sexta-feira, 31 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 01.09.2012 - Seja fiel no pouco e Deus lhe confiará mais


Evangelho (Mateus 25,14-30)
Sábado, 01 de setembro de de 2012
21ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: 14“Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. 16O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco.
17Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. 18Mas aquele que havia recebido um só saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão. 19Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. 20O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhes mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’.
21O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ 22Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. 23O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’
24Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. 25Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. 26O patrão lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? 27Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’.
28Em seguida, o patrão ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! 29Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes!’”

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Seja fiel no pouco e Deus lhe confiará mais
setembro 1st, 2012

Iniciamos um novo mês, um dos quais mais gosto. Com ele uma nova estação, mudanças, a proposta de uma nova vida. Os dias são mais claros e mais floridos, pois será primavera. Mês que celebramos, de maneira mais especial, a Palavra de Deus em nossa vida, pois todos os dias devemos ser mudados e renovados pela Palavra.
No Evangelho de hoje, Jesus quer nos falar sobre o Reino de Deus. A vida que Ele nos oferece é descrita de maneira econômica: vigiar e realizar as tarefas determinadas por Ele. Isso significa, em primeiro lugar, ser uma pessoa empenhada na realidade do mundo a construir. Trata-se de um capital posto em nossas mãos por Deus, o qual o cristão não pode deixar improdutivo. Quem sabe administrar a própria vida, sabe administrar os negócios dos outros. Na verdade, essa é a questão: “Como foste fiel na administração de tão pouco, vem participar da minha alegria”.
Deus não espera de nós coisas grandiosas, que ultrapassam nossas capacidades reais, fogem de nossa realidade. Ele espera que sejamos sinceros e verdadeiros conosco e com Ele, administrando, com fidelidade, o pouco de cada dia. Uma coisa de cada vez! Ele conhece o nosso coração e a nossa reta e sincera intenção. Quantas coisas Deus põe em nossas mãos para administrar: a vida, a família, o trabalho, um mundo a construir! Temos de ter coragem, e não medo de Deus; sentimentos de filhos, e não de empregados, escravos, obrigados a trabalhar para o Senhor. Ele não nos pediria algo que não pudéssemos dar nem algo que Ele já tenha nos dado.
Somos filhos muito amados de Deus, o qual nos assiste com a Sua graça e não espera de nós passos que não conseguimos dar. É preciso ter a coragem de começar pequeno, simples, humilde, uma gota no oceano. Mas de quantas gotas é feito o oceano?
Não podemos enterrar os talentos que o Senhor nos deu. Nós temos talentos, valores que precisam ser colocados a serviço para render outros tantos. O “Banco de Deus” é o amor e a misericórdia no coração dos nossos irmãos. Vá poupando aos poucos, doando-se, começando por pequenos gestos e, quando você perceber, há uma enorme fortuna de gente, de vida, de fraternidade que você acumulou e Ele lhe dará mais.
Não tenha medo de Deus! Ele não é este “patrão severo” que nos cobra. Ele é Quem nos assiste e capacita, para nos acolher, em Seu Reino, e nos convidar para viver a Sua vida plena: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (cf. Jo 10,10).
Seja fiel no pouco e Deus lhe confiará mais. Mais talentos, mais virtudes, mais amor e capacidade de se doar.
Como você faz render aquilo que Deus lhe dá?

Padre Luizinho – Comunidade Canção Nova


Fonte: Canção Nova

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 31.08.2012 - O banquete do amor que espera e alimenta a nossa esperança


Evangelho (Mateus 25,1-13)
Quarta-Feira, de de 2012
21ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: 1“O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. 2Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes.
3As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo. 4As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas. 5O noivo estava demorando e todas elas acabaram cochilando e dormindo. 6No meio da noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo está chegando. Ide a seu encontro!’ 7Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas. 8As imprevidentes disseram às previdentes: ‘Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando’.
9As previdentes responderam: ‘De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar aos vendedores’. 10Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou. 11Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram: ‘Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!’ 12Ele, porém, respondeu: ‘Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!’ 13Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
O banquete do amor que espera e alimenta a nossa esperança
agosto 31st, 2012

Irmãos e irmãs, ou melhor, como a alegoria das núpcias de Cristo com a Sua Igreja-Esposa (Mt 25, 1-13) sugere: Caras “companheiras” da Esposa!
Na parábola das dez virgens, ou damas de honra, estamos todos incluídos, pois o Senhor não exclui ninguém da participação de Seu Reino. No entanto, a graça reclama condutas que podem ser comparadas às expectativas da “noiva” (esposa) durante o ritual judaico do matrimônio. É isto que Jesus fez e faz! Ele usa desta parábola para falar do nosso relacionamento com o Esposo que, em breve, virá e não quer ninguém de fora do banquete eterno.
Segundo o costume judaico, a festa acontecia no final da tarde e era incluída uma procissão até o lugar do festim. Aquele momento de partilha e alegria era realizado na casa do noivo (cf. Mt 22, 1-14), mas também podia acontecer na casa da noiva, para onde a procissão deveria seguir. A parábola das dez virgens parece se encaixar neste segundo caso.
Uma outra característica, própria desta celebração, era uma efusiva manifestação da beleza e alegria que permeava estes acontecimentos, encontrando o seu ápice de manifestação material quando era um casamento real. Assim confirma o salmista: «Entra com todo esplendor a filha do rei, tecido de ouro é seu vestido; é apresentada ao rei com preciosos bordados, com ela as damas de honra a ti são conduzidas; guiadas em alegria e exultação entram juntas no palácio real» (Sl 45, 14-16).
Ainda que todo este esplendor não fosse possível para todos, sem dúvida, o essencial do júbilo não devia faltar, principalmente às convidadas da noiva para compor a procissão. Aí, irmãos e irmãs, nos encontramos, mais uma vez, todos nós! Pelos méritos de Cristo – o Rei e Esposo da Igreja -, somos participantes do novo povo de Deus, membros da Igreja e amados pelo Senhor, o qual é exemplo de entrega, inclusive no tocante à missão dos maridos:
«Maridos, amai as vossas mulheres como Cristo também amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de santificar pela palavra aquela que Ele purifica pelo banho da água. Pois Ele quis apresentá-la a si mesmo toda bela, sem mancha nem ruga ou qualquer reparo, mas santa e sem defeito» (Ef 5, 25-27).
Voltando à parábola das companheiras prudentes e das descuidadas, percebe-se que a utilização de lâmpadas era um acessório também costumeiro naquele tipo de ritual. Portanto, todas já estavam devidamente avisadas. O que não significava que todas se encontravam preparadas.
Neste sentido, Nosso Senhor e Esposo da Igreja não deixa, pelo Evangelho, a humanidade orientada quanto a Sua segunda vinda? Fazendo parte do mesmo «Sermão Escatológico», registrado no Evangelho de Mateus, pode-se ler e ouvir: «Ficai certos: se o dono de casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós, ficais preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem» (Mt 24, 43-44). Então, o que estamos esperando para compormos, com alegria e esperança, o grupo das pessoas cuidadosas para com as promessas de Deus?
A Igreja de Cristo é a esposa real que espera e clama, sem cessar, por este encontro definitivo; e ela não está sozinha: «O Espírito e a Esposa dizem: “Vem”! Aquele que ouve também diga: “Vem”! Quem tem sede, venha e quem quiser, receba, de graça, a água vivificante» (Ap 22,17). Por isso, para «sentirmos com a Igreja» e correspondermos às escolhas de Deus, precisamos desta «água vivificante» sobre nós, qual um despertador da sonolência provocada pela imprudência e todos os outros tipos de pecado.
Vinde, Espírito Santo, e nos desperte a uma esperança ativa e previdente, capaz de possuir um testemunho, no mínimo, suficiente para sermos salvos pela Misericórdia Divina e sinais deste amor neste mundo! Obrigado, Senhor, por nos revelar que agora é o tempo da esperança. É tempo do amor! É tempo de conhecer o Esposo e a Esposa.
É tempo do óleo do testemunho! Pois, se para as privilegiadas companheiras da parábola não houve mais tempo suficiente nem tampouco desculpas fiáveis quando o noivo se manifestou, por que não haveríamos de ouvir aquelas temíveis palavras: «Em verdade vos digo: não vos conheço!» (Mt 25, 12)?
Sendo assim, sem medo, mais cheios de esperança e prudência, ouçamos a Palavra d’Aquele que veio para nos salvar e nos acolher no banquete escatológico. Se não fosse assim, Ele não insistiria tanto em dispor, ainda no tempo, estas e outras Palavras de vida eterna, verdadeiro alimento de esperança, servido, principalmente, na Mesa da Palavra: «Portanto, vigiai, pois não sabeis o dia nem a hora» (Mt 25, 12).
Padre Fernando Santamaria
Comunidade Canção Nova


Fonte: Canção Nova

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 30.08.2012 - O novo sentido da vigilância


Evangelho (Mateus 24,42-51)
Quinta-Feira, 30 de Agosto de 2012
21ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 42“Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor! 43Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.
44Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá. 45Qual é o empregado fiel e prudente, que o senhor colocou como responsável pelos demais empregados, para lhes dar alimento na hora certa? 46Feliz o empregado, cujo senhor o encontrar agindo assim, quando voltar.
47Em verdade vos digo, ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. 48Mas, se o empregado mau pensar: ‘Meu senhor está demorando’, 49e começar a bater nos companheiros, a comer e a beber com os bêbados; 50então o senhor desse empregado virá no dia em que ele não espera, e na hora que ele não sabe. 51Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
O novo sentido da vigilância
agosto 30th, 2012

Há, nesta Palavra, dois temas característicos da escatologia sobre o fim dos tempos. Este texto faz parte de uma grande coleção que se constituiu como tradição das comunidades dos discípulos de Jesus. Tais textos escatológicos estão presentes, também, nos Evangelhos de Marcos e Lucas. São os temas da vigilância e do julgamento final com a condenação de alguns em contraposição à salvação de outros.
Esta visão escatológica tem origem no Antigo Testamento, no qual prevalece a figura do Deus “poderoso e ameaçador”. O estímulo à ação é o temor. Com a revelação do Deus de amor, em Jesus, predomina a perspectiva da sedução pela ternura e pela mansidão do coração. Com a Encarnação se realiza a escatologia na manifestação da bondade de Deus.
A vigilância tem um novo sentido: é estar atento às necessidades dos irmãos, particularmente os mais carentes, na busca da justiça. Estar sensível às necessidades de nossos irmãos, de modo a assumirmos o serviço como realização pessoal e partilha da vida.
No serviço e na partilha da vida entra-se em comunhão com o próprio Jesus, hoje presente entre os irmãos.
Pai, fazei de mim um servo fiel e prudente, disposto a pautar toda minha vida pelos ensinamentos de Seu Filho Jesus. Que eu jamais seja insensato!
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

terça-feira, 28 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 29.08.2012 - O heroico exemplo de São João Batista


Evangelho (Marcos 6,17-29)
Quarta-Feira, 29 de Agosto de 2012
Martírio de São João Batista


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 17Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia.
20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava.
21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu to darei”. 23E lhe jurou dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”.
24Ela saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João.
O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
O heroico exemplo de São João Batista
agosto 29th, 2012

Hoje, dia 29 de agosto, a tradição cristã recorda o martírio de São João Batista, “o maior entre os nascidos de mulher”, segundo o elogio do próprio Messias. Ele prestou a Deus o testemunho supremo do sangue, imolando a sua existência pela verdade e a justiça. Com efeito, foi decapitado por ordem de Herodes, a quem tinha ousado dizer que não era lícito casar com a mulher do seu irmão, como acabamos de ler no Evangelho de hoje.
Falando da morte de João Batista, o Papa João Paulo II diz, na Carta Encíclica “Veritatis Splendor” (cf. n. 91), que o martírio constitui um sinal preclaro da santidade da Igreja. Efetivamente, ele “representa o ponto mais alto do testemunho a favor da verdade moral”. Se são relativamente poucas as pessoas chamadas ao sacrifício supremo, há, porém, um testemunho coerente que todos os cristãos devem estar prontos a dar em cada dia, mesmo à custa de sofrimentos e de graves sacrifícios.
Assim você, meu irmão, não pode nem deve fugir. Desde o início do Cristianismo, percebemos três elementos quase sempre unidos: testemunho, profecia e doação da própria vida. É verdadeiramente necessário um compromisso com estas três vias – por vezes heroicas - para não ceder até mesmo na vida cotidiana: em casa com o marido, com os filhos, colegas do trabalho, com os familiares de perto ou de longe. É necessário saber que as dificuldades nos levam ao compromisso de viver, na totalidade, o Evangelho.
O heroico exemplo de São João Batista nos deve fazer pensar nos mártires da fé que, ao longo dos séculos, seguiram corajosamente as suas pegadas. De modo especial, voltemos à mente os numerosos cristãos que, no mundo inteiro, foram vítimas do ódio e da perseguição religiosa. Mesmo hoje, n’algumas partes do mundo, os fiéis continuam a serem submetidos a duras provações em virtude da sua adesão a Cristo e à Sua Igreja.
Os impérios opressores que existiram na história continuaram deixando seus mártires. Seus projetos elitistas e imperialistas fizeram com que seus chefes continuassem a se embriagar com o sangue dos mártires.
Portanto, o martírio não deve ser buscado por ninguém. Em última palavra, é uma graça de Deus. Mas dele não se deve fugir, se é necessário dar o testemunho e para defender a vida do povo. Jesus também nos ensina que não devemos ter medo daqueles que matam o corpo. Por isso, dar a vida é a melhor forma de amor, a exemplo de Jesus que nos amou até o extremo. O máximo do amor é dar a vida pelos seus. Deste modo, a vida não é tirada, mas é dada livremente.
Foi isso que fez São João Batista em meio à crueldade que ameaçava a fidelidade conjugal: lutou e sendo testemunha – e testemunho fiel – derramou o seu sangue, pagando com a própria vida.
Ontem como hoje, o banquete dos criminosos continua sendo regado a sangue, como foi o de Herodes, como nós ouvimos no Evangelho de hoje. Por isso, lembrar a morte de João Batista é não deixar morrer sua história, é recordar o seu testemunho, sua profecia e sua coragem. É lembrar que, se preciso for, todos devemos estar dispostos a “lavar as nossas vestes e as branquear no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14).
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 28.08.2012 - Condene o pecado, mas não o pecador


Evangelho (Mateus 23,23-26)
Terça-Feira, 28 de Agosto de 2012
Santo Agostinho




— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus: 23Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vós deveríeis praticar isto, sem contudo deixar aquilo.
24Guias cegos! Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo. 25Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós limpais o copo e o prato por fora, mas, por dentro, estais cheios de roubo e cobiça. 26Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por dentro, para que também por fora fique limpo.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Condene o pecado, mas não o pecador
agosto 28th, 2012

Parece estranho alguém se levantar e se pôr em briga contra si mesmo. Mas foi, é e será sempre a exigência de Jesus. É preciso fazer guerra contra nós mesmos, a fim de destruir em nós o causador da nossa morte.
No “Ai de vós!” temos a continuidade da contundente denúncia de Jesus quanto a incoerência e a hipocrisia dos escribas e fariseus que integravam a cúpula religiosa de Israel.
Se quiser avançar corretamente, com discrição e dando frutos no caminho da verdadeira religião, você deve ser austero e rígido consigo mesmo e sempre alegre e aberto para com os outros, esforçando-se, no seu coração, por caminhar nos cumes da retidão, sabendo inclinar-se, com bondade, para com os mais fracos. Numa palavra, perante o juízo da sua consciência, você deve moderar os rigores da justiça, de tal forma que não seja duro para com os pecadores, mas acessível ao perdão e indulgente.
Considere o seu pecado como perigoso e mortal; o dos outros, considere-o como fragilidade da condição humana. A falta que, em você, considera digna de severa correção, pensa que, nos outros, não merece mais do que uma pequena admoestação. Não seja “mais justo do que o Justo”. Receie cometer o pecado, mas não hesite em perdoar ao pecador. A verdadeira justiça não é a que precipita as almas dos irmãos no laço do desespero. É preciso sabermos que, se a nossa vida não nos parece tão brilhante, a dos outros não nos dever parecer toda feia. E como seria bom se fôssemos para nós mesmos juízes severos! Aposto com você que as faltas dos outros não encontrariam em nós censores tão rigorosos.
Partamos para a guerra como Josué. Tomemos de assalto a cidade mais forte deste mundo, o meu e o seu coração de onde está toda a malícia. Destruamos as suas muralhas orgulhosas. Só então encontraremos à nossa volta o caminho que é preciso tomar, o campo de batalha e o inimigo a derrubar. Quem é? Você já sabe: é o pecado. O que falta é descobrir onde está e quais são as suas artimanhas.
Portanto, embora lhe pareçam estranhas as minhas palavras, elas são verdadeiras: limite a sua procura a si mesmo. Está em você o combate que irá travar, no seu interior, o edifício de malícia que você tem de minar; o seu inimigo sai do fundo do seu coração. Não sou eu quem o diz, mas Cristo: “É do coração que vêm os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as impurezas, os roubos, os falsos testemunhos, as palavras injuriosas” (Mt 15,19).
Percebe qual é o poder deste exército inimigo que avança contra você a partir do fundo do seu coração? Ei-los! Os inimigos que temos de massacrar no primeiro combate, de eliminar na primeira linha da batalha. Se formos capazes de derrubar as muralhas deles e exterminá-los até que não reste nenhum para contar, nenhum para recobrar o ânimo (cf. Js 11,14), se não ficar um único para retomar vida e ressurgir nos nossos pensamentos, então Jesus dar-nos-á o grande repouso.
Jesus, não querendo ser alvo de censura como os fariseus, no Evangelho de hoje – que se preocupavam com as coisas externas deixando o essencial para segundo plano – vos peço: “Dai-me forças para ser guerreiro de mim mesmo, para transformar o meu coração. Dai-me um coração puro para que do meu interior brotem a honestidade, a verdade, a justiça, a misericórdia e a fidelidade. E, assim, eu possa ser o caminho para os perdidos, a luz para os que estão nas trevas, a voz para os mudos nas coisas de Deus, a vez para os excluídos da convivência humana, a alegria para os tristes, o pão para os famintos, a paz para os que estão em guerra, amor para os que semeiam ódio e vingança, levando todos os homens para Vós que sois o Caminho, a Verdade e a Vida do homem”.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

domingo, 26 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 27.08.2012 - Deus quer que todos participem da conversão


Evangelho (Mateus 23,13-22)
Segunda-Feira, 27 de Agosto de 2012
Santa Mônica


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus: 13“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós fechais o Reino dos Céus aos homens. Vós porém não entrais, 14nem deixais entrar aqueles que o desejam. 15Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes pior do que vós.
16Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: ‘Se alguém jura pelo Templo, não vale; mas, se alguém jura pelo ouro do Templo, então vale!’ 17Insensatos e cegos! O que vale mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro? 18Vós dizeis também: ‘Se alguém jura pelo altar, não vale; mas, se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, então vale!’
19Cegos! O que vale mais: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? 20Com efeito, quem jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele. 21E quem jura pelo Templo, jura por ele e por Deus que habita no Templo. 22E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOM ILIA
Deus quer que todos participem da conversão
agosto 27th, 2012

Lemos em Isaías 66,2: “Para quem voltarei o meu olhar, senão para o homem humilde, pacífico, que teme as minhas palavras?”. O Senhor não olha para o exterior, senão para dentro do homem. Ele olha dentro do coração do homem.
No Evangelho de hoje, lemos as três primeiras das sete maldições, com as quais Jesus deixa bem claro a Sua oposição ao ensino tradicional dos escribas e à crença adulterada dos fariseus, mais baseado nas tradições dos homens do que na doutrina divina. Os escribas, ou seja, os intérpretes e catequistas da Lei, e os fariseus, um grupo de observantes rigorosos e muito ligados ao cumprimento formalista e exterior da mesma Lei, e que, por outro lado, são, frequentemente, objeto de graves invectivas da parte de Jesus, não por eles a cumprirem, mas por não lhe entenderem o espírito, e até por guiarem os outros por esse caminho errado.
É preciso que, diante das tentações, comportemo-nos como homens e mulheres fortes no combate. Com o auxílio do Senhor nos tornamos mais do que vencedores. Se cair no pecado, não permaneça nele desencorajado e abatido, mas humilhe-se sem perder a coragem; baixe-se, mas sem se degradar; verta lágrimas sinceras de contrição para lavar as suas imperfeições e faltas, mas sem perder a confiança na misericórdia de Deus, a qual sempre será maior que a nossa ingratidão. Tome a resolução de se corrigir, mas sem presumir de si próprio, pois só em Deus você deve colocar a sua força. Enfim, reconheça, sinceramente, que, se Deus não fosse a sua couraça e o seu escudo, a sua imprudência teria levado você a cometer toda espécie de pecados.
Não se espante com as suas fraquezas. Aceite-se tal como é. Corra das suas infidelidades para com Deus, mas confie n’Ele e abandone-se tranquilamente a Ele, como uma criança nos braços da mãe.
Percorramos todas as épocas e veremos que, de geração em geração, o Mestre ofereceu a possibilidade de conversão a todos quantos queriam voltar-se para Ele. Noé pregou a conversão, e aqueles que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou aos ninivitas a destruição que os ameaçava; eles arrependeram-se dos seus pecados, apaziguaram a Deus e apesar de Lhe serem estranhos alcançaram, por suas súplicas, a salvação.
Por Sua vontade onipotente, Deus quer que todos aqueles a quem Ele ama participem da conversão. É por isso que devemos obedecer à Sua magnífica e gloriosa vontade. Imploremos, humildemente, a Sua misericórdia e a Sua bondade; confiemo-nos à Sua compaixão abandonando as preocupações frívolas, a discórdia e a inveja que só conduzem à morte.
Permaneçamos humildes, meus irmãos, rejeitemos todos os sentimentos de orgulho, de jactância, de vaidade e cólera. Agarremo-nos firmemente aos preceitos e aos mandamentos do Senhor Jesus, tornando-nos dóceis e humildes diante das Suas Palavras. Eis o que diz a Palavra Sagrada: “Para quem voltarei o meu olhar, senão para o homem humilde, pacifico que teme as minhas palavras?”
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

sábado, 25 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 26.08.2012 - Reencontre a fonte da verdadeira felicidade e vida


Evangelho (João 6,60-69)
Domingo, 26 de Agosto de 2012
21º Domingo Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?”
61Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? 62E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? 63O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. 64Mas entre vós há alguns que não crêem”.
Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo.
65E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”.
66A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele.
67Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?”
68Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.




- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Reencontre a fonte da verdadeira felicidade e vida
agosto 26th, 2012

As preocupações comunitárias, dos versículos anteriores, a afirmação de Jesus de que Ele dá o Seu Corpo como Pão da Vida e o fato de que o texto se dirige aos discípulos, indicam, provavelmente, um discurso eucarístico como fonte de divisão. Porém, a afirmação do Senhor, de que Ele “dá a vida” e a identificação da Sua Palavra reveladora com “o pão vindo do céu”, na primeira parte do discurso, talvez tenham criado a controvérsia.
De qualquer maneira, é importante notar que a divisão não se dá entre “os judeus”, mas entre os próprios discípulos, muitos dos quais abandonam Jesus neste momento. É muito interessante a reação de Jesus diante do abandono da maioria dos seus discípulos. Ele não arreda pé, mas, com toda calma, até convida os doze apóstolos a sair se não podem aceitar a Sua Palavra. Jesus não se preocupa com números, mas com a fidelidade ao Pai. Talvez até fique sozinho, mas não vai diluir, em nada, as exigências do seguimento da vontade do Pai.
Este é um exemplo importante para nós, pois, muitas vezes, caímos na tentação de julgar o êxito pelos números. Igrejas cheias indicam sucesso, mas nem sempre é assim. É mais importante ser coerente com o Evangelho, custe o que custar, do que “fazer média” com a sociedade, às vezes, por meio duma pregação tão insossa que reduz a religião a um mero sentimentalismo, sem consequências sociais.
Devemos cuidar de não interpretar erroneamente as palavras de Jesus quando Ele diz: “É o Espírito que vivifica, a carne para nada serve”. Às vezes, usa-se essa frase para justificar uma religião dualista, na qual tudo que é “espírito” é bom e tudo que é material é do mal. Aqui, João não distingue duas partes do ser humano, mas duas maneiras de viver. A “carne” é a pessoa humana entregue a si mesma, incapaz de entender o sentido profundo das palavras e dos sinais de Jesus; o “espírito” é a força que ilumina as pessoas e abre os seus olhos para que possam entender a Palavra de Deus que se pronuncia em Jesus.
Diante do desafio do Mestre, Pedro resume a visão dos que percebem em Jesus algo mais do que um mero pregador: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. Declaração atual, pois é moda na nossa sociedade – até entre muitos católicos praticantes – de correr atrás de tudo que é novidade: supostas aparições, esoterismo, religiões orientais, gnosticismo, escritos apócrifos e tantas outras propostas, às vezes até sem cabimento, enquanto se ignora a Palavra de Deus nas Escrituras.
O texto de hoje nos convida a nos examinarmos, a verificarmos se estamos realmente buscando a Verdade onde ela se encontra, ou se a deixamos de lado, achando – como a multidão no texto – que o seguimento de Jesus “é duro demais”. No meio de tantas propostas de vida, estamos convidados a reencontrarmos a fonte da verdadeira felicidade e da verdadeira vida, fazendo nossa a experiência de Pedro, o qual descobriu que Jesus “tem palavras de vida eterna”. Então, com ele, clamarmos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 25.08.2012 - Nossas obras dirão aquilo que nós somos


Evangelho (Mateus 23,1-12)
Sábado, 25 de Agosto de 2012
20ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 1Jesus falou às multidões e aos seus discípulos: 2“Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo.
5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas.
6Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. 8Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos.
9Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é o vosso Guia, Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Nossas obras dirão aquilo que nós somos
agosto 25th, 2012

No Evangelho, Jesus censura impiedosamente os escribas e os fariseus – homens responsáveis pelo ensino da Escritura e da Lei – porque eram hipócritas. Arrogavam-se em “mestres” tal como Moisés, para impor medidas pesadas aos outros, que eles nunca cumpriam. Mas fingiam ser bons cumpridores da Lei e, para tal, metiam algumas palavras essenciais dessa Lei em pequenos estojos, que colocavam no braço esquerdo ou na fronte – as chamadas “filactérias” – e alargavam as pontas dos mantos, que punham nos ombros para fazerem oração, com bordas muito compridas, por motivos de vaidade.
Jesus critica, violentamente, a sua pretensão à posse exclusiva da verdade, a sua incoerência, o seu exibicionismo, a sua insensibilidade ao amor e à misericórdia. Este texto é um convite a mim e a você, a todos nós, para que não deixemos que atitudes semelhantes se introduzam na minha e na sua família e destruam a fraternidade, fundamento da comunidade.
Jesus nos fala para fazer e observar tudo o que os mestres da Lei e os fariseus dizem, pois eles têm bastante conhecimento da Palavra de Deus e falam com propriedade sobre o que deve ser feito de acordo com a vontade do Pai. Mas Jesus conhece o coração de cada pessoa e, com coerência, nos pede que sigamos os ensinamentos deles, mas que não imitemos as suas atitudes, pois ensinamentos e atitudes se contradizem. Quando ouvirmos alguém nos falando o que deve ser feito de bom, não devemos deixar de fazê-lo só porque quem falou não tem “moral” ou “credibilidade” sobre determinada atitude.
“Olhando pelo lado de quem fala…” Proferir este famoso ditado cai muito bem em diversas situações onde queremos nos livrar da responsabilidade sobre o que falamos. É muito fácil dizer aos outros o que fazer e de que forma fazer; mostrar os erros cometidos mesmo quando eles estão presentes em nós mesmos. O interessante é que sempre falamos com propriedade, pois sabemos realmente que essa ou aquela situação são erradas e que devemos agir de um modo diferente. Entretanto, nós não corrigimos a nós mesmos. E dar testemunho do que falamos torna-se difícil.
Quando estamos servindo a Deus é necessário darmos testemunhos fiéis de nossas palavras, para que as pessoas que nos seguem se reflitam no nosso modo de agir, já que “uma atitude vale mais que mil palavras”. Se você diz ao seu filho: “Não beba! Isto vai lhe fazer mal”. E, no dia seguinte, está com um copo de bebida na mão, seu filho não dará credibilidade ao que você falou, mas no exemplo que você deu!
Ao ler o Evangelho de hoje nos lembramos logo do famoso ditado popular que diz: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. É fundamental nos colocarmos naquilo que fazemos e não naquilo que dizemos. Até porque as nossas obras dirão aquilo que nós somos. “Se vos amardes uns aos outros o mundo vos reconhecerá que sois meus discípulos” - disse Jesus.
Pessoas que “muito falam e pouco fazem” criam uma capa de ilusões. Fazem com que as outras pessoas pensem que ela é “o que diz ser” e que ela “faz o que diz fazer”. Mas, no fundo, esta pessoa é vazia por dentro. Pois não tem nada de verdadeiro na vida dela, tudo não passa de palavras soltas ao vento. Querem aparecer, serem reconhecidas publicamente, mas nem elas mesmas se conhecem. Desejam ser chamadas de “mestres” mas, nisto, Jesus nos adverte: não existe outro mestre, pai ou guia, que não seja o próprio Deus.
Cristo também nos deixa uma mensagem que nos fará verdadeiramente importantes para Deus: “O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 24.08.2012 - O olhar que evangeliza


Evangelho (João 1,45-51)
Sexta-Feira, 24 de Agosto de 2012
São Bartolomeu


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

45Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”.
46Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!” 47Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”.
50Jesus disse: “Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
O olhar que evangeliza
agosto 24th, 2012

Irmãos e irmãs, diante do Evangelho de hoje (cf. Jo 1,45-51), percebe-se o quanto o primeiro contato de muitos com Jesus foi mediado. Filipe encontrou-se com o Mestre; ou melhor, Filipe foi encontrado por Ele (cf. Jo 1,43-44) e, por consequência, acabou promovendo o encontro de Natanael com o Senhor.
Uma outra coisa interessante chama a atenção naquele acontecimento decisivo da história de Natanael: Jesus, como o Profeta, conhece as pessoas e as surpreende com palavras de graça – ainda que, como muitos, Natanael não desse crédito aos nazarenos.
Disse Jesus a Natanael: “Este é um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade!”. “Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira , eu te vi” (Jo 1,47-48). Natanael ficou tão impactado com aquele olhar – de misericórdia e verdade do Verbo Encarnado -, que o penetrou com ternura e sem preconceitos, os quais são, na maior parte das vezes, compostos de ignorância e superficialidades.
Assim, Natanael “desmoronou”. Foi desarmado pelo olhar de Cristo e não demorou para entender, com o auxílio do Espírito Santo, o quanto foi providencial a presença e iniciativa de Filipe, quem serviu de “ponte” entre ele e “o Filho de Deus…Rei de Israel” (Jo 1,49).
Também Natanael, iluminado, pôde reconhecer, com o coração e os lábios, os títulos acima citados, além de ouvir do único Mediador da Salvação palavras de vida eterna que chegam até nós: “Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem!” (Jo 1,51).
Frente a tão grandes testemunhos, alguns questionamentos surgem em nós: “Tenho procurado promover um encontro pessoal e transformador de Jesus com os meus conhecidos a exemplo do que Filipe fez?” “Intercedo para que isto aconteça na vida das pessoas, pelo menos as conhecidas?” Ou ainda: “Uma vez que já iniciei o processo pessoal de conversão, tenho prestado atenção com que tipo de olhar o Senhor Jesus me vê?” E: “Não existem pessoas próximas a mim, e que já não recorrem à visão de Cristo, para se ver e ver toda a realidade?”
Não são auto-acusações e, muito menos, “dedo apontado” a cada um de nós. Mas uma oportunidade de nos revermos à luz do Evangelho que constantemente nos convida à revisão (conversão) em relação a Ele e ao próximo. Mesmo que alguém olhe para você – e para a sua história – e diga, num olhar que seja: “Daí não virá coisa boa!”, não se deixe impressionar. Como Jesus, continue indo ao encontro destes nossos irmãos e irmãs!
Sejamos unidos numa só fé; sejamos um farol que sinaliza em meio a mares revoltos, para onde é preciso rumar a fim de encontrar um porto seguro. É claro que esta fé é essencialmente eclesial para conseguir comunicar a Luz Verdadeira (cf. Jo 1,9) em meio às trevas e nevoeiros do relativismo e individualismo que se alastram no mundo.
Portanto, alegremo-nos, hoje e sempre, se já fazemos parte da barca de Filipe e Natanael – que é a mesma de Pedro. Mas saibamos que ser membro desta embarcação tão especial nos convoca, como Igreja, a não desistirmos da busca da verdade e a sermos uns para os outros intercessores e promotores do encontro pessoal com Cristo, no poder do Espírito Santo.
Ele, que a todos vê, de todos sabe e a todos nos envia com um olhar de misericórdia e verdade.
Padre Fernando Santamaria – Comunidade Canção Nova


Fonte: Canção Nova

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 23.08.2012 - Você tem vislumbrado a pérola que há no seu coração?


Evangelho (Mateus 13,44-46)
Quinta-Feira, 23 de Agosto de 2012
Santa Rosa de Lima


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Você tem vislumbrado a pérola que há no seu coração?
agosto 23rd, 2012

Assim como, dentro de nós, estão os sentimentos ruins e negativos, também é dentro de nós que o Reino dos Céus acontece. Ele é como um tesouro que está escondido dentro do nosso coração, no meio do campo da nossa humanidade; ou uma pérola preciosa que é buscada por nós e precisa ser encontrada.
Quando descobrimos a riqueza do Reino de Deus, do amor do Céu, aos poucos vamos substituindo o que estava em nós – as outras coisas que nos prendiam na vida e que são nossas inimigas – e vamos nos apossando da riqueza que gera amor, paz, alegria, fortaleza, esperança, vitória e felicidade mesmo no meio das dificuldades. É o que significa “vender tudo o que se tem e, com alegria, comprar o campo”.
Esse “campo” é o nosso corpo, o qual possui um tesouro escondido, pois, como nos diz São Paulo, o corpo humano é o templo do Espírito Santo de Deus (cf. I Cor 6,19). E ele só pode ficar cheio de ódio por obra do diabo que, por atitudes e pensamentos amargos, consegue se infiltrar no ser humano. Descoberto o tesouro escondido em nós, conseguimos nos livrar do seu poder. Aliás, é só pelo poder do nome de Jesus que este ódio será expulso e acontecerá a plenificação do Reino em nós.
Ficamos mais alegres e felizes quando sentimos as primeiras demonstrações do amor de Deus em nós, percebemos também que o dom da misericórdia acompanha a nossa caminhada e as nossas ações. Então, tornamo-nos pessoas mais compreensivas, mais amorosas e mais comunicativas.
Não se esqueça de que conversão exige fé. Esta, por sua vez, exige a adesão ao Evangelho. Assim começa o Reino de Deus, conforme Jesus anunciou e nos mandou seguir: “O Reino de Deus já está no meio de vós e eu vim a este mundo para instaurá-lo” (cf. Lc 17,21 e Mc 1,38). Só que Ele está escondido. É preciso descobri-Lo e, uma vez descoberto, nos convertermos a ele conforme a exigência de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
Para seguir a conversão, segundo o plano que Jesus traça, é preciso deixar tudo e abraçar essa vida nova que Ele chama de “tesouro” ou “pérola”. Pensemos, por exemplo, no amor à verdade, na prática da humildade, na caridade que se deve ter para com o próximo. Tudo isso é a “pérola” que encontramos no ensinamento de Cristo. Esse ensinamento é radical.
A conversão nos orienta para os valores eternos sem nos esquecermos dos valores terrenos. Portanto, a pessoa convertida é mais gente, porque valoriza o que possui de humano em vista do divino.
Você já sente as primícias do Reino de Deus? Você já tem vislumbrado a pérola e o tesouro que há no seu coração? Quais são os sentimentos que você guarda no seu coração?
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

terça-feira, 21 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 22.08.2012 - Peçamos a Deus um coração obediente como o de Maria


Evangelho (Lucas 1,26-38)
Quarta-Feira, 22 de Agosto de 2012
Nossa Senhora Rainha


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria.
28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação.
30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”.
34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”.
38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.




HOMILIA
Peçamos a Deus um coração obediente como o de Maria
agosto 22nd, 2012

Aos pastores que guardavam os rebanhos de seu patrão é anunciado o nascimento de Jesus. Eles vão às pressas ao encontro do recém-nascido. Lucas, com suas narrativas da infância de João Batista e de Jesus, no início de seu Evangelho, já apresenta um de seus temas fundamentais: em Jesus, Deus se revela como o Deus dos pobres, fracos e excluídos.
Pois a escolha de Maria – uma jovem da periferia da Galileia – para ser a mãe de Jesus, Filho de Deus, nos revela que o projeto de Deus difere dos projetos humanos.
O poder e o prestígio tão ansiosamente buscados nada significam para Deus. Maria viveu a humildade e o serviço e, nisto, identifica-se com seu filho Jesus. O título de “rainha” aplicado a Maria não indica poder e superioridade, mas sim amor que se doa, cativa  e se comunica. Maria está presente em nossos lares, nas alegrias e nos sofrimentos, nos confortando como mãe e companheira de caminhada no seguimento de Jesus.
Seu amor misericordioso é universal e a fonte da paz a ser consolidada pelos laços de fraternidade e justiça entre todos, homens e mulheres.
Unindo o Filho que se encarna e a Mãe que O acolhe, aparece misteriosamente a obediência, o “sim” de total disponibilidade ao Pai. O “sim” eterno do Filho, que ecoa no tempo através do “sim” da Virgem Maria. Assim, aparece o quanto a salvação do mundo e da humanidade manifesta-se na atitude de obediência, o contrário da atitude do pecado original: a humanidade voltará pela obediência Àquele de quem se afastou pela covardia da desobediência. O Criador e a criatura, de modo admirável e incompreensível, comungam nessa obediência ao plano amoroso de salvação.
Somos convidados a contemplar a atitude crente, madura e disponível de Nossa Senhora: crente porque se confia totalmente ao Senhor, como Abraão, que partiu sem saber para onde ia (cf. Hb 12,8). Casamento, futuro, filhos… Tudo isso a Virgem Mãe deixou nas mãos de Deus, sem pedir explicações, sem pedir provas, sem pedir garantias. Atitude madura porque humildemente procurou compreender – o quanto possível – o plano de Deus a seu respeito para melhor aderir a ele.
Atitude disponível pela sua insuperável resposta ao convite do Senhor: “Eis a Serva!” – Não se pertence a si própria, não considera sua vida e seu destino a partir de seus interesses e projetos; ela se confia total e absolutamente ao seu Senhor e Deus.
Concluindo, diremos que a Anunciação do Anjo mostra a dinâmica da fé e de Maria: sendo virgem, descobre-se grávida; perturba-se e tem medo; descobre a mão de Deus ao Espírito Santo; toma consciência que o que cresce em seu seio é Divino; não duvida desta iluminação interior; apenas pergunta como se fará isso. Aceita realidades que não se veem. Ela creu, pois para Deus nada é impossível.
A fé consiste exatamente nisso: “a fé é a antecipação das coisas que se esperam, a prova das realidades que não se veem”. (Hb 11,1). Com Maria digamos “sim” à voz de Deus, pois Jesus quer continuar nascendo em mim e em você todos os dias.
Padre Bantu Mendonça


Fonte Canção Nova

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 21.08.2012 - A riqueza é algo perigoso?


Evangelho (Mateus 19,23-30)
Terça-Feira, 21 de Agosto de 2012
São Pio X


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 23Jesus disse aos discípulos: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no reino dos Céus. 24E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. 25Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” 26Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”.
27Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?” 28Jesus respondeu: “Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. 29E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna. 30Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos. E muitos que agora são os últimos, serão os primeiros.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA 
A riqueza é algo perigoso?
agosto 21st, 2012

Depois de Jesus ter falado com aquele  jovem rico – um estudioso da Lei, que cumpria todos os parágrafos, não era desonesto, nem mentiroso, nem violento e adúltero -, Ele agora nos propõe este texto que fala sobre o perigo das riquezas.
Vendo aquele jovem, Jesus acha-o não distante do Reino dos Céus. Por isso, faz-lhe um convite a vender tudo e destribuí-lo aos pobres: “Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, e dê o dinheiro aos pobres, e assim você terá riquezas no Céu. Depois venha e me siga”. Porém, o conceito que aquele homem tinha de “riqueza” divergia do conceito do Mestre.
Para Cristo a Lei é o varal da fraternidade, é resposta à Aliança gratuita e generosa oferecida por Deus. É partilha, é comunhão. Assim, se os bens não forem entendidos como dons que devem ser partilhados com os pobres não teremos direito a herdar o Reino dos Céus.
Ao jovem, que já era fiel observante dos mandamentos, Jesus faz uma proposta radical: vender tudo, distribuir o dinheiro aos pobres e segui-Lo. O jovem se retirou triste, porque era muito rico. Não teve coragem para desvencilhar-se de tudo, tornar-se discípulo e aderir ao compromisso de construir o Reino. E Jesus adverte sobre o perigo que a riqueza pode significar para a liberdade e o desenvolvimento pleno da pessoa.
O Eclesiástico lembra que ela pode se tornar um forte obstáculo para a integridade (cf. Eclo 32,1-11). Certamente, a palavra de Jesus: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt 19,23-24), além de alertar para o risco que corre o rico em ordem à sua salvação, alude à dificuldade para um seu engajamento mais pleno na construção do Reino, que é vida para todos, no aqui e no agora de nossa existência.
Veja que Jesus, no Evangelho de hoje, nos indica uma dificuldade real, uma necessidade de esforço penoso e não uma impossibilidade.
Os Padres da Igreja – dos primeiros séculos pós-catacumba – explicam que a razão da dificuldade tem a ver com minha relação com Deus, comigo mesmo e com os outros. O que entendem por “rico” e “riqueza” não é quantidade absoluta de bens, mas situação na sociedade. Quem tem 10% dos bodes da tribo de criadores primitivos, é rico; não importa se dispõe de menos bens do que hoje vemos.
Riqueza é condição material concreta adequada ao poder. Mas como o poder em si mesmo, ela em si não é má. O Senhor não condena nem os ricos nem as riquezas; mas adverte os seus discípulos do perigo que correm, se lhes entregarem o coração. Em contrapartida, a atitude desprendida de Pedro e dos outros apóstolos é caminho certo para entrar no Reino de Deus. O mundo novo que o Filho de Deus nos revelou na sua morte e ressurreição inaugurou a regeneração do universo, em que tudo é julgado por outros critérios.
A graça de Deus pode fazer gente rica ser profundamente cristã. Temos como alguns exemplos: Henrique II (imperador da Alemanha), Luis IX (rei da França), Isabel (rainha de Portugal) e a duquesa Edviges, cujo fundo rotativo de ajuda ao camponês encalacrado a fez “Padroeira de todos os endividados”.
Mas ser rico é um risco. Risco em nossa relação com Deus, exposta a duas variantes da mesma tentação: o ateísmo prático e a idolatria.
A riqueza ameaça minha relação comigo. Os bens são nossos servos, para nossa vida e vida plena, nossa e de todos ao nosso redor, para nossa realização como pessoas, também diante de Deus. No momento em que eles não mais nos servem, mas nós servimos a eles, começa o desvio.
A riqueza me separa dos outros, afasta-me deles. Os bens deste mundo em si são bons, presentes carinhosos do Deus que quer que todos os seres humanos tenham vida e vida plena.
Que a verdade proferida por Jesus me ensine a ter um coração mais desapegado dos bens terrenos e mais rico da presença de Deus. Pois o desapego dos bens terrenos é um caminho de sincera humildade e confiança em Deus.
Padre Bantu Mendonça

Fonte: Canção Nova

domingo, 19 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 20.08.2012 - Senhor, dai-me um coração desprendido de todas as riquezas do mundo


Evangelho (Mateus 19,16-22)
Segunda-Feira, 20 de Agosto de 2012
São Bernardo


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 16alguém aproximou-se de Jesus e disse: “Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?” 17Jesus respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos”. 18O homem perguntou: “Quais mandamentos?” Jesus respondeu: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, 19honra teu pai e tua mãe, e ama teu próximo como a ti mesmo”.
20O jovem disse a Jesus: “Tenho observado todas essas coisas. Que ainda me falta?” 21Jesus respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 22Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Senhor, dai-me um coração desprendido de todas as riquezas do mundo
agosto 20th, 2012

Neste texto, Jesus nos dá a grande lição de tudo oferecer aqui na Terra, para tudo receber no Céu. Ele é o “tudo receber” de Deus, Seu Pai. E, por amor aos homens, Se converteu no “tudo dar” para que os homens recebessem tudo de Deus. Assim se você, meu irmão, quer ter como herança a vida eterna, não tem outro caminho senão “ir, vender tudo o que tens e distribuí-lo aos pobres”.
O comportamento de Jesus e a Sua Palavra, as Suas ações e os Seus preceitos, constituem a regra moral da vida cristã. De fato, estas Suas ações e, particularmente, a Sua Paixão e morte na cruz, são a revelação viva do Seu amor pelo Pai e pelos homens. É precisamente este amor que Jesus pede que seja imitado por quantos O seguem.
Ao chamar o jovem para O seguir pelo caminho da perfeição, Jesus pede-lhe para ser perfeito no mandamento do amor, no ‘Seu’ mandamento: para inserir-se no movimento da Sua doação total, para imitar e reviver o próprio amor do Mestre ‘bom’, d’Aquele que amou ‘até ao fim’. É o que Jesus pede a cada homem que quer segui-Lo: “Se alguém quiser vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me” (Mt 16,24).
Seguir a Cristo não é uma imitação exterior, já que atinge o homem na sua profunda interioridade. Ser discípulo de Jesus significa tornar-se conforme a Ele, que Se fez servo até ao dom de Si sobre a cruz. Pela fé, Cristo habita no coração do cristão (cf. Ef 3,17), e assim o discípulo é assimilado ao seu Senhor e configurado com Ele.
O moço, ouvindo essa palavra, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens. O moço foi obediente à sua vocação? Não. Antes se retirou triste e pesaroso, porque tinha apego à sua grande fortuna.
Infeliz, ele tapa os ouvidos à voz de Nosso Senhor, com o coração cheio de tristeza, porque a alegria só é possível quando há generosidade e desprendimento, quando há essa disponibilidade absoluta diante do querer de Deus que se manifesta em momentos bem precisos da nossa vida e, depois, na fidelidade ao longo dos dias e dos anos.
A tristeza deste jovem leva-nos a refletir. Podemos ser tentados a pensar que possuir muitas coisas, muitos bens deste mundo, pode fazer-nos felizes. No entanto, no caso do jovem do Evangelho, as riquezas se tornaram um obstáculo para aceitar o chamado de Jesus que o convidava a segui-Lo. Não estava disposto a dizer “sim” a Jesus e “não” a si mesmo, a dizer “sim” ao amor e “não” à fuga.
O amor verdadeiro é exigente. Porque foi Jesus – o próprio Jesus – quem disse: “Vós sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15,14). O amor exige esforço e compromisso pessoal para cumprir a vontade de Deus. Significa sacrifício e disciplina, mas significa também alegria e realização humana.
O jovem do Evangelho se afastou tristemente de Cristo Jesus, fonte da verdadeira alegria, para buscar a felicidade nos bens passageiros desta vida. Quanta ilusão!
Infeliz daquele que diz “não” ao Senhor do universo, que tapa os ouvidos ao Seu convite, que “franze a testa” perante a Sua Lei e que olha com indiferença para Aquele único Senhor que lhe pode dar a verdadeira alegria. Esse viverá em contínua frustração!
Seguir a Cristo de perto é o nosso ideal supremo. Não queremos retirar-nos da Sua presença como aquele jovem, com a alma impregnada de profunda tristeza por não termos sabido desprender-nos de uns bens de pouco valor, em comparação com a imensa riqueza de Jesus.
Que o Senhor nos ajude com a Sua graça para que, a cada momento, possa contar efetivamente conosco para o que queira. Livres de objeções e de laços que nos prendam.
Senhor, não tenho outro fim na vida a não ser buscar-vos, amar-vos e servir-vos. Dai-me um coração desprendido de todas as riquezas do mundo. Quero ser como Vós, o puro receber de Deus, para – por amor – tudo dar aos meus irmãos, a fim de que tenha como herança a vida eterna.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova


sábado, 18 de agosto de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 19.08.2012 - Deixe-se visitar por Jesus e Maria


Evangelho (Lucas 1,39-56)
Domingo, 19 de Agosto de 2012
Assunção de Nossa Senhora


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naqueles dias, 39Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia.
40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.
41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
46Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam.
51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”.
56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.



- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Deixe-se visitar por Jesus e Maria
agosto 19th, 2012

Todo aquele intercâmbio de vida, todo aquele diálogo de amor à luz do Espírito Santo, leva Maria a um canto de ação de graças e de louvor, inspirado no canto de Ana, a mãe de Samuel (cf. Sm 2,1-10). É que tanto lá como aqui, se realimenta a esperança dos pobres por uma intervenção de Deus Salvador. Jesus, de fato, significa “Deus salva”.
A primeira parte do canto apresenta o louvor e a santificação do nome de Deus por parte de Maria. Na verdade, Deus pôs Seu olhar sobre aquela humilde jovem de Nazaré, fazendo grandes coisas em seu favor. Deus exalta sua humildade, de tal modo que todas as gerações têm a obrigação de chamar a Mãe de Deus de “Bem-Aventurada”, ou seja, de santa.
Assim, Jesus é concebido como a misericórdia de Deus em ação, trazendo vida para todos, restaurando a fraternidade entre os filhos de Deus.
Ao descrever a visita de Maria a Isabel, Lucas quer mostrar Maria como um modelo de solidariedade, da comunidade fiel que atende a todos os irmãos necessitados. O serviço de Maria a Deus se concretiza no serviço aos irmãos necessitados. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, Lucas quer ensinar como as pequenas comunidades devem fazer para transformar a visita de Deus em serviço aos irmãos e irmãs. Nossa acolhida à Palavra de Deus concretiza-se no serviço concreto às pessoas mais carentes.
Lucas acentua a prontidão de Maria em atender ao apelo de Deus contido nas palavras do anjo. O anjo tinha lhe falado da gravidez de Isabel. Imediatamente, Maria sai de sua casa para se colocar a serviço de Isabel. De Nazaré até as montanhas de Judá são mais de cem quilômetros de caminhada. Tal atitude de Maria frente ao apelo da Palavra quer nos ensinar que não devemos nos fechar sobre nós mesmos, atendendo apenas as pessoas que nos são conhecidas ou que estão mais perto de nós. Devemos sair de casa, e estar bem atentos às necessidades concretas das pessoas e procurar ajudar na medida de nossas capacidades e possibilidades.
Até pouco tempo Maria levava uma vida “normal”; porém, depois do grande anúncio tudo muda; só Deus sabe o que passou em seus pensamentos, talvez muitas preocupações diante de um fato tão grandioso, do qual estava participando diretamente. Porém, uma coisa é certa: ela confia no Senhor. Não ficou presa no fato em si, mas põe-se, como nos diz a leitura, a caminho.
No diálogo que teve com o anjo, ‘na Anunciação’, Maria fica sabendo que também Isabel foi agraciada milagrosamente: “Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês para aquela que chamavam de estéril”. Maria vai visitar sua prima e, ao vê-la, confirma-se o que anjo já lhe havia falado.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo.
Ao chegar na casa de Isabel, após uma longa viagem de pouco mais de cem quilômetros, as duas mulheres se encontram, e não só elas, mas também os frutos da bondade e do amor de Deus. Aqui aproveito para abrir um pequeno parêntese: Maria estava com poucos dias de gestação, e ainda assim o seu filho foi percebido por Isabel, e o ainda não nascido João Batista. Como é que podem alguns ainda colocar em dúvida se o feto não constitui ainda um ser humano, capaz de reconhecer as grandes maravilhas de Deus, mesmo que estes sejam de poucos centímetros?
Maria foi a primeira anunciadora da Boa Nova. Junto com ela, leva a mesma alegria recebida do anjo, leva também o Cristo e o Espírito Santo. Como não querer bem a uma mulher que soube realizar a vontade do Pai? Maria é aquela que conduz Jesus até aquela família. Mais tarde, será ela também que pede a Jesus para que ajude os noivos nas bodas de Caná; e ainda hoje ela continua atenta às nossas necessidades, com seu olhar materno.
Diante de tudo que recebeu, ela não se exalta, mas bendiz o Senhor: “Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus meu Salvador”. Este canto, que Lucas colocou nos lábios de Maria, relembra o que Deus fez em Maria, a Serva do Senhor. Mas recorda também o que Deus fez pelos pobres através de Jesus. Ele inverte as falsas situações humanas no campo religioso, político e social.
“Pois Sua misericórdia perdura para sempre para os que o temem. Aos que não o temem – os orgulhosos – Ele dispersou com a força do seu braço. Ele derrubou do trono os poderosos. Quanto aos humildes, submissos e oprimidos, Ele os exaltou. Ele cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias”. Deixemo-nos visitar por Deus! Mas estejamos atentos com a mesma sensibilidade de Isabel e João Batista. Que possamos reconhecê-Lo, acolhê-Lo e com Ele alegrar-se.
Pai, conduza-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou, sendo exaltada por Ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão plena contigo.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova