quarta-feira, 12 de março de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 520-26 - 14.03.2025

 Liturgia Diária


14 – SEXTA-FEIRA 

1ª SEMANA DA QUARESMA


(roxo – ofício do dia)


Livrai-me, Senhor, das minhas aflições, vede minha pequenez e minha fadiga e perdoai todos os meus pecados (Sl 24,17s).


A harmonia divina manifesta-se quando a consciência desperta, transcendo a sombra do erro e orientando-se para a luz da verdade. O chamado supremo ressoa na liberdade do espírito, que, ao reconhecer-se autônomo, alinha-se ao eixo do Bem. Esta jornada não se impõe, mas se revela na escolha interior, onde a redenção não é coerção, mas expressão da vontade esclarecida. Celebramos, assim, a magnanimidade do Princípio transcendente, vivenciando a comunhão autêntica, que não subjuga, mas une pela afinidade das essências. A reconciliação é a ordem restaurada, onde cada alma, livre, encontra-se na eterna convergência ao Absoluto.



Evangelium secundum Matthaeum 5,20-26

20 Dico enim vobis quia, nisi abundaverit iustitia vestra plus quam scribarum et pharisæorum, non intrabitis in regnum cælorum.
Digo-vos, pois, que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.

21 Audistis quia dictum est antiquis: Non occides: qui autem occiderit, reus erit iudicio.
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; aquele que matar será réu no tribunal.

22 Ego autem dico vobis quia omnis qui irascitur fratri suo, reus erit iudicio. Qui autem dixerit fratri suo: Racha: reus erit concilio. Qui autem dixerit: Fatue: reus erit gehennæ ignis.
Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encoleriza contra seu irmão será réu no tribunal. Quem disser a seu irmão: ‘Tolo’, será réu perante o Sinédrio. Quem lhe disser: ‘Louco’, será réu do fogo da geena.

23 Si ergo offers munus tuum ad altare, et ibi recordatus fueris quia frater tuus habet aliquid adversum te:
Se, pois, ao apresentares tua oferta no altar, ali te lembrares de que teu irmão tem algo contra ti,

24 relinque ibi munus tuum ante altare, et vade prius reconciliari fratri tuo: et tunc veniens offeres munus tuum.
deixa ali tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; depois, vem apresentar tua oferta.

25 Esto consentiens adversario tuo cito dum es in via cum eo: ne forte tradat te adversarius iudici, et iudex tradat te ministro, et in carcerem mittaris.
Reconcilia-te depressa com teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, e o juiz ao oficial de justiça, e sejas lançado na prisão.

26 Amen dico tibi, non exies inde donec reddas novissimum quadrantem.
Em verdade te digo: não sairás dali enquanto não pagares o último centavo.

Reflexão:

"Relinque ibi munus tuum ante altare, et vade prius reconciliari fratri tuo: et tunc veniens offeres munus tuum."
"Deixa ali tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; depois, vem apresentar tua oferta." (Mt 5:24)

Essa passagem destaca a primazia da reconciliação sobre o ritual externo, ressaltando que a verdadeira justiça nasce do restabelecimento da harmonia entre as almas.

A ascensão do ser passa pela superação das estruturas rígidas da moral imposta, substituindo a obediência cega pela consciência esclarecida. O espírito desperto compreende que a justiça autêntica nasce da livre escolha pelo Bem, não por temor à punição. O vínculo essencial entre as almas não é forjado pela imposição, mas pela convergência voluntária no amor. Reconciliar-se com o outro é harmonizar-se com a verdade última, pois todo desencontro retarda a plenitude. Quem resiste ao chamado da unidade adia sua própria realização. O caminho exige discernimento e ação livre, onde a justiça não é carga, mas potência criadora.


HOMILIA

A Justiça que Transcende

A verdadeira justiça não é medida pela conformidade às normas externas, mas pela profundidade da transformação interior. O Mestre ensina que a justiça autêntica deve ultrapassar a dos escribas e fariseus, pois não basta evitar o crime visível se o coração permanece obscurecido pela cólera e pelo desprezo. O homicídio já se inicia na ira que fere a unidade do ser com o outro.

Há um caminho que não se impõe de fora, mas se revela na liberdade da consciência. A reconciliação não é mera formalidade, mas a real integração da pessoa na ordem do Bem. Antes de qualquer oferenda, é necessário que o espírito esteja pacificado, pois só na harmonia interior a ação se torna plena.

O convite do Evangelho não é um peso, mas um despertar. Quem se adiantaria a pagar o último centavo por medo, sem compreender que a dívida maior é para com a própria essência? A justiça verdadeira não teme juízos exteriores, pois se realiza na escolha voluntária pelo amor, onde cada um se torna artesão de sua própria elevação.

A exigência do Cristo não é uma submissão ao rigor da lei, mas um chamado para que a liberdade não seja usada como um véu de dissimulação, e sim como potência criadora de uma ordem mais alta. Quem se reconcilia pelo espírito não o faz por interesse, mas porque reconhece que fora da comunhão não há plenitude. Assim, a justiça deixa de ser um limite e se torna caminho.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Primazia da Reconciliação sobre o Culto

1. O Culto e a Unidade do Ser

A oferta diante do altar representa a relação entre o homem e Deus, mas essa relação não pode ser plena se há divisão com o irmão. A adoração autêntica não se limita ao ato litúrgico, mas exige uma vida reconciliada e coerente com o amor divino.

2. A Comunhão como Condição da Verdadeira Oferenda

Na tradição bíblica, a Aliança sempre exigiu a unidade entre os filhos de Deus. O culto verdadeiro não é um ato solitário, mas a expressão de um espírito integrado à comunhão universal. A ruptura com o irmão compromete a relação com Deus.

3. O Deslocamento da Justiça: Do Ritual Externo à Interioridade

Cristo ensina que a justiça verdadeira não se reduz à observância de normas rituais, mas exige uma conversão do coração. O sacrifício só tem valor se brotar de uma alma purificada, em conformidade com a verdade e o amor.

4. O Significado Teológico da Reconciliação

A reconciliação não é um simples gesto moral, mas uma necessidade teológica: quem rompe com o próximo, afasta-se da plenitude do Ser. A oferta diante do altar deve ser precedida por um coração pacificado, pois Deus não recebe o que vem de um espírito endurecido.

5. A Transformação Interior como Caminho para o Culto Autêntico

Jesus nos conduz de um culto mecânico para uma espiritualidade baseada no dom total de si. O altar não é um local de barganha com Deus, mas de confirmação da integridade da alma. Só quem se reconcilia plenamente pode se apresentar diante do Altíssimo com um espírito indiviso.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

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Salmo

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