel na administração de tão pouco,
eu te confiarei muito mais.
Vem participar da minha alegria!'
24Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento,
e disse: `Senhor, sei que és um homem severo,
pois colhes onde não plantaste
e ceifas onde não semeaste.
25Por isso fiquei com medo
e escondi o teu talento no chão.
Aqui tens o que te pertence'.
26O patrão lhe respondeu: `Servo mau e preguiçoso!
Tu sabias que eu colho onde não plantei
e que ceifo onde não semeei?
27Então devias ter depositado meu dinheiro no banco,
para que, ao voltar,
eu recebesse com juros o que me pertence.'
28Em seguida, o patrão ordenou:
`Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez!
29Porque a todo aquele que tem
será dado mais, e terá em abundância,
mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30Quanto a este servo inútil,
jogai-o lá fora, na escuridão.
Ali haverá choro e ranger de dentes!'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mt 25, 14-30

Um dos maiores perigos que ameaçam a verdadeira vivência da fé é o medo. Este medo faz com que não sejamos capazes de produzir os frutos exigidos pelo Reino de Deus. Mas esse medo sempre aparece com máscaras que nos enganam e uma das mas sutis que encontramos é aquela que é confundida com a virtude da prudência. Perguntamos se é prudente fazer isso ou aquilo e em nome da prudência justificamos o nosso medo. Nesta hora, devemos nos recordar de Maria, a Virgem prudentíssima, que não julgou prudente conversar com José antes de responder ao Anjo ou ficou esperando a vida inteira pelo milagre de Caná.



OS TRÊS EMPREGADOS Mt 25,14-30
HOMILIA

A parábola dos talentos ressalta a vigilância como atitude de quem se sente responsável pelo Reino. E quem recebeu talentos e não os faz render, pode ser demitido por “justa causa” do Reino. O Evangelho situa-se no quinto e último grande discurso escatalógico, ou aquele que trata do fim o último das coisas. O tema básico do discurso é a vigilância, ilustrada pela leitura dos sinais dos tempos, a parábola do empregado responsável, a das virgens prudentes e imprudentes, e que vai terminar festa de Cristo Rei, com o texto sobre o Juízo Final.
Por trás da parábola dos talentos, há um tempo de expectativa e de sofrimento. Na época em que Mateus escreveu o Evangelho, muitos cristãos estavam desanimados diante da demora da segunda vinda do Messias. Além disso, o converter-se à fé cristã acarretava perseguição e até morte. As comunidades se esvaziavam e o ardor por Jesus Cristo esmorecia. O Evangelista escreve com o objetivo de reanimar a fé.
Jesus apresenta-se como um senhor que, antes de empreender uma viagem, reúne seus empregados e reparte com eles sua riqueza para que a administrem. A um deu cinco talentos, a outros dois, e um ao terceiro: a cada um segundo sua capacidade. E viajou para longe. No retorno, ele pede contas. Os dois primeiros fizeram que os talentos rendessem em dobro. O último devolveu o talento tal qual tinha recebido, pois, com medo de arriscar, havia enterrado o talento. Curioso é o motivo de tal procedimento. Não tomou tal atitude por preguiça, mas por medo da severidade de seu senhor. Em conseqüência, os dois primeiros foram elogiados e recompensados pela eficiente administração e o último foi demitido por justa causa.
Tudo o que nós recebemos de Deus vem na medida certa, de acordo com a nossa capacidade, nem mais nem menos do que poderíamos receber. Portanto, cabe a cada um de nós assumirmos os talentos que Dele recebemos com humildade e perseverança, pois seremos cobrados pelo que auferimos. Às vezes nos subestimamos e entendemos que não possuímos dons como as outras pessoas e nos negamos a perceber qual a aptidão que nos foi presenteada por Deus. Neste caso estamos enterrando o talento, pois não queremos assumi-lo por falsa modéstia, por preguiça, por comodismo e até por orgulho. Aquele que se acha muito pequeno e, por isso, se encosta e se acomoda está cometendo um erro incorrigível. Será tirado dele até o dom que ele tinha inclinação para fazer prosperar e não o fez porque não o colocou em prática. Achar-se muito sem capacidade e não confiar na capacidade de Deus é o grande pecado de muitos de nós.
Não basta estar preparado, esperando passivamente a manifestação de Jesus. É preciso arriscar e lançar-se à ação, para que os dons recebidos frutifiquem e cresçam. Jesus confiou à comunidade cristã a revelação da vontade de Deus e a chave do Reino. No julgamento, ele pedirá contas por esse dom. A comunidade o repartiu e o fez crescer, ou o escondeu dos homens?
O que você tem feito com os seus dons? – Você se acha muito sem expressão, incapaz de realizar alguma coisa? – Não será porque você está confiando somente em você mesmo (a) e esquecendo-se Daquele que lhe deu a vida? – Você não acha que a sua vida já é um dom muito precioso? – O que você tem feito dela?
Pai, dá-me senso da responsabilidade e faze-me entender que o serviço amoroso e gratuito a meu próximo é o único caminho de fazer multiplicar os dons que de ti recebi.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 25,1-13 - 30.08..2013 - O noivo está chegando. Ide ao seu encontro.

Verde. 6ª-feira da 21ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Mt 25,1-13

O noivo está chegando. Ide ao seu encontro.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,1-13

Naquele tempo,
disse Jesus, a seus discípulos, esta parábola:
1'O Reino dos Céus é como a história das dez jovens
que pegaram suas lâmpadas de óleo
e saíram ao encontro do noivo.
2Cinco delas eram imprevidentes,
e as outras cinco eram previdentes.
3As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas,
mas não levaram óleo consigo.
4As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo
junto com as lâmpadas.
5O noivo estava demorando
e todas elas acabaram cochilando e dormindo.
6No meio da noite, ouviu-se um grito:
`O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!'
7Então as dez jovens se levantaram
e prepararam as lâmpadas.
8As imprevidentes disseram às previdentes:
`Dai-nos um pouco de óleo,
porque nossas lâmpadas estão se apagando.'
9As previdentes responderam:
`De modo nenhum,
porque o óleo pode ser insuficiente
para nós e para vós.
É melhor irdes comprar aos vendedores'.
10Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou,
e as que estavam preparadas
entraram com ele para a festa de casamento.
E a porta se fechou.
11Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram:
`Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!'
12Ele, porém, respondeu:
`Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!'
13Portanto, ficai vigiando,
pois não sabeis qual será o dia, nem a hora.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mt 25, 1-13

A Igreja, que somos todos nós, é a esposa de Cristo, e realiza sua maior felicidade no relacionamento com ele, relacionamento que exige de todos nós fidelidade, amor e sensatez, ou seja, uma fé vigilante, que faz com que vivamos constantemente na presença de Jesus, Luz que ilumina nossa vida e não permite que vivamos nas trevas do erro. Como vivemos na presença de Jesus e somos iluminados por ele, nossa fé é cada vez mais ativa e torna-se luz para as pessoas, de modo que todos possam descobrir-se amados por Deus, busquem constantemente um relacionamento com ele, e assim estejam sempre prontos para o momento em que esse relacionamento atingirá sua plenitude, quando seremos todos um só em Cristo.



AS DEZ MOÇAS Mt 25,1-13
HOMILIA

            As bodas nupciais naquele tempo era uma cerimônia sem pompa realizada pelos pais dos nubentes, mas com efeito jurídico, isto é, já eram marido e esposa, mas sem efeito social, porque cada nubente continuava na casa dos pais, durante o período aproximado de um ano, até o marido ter a casa pronta. O dia das núpcias, em que começavam a viver juntos, era solene de acordo com as posses. A esposa com um grupo de amigas, depois do sol posto, esperava em sua casa o marido, que também vinha acompanhado de pajens. À sua chegada, as jovens saíam-lhe ao encontro com lamparinas ou tochas acesas, e o cortejo todo, ao som de instrumentos e cânticos, dirigia-se para a sala do festim. A sogra punha na cabeça do moço uma coroa; traziam-lhe a noiva, fechavam definitivamente a porta e começava o banquete com homens separados das mulheres.
O esposo é Cristo, que celebra as núpcias, trata-se de uma aliança eterna, com seus seguidores no cristianismo, na Igreja. As dez jovens representam a universalidade dos cristãos. As lâmpadas simbolizam a fé. O óleo é o amor a Deus traduzido nas boas obras em favor do próximo. A espera na casa da noiva é o tempo da vida presente. O cochilo imprevidente é a despreocupação pela outra vida. A chegada do esposo é a hora imprevista da morte. O grito é a chamada de todos ao julgamento, antes particular, depois geral. O óleo que as imprevidentes não ganharam das companheiras significa que, na passagem desta vida para a outra, cada qual levará apenas a luz de sua fé e o óleo de suas boas obras, sem possibilidade de apropriar-se do bem omitido. A porta fechada é a separação de bons e maus na outra vida. O festim nupcial é a felicidade do céu (cf. Ap 19,9).
Esta parábola é uma alegoria da união de Cristo com seus seguidores, que vivem juntos e se parecem. Mas os que vivem a sua fé são trigo; os outros que só salvam as aparências porque não vivem o que crêem, são joio: faltam-lhes as boas obras, não amam o Senhor, o que vale dizer, são desconhecidos do cortejo do Cordeiro e acabam fora da porta. A incerteza do momento final é estímulo para andarmos sempre na intimidade de Deus. O óleo das boas obras é um bem estritamente pessoal. Se não as tenho na vida, não as comprarei na morte. Por isso, precisamos você e eu irmos providenciando enquanto é tempo todo o material necessário para que se o novo se demorar nós não nos preocupemos com nada mais senão pelo tempo da demora. Certos de que ele em breve virá. Tarde embora, mas não facha. Que a santidade da tua vida apresse a vinda do Senhor!
Ensina-me, Senhor, a viver sempre pronto para uma longa demora como para uma vinda súbita da última hora. Que eu veja, Senhor, que a prática do bem neste mundo só me faz crescer, só me traz felicidade, só dá sentido à vida, e que a casa da minha eternidade é construída só com o material do bem que pratico agora. Amém.

Fonte homilia: Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 6,17-29 - 29.08.2013 - Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista.

Vermelho. Martírio de São João Batista, Memória

Evangelho - Mc 6,17-29

Quero que me dês agora, num prato,
a cabeça de João Batista.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,17-29

Naquele tempo,
17Herodes tinha mandado prender João,
e colocá-lo acorrentado na prisão.
Fez isso por causa de Herodíades,
mulher do seu irmão Filipe,
com quem se tinha casado.
18João dizia a Herodes:
"Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão".
19Por isso Herodíades o odiava
e queria matá-lo, mas não podia.
20Com efeito, Herodes tinha medo de João,
pois sabia que ele era justo e santo,
e por isso o protegia.
Gostava de ouvi-lo,
embora ficasse embaraçado quando o escutava.
21Finalmente, chegou o dia oportuno.
Era o aniversário de Herodes,
e ele fez um grande banquete para os grandes da corte,
os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia.
22A filha de Herodíades entrou e dançou,
agradando a Herodes e seus convidados.
Então o rei disse à moça:
"Pede-me o que quiseres e eu to darei".
23E lhe jurou dizendo:
"Eu te darei qualquer coisa que me pedires,
ainda que seja a metade do meu reino".
24Ela saiu e perguntou à mãe:
"O que vou pedir?"
A mãe respondeu:
"A cabeça de João Batista".
25E, voltando depressa para junto do rei, pediu:
"Quero que me dês agora, num prato,
a cabeça de João Batista".
26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar.
Ele tinha feito o juramento diante dos convidados.
27Imediatamente, o rei mandou
que um soldado fosse buscar a cabeça de João.
O soldado saiu, degolou-o na prisão,
28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça.
Ela a entregou à sua mãe.
29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá,
levaram o cadáver e o sepultaram.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mc 6, 17-29

Todos nós temos dificuldades para viver a radicalidade exigida pelo Evangelho e diversas vezes nos acovardamos diante das ameaças. Uma das maiores ameaças que sofremos hoje, quando procuramos viver o Evangelho, encontra-se no fato de que a sociedade ridiculariza todos aqueles que não fundamentam a sua vida nos valores do mundo. Mas isso também acontecia nos tempos de Jesus, como podemos perceber na narrativa da morte de João Batista e no julgamento do próprio Jesus. Mas nós não podemos ceder aos mecanismos que são usados pelo mundo moderno contra o Evangelho; devemos expor com coerência as verdades da nossa fé.



O MÁRTIR DA FÉ Mc 6,17-29
HOMILIA

Hoje celebramos o martírio de João, o Batista, aquele de quem Cristo disse: dos nascidos de mulher não há outro maior do que João, o Batista. Mas o menor no reino do céu é maior do que ele. É uma reflexão sobre minoridade, João escolheu a via menor, se fez pobre, vestia-se pobremente, comia gafanhotos e mel. Essa é a expressão de quem Mateus usa para expressar a humildade de João. E Jesus ainda diz: o menor no reino do céu é maior do que ele. Aqui temos que o Senhor demonstra que a sabedoria e o serviço estão no despojamento, na simplicidade, no profetismo sem recompensas. O profeta do Deus não é rico, nem poderá ser, e Jesus também revela que o menor, o mais pobre, o mais abandonado, o mais oprimido, no reino de Deus, isto é, na Vontade de Deus, ainda é maior que o maior.

Falando da morte de João Baptista, o papa João Paulo II diz na Carta Encíclica Veritatis Splendor (cf. n. 91) que o martírio constitui um sinal preclaro da santidade da Igreja. Efetivamente, ele “representa o ponto mais alto do testemunho a favor da verdade moral. Se são relativamente poucas as pessoas chamadas ao sacrifício supremo, há, porém, um testemunho coerente que todos os cristãos devem estar prontos a dar em cada dia, mesmo à custa de sofrimentos e de graves sacrifícios. Assim tu meu irmão, minha irmã, não podes e nem deves fugir. Gostaria que soubesses que desde o início do cristianismo percebemos que três elementos estão quase sempre unidos: testemunho, profecia e doação da própria vida. É verdadeiramente necessário um compromisso, com estas três vias, por vezes heróicas, para não ceder, até mesmo na vida quotidiana: em casa com o marido, com os filhos, colegas do trabalho, com os familiares de perto ou de longe. É necessário saber que às dificuldades nos levam ao compromisso para viver na totalidade o Evangelho.

O exemplo heróico de João Baptista nos deve fazer pensar nos mártires da fé que, ao longo dos séculos, seguiram corajosamente as suas pegadas. De modo especial, voltemos à mente aos numerosos cristãos que, no mundo inteiro, foram vítimas do ódio, e da perseguição religioso. Mesmo hoje, nalgumas partes do mundo, os fiéis continuam a ser submetidos a duras provações, em virtude da sua adesão a Cristo e à sua Igreja. Os impérios opressores que existiram na história continuaram deixando seus mártires. Seus projetos elitistas e imperialistas fizeram com que seus chefes continuassem a embriagar-se com o sangue dos mártires. Portanto, o martírio não deve ser buscado por ninguém. Em última palavra, o martírio é uma graça de Deus. Mas, dele não se deve fugir, se é necessário dar o testemunho e para defender a vida do povo. Jesus também nos ensina que não devemos ter medo daqueles que matam o corpo. Por isso, dar a vida é a melhor forma de amor, a exemplo de Jesus que nos amou até o extremo.

O máximo do amor é dar a vida pelos seus. Deste modo, a vida não é tirada, mas é dada livremente. Foi isso que fez São João Batista em meio à crueldade que ameaçava a fidelidade conjugal, lutou e sendo testemunha e testemunho fiel derramou o seu sangue, pagando com a própria vida. Ontem como hoje, o banquete dos criminosos continua sendo regado a sangue, como foi o de Herodes como nós ouvimos no Evangelho de hoje. Por isso, lembrar a morte de João Batista é não deixar morrer sua história, é recordar o seu testemunho, sua profecia e sua coragem; é lembrar que, se preciso for, todos devemos estar dispostos a lavar as nossas vestes e as branquear no sangue do Cordeiro (Ap 7,14).

Pai, que as contrariedades da vida jamais me intimidem e impeçam de seguir adiante, cumprindo minha missão de evangelizador.



Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

terça-feira, 27 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 23,27-32 - 28.08.2013 - Sois filhos daqueles que mataram os profetas.

Branco. 4ª-feira da 21ª Semana Tempo Comum
Sto. Agostinho BDr, memória

Evangelho - Mt 23,27-32

Sois filhos daqueles que mataram os profetas.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 23,27-32

Naquele tempo, disse Jesus:
27Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!
Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos,
mas por dentro estão cheios de ossos de mortos
e de toda podridão!
28Assim também vós:
por fora, pareceis justos diante dos outros,
mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça.
29Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!
Vós construís sepulcros para os profetas
e enfeitais os túmulos dos justos,
30e dizeis: 'Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais,
não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas'.
31Com isso, confessais que sois filhos
daqueles que mataram os profetas.
32Completai, pois, a medida de vossos pais!'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mt 23, 27-32

Devemos sempre estar alertas em relação à nossa vivência da fé porque, se não nos cuidarmos, podemos criar um abismo muito grande entre o que falamos e o que vivemos ou, pior ainda, podemos viver uma religiosidade de aparências, uma religiosidade ritual em detrimento de uma real vivência de fé, de uma resposta pessoal aos apelos que nos são feitos para que assumamos os compromissos do nosso batismo a partir de uma vida verdadeiramente profética que denuncie os contravalores do mundo e anuncie a verdade dos valores que foram pregados por Jesus Cristo. Deste modo, a nossa vida religiosa não será simplesmente ritual, mas também compromisso.



PAI, TORNA-ME TRANSPARENTE Mt 23,27-32
HOMILIA

O ai de vós, usada por Jesus, para introduzir as acusações dirigidas contra os escribas e fariseus como já tivemos ocasião de meditar no Evangelho de ontem! No Evangelho de hoje, temos os dois últimos “ai de vós” da seqüência. A repetição explícita, “ai de vós, escribas e fariseus hipócritas…”, mostra-nos a contundência da censura. Na ocasião das grandes festas, os sepulcros eram caiados para evitar algum contato involuntário de alguém que, assim, se tornaria impuro.
            A indignação de Jesus contra os mestres da Lei e fariseus é tão grande, que Ele os compara a “sepulcros caiados”, pois têm a aparência exterior de um túmulo recém pintado de branco que tenta esconder uma realidade interior cheia de podridão. São eles aqueles que aparentando ser boas pessoas, escondem uma realidade de mentiras, pecados e nada comprometida com os preceitos morais.
            Depois Jesus fala das edificações (sepulcros e sacrários), que ficam ao redor de Jerusalém, para os profetas martirizados. Ele acusa escribas e fariseus de serem descendentes (física e espiritualmente) dos responsáveis por esses martírios.
            É desta forma, expressando seus “ais”, que Jesus mostra sua mágoa pela forma como escribas e fariseus fazem mau uso de sua liderança religiosa que deveria estar a serviço da comunidade e não servindo para exaltação e interesse próprio.
            Este são os mesmos perigos que permeiam nossas comunidades, ainda hoje, e que prejudicam a vida espiritual de muitos. Certamente Jesus diria novamente um “ai”, se participasse das comunidades de agora.
            Meu irmão, minha irmã! Jesus continua a nos interpelar assim como fez com os mestres da Lei e os fariseus a respeito da sinceridade nas nossas “boas ações”. A franqueza e a transparência devem ser um princípio básico nas nossas atitudes. O nosso coração deve dar o ritmo para as nossas realizações, do contrário, por mais esforço exterior que façamos as nossas obras denotarão sinal de morte e não de vida. Seremos como sepulcros caiados, por fora, impecáveis, por dentro cheios de imundície. Assim também, em relação às palavras que pronunciamos, aos elogios fáceis e cheios de hipocrisia que emitimos com o intuito de agradar a alguém, enquanto o nosso coração, muitas vezes, até critica e reprova. A verdade e a justiça devem permear as nossas atitudes, nem que doa. Jesus foi transparente e sincero quando disse: “Ai de vós, hipócritas”!
            Será que eu e você, somos nós, hoje, os mestres da Lei e os fariseus, falsos e cínicos? Como está a sua justiça? Ela é verdadeira? O que será que você poderá estar vivendo, só de fachada? Você gosta de criticar as falhas dos outros achando que não cairia no mesmo erro? Você costuma fazer alguma coisa somente para parecer “bonzinho - boazinha”? Você costuma refletir sobre as conseqüências das suas ações? Você tem costume de elogiar as pessoas somente para agradá-las? Se a sua conduta não for diferente da dos mestres e doutores da Lei, saiba que Jesus está dirigindo para você estas palavras: Ai de você fariseu, hipócrita e doutor ou doutora da Lei!
            Pai, torna-me de tal modo transparente que meu íntimo possa ser revelado por meus gestos e atitudes. Livra-me de ser como um sepulcro caiado!

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 23,23-26 - 27.08.2013 - Vós deveríeis praticar isto, sem contudo deixar aquilo.

Branco. 3ª-feira da 21ª Semana Tempo Comum
Sta. Mônica, memória

Evangelho - Mt 23,23-26

Vós deveríeis praticar isto, sem contudo deixar aquilo.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 23,23-26

Naquele tempo, disse Jesus:
23Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!
Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho,
e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei,
como a justiça, a misericórdia e a fidelidade.
Vós deveríeis praticar isto, sem contudo deixar aquilo.
24Guias cegos!
Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo.
25Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!
Vós limpais o copo e o prato por fora,
mas, por dentro, estais cheios de roubo e cobiça.
26Fariseu cego!
Limpa primeiro o copo por dentro,
para que também por fora fique limpo.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mt 23, 23-26

O Evangelho de hoje é a continuação do de ontem, de modo que a nossa reflexão também é uma continuidade da de ontem. Um dos meios através dos quais tornamos a nossa religião superficial e unilateral é o formalismo religioso, que faz com que sejamos capazes de cumprir até mesmo os menores preceitos, mas tiram da nossa vida o mais importante que são os ensinamentos fundamentais para a nossa vida como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Ser verdadeiramente cristão significa ser capaz de viver os valores do Reino e não simplesmente o cumprimento de rituais e a capacidade de falar coisas bonitas e poéticas a respeito de Deus.



JESUS E OS FARISEUS Mt 23,23-26
HOMILIA

O capítulo 23 de Mateus é uma coletânea de advertências contra os escribas e fariseus e sua doutrina oficial, sob a forma do lamento "ai de vós...". Esta expressão é bastante usada no Primeiro Testamento, dirigida aos que praticam a iniqüidade. A forma literária deste texto se aproxima das advertências do profeta Isaías (5,8-22). A hipocrisia é a atitude do sistema religioso representado pelos escribas e fariseus, os quais se fecham em seu prestígio e poder, julgando-se justos e desprezando o povo humilde.
Jesus critica severamente os escribas e fariseus porque eles desprezavam os preceitos mais importantes da lei, que era: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. A hipocrisia dos fariseus e escribas com relação à religiosidade era algo que eles não conseguiam disfarçar, não obstante a sua falsa aparência de santos. Eles se fecham para não perder prestígio e poder, julgando-se justos e perfeitos desprezavam o povo humilde e excluído da sociedade. Jesus que enxerga além das aparências daqueles falsos santos denuncia toda a sua falsidade. Por outro lado, Jesus, no estilo profético, contradisse a religião da Lei que oprime e humilha o povo com suas inumeráveis observâncias, favorecendo aqueles que subjugavam o povo em nome de Deus. E estes mandatários ou representantes da elite religiosa procuram manter as aparências, porém falta o essencial, que é a acolhida da pessoa de Jesus, e o seu plano de salvação com seu amor misericordioso, libertador e vivificante.
Jesus é duro em suas advertências chegando a chamar os Fariseus de cegos e de hipócritas que limpam o exterior dos seus corpos enquanto por dentro continuava sujo de pecados.
Jesus penetra no coração dos homens e com muita sabedoria e propriedade Ele denuncia o que há de escondido por debaixo das aparências. Assim como Ele falava para os mestres da lei e para os fariseus, chamando-os de “hipócritas”, Ele também poderá estar dirigindo-se a qualquer um de nós que nos enaltecemos em vista das nossas “boas ações”. Nós também como os antigos, podemos estar pagando o dízimo de todos os nossos proventos e até promovendo o bem comum, no entanto, ao mesmo tempo, podemos está agindo como guias cegos, se as nossas atitudes não estiverem edificando a ninguém. Se estivermos fazendo o bem apenas para aparecer e chamar a atenção estão nos faltando os ensinamentos mais importantes, que são a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Isto acontece quando nós aproveitamos os momentos em que todos tomam conhecimento das nossas boas obras em campanhas que têm como objetivo somente a nossa promoção pessoal. Os que se preocupam com isso são os fariseus e hipócritas. Que a semente e o veneno dos fariseus hipócritas bem como dos Escribas não caia em nossos corações a ponto de uma vez germinando sufoque, envenene e mate a boa nova que recebemos de Jesus. Procuremos, pois, viver o que nós ensinamos, pregamos e aparentamos ser perante a comunidade cristã! Pois não nos esqueçamos que Deus que vê tudo vai um dia nos julgar.
A partir daqui é fundamental que tanto o nosso exterior quanto o interior apareçam sem manchas e não como os doutores da lei, cujo exterior aparecia sem manchas, todavia o seu interior estava cheio de maldade. Jesus nos adverte enquanto é tempo: “limpa primeiro o copo por dentro, para que também por fora fique limpo”. Podemos enganar a todos, mas não enganamos a Deus que sonda o nosso coração e conhece o que há de mais camuflado dentro de nós. A justiça, a misericórdia e a fidelidade, portanto, se constituem em atos concretos de amor. Somos chamados a dar o dízimo e a fazer o bem, mas tudo com sentido e, por amor! Mesmo que não participemos de campanhas beneficentes nem de grandes promoções na época do Natal que a regra de ouro da nossa vida seja TUDO FAZER POR AMOR!
Prezados irmãos: Será que Jesus no evangelho de hoje está dizendo alguma coisa para nós? Será que nós também não lavamos muito bem o nosso corpo e até passamos perfume e deixamos a nossa alma embaçada pelo pecado? Ou será que nós procuramos manter uma aparência de santos, de quem observa todos os mandamentos de Jesus, e tudo mais, porém, na realidade, não passamos de pecadores maiores que aqueles que ao ver as nossas aparências de justos se sentem pequeninos em relação a nós?
Com que espírito você tem dado o seu dízimo? Você acha que Deus está vendo as suas ações de caridade? Você tem sido fiel, justo (a) e misericordioso (a) com as pessoas com quem você convive? Você faz alguma coisa para aparecer?
Pai dá-me pureza de coração para que do meu interior brotem a justiça, a misericórdia e a fidelidade, e assim, eu possa guiar meus semelhantes na caminhada para ti.

Fonte Homilia: Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

domingo, 25 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 23,13-22 - 26.08.2013 - Ai de vós, guias cegos!

Verde. 2ª-feira da 21ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Mt 23,13-22

Ai de vós, guias cegos!

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 23,13-22

Naquele tempo, disse Jesus:
13Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!
Vós fechais o Reino dos Céus aos homens.
Vós porém não entrais,
nem deixais entrar aqueles que o desejam.
15Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!
Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém,
e quando o conseguis, o tornais merecedor do inferno,
duas vezes pior do que vós.
16Ai de vós, guias cegos!
Vós dizeis: 'Se alguém jura pelo Templo, não vale;
mas, se alguém jura pelo ouro do Templo, então vale!'
17Insensatos e cegos!
O que vale mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro?
18Vós dizeis também:
'Se alguém jura pelo altar, não vale;
mas, se alguém jura pela oferta que está sobre o altar,
então vale!'
19Cegos! O que vale mais:
a oferta, ou o altar que santifica a oferta?
20Com efeito, quem jura pelo altar,
jura por ele e por tudo o que está sobre ele.
21E quem jura pelo Templo,
jura por ele e por Deus que habita no Templo.
22E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus
e por aquele que nele está sentado.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mt 23, 13-22

Muitas vezes, temos dificuldades de ver a religião na sua totalidade e, com isso, a reduzimos a alguns aspectos que julgamos mais importantes, mas que são frutos na nossa subjetividade. O problema é que, na maioria das vezes, nos prendemos ao que é acidental no plano da fé, como, por exemplo, sinais externos ou formas de espiritualidade e nos esquecemos dos valores que de fato são essenciais à nossa fé, seja no plano das verdades, seja no campo da espiritualidade, seja no campo da moral ou da virtude, de modo que a nossa religiosidade fica sendo superficial e unilateral, a religião que nós queremos viver e não a religião que Deus quer que nós vivamos.



HOMILIA
PARA QUEM VOLTAREI O MEU OLHAR? Mt 23,13-22

Lemos em Is 66,2 Para quem voltarei o meu olhar, senão para o homem humilde, pacifico, que teme as minhas palavras? O Senhor não olha para o exterior senão para dentro do homem. Do seu coração. No Evangelho de hoje lemos as três primeiras das sete maldições, com as quais Jesus deixa bem claro a sua oposição ao ensino tradicional dos escribas e à crença adulterada dos fariseus, mais baseado nas tradições dos homens do que na doutrina de Deus. Os escribas, ou seja, os intérpretes e catequistas da Lei, e os fariseus, um grupo de observantes rigorosos e muito ligados ao cumprimento formalista e exterior da mesma, e que por outro lado são freqüentemente objeto de graves invectivas da parte de Jesus, não por eles cumprirem a Lei, mas por não lhe entenderem o espírito, e até por guiarem os outros por esse caminho errado.
É preciso que diante das tentações, comporta-te como homens e mulheres fortes e combate com a ajuda do Senhor nos tornamos mais do que vencedores. Se caíres no pecado, não permaneças nele, desencorajado e abatido. Humilha-te, mas sem perder a coragem; baixa-te, mas sem te degradares; verte lágrimas sinceras de contrição para lavar as tuas imperfeições e as tuas faltas, mas sem perderes a confiança na misericórdia de Deus, que será sempre maior que a tua ingratidão. Toma a resolução de te corrigires, mas sem presumires de ti própria, pois só em Deus deves colocar a tua força. Enfim, reconhece sinceramente que, se Deus não fosse a tua couraça e o teu escudo, a tua imprudência ter-te-ia levado a cometer toda a espécie de pecados.
Não te espantes com as tuas fraquezas. Aceita-te tal como és; corra das tuas infidelidades para com Deus, mas confia nEle e abandona-te tranqüilamente a Ele, como uma criança nos braços da mãe.
Percorramos todas as épocas e veremos que, de geração em geração, o Mestre ofereceu a possibilidade de conversão a todos quantos queriam voltar-se para Ele. Noé pregou a conversão, e aqueles que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou aos Ninivitas a destruição que os ameaçava; eles arrependeram-se dos seus pecados, apaziguaram a Deus e apesar de Lhe serem estranhos alcançaram, por suas súplicas, a salvação.
Por sua vontade onipotente Deus quer que todos aqueles a quem Ele ama participem da conversão. É por isso que devemos obedecer à Sua magnífica e gloriosa vontade. Imploremos humildemente a Sua misericórdia e a Sua bondade; confiemo-nos à Sua compaixão abandonando as preocupações frívolas, a discórdia e a inveja que só conduzem à morte.
Permaneçamos humildes, meus irmãos, rejeitemos todos os sentimentos de orgulho, dejatância, de vaidade e de cólera. Agarremo-nos firmemente aos preceitos e aos mandamentos do Senhor Jesus, tornando-nos dóceis e humildes diante das Suas palavras. Eis o que diz a Palavra sagrada: Para quem voltarei o meu olhar, senão para o homem humilde, pacifico que teme as minhas palavras?

Homilia do Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sábado, 24 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 13,22-30 - 25.08.2013 - Virão do oriente e do ocidente, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.

Verde. 21º DOMINGO Tempo Comum

Evangelho - Lc 13,22-30

Virão do oriente e do ocidente, e
tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 13,22-30

Naquele tempo:
22Jesus atravessava cidades e povoados,
ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém.
23Alguém lhe perguntou:
'Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?'
Jesus respondeu:
24'Fazei todo esforço possível
para entrar pela porta estreita.
Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar
e não conseguirão.
25Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a
porta, vós, do lado de fora,
começareis a bater, dizendo:
`Senhor, abre-nos a porta!'
Ele responderá: `Não sei de onde sois.'
26Então começareis a dizer:
`Nós comemos e bebemos diante de ti,
e tu ensinaste em nossas praças!'
27Ele, porém, responderá: `Não sei de onde sois.
Afastai-vos de mim
todos vós que praticais a injustiça!'
28Ali haverá choro e ranger de dentes,
quando virdes Abraão, Isaac e Jacó,
junto com todos os profetas no Reino de Deus,
e vós, porém, sendo lançados fora.
29Virão homens do oriente e do ocidente,
do norte e do sul,
e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.
30E assim há últimos que serão primeiros,
e primeiros que serão últimos.'
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
O discípulo é chamado a fazer uma opção: entrar pela “porta estreita”

O texto do evangelho menciona a subida para Jerusalém (v. 22; cf. 9,51). Trata-se da parte central do evangelho segundo Lucas e que, mais que um trajeto geograficamente preciso, tem um valor simbólico e didático: são lições que Jesus dá aos discípulos na expectativa de sua “saída” deste mundo.
“Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” (v. 23). A salvação é um dom de Deus e compete somente a ele. Aos discípulos compete viver esta graça, configurando a sua vida à vida de Cristo.
O discípulo é chamado a fazer uma opção: entrar pela “porta estreita” (v. 24). A porta estreita é oposta à prática da iniquidade (v. 27). No evangelho segundo João, Jesus se apresenta como a porta das ovelhas (Jo 10,7.9): “Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo” (Jo 10,9). É por Jesus que se alcança a salvação. Toda a sua existência terrestre e a sua vida gloriosa é que dão acesso ao Reino de Deus. Os que praticam “a iniquidade” (v. 27) são os que resistem a fazer a vontade de Deus; os que, pela dureza de coração, se opõem, perseguem Jesus; são aqueles para os quais a morte de Jesus é como uma “porta fechada” (v. 25). É evidente que Jesus falava de seus contemporâneos, dos que perderam a oportunidade de reconhecer o tempo da visita salvífica de Deus (cf. 1,6; 7,16). A vida de cada um, e o definitivo da existência humana, se decide diante “diante do dono da casa”, do Cristo Ressuscitado, pela adesão ou rejeição a ele. Mas a salvação não se restringe a um povo; a humanidade inteira é destinatária da salvação de Deus em Jesus Cristo: “Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão parte à mesa do Reino de Deus” (v. 29).
Não necessariamente os que foram chamados primeiro aceitarão participar do banquete do Cordeiro. Mas os últimos, os pagãos, têm também lugar assegurado, desde que aceitem entrar pela "porta estreita”.
Carlos Alberto Contieri, sj



SÃO POUCOS OS QUE SE SALVAM? Lc 13,22-30
HOMILIA

No Evangelho de hoje, Jesus anuncia sua mensagem de salvação, ensinando de cidade em cidade, de povoado em povoado. Ao mesmo tempo, se aproxima de Jerusalém, onde alguém lhe pergunta: Senhor é verdade que são poucos os que se salvam? É a pergunta curiosa do devoto fiel, evidentemente pondo-se no grupo dos salvos. É a tentação de sempre, a tentação dos que se julgam proprietários da salvação, especialmente dos fariseus; mas também é a nossa tentação: saber se levamos uma vida correta e se o nosso lugar no paraíso já está assegurado. É a tentação que temos nós discípulos, quando perdemos a dimensão da espera; quando acreditamos que os muros da nossa cidade interior são tão seguros a ponto de não precisarem de vigilância. É terrível para nós discípulos, quando depois de uma bela experiência de Deus, sentimos imediatamente ter entrado num grupo a parte, e começamos a olhar com suficiência os outros, aqueles que não entendem que não conhecem que têm seguido outros percursos diferentes do de Jesus.
            Para mantermos a vida de fé, necessitamos fazer todo o esforço possível, diz o Senhor, para passar pela porta estreita. Com este símbolo, Jesus não tem intenção de dizer que devido ao monte de gente que quer a vida eterna, tenhamos que empurrar uns aos outros pra poder garantir nosso lugar. Não! Mas que devemos nos esforçar. Não basta querermos. Certamente, é verdade que nós somos salvos e que não podemos nos salvar pelas nossas próprias forças, mas isto não acontece sem a nossa ação, com uma atitude de pura passividade. Deus nos salva, mas nos leva a sério como pessoas livres e responsáveis. Devemos nos esforçar e lutar, aproximando-se decididamente e conscientemente dele, para superar os obstáculos e testemunhá-lo com a nossa vida.
            Com a afirmação sobre a porta que é fechada pelo dono da casa, Jesus quer dizer que nós devemos nos esforçar a tempo. Devemos levar em conta que o nosso tempo é curto. Não podemos adiar pra não sei quando o esforço para viver em comunhão com Deus. Com a nossa morte, a porta será fechada e será decidido o nosso destino. Então será muito tarde para querer, chamar e bater. Devemos levar em conta também que o nosso tempo, além de limitado, não temos controle sobre ele. Não podemos viver uma vida segundo o nosso bel-prazer e adiar para a velhice a preocupação pela salvação. Não somos nós a fechar a porta, mas o Senhor. Por isso, devemos estar sempre prontos.
            Nas palavras do dono da casa, vemos uma ênfase na justiça, na orientação da vida segundo a vontade do Senhor. Não basta uma comunhão somente externa com ele, tê-lo conhecido, ter ouvido os seus ensinamentos, conhecer o Evangelho e o cristianismo. Pois, corremos o risco dele nos dizer: não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça! Quem não se orienta pela vontade de Deus, quem rejeita conscientemente a comunhão com Deus, já excluiu a si mesmo da salvação. Esta sua decisão é respeitada e confirmada pelo Senhor. E seria triste chorar de desgosto e ranger os dentes de raiva por se dá conta do que foi perdido.
            A boa notícia de Jesus não diz coisas que nos agradam e não nos prometem uma vida fácil e sem esforços. Ela contém algumas verdades incômodas. Mas, justo porque não nos esconde nada e exatamente porque manifesta a verdade completa, nos indica a verdadeira via para a felicidade plena. Aquilo que conta, enfim, é o empenho com o qual se vive a própria existência cristã, testemunhando a pertença a Cristo.
            Jesus nos interpela. Pois para chegarmos Reino, à vida plena, à felicidade eterna, dom de Deus oferecido a todos, é preciso renunciar a uma vida baseada naqueles valores que nos tornam orgulhosos, egoístas, prepotentes, auto-suficientes, e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega, de dom da vida.
Homilia do Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Jo 1,45-51 - 24.08.2013 - Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade.

Vermelho. São Bartolomeu, Apóstolo, Festa

Evangelho - Jo 1,45-51

Aí vem um israelita de verdade,
um homem sem falsidade.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,45-51

45Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse:
"Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei,
e também os profetas:
Jesus de Nazaré, o filho de José".
46Natanael disse:
"De Nazaré pode sair coisa boa?"
Filipe respondeu: "Vem ver!"
47Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou:
"Aí vem um israelita de verdade,
um homem sem falsidade".
48Natanael perguntou: "De onde me conheces?"
Jesus respondeu:
"Antes que Filipe te chamasse,
enquanto estavas debaixo da figueira,
eu te vi".
49Natanael respondeu:
"Rabi, tu és o Filho de Deus,
tu és o Rei de Israel".
50Jesus disse:
"Tu crês porque te disse:
Eu te vi debaixo da figueira?
Coisas maiores que esta verás!"
51E Jesus continuou:
"Em verdade, em verdade, eu vos digo:
Vereis o céu aberto
e os anjos de Deus subindo e descendo
sobre o Filho do Homem".
Palavra da Salvação.



Reflexão - Jo 1, 45-51

Quando André revela que encontrou o Messias a Natanael ou Bartolomeu, palavra que quer dizer "filho do agricultor", a atitude de Natanael foi de dúvida: "De Nazaré, pode sair coisa boa?" No entanto, ele vence a sua desconfiança, atende ao convite que foi feito por André e vai encontrar-se com Jesus. A experiência do encontro pessoal com Jesus faz com que Natanael venha a reconhecer a sua divindade e torne-se seu discípulo pelo resto de sua vida, mostrando-nos com isso que, apesar de todos os nossos problemas, se procurarmos ter retidão de coração e vencer as nossas fraquezas, também faremos a experiência do encontro pessoal com Jesus e também nos tornaremos seus verdadeiros discípulos.




JESUS CHAMA FILIPE E NATANAEL Jo 1,45-51
HOMILIA

Ao iniciar sua vida pública, Jesus começa, lentamente, a escolher os seus discípulos que, à medida que atendiam o chamado largavam tudo e continuavam a caminhada junto com Ele. Assim dentre os discípulos de João Batista. André, chamado por Jesus, chama Pedro e Filipe, e este chama Natanael. Natanael, diante da origem humilde de Jesus, manifesta sua incredulidade. Porém, ao primeiro contato com ele, Natanael o aclama como Filho de Deus e Rei de Israel. Jesus descarta este título de poder, identificando-se com o Filho do Homem, a presença divina no simplesmente humano que abre as portas do céu. O título “Filho de Deus” tem duplo sentido: título de realeza, comum nos reinos e impérios, e título específico de Jesus, enquanto presença divina, amorosa, encarnada. Natanael o usa no primeiro sentido. Jesus insinua que sua realidade é outra: por ele, o Filho do Homem, serão abertas as portas do céu aos humanos. Jesus vem realizar o projeto de Deus, que é levar o humano à plenitude pela comunhão com o amor divino.
            Antes de ser chamado, Natanael conversava com Felipe que lhe disse haver encontrado aquele de quem escreveram Moisés e os Profetas: - Jesus de Nazaré, o filho de José. “Ao que Natanael lhe responde: - Por acaso pode sair algo de bom de Nazaré?” Nazaré era uma cidade pequena e habitada por pessoas muito simples. Jesus se aproxima dos dois naquele momento e Felipe diz a Natanael: - “Vem e vê!” Assim que ele olha encontra o seu olhar com o olhar de Jesus, que lhe diz: -“Eis um verdadeiro Israelita, no qual não há enganos”. E, assustado ele pergunta a Jesus: - “De onde me conheces?” Jesus lhe diz: - “Antes que Felipe te chamasse eu te vi quando estavas debaixo da figueira.” Daí Natanael exclama:- “Mestre, tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel”.
            Na nossa vida, como a Natanael, Jesus nos pergunta de várias maneiras, para nos incentivar a caminhar nos Seus caminhos; para vivermos fundamentados nos seus ensinamentos de Filho de Deus, demonstrando com a Sua vida, o verdadeiro lugar do amor na vida de todos os que O seguem. Muitas são as vezes que nós somos displicentes e, deixando-nos levar pelo barulho do mundo, principalmente, nos dias atuais, não percebemos o amor de Deus a nos abraçar e a falar dentro do nosso coração, completamente diferente daquilo que temos na nossa cabeça. Sem forçar, sem exigir, Ele não nos abandona nesses tempos; deixa-nos livres para seguirmos a nossa cabeça ou o nosso coração. Após tomarmos a atitude escolhida, vamos colher seus frutos, se bons ou ruins, advindos como resultados da nossa decisão tomada.
            Rimos, ficamos felizes e alegres, se agimos acertadamente, mas , choramos e sofremos muito se erramos, agindo pelo instinto somente, sem usarmos o nosso coração. Assim aconteceu com Natanael que diminuiu Jesus pela Sua procedência, não lhe dando o valor que o próprio Criador nos ensina no Antigo Testamento. Jesus veio para salvar a humanidade, não descansou jamais, para cumprir a Missão a que veio: - Salvar a todos os seus irmãos, que somos todos nós, dando-nos a oportunidade de errarmos durante a nossa vida e, aceitando a qualquer momento o nosso arrependimento sincero e, nos levando para junto do Pai, na Eternidade, onde Ele nos espera desde que nascemos.
            Por isso, devemos cultuar o perdão na nossa vida, nunca o negando aos que nos ofendem, aos que não gostam de nós, aos que nos prejudicam, nos ignoram ou não nos aceitam. Aí reside a nossa prova de que amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Assim é a essência do maior dos mandamentos que Jesus nos trouxe para a nossa salvação. Pois você verá coisas maiores do que esta. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.
            Pai leva-me a conhecer, cada vez mais profundamente, a identidade de teu Filho Jesus, e a fazer-me discípulo dele, de modo a compartilhar sua missão.

Fonte homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 13,44-46 - 23.08.2013 - Vende todos os seus bens e compra aquele campo.

Branco. Santa Rosa de Lima, virgem, Festa

Evangelho - Mt 13,44-46

Vende todos os seus bens e compra aquele campo.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 13,44-46

Naquele tempo, disse Jesus à multidão:
44'O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo.
Um homem o encontra e o mantém escondido.
Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens
e compra aquele campo.
45O Reino dos Céus também é como um comprador
que procura pérolas preciosas.
46Quando encontra uma pérola de grande valor,
ele vai, vende todos os seus bens
e compra aquela pérola.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mt 13, 44-46

O Evangelho de hoje nos mostra a parábola na qual Jesus compara o Reino de Deus com um tesouro e com uma pérola. A comparação com o tesouro nos mostra o valor que o Reino de Deus deve ter nas nossas vidas, um valor que não pode ser superado por nenhum outro valor deste mundo. A pérola nos mostra a preciosidade inigualável que é o Reino de Deus para todas as pessoas. E tanto o valor como a preciosidade do Reino de Deus significam que todas as outras coisas perdem sua importância diante dele e só têm sentido enquanto contribuem para que o homem possa chegar até Deus.



REINO DO CÉU É COMO UMA PÉROLA Mt 13,44-46
HOMILIA

Nas duas mensagens deste Evangelho Jesus nos apresenta o reino dos céus como algo muito valioso que alguém busca e, encontra. Nas duas situações, também, o reino desperta em quem o encontrou sentimento de alegria e felicidade assim como a decisão de vender todos os bens que possui para apossar-se daquele tesouro. Assim, portanto, podemos deduzir que o reino dos céus é, para nós, a felicidade que buscamos durante a nossa caminhada neste mundo. Desde a nossa mais tenra idade quando chegamos aqui e ainda nem tínhamos nenhuma noção de nada, nós buscamos “coisas” que possam nos alegrar, dar prazer e agradar a nossa humanidade.
Por isso, saímos à procura da felicidade nos mais diversos lugares, nas ocasiões e situações que nos atraem, assim como também no amor das pessoas, na realização profissional, no sucesso nos empreendimentos, etc. Alcançamos muitas metas, galgamos cargos, amealhamos dinheiro, mas nem sempre tudo isso nos alegra ou nos faz ser feliz. Um dia nós percebemos que alcançamos o reino da terra, mas estamos longe do reino do céu. Acontece que o reino dos céus não pode ser achado fora de nós, nas coisas que encontramos no nosso exterior. Ele é como um tesouro que está escondido dentro do nosso coração no meio do campo da nossa humanidade ou uma pérola preciosa que é buscada por nós, mas que só será encontrada se nos encontrarmos conosco mesmo.
Quando nós descobrimos que dentro de nós há a riqueza do reino de Deus, do amor do céu, aos pouquinhos nós vamos deixando de lado os valores que nos prendem à vida material, a qual nós tocamos e enxergamos, para nos apossar da riqueza invisível, que gera, amor, paz, alegria, consolo, fortaleza, mansidão, compreensão, esperança, vitória, felicidade, mesmo no meio das dificuldades. Aí então, nós experimentamos uma mudança de vida e de atitude que nos faz ser feliz na vivência das coisas mais simples. O reino de Deus, então, pode ser entendido como um processo de conversão, de mudança e transformação firme e gradual que vai se manifestando no nosso modo de ser e de agir. Dessa forma nós vamos descobrindo que aquilo que tanto buscávamos e procurávamos, na verdade, só acontece na medida em que caminhamos na trilha que o Evangelho nos desvenda. Seguindo esse caminho percebemos também, que o dom da Misericórdia acompanha a nossa caminhada e as nossas ações e nos tornamos pessoas mais compreensivas, mais amorosas e mais comunicativas.
Você também tem buscado a felicidade? – Você já sente em você as primícias do reino de Deus? – Você já tem vislumbrado a pérola e o tesouro que tem no seu coração? – Onde está o reino dos céus? – Quais são os sentimentos que você guarda no seu coração?
Pai, que eu seja decidido e rápido em desfazer-me do que me impede de acolher plenamente o teu Reino. Que meu coração nunca se apegue a coisa alguma deste mundo.

Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 1,26-38 - 22.08.2013 - Eis que conceberás e darás à luz um filho.

Branco. Nossa Senhora, Rainha, Memória

Evangelho - Lc 1,26-38

Eis que conceberás e darás à luz um filho.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Luca 1,26-38

Naquele tempo:
26O anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
27a uma virgem, prometida em casamento
a um homem chamado José.
Ele era descendente de Davi
e o nome da virgem era Maria
28O anjo entrou onde ela estava e disse:
'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!'
29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a
pensar qual seria o significado da saudação.
30O anjo, então, disse-lhe:
'Não tenhas medo, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus.
31Eis que conceberás e darás à luz um filho,
a quem porás o nome de Jesus.
32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo,
e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi.
33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó,
e o seu reino não terá fim'.
34Maria perguntou ao anjo:
'Como acontecerá isso,
se eu não conheço homem algum?'
35O anjo respondeu:
'O Espírito virá sobre ti,
e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra.
Por isso, o menino que vai nascer
será chamado Santo, Filho de Deus.
36Também Isabel, tua parenta,
concebeu um filho na velhice.
Este já é o sexto mês
daquela que era considerada estéril,
37porque para Deus nada é impossível'.
38Maria, então, disse:
'Eis aqui a serva do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra!'
E o anjo retirou-se.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 1, 26 – 38

Jesus se insere na história da humanidade e, ao fazê-lo, também passa a ter uma história. Ele é verdadeiramente homem e assume em tudo a condição humana, menos o pecado. Ao comemorarmos a Imaculada Conceição da Virgem Maria, estamos comemorando um fato da história do próprio Cristo, pois a Imaculada Conceição de Maria está condicionada ao nascimento de Cristo, uma vez que Deus estava preparando o ventre digno de receber seu próprio Filho. Com isso, podemos perceber a ação do Deus que é Senhor da história e que, agindo na própria história da humanidade, conta com a colaboração de todos para a realização do seu plano.



O NASCIMENTO DE JESUS É ANUNCIADO Lc 1,26-38
HOMILIA

Nada mais belo do que encontrar no início desta caminhada para o Natal esta festa de Nossa Senhora; e, precisamente, comemorando a sua Imaculada Conceição: esse mar de santidade com que Deus a envolveu, para fazê-La digna de ser a Mãe do Deus-Homem, o divino Salvador. Ela se apresenta, assim, como a aurora puríssima, anunciando a chegada do Sol divino que o Natal vai fazer resplandecer aos olhos do nosso coração. Ela é a serena Estrela da Manhã, anunciando o dia do cristianismo. E somos convidados a saudá-Ia com as carinhosas palavras da liturgia: toda formosa, Maria"- Maria, tu és toda bela, e em ti não existe a mancha do pecado original.
O mavioso escritor italiano Monsenhor Olgiati conta que houve no seu tempo um eclipse total do sol que atingiu o Norte da Itália. Mas, quem olhasse da planície de Milão na direção dos Alpes, veria o cimo do monte Rosa resplandecendo à luz do sol. Candidíssimo! Sobretudo pelo contraste, livre como ele ficara do cone de sombra que envolvia toda a região. O próprio escritor fez a espontânea comparação. Esse monte iluminado pela luz do sol no meio da escuridão do eclipse é bem uma figura de Maria, resplandecente de graça no meio da sombra total do pecado original que envolveu toda a humanidade.
Todo ser humano, desde o primeiro momento de sua concepção no seio materno, traz a marca do pecado. É a triste herança do pecado do primeiro homem - o pecado original. Desse pecado nasce também a inclinação para o mal - a "concupiscência" - força negativa que mora dentro de nós e que nos obriga a uma cuidadosa vigilância e a um freqüente recurso à oração, para não cairmos no pecado. Pela sua conceição imaculada, Maria foi isenta do pecado original e da concupiscência. Teve aquilo que a teologia chama de dom da "integridade". E a toda pura.
O dogma da Imaculada Conceição não foi proclamado logo nos primeiros séculos. Homens sábios e santos, como São João Crisóstomo por exemplo, admitiam alguma imperfeição moral em Maria. Porém, como que por um divino instinto, já vários escritores, como Santo Agostinho e Santo Efrém, excluíam Maria de qualquer compromisso com o pecado. Em todo o primeiro milênio não aparecem testemunhos explícitos a favor do dogma da Imaculada como o professamos.
No século XIII, século glorioso da Teologia, houve grandes teólogos, como São Bernardo e Santo Tomás de Aquino, que não admitiam que Maria tivesse sido isenta do pecado. Senão- segundo o pensamento deles - Ela não teria sido objeto da redenção trazida por Cristo. E as opiniões se dividiam. Foi quando apareceu o grande teólogo franciscano João Duns Scoto, que abriu um novo caminho para a teologia mariana neste campo.
Ele mostrou como a redenção de Cristo pode ser aplicada de dois modos: nos homens em geral, ela é a redenção "Liberativa", isto é, que liberta o homem do pecado por ele contraído; em Maria, ela foi a redenção "preservativa", isto é, que impediu que Maria contraísse o pecado. Foi aquilo que Santa Teresinha disse numa mimosa comparação: Deus agiu com Maria como um pai, que não apenas levanta a filha que tropeçou numa pedra do caminho e caiu, mas correu na frente e retirou a pedra para que ela não caísse.
E a persuasão de que Maria foi isenta do pecado original foi crescendo na Igreja entre os pastores e os fiéis, a ponto de que o Concílio Tridentino - século XVI- ao promulgar o decreto sobre o pecado original, declarou solenemente que não pretendia incluir nessa declaração de pecado a Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus. Porém foi só em 1854, depois de ouvir os Bispos de toda a Igreja, que o Papa Pio IX, pela bula "Ineffabilis Deus", promulgou como dogma que a Igreja inteira deve professar, essa sublime verdade que a Bem-aventurada Virgem Maria, desde o primeiro instante de sua conceição, pelos méritos de Cristo Redentor, foi preservada imune do pecado original.
E é isso que o povo cristão celebra com filial alegria, cantando os louvores da Mãe Santíssima. Ela é a toda pura. Ela é a toda bela. Ela é a bendita entre todas as mulheres. Ela é a glória de nosso povo.
Pai plenifica-me com tua graça, como fizeste com Maria, de forma que eu possa ser fiel como ela ao teu desígnio de salvação para a humanidade.

Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla