terça-feira, 18 de março de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 21:33-43.45-46 - 21.03.2025

 Liturgia Diária


21 – SEXTA-FEIRA 

2ª SEMANA DA QUARESMA


(roxo – ofício do dia)


Senhor, eu ponho em vós minha esperança; que eu não fique envergonhado eternamente! Retirai-me desta rede traiçoeira, porque sois o meu refúgio protetor! (Sl 30,2.5)


A essência deste tempo de transformação impele-nos à elevação do espírito e à ação virtuosa. A jornada de José do Egito, marcado pela adversidade, reflete a inevitável provação daquele que manifesta a verdade. Assim também Cristo, plenitude da herança divina, enfrentou o peso das estruturas que resistem ao esplendor da luz. A liberdade do ser exige fidelidade ao caminho da sabedoria e ao reconhecimento da dignidade inalienável de cada existência. Elevemos nosso pensamento àqueles que sofrem por permanecerem fiéis ao chamado do alto, pois é na perseverança que se revela a integridade do espírito e o triunfo da verdade.



Evangelium: Matthæus 21,33-43.45-46

33 Aliam parabolam audite: Homo erat paterfamilias, qui plantavit vineam, et sepem circumdedit ei, et fodit in ea torcular, et ædificavit turrim, et locavit eam agricolis, et peregre profectus est.
Ouvi outra parábola: Um homem, pai de família, plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, construiu uma torre e a arrendou a lavradores, partindo para longe.

34 Cum autem tempus fructuum appropinquasset, misit servos suos ad agricolas, ut acciperent fructus eius.
Quando chegou o tempo dos frutos, enviou seus servos aos lavradores, para receber os frutos da vinha.

35 Et agricolae, apprehensis servis eius, alium ceciderunt, alium occiderunt, alium vero lapidaverunt.
Mas os lavradores, agarrando seus servos, espancaram um, mataram outro e apedrejaram outro.

36 Iterum misit alios servos plures prioribus, et fecerunt illis similiter.
Novamente enviou outros servos, em número maior que os primeiros, e fizeram com eles o mesmo.

37 Novissime autem misit ad eos filium suum dicens: Verebuntur filium meum.
Por fim, enviou-lhes seu filho, dizendo: Respeitarão meu filho.

38 Agricolae autem videntes filium, dixerunt intra se: Hic est hæres; venite, occidamus eum, et habebimus hereditatem eius.
Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo e tomemos sua herança.

39 Et apprehensum eum eiecerunt extra vineam, et occiderunt.
E, agarrando-o, lançaram-no para fora da vinha e o mataram.

40 Cum ergo venerit dominus vineæ, quid faciet agricolis illis?
Quando, pois, vier o senhor da vinha, o que fará àqueles lavradores?

41 Aiunt illi: Malos male perdet, et vineam locabit aliis agricolis, qui reddant ei fructum temporibus suis.
Responderam-lhe: Fará perecer miseravelmente esses maus e arrendará a vinha a outros lavradores, que lhe deem os frutos a seu tempo.

42 Dicit illis Iesus: Numquam legistis in Scripturis: Lapidem quem reprobaverunt ædificantes, hic factus est in caput anguli: a Domino factum est istud, et est mirabile in oculis nostris?
Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso foi feito pelo Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos?

43 Ideo dico vobis, quia auferetur a vobis regnum Dei, et dabitur genti facienti fructus eius.
Por isso vos digo: O Reino de Deus vos será tirado e será dado a um povo que produza os seus frutos.

45 Et cum audissent principes sacerdotum et pharisæi parabolas eius, cognoverunt quod de ipsis diceret.
E quando os príncipes dos sacerdotes e os fariseus ouviram suas parábolas, compreenderam que falava deles.

46 Et quærentes eum tenere, timuerunt turbas, quoniam sicut prophetam eum habebant.
E, procurando prendê-lo, temeram a multidão, pois o tinham como profeta.

Reflexão:

"Lapidem quem reprobaverunt ædificantes, hic factus est in caput anguli: a Domino factum est istud, et est mirabile in oculis nostris?"
"A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso foi feito pelo Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos?" (Mt21:42)

A vinha é o mundo confiado ao ser humano para que dele extraia frutos. Mas a liberdade exige responsabilidade, e quando a posse se sobrepõe ao chamado à plenitude, a ordem se rompe. O herdeiro rejeitado representa a verdade que desafia estruturas rígidas e anuncia um novo horizonte de consciência. O reino não é privilégio, mas conquista daquele que cultiva a justiça. A rejeição da pedra angular revela a cegueira de quem se apega ao transitório. Somente na abertura ao sentido maior da existência se encontra o caminho para que a vida alcance sua expressão mais alta e fecunda.


HOMILIA

A Vinha e a Plenitude do Ser

A parábola da vinha confiada a lavradores nos apresenta um drama eterno: o chamado à responsabilidade e a recusa em reconhecer a fonte originária de toda posse e poder. O Senhor concede a vinha ao homem, não como um domínio absoluto, mas como uma missão de cultivo, um espaço onde a liberdade deve se harmonizar com a verdade. Mas o que acontece quando a liberdade se desvincula da ordem que a sustenta?

Os lavradores da parábola, ao se apropriarem da vinha, rejeitam os servos e, por fim, o próprio herdeiro. Aqui se encontra o mistério da resistência à verdade: quando esta se manifesta, os que temem perder seu controle sobre o mundo tentam silenciá-la. O herdeiro representa aquele que traz consigo a plenitude do sentido, que desvela o propósito da criação. Mas os que se encerram em sua própria posse não suportam a presença daquele que lhes recorda que não são senhores, mas administradores.

A história da vinha é a história do ser humano diante do chamado à grandeza. Ou se abre à verdade, permitindo que sua existência floresça na justiça e no reconhecimento da origem de tudo, ou se fecha em si mesmo, condenando-se à perda da própria herança. A pedra angular rejeitada torna-se a medida de todas as coisas, pois apenas aquele que aceita sua posição diante da plenitude pode construir sobre fundamentos sólidos.

Assim, cada um de nós é confrontado com esta escolha: cultivar a vinha na fidelidade ao seu sentido original ou agir como aqueles que se apropriam do que não lhes pertence. A justiça última não é uma punição arbitrária, mas o desdobramento inevitável das escolhas que fazemos. Aquele que se abre ao chamado será conduzido à abundância; aquele que se apega ao que é transitório verá tudo escapar de suas mãos.

A vinha permanece. O Senhor continua a chamá-los. Quem responderá com sabedoria?


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Pedra Angular: Rejeição e Glorificação na Economia Divina

A frase dita por Jesus em Mateus 21,42 — "A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso foi feito pelo Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos?" — sintetiza um princípio teológico fundamental: a manifestação da verdade eterna por meio do paradoxo da rejeição e da exaltação.

A Pedra Rejeitada e a Dialética do Reino

A imagem da "pedra angular" remete ao Salmo 117,22, onde já se prenunciava a inversão das expectativas humanas diante da ação divina. O contexto imediato da parábola da vinha indica que Jesus identifica a si mesmo como essa pedra: enviado pelo Pai como herdeiro legítimo, mas rejeitado pelos líderes religiosos que, cegos pela posse do poder, não reconhecem sua autoridade.

Essa rejeição, no entanto, não representa um fracasso, mas um desígnio providencial. Deus permite que a pedra seja descartada para que, por meio da rejeição, ela alcance seu verdadeiro lugar. Aqui se revela um princípio espiritual profundo: a verdade que o mundo despreza é aquela que sustenta a criação e conduz a história ao seu cumprimento.

A Pedra Angular e a Estrutura da Salvação

A pedra angular não é um mero elemento estrutural, mas a peça que dá coesão a toda a construção. Na arquitetura antiga, essa pedra era posicionada no ângulo da edificação ou no ponto mais alto do arco, unificando as forças e sustentando a estrutura. Aplicado à teologia da salvação, isso significa que Cristo não é apenas um mensageiro ou um exemplo moral, mas o próprio fundamento da nova criação.

A rejeição de Cristo pela humanidade representa a resistência do coração endurecido à luz da verdade. No entanto, essa mesma rejeição é transformada em glorificação: ao ser lançado fora, Cristo assume a posição mais alta, tornando-se a referência absoluta para toda a ordem espiritual e cósmica. O que foi negado pelos homens é confirmado pelo próprio Deus, e essa confirmação é mirabile in oculis nostris — algo maravilhoso aos olhos dos que possuem a visão para enxergar.

A Lógica Divina e a Transformação do Destino Humano

Esse versículo também revela o princípio da inversão divina: o que parece fracasso, em Deus se torna vitória; o que é desprezado pelos homens é escolhido para manifestar a glória. Essa é a lógica da cruz e da ressurreição.

Mas há um chamado implícito na metáfora da pedra angular: a necessidade de reconhecer onde repousam os verdadeiros alicerces da existência. Os que rejeitam a pedra condenam-se a uma edificação instável, fundamentada em ilusões transitórias. Os que a reconhecem constroem sobre a verdade que sustenta tudo.

Por fim, a maravilha descrita no versículo é a percepção da ordem divina que se manifesta naquilo que parecia caos. A providência age onde a mente humana vê apenas destruição. A pedra que os homens desprezaram é, na realidade, a que lhes dará estabilidade eterna.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Mensagens de Fé

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