+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus 8,18-22
Naquele tempo;
18Vendo uma multidão ao seu redor,
Jesus mandou passar para a outra margem do lago.
19Então um mestre da Lei aproximou-se e disse:
'Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás.'
20Jesus lhe respondeu:
'As raposas têm suas tocas
e as aves dos céus têm seus ninhos;
mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.'
21Um outro dos discípulos disse a Jesus:
'Senhor, permite-me
que primeiro eu vá sepultar meu pai.'
22Mas Jesus lhe respondeu:
'Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 8,
18-22
Seguir Jesus traz consigo uma série de implicações e exige
de todos nós muito mais do que o entusiasmo ou a boa vontade. Exige disposição
de deixar muita coisa para trás, inclusive o conforto, os costumes, a cultura e
até mesmo os grandes valores que norteiam a nossa vida. Seguir Jesus significa
ter a disposição de sempre ir em frente, sempre ir além, sempre buscar o novo
para que a boa nova aconteça, é uma vida marcada sempre por novos desafios, é
sempre atravessar o lago e buscar a outra margem do lago onde novas pessoas
esperam para serem evangelizadas. Seguir Jesus significa colocar a obra
evangelizadora acima de tudo.
HOMILIA
Diante da multidão Jesus chamou aqueles que o seguiam para a
outra margem do lago. É assim o chamado de Jesus para nós. A outra margem é o
inverso do que nós estamos acostumados a viver; é o desalojamento,
desestruturação, situação de ruptura com os hábitos e os costumes.
O mestre da lei era famoso, importante, estruturado e mesmo
assim ousou dizer que seguiria Jesus aonde quer que Ele fosse. Jesus nos chama,
mas não nos engana. Quem quiser segui-Lo terá que passar pelas dificuldades
próprias da mentalidade evangélica. Não adianta somente querer seguir a Jesus
com palavras e bons propósitos sem medir as conseqüências do que nós estamos
pretendendo.
O mestre da Lei era alguém ainda não comprometido com Jesus.
Por isso, corria o risco de ser apressado e superficial em sua decisão. Foi-lhe
pedido maior ponderação, já que as duras exigências do seguimento supunham uma
têmpera forte e uma grande capacidade de suportar as carências e incômodos do
dia-a-dia. Assim, se evitaria que o seguidor de Jesus debandasse diante das
durezas do discipulado.
O outro, designado como discípulo, era alguém que já havia
aderido a Jesus. Todavia, estava longe de compreender as implicações de sua
escolha, entre elas, a relativização dos laços familiares. O Mestre pediu-lhe
que fosse mais decidido na opção feita. O seguimento comportava uma total
entrega de si, por toda a vida, ao serviço do Reino. Dúvidas, apegos,
compromissos paralelos deveriam ser deixados para trás.
Quem deseja tornar-se discípulo, deve confrontar-se com as
exigências postas pelo próprio Mestre. Só tem sentido fazer-se discípulo se for
para assemelhar-se a ele. O seguimento de Cristo nos tira das nossas raízes e
nos desestrutura, por isso, nós somos obrigados (as) a renunciar à nossa
existência pacata, medíocre e acomodada. O discípulo que pediu a Jesus para
primeiro sepultar o pai era alguém como nós que esperamos um tempo propício
para nos desprender dos nossos apegos, dos nossos projetos. Para nós também
Jesus diz, hoje: “segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus mortos”.
Jesus nos chama para uma vida nova conformada aos Seus ensinamentos. Seguir
Jesus é viver conforme o Seu Evangelho, é viver o amor, é praticar o perdão, é
não fazer questão por coisas que não têm valor diante de Deus. Por isso, não
podemos nos acomodar esperando novas oportunidades. É tempo de amar e construir
aqui na terra o reino dos céus, para que não sejamos também chamados de
“mortos”.
Você também se propõe a seguir a Jesus aonde quer que Ele
vá?- Qual a sua maior dificuldade para viver o Evangelho?- Você é uma pessoa
muito apegada às pessoas da sua família e aos seus bens?- você acha que tem que
renunciar a alguma coisa para seguir Jesus?
Pai, confronta-me, cada dia, com as exigências do
discipulado, e reforça minha disposição para enfrentá-las com a tua graça.
Vermelho. São Pedro e São Paulo, Apóstolos, Solenidade
Evangelho - Mt 16,13-19
Tu és Pedro e eu te darei as
chaves do Reino dos Céus.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
16,13-19
Naquele tempo:
13Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe
e ali perguntou aos seus discípulos:
"Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?"
14Eles responderam:
"Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias;
Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas".
15Então Jesus lhes perguntou:
"E vós, quem dizeis que eu sou?"
16Simão Pedro respondeu:
"Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo".
17Respondendo, Jesus lhe disse:
"Feliz es tu, Simão, filho de Jonas,
porque não foi um ser humano que te revelou isso,
mas o meu Pai que está no céu.
18Por isso eu te digo que tu és Pedro,
e sobre esta pedra construirei a minha Igreja,
e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.
19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus:
tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus;
tudo o que tu desligares na terra
será desligado nos céus".
Palavra da Salvação.
REFLEXÃO
A festa de São Pedro e São Paulo é a festa da Igreja: festa
do que a Igreja é chamada a viver e do que a Igreja é. A Igreja é testemunha do
Cristo, testemunha da ressurreição de Jesus Cristo, testemunha da vitória do
Senhor sobre o mal e sobre a morte. Todos nós somos chamados a viver como
testemunhas do Cristo Ressuscitado, testemunhas de sua vitória, da qual todos
somos, por graça de Deus, herdeiros. Somos chamados a viver desta fé, nesta
confiança, como viveram Pedro e Paulo.
Ao colocarmos num único dia a memória de Pedro e Paulo, que
deram as suas vidas por amor a Cristo e aos irmãos, celebramos a riqueza da
diversidade da Igreja. Tão diferentes um do outro, mas unidos no mesmo amor
incondicional pela pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Um foi alcançado pelo
olhar do Senhor sobre as margens do Mar da Galileia, o outro, Paulo, foi
iluminado pelo Senhor no caminho de Damasco, enquanto perseguia implacavelmente
a Igreja, Corpo de Cristo; uma luz tão intensa o alcançou que, num primeiro
momento, o cegou, para que percebesse que seu passado, sem o Senhor, era uma
grande cegueira, uma forte escuridão. Desse encontro com o Ressuscitado que ele
perseguia, passou a ter uma nova luz; foi descortinado para ele o como caminho
da salvação, não mais a Torá, mas o próprio Cristo.
Enquanto Pedro estava na prisão, a Igreja permanecia unida
na oração por ele (At 12,5), para que sua fé não esmorecesse. Devemos
permanecer unânimes na oração para que nossa fé não esmoreça diante da
perseguição ou da morte. Era a oração da Igreja que sustentava Pedro. É a
súplica da Igreja que sustenta a nossa fé. Esta fé inabalável de Pedro, sobre a
qual nós estamos fundados (cf. Mt 16,13-19), é que permitirá a Pedro reconhecer
que foi o Senhor quem o tirou da prisão. Quem está na origem da libertação,
seja lá qual for a prisão, é Deus. É o Senhor, qual uma luz, que ilumina o
nosso caminho para que possamos sair de todo aprisionamento que nos impede de
ser testemunhas de Cristo. É esta mesma luz e força de Deus que sustentou
Paulo, tantas vezes preso e perseguido, e tanta vezes “libertado da boca do
leão” (2Tm 4,7). É nele que Paulo espera confiante: “O Senhor me livrará de
todo o mal…” (v. 8). Então, quem pode aprisionar a Palavra de Deus? Quem pode
arrancá-la de nós? Quem pode nos separar do amor de Cristo?
A fé que nós recebemos dos apóstolos, nós a carregamos como
um tesouro em vaso de argila. Que a nossa fé seja a nossa alegria!
Carlos Alberto Contieri,sj
HOMILIA
A profissão de fé de Pedro com o elogio de Jesus é própria
de Mateus. Pedro professa a fé cristológica-messiânica, herdada da tradição
davídica do rei poderoso. No evangelho de Marcos, Jesus descarta este
messianismo. Mateus a valoriza diante da sua comunidade de discípulos oriundos
do judaísmo. Na narrativa de Mateus encontramos duas de suas características
dominantes. Ele acentua a dimensão messiânica de Jesus e já apresenta sinais da
instituição eclesial nascente. Ele
pretende convencer estes discípulos de que em Jesus se realizam suas esperanças
messiânicas moldadas sob a antiga tradição de Israel. Daí o acentuado caráter
messiânico atribuído a Jesus por Mateus. Os cristãos, afastados das sinagogas,
começam a estruturar-se em uma instituição religiosa própria, na qual a figura
de referência é Pedro, já martirizado em Roma. Pedro é apresentado como o
fundamento da Igreja e detentor das chaves do Reino dos Céus.
A fé
professada por Pedro se dá em um momento crucial da vida de Jesus, e O anima a
seguir rumo à Paixão. Pedro recebe uma bem-aventurança: “Feliz és tu Simão,
pois não foi um ser humano que te revelou isso, mas meu Pai que está nos céus”.
Tem o dom de ser pedra de alicerce sobre a qual Jesus constrói a Igreja e lhe
dá o poder de ligar e desligar (Mt 16,17-19).
Como
cristãos e cristã, nos fundamos na fé de Pedro e nas dos outros Apóstolos que
não temeram nada e nem alguém. Mesmo passando na boca do leão, foram salvos e
preservados. Deram a vida por Jesus. Eles falavam de boca cheia e tinham o que
dizer sobre Deus. Eu e você, o que temos feito no que toca a nossa fé em Deus?
Senhor
Jesus, cria no meu coração o mesmo amor por ti e por tua Igreja, que puseste no
coração de Pedro e de Paulo.
e se sentarão à mesa junto com Abraão, Isaac e Jacó.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus 8,5-17
Naquele tempo:
5Quando Jesus entrou em Cafarnaum,
um oficial romano aproximou-se dele, suplicando:
6'Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa,
sofrendo terrivelmente com uma paralisia.'
7Jesus respondeu: 'Vou curá-lo.'
8O oficial disse: 'Senhor,
eu não sou digno de que entres em minha casa.
Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado.
9Pois eu também sou subordinado
e tenho soldados debaixo de minhas ordens.
E digo a um : 'Vai!', e ele vai;
e a outro: 'Vem!', e ele vem;
e digo ao meu escravo: 'Faze isto!', e ele faz.'
10Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado,
e disse aos que o seguiam:
'Em verdade, vos digo:
nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé.
11Eu vos digo:
muitos virão do Oriente e do Ocidente,
e se sentarão à mesa no Reino dos Céus,
junto com Abraão, Isaac e Jacó,
12enquanto os herdeiros do Reino
serão jogados para fora, nas trevas,
onde haverá choro e ranger de dentes.'
13Então, Jesus disse ao oficial:
'Vai! e seja feito como tu creste.'
E naquela mesma hora o empregado ficou curado.
14Entrando Jesus na casa de Pedro,
viu a sogra dele deitada e com febre.
15Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou.
Ela se levantou, e pôs-se a servi-lo.
16Quando caiu a tarde, levaram a Jesus
muitas pessoas possuídas pelo demônio.
Ele expulsou os espíritos, com sua palavra,
e curou todos os doentes,
17para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías:
'Ele tomou as nossas dores
e carregou as nossas enfermidades.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 8, 5-17
Ele tomou as nossas dores e carregou sobre si as nossas
enfermidades. Jesus é solidário com todos os que sofrem e é sempre uma presença
de amor em suas vidas. A sua presença manifesta o amor que Deus tem pelo gênero
humano. Quem tem fé verdadeira é sempre capaz de ver a presença de Jesus na sua
própria vida, principalmente nos momentos de sofrimento e de dor, e sente os
efeitos dessa presença amorosa. O verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que
manifesta a todos os que sofrem esta presença e esta solidariedade de Jesus, e
o faz através do serviço, ou seja, tornando-se ele próprio uma extensão do
braço amoroso de Jesus que atua nos momentos difíceis da vida de todos.
HOMILIA
“tudo acontece
conforme a fé”
Jesus veio nos ensinar que a fé é a mola mestra da nossa
vida espiritual e é ela quem sustenta a nossa esperança de que o que aguardamos
irá acontecer. Ao se dirigir a Jesus, mesmo que estivesse apreensivo e sofrendo
por causa da paralisia do seu empregado, o oficial romano já tinha convicção de
que Jesus tinha poder para curá-lo. Apesar de ser uma autoridade e de ter
também subalternos, ele não se arvorou da sua condição e reconheceu que só
Jesus teria poder para resolver aquela situação. Ele não era judeu, portanto,
não fazia parte do povo a quem Jesus viera chamar, no entanto se humilhou,
reconheceu a sua indignidade e pediu a Jesus que pronunciasse apenas uma
palavra para que o milagre acontecesse.
Uma só Palavra de Jesus basta para aquele que pede com fé e
reconhece a sua própria limitação e o poder de Deus. Como o oficial romano, nós
também dizemos: “Senhor, eu não sou digno… mas dize uma só palavra…” E Jesus
diz também hoje para nós: “E seja feito como tu creste”. O Senhor também espera
o nosso lamento, a nossa necessidade, Ele precisa ouvir dos nossos lábios o
clamor do nosso coração para que o Seu Nome seja glorificado pelo grande e pelo
pequeno.
A fé é, portanto, o termômetro que mede a capacidade para a
realização das nossas reivindicações diante do Senhor. E mesmo que estejamos
acamados como a sogra de Pedro ou desenganados no final da vida, não podemos
perder a esperança, pois um simples toque de Jesus bastará para que a nossa
saúde seja restaurada e recebamos novamente a vida. Jesus tomou sobre si as
nossas dores e carregou as nossas enfermidades, portanto aquele que está
deitado, desalentado, levante-se porque Jesus Cristo venceu o mundo.
Estes dois milagres, da cura do criado do centurião e da
sogra de Pedro, integram um bloco de dez milagres coletados por Mateus, em
preparação ao envio missionário que se segue no capítulo 10. O primeiro milagre
destaca a fé de um gentio que supera a fé de Israel. No segundo, a casa,
oprimida pelo sistema religioso, é libertada para ser o lugar de serviço e
encontro das comunidades. Os possessos e doentes, humilhados pela dor física, e
humana, vão a Jesus, na casa, e não ao Templo, buscando a libertação da
dominação ideológica e das privações da exclusão.
Você já experimentou humilhar-se diante do Senhor,
reconhecendo de coração o seu pecado? Você reconhece a sua indignidade diante
de Deus? Você está precisando de cura? Você já sentiu dor no coração pelos
pecados dos outros? Como está a sua solidariedade para com os doentes,
reclusos, os pobres e abandonos ao deus dará? Peça a Jesus com fé. Porque com
Jesus e pela força da oração, tudo pode ser mudado!
Pai, a solidariedade de Jesus com os doentes e sofredores
foi exemplar. Faze-me também ser solidário com quem necessita ser libertado de
suas opressões.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus 8,1-4
1Tendo Jesus descido do monte,
numerosas multidões o seguiam.
2Eis que um leproso se aproximou
e se ajoelhou diante dele, dizendo:
'Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.'
3Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse:
'Eu quero, fica limpo.'
No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra.
4Então Jesus lhe disse:
'Olha, não digas nada a ninguém,
mas vai mostrar-te ao sacerdote,
e faze a oferta que Moisés ordenou,
para servir de testemunho para eles.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 8, 1-4
O Evangelho de hoje nos mostra coisas muito interessantes.
Inicialmente, Jesus desce do monte, o que nos mostra que devemos subir ao monte
para conversar sobre coisas importantes, mas não podemos ficar lá para sempre,
precisamos descer. As multidões o seguiam, porque o discurso do Evangelho
convence, faz com que as pessoas deem sua adesão a Jesus e à causa do Reino.
Por fim, nos mostra que as verdades refletidas sobre o monte devem ser vividas,
pois Jesus faz isso, vendo a necessidade de quem dele se aproxima e fazendo o
que está ao seu alcance para que o mal seja vencido e todas as pessoas possam ter
uma vida digna de filhos e filhas de Deus.
HOMILIA
SÊ CURADO Mt 8,1-4
Sê curado foi a resposta de Jesusm ante aquele homem,
regeitado por tudo e por todos. Condenado a solidão como fruto dos seus
próprios pecados. Como era costume da época tratar todas as pessoas afetadas
pela lepra.
O homem, reconhece em Jesus a única solução, a única saída
para a sua enfermidade. Se aproxima d’Ele com muita fé, confiança e esperança
de que a sua doença será curada, caso o Médico dos médicos quisesse. De joelhos
suplica: Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.
Veja meu irmão, minha irmã. O leproso prefere usar a palavra
purificar e não curar. Por quê? A razão é simples. Somente Jesus tem o poder. E
o Seu poder não somente cura. Porque quem é curado fisicamente pode vir a
contrair no futuro ou a mesma doença ou uma outra. Ao passo que o purificar,
vai mais longe. Tem um alcance espiritual. Diz respeito ao nosso relacionamento
com Deus. Invoca o perdão de Deus que não por mérito próprio, mas por mandato
do próprio Deus os sacerdotes administram nos confissionários.
Segundo a doutrina da nossa mãe igreja católica, os pecados
são categorizados em três grupos:
1 - o pecado original, que é transmitido a todos os homens,
sem culpa própria, devido à sua unidade de origem, que é Adão e Eva. Eles
desobedeceram à Palavra de Deus no início do mundo, originando este pecado,
que, felizmente, pode ser atualmente perdoado pelo sacramento do Batismo. Este
pecado faz com que "a natureza humana fique submetida à ignorância, ao
sofrimento, ao poder da morte, e inclinada ao pecado.
2 - o pecado mortal, que é cometido "quando, ao mesmo
tempo, há matéria grave, plena consciência e deliberado consentimento. Este
pecado destrói a caridade, priva-nos da graça santificante e conduz-nos à morte
eterna do Inferno, se dele não nos arrependermos" sinceramente.
3 - o pecado venial, "que difere essencialmente do
pecado mortal, comete-se quando se trata de matéria leve, ou mesmo grave, mas
sem pleno conhecimento ou sem total consentimento. Não quebra a aliança com
Deus, mas enfraquece a caridade; manifesta um afeto desordenado pelos bens
criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e na prática do
bem moral; merece penas purificatórias temporais", nomeadamente no
Purgatório.
E o único que tem o poder de perdoar os pecados que tornam o
homem impuro e por isso, merecedor do castigo eterno é Jesus. Em outro espaço
da Sagrada Escritura Jesus diz aos sumos sacerdotes e anciãos do povo perante a
cura do paralítico: para saberdes que o Filho do Homem tem poder de perdoar os
pecados, levanta-se e anda.
O pecado nos faz leprosos, nos isola dos amigos de Deus, nos
retira a dignidade de filhos e filhas de Deus. Quebra a nossa vida com Deus.
Ele nos suja e nos leva à morte. Pois como diz São Paulo, o salário da pecado é
a morte.
Todavia, ele não é maior do que o coração aberto de Jesus na
cruz pela lança do soldado. Ele não tem mais poder do que os braços abertos de
Cristo sempre pronta para nos compreender, e dialogando conosco nos acolher e
perdoar todas as nossas faltas. Para Ele, não há pecado algum que não possa ser
perdoado. Basta na humildade e simplicidade do coração nos ajoelharmos como
este leproso e erguermos a nossa voz: Senhor se queres podes me purificar!
A única palavra que ouviremos d’Ele não é de censura, não! É
pura e simplesmente esta: Eu quero, fique limpo. Este é o coração manso e
humilde, lento na ira e rápido em perdoar os pecados. Ele olha para o coração
arrependido e o espírito humilhado. Portanto, pare de sofrer e se maltratar por
causa dos grande ou poucos pecados que cometeste. Para Ele, ainda que eles
sejam vermelhos como a púrpura ficarão brancos como a neve. Levante a cabeça.
Recomece hoje. Procure o sacerdote da sua comunidade. Jesus já te perdoou, vai
à ele apresente o teu arrependimento e cumpra a penitência que ele te
recomendar e serás totalmente purificado.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus 7,21-29
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
2lNem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor',
entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática
a vontade de meu Pai que está nos céus.
22Naquele dia, muitos vão me dizer:
'Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos?
Não foi em teu nome que expulsamos demônios?
E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?'
23Então eu lhes direi publicamente:
'Jamais vos conheci.
Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal.
24Portanto, quem ouve estas minhas palavras
e as põe em prática,
é como um homem prudente,
que construiu sua casa sobre a rocha.
25Caiu a chuva, vieram as enchentes,
os ventos deram contra a casa,
mas a casa não caiu,
porque estava construída sobre a rocha.
26Por outro lado,
quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática,
é como um homem sem juízo,
que construiu sua casa sobre a areia.
27Caiu a chuva, vieram as enchentes,
os ventos sopraram e deram contra a casa,
e a casa caiu, e sua ruína foi completa!'
28Quando Jesus acabou de dizer estas palavras,
as multidões ficaram admiradas com seu ensinamento.
29De fato, ele as ensinava como quem tem autoridade
e não como os mestres da lei.
Palavra da Salvação.
REFLEXÃO
Na Bíblia Sagrada, em especial nesses versículos citados
acima, entendemos que Jesus Cristo chamou os 12 apóstolos para estarem com Ele
e pregar o Evangelho. Primeiramente, estar com Jesus Cristo é estar em comunhão
numa vida de intimidade e somente depois devemos pregar o Evangelho. Mas o que
isso quer dizer?
Durante a homilia, o Sacerdote enfatizou que é comum vermos
pessoas invertendo algumas situações daquilo que Cristo ensina, isto é,
pregando o Evangelho e esquecendo da vida cristã. De nada adianta participar da
missa todos os domingos e durante a semana não seguir os caminhos do Senhor.
Por isso, temos que ter uma vida de total comunhão. Viver na santidade! Quem
tem um amor grande por Jesus Cristo transborda seu amor na Igreja, na pastoral.
"Não podemos ser uma pessoa dentro da Igreja e outra
fora da Igreja", diz o Padre Ademir. O cristão não pode, de forma alguma,
separar a vida de oração daquilo que se pratica no dia a dia. Um exemplo que é
usado na homilia pelo sacerdote é sobre uma casa construída na rocha e uma casa
construída sobre a areia. "A pessoa que vive numa casa sobre a rocha, ouve
e pratica a Palavra de Deus, e mesmo com ataques e tentações, ela permanece
firme! A rocha nesta parábola é Jesus Cristo".
O padre encerra a homilia deixando uma palavra de reflexão:
"a pedra que Jesus Cristo deixou é a igreja, e quem não se fundamentar na
fé da igreja vai ruir".
Fonte: Canção Nova
HOMILIA
QUEM PODE ENTRAR NO
REINO DO CÉU? Mt 7,21-29
Meu irmão, minha irmã, você sabia que a nossa entrada no
reino dos céus não acontece em vista de palavras pronunciadas, orações
recitadas e pregações bem elaboradas? Que não adiantará nada para nós somente,
clamar Senhor, Senhor, e não pôr em prática a vontade de Deus.
Pois é. Se não sabia é preciso que o saiba! As nossas ações
têm mais eficácia do que as nossas palavras, se não praticamos o que dizemos
tudo será igual a nada. Para que nós possamos entrar no reino dos céus
precisamos estar firmes no seguimento da vontade de Deus que se nos apresenta
por meio da sua Palavra.
Praticar o mal é não fazer conforme nos direciona a Palavra
de Deus e agir conforme os nossos próprios pensamentos humanos o próprio Jesus
nos mostra no Evangelho: ouvir a Palavra e praticá-la é construir na rocha. A
casa construída sobre a rocha é a vida do homem que caminha à luz da Palavra de
Deus. Deus é a Rocha, Deus é o Amor e aquele que se ajusta à Sua vontade, terá
uma vida firme, confiante e as tempestades, os terremotos, os ventos não o
abalarão.
As dificuldades da nossa vida são momentos preciosos para
percebermos se estamos firmes sobre a rocha firme eu é Jesus ou não.
Existem devoções às ostensivas invocações do nome de Jesus e
às espantosas narrativas de expulsões de demônios e de milagres de Jesus.
Contudo, estas devoções podem dar uma satisfação pessoal que leva à omissão das
práticas essenciais que realmente agradam a Deus.
Neste texto de Mateus, vemos que a fidelidade a Jesus está
na prática da vontade do Pai que está nos céus. É isto que se pede na oração do
pai-nosso. Jesus nos revelou a vontade do Pai na proclamação das bem-aventuranças
e na sua vida, com seu amor promovendo os pobres e excluídos.
Como você está construindo a casa da sua vida: na rocha ou
na areia? – Você já experimentou alguma tempestade na sua vida? Como ficou a
sua casa? –- Você sente firmeza nos seus pés nas horas das dificuldades? - Você
acha que a sua vida está firmada sobre a Rocha ou você é um “homem sem juízo”?
- Em que a Palavra de Deus o (a) tem instruído?
Pai, eu quero caminhar com sinceridade para a comunhão
contigo, no teu Reino. Que todos os meus gestos e palavras estejam sempre
alicerçados na tua vontade.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus 7,15-20
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
15Cuidado com os falsos profetas:
Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha,
mas por dentro são lobos ferozes.
16Vós os conhecereis pelos seus frutos.
Por acaso se colhem uvas de espinheiros
ou figos de urtigas?
17Assim, toda árvore boa produz frutos bons,
e toda árvore má, produz frutos maus.
18Uma árvore boa não pode dar frutos maus,
nem uma árvore má pode produzir frutos bons.
19Toda árvore que não dá bons frutos
é cortada e jogada no fogo.
20Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 7,
15-20
Existem profetas que falam o que as pessoas gostam de ouvir
e existem profetas que falam o que deve ser dito. O falso profeta é aquele que
fala o que a pessoa gosta de ouvir, de modo que ela não muda de vida e não
produz fruto algum, vive uma espiritualidade estéril; ele vive de acordo com a
situação porque esta lhe é favorável e satisfaz seus interesses. O verdadeiro
profeta fala o que a pessoa precisa ouvir para converter-se, mudar de vida e
produzir frutos que permaneçam, ele não aceita a situação atual, marcada pelos
privilégios e pecados e quer que ela mude, porque o seu interesse é que o Reino
de Deus aconteça na história dos homens.
HOMILIA
OS MAUS PROFETAS Mt
7,15-20
Jesus nos traz uma mensagem muito importante para a nossa
vida, como tudo que Ele nos comunica. Preparando-nos como seus profetas, para
divulgarmos os seus ensinamentos a todos, quer nos alertar como deve ser feito,
como deve agir um profeta, isto é, como devem ser os pregadores da palavra de
Deus. Neste trecho do Evangelho de Matheus, Ele faz comparações a fim de
facilitar-nos o entendimento da sua mensagem. Ele fala assim: “Cuidado com os
falsos profetas que vêm a vós sob a aparência de ovelhas, mas por dentro são
lobos vorazes.”
E, continua comparando os profetas com árvores, dizendo:
“Árvores boas só podem produzir bons frutos e árvores más só podem produzir
maus frutos.” Ele usava essa maneira de colocar exemplos para que o povo
entendesse o miolo da mensagem. Quando faz essas comparações é para nos dizer
sobre as pessoas que vivem a desencaminhar outras, dos caminhos certos a serem
seguidos nesta vida e, nessa jornada, seguirmos com segurança à casa do Pai. De
lá viemos e para lá devemos voltar um dia, todos, sem exceção, se fizermos a
nossa parte por merecer. Essa é a grande vontade daquele que nos criou e
continua nos amando como suas criaturas.
Muitas vezes, no dia-a-dia, na correria para cumprirmos com
os nossos papéis assumidos como esposo, como esposa, como filho, como filha e,
na sociedade, os mais variados papéis no trabalho e em tudo o que procuramos
fazer, todos com funções definidas pela necessidade de sobrevivência. Essas
obrigações se assoberbam e, às vezes, nos deixam desorientados, pois amamos a
vida, ninguém quer morrer. Nessa hora, devemos ter muito cuidado com os falsos
profetas, aqueles que se dizem amigos, mas não são.
Precisamos ficar atentos, nos diz Jesus; ficarmos alertas e
procurarmos conhecer as pessoas, principalmente pelos frutos que os atos e
atitudes delas produzem para os que delas se acercam. Para esclarecer, Jesus
diz isso: “árvore má só produz frutos maus e árvore boa só produz frutos bons”.
Por isso, devemos observar bem, sempre, com quem estamos lidando; quais os
frutos produzidos por esta ou aquela pessoa. Serão verdadeiras as intenções
para conosco?
Assim, todos somos profetas; todos devemos pregar as
maravilhas que o Reino de Deus nos oferece. E, Jesus, nos diz em outro trecho
do evangelho que, aquele perseverar e pregar, e viver a boa nova que Ele nos
trouxe, terá, ainda nesta vida, Cem por um e o Reino do Céu. Quer dizer, para
cada boa ação praticada, receberemos cem benefícios d’Ele e, se perseverarmos
até o fim Ele nos diz:- “Na casa do Pai tem muitas moradas” Certamente, entre
as tantas a nossa, que ajudaremos a construí-la enviando, através dos nossos
atos bons, o material necessário para deixá-la pronta e, podermos habitá-la um
dia. A palavra alimenta a fé, mas o exemplo, o testemunho eleva-nos para Deus.
Não tenhamos vergonha de sermos bons, de sermos honestos, de sermos corretos.
Embora no mundo atual tão desvirtuado pelas inversões de valores e muita gente
não adote tais procedimentos, façamos a nossa parte e aumentemos a nossa fé nas
palavras de Jesus.
Pai, dá-me o discernimento necessário para perceber quem,
revestido de pele de cordeiro, pode levar-me a arrefecer meu entusiasmo por ti
e por teu Reino.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo Segundo São
Mateus 7,6.12-14
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
6Não deis aos cães as coisas santas,
nem atireis vossas pérolas aos porcos;
para que eles não as pisem com os pés
e, voltando-se contra vós, vos despedacem.
12Tudo quanto quereis que os outros vos façam,
fazei também a eles.
Nisto consiste a Lei e os Profetas.
13Entrai pela porta estreita,
porque larga é a porta
e espaçoso é o caminho que leva à perdição,
e muitos são os que entram por ele!
14Como é estreita a porta
e apertado o caminho que leva à vida!
E são poucos os que o encontram!
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 7,
6.12-14
Hoje em dia, fala-se muito da questão da inculturação. É
inculturação do anúncio, da liturgia e assim por diante. De fato, a
inculturação é necessária para que todos possam viver os valores do Reino de
Deus. Mas o Evangelho de hoje nos faz uma grave advertência: não atireis vossas
pérolas aos porcos. É claro que devemos valorizar todas as formas e expressões
de uma cultura e reconhecer os grandes valores que estão presentes na cultura e
que expressam os valores evangélicos, mas inculturar o Evangelho não significa
submete-lo aos valores culturais, pois a cultura tende a ver o Evangelho de uma
forma ideológica e a usar as suas palavras sem os critérios do Reino, pisando
nelas e voltando-se contra nós.
HOMILIA
PÉROLAS, PORTA, CAMINHOS Mt 7,6.12-14
Toda a Sagrada Escritura, do Antigo ao Novo Testamento,
revela ao mundo a vontade do Pai. A Palavra de Deus é o próprio Jesus Cristo
que não muda, é o mesmo ontem, hoje e sempre. Neste Evangelho Jesus nos exorta
a não darmos aos cães as coisas santas e não atirarmos pérolas aos porcos, isto
é, a ter respeito com as coisas sagradas e não pô-las a serviço dos nossos
interesses. Algumas pessoas confundem os ensinamentos do Evangelho e vulgarizam
a Palavra de Deus de acordo com as suas conveniências.
Muitas vezes nós banalizamos as coisas de Deus e perdemos o
nosso precioso tempo discutindo e medindo forças com pessoas que não têm
conhecimento de Deus e querem nos influenciar e destruir a nossa fé e a nossa
esperança nas promessas divinas. Devemos preservar os ensinamentos do Evangelho
e desejarmos para o outro aquilo que desejaríamos também para nós. As nossas
atitudes com os nossos irmãos, as nossas ações diante dos apelos do mundo que
nos acena com as coisas fáceis e ilusórias mostram se estamos realmente fazendo
o itinerário do caminho que nos leva à vida.
A porta estreita é a porta dos ensinamentos evangélicos,
difíceis de vivenciarmos, mas que nos leva à vida eterna. O homem que tem uma
vida “fácil” perde-se também com facilidade, porque coloca a sua alma naquilo
que só dá prazer. Muitas vezes queremos seguir o caminho mais fácil, que nos
custa menos, no entanto, é a estrada que nos leva a perdição.
A porta estreita é a vivência do amor, é o amor vivido em
atos concretos. A porta larga é o egoísmo, o querer só para si esquecendo que a
Lei e os Profetas consistem em amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.
Jesus disse para os seus discípulos: “Entrai pela porta
estreita”. Esse convite de Jesus não é para viver a religião do medo rigoroso
escrupuloso, com a mente fechada. É a por do amor exigente e radical pela qual
se entra no reino de Deus. As pessoas andam normalmente por caminhos “largos e
espaçosos” onde cabe toda classe de interesses egoístas e mesquinhos. O caminho
que conduz à vida é exigente e difícil: pede inclusive amor aos inimigos. Mas
vale a pena, pois, nos dá a certeza da salvação e a plena realização já neste
mundo. Às vezes, desanimamos e pensamos que é impossível a proposta amorosa que
Deus nos faz. Dificuldades não existem para Deus, só possibilidades. Devemos
perseverar nas possibilidades.
Você costuma banalizar a Palavra de Deus dizendo que as
coisas mudaram? Você brinca com as coisas santas? Você conta anedotas que
vulgarizam as coisas santas? O que você faz quando as pessoas o desestimulam, e
questionam a ação de Deus na sua vida? Você confia no Senhor mesmo quando todos
à sua volta dizem o contrário? Você costuma discutir as coisas de Deus com
pessoas alheias ao assunto, querendo convencê-las?
Branco. Natividade de São João Batista, Solenidade
Evangelho - Lc 1,57-66
Nascimento de João Batista.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
1,57-66
57Completou-se o tempo da gravidez de Isabel,
e ela deu à luz um filho.
58Os vizinhos e parentes ouviram dizer
como o Senhor tinha sido misericordioso
para com Isabel, e alegraram-se com ela.
59No oitavo dia, foram circuncidar o menino,
e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
60A mãe porém disse:
'Não! Ele vai chamar-se João.'
61Os outros disseram:
'Não existe nenhum parente teu com esse nome!'
62Então fizeram sinais ao pai,
perguntando como ele queria que o menino se chamasse.
63Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu:
'João é o seu nome.'
64No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu,
sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus.
65Todos os vizinhos ficaram com medo,
e a notícia espalhou-se
por toda a região montanhosa da Judéia.
66E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando:
'O que virá a ser este menino?'
De fato, a mão do Senhor estava com ele.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 1,
57-66
O nascimento de João Batista nos mostra a atuação de Deus na
história e que nem sempre entendemos esta atuação ou os nossos projetos são os
mesmos dele. Quando existe discordância entre a vontade de Deus e a nossa
vontade, nós nos tornamos limitados e incapazes de viver plenamente na graça
divina e de comunicar esta graça aos nossos irmãos e irmãs, mas quando a nossa
vida é conforme a vontade de Deus, a graça divina atua em nós, a mão do Senhor
está conosco e a nossa boca se abre para anunciar suas maravilhas e proclamar
os seus louvores.
HOMILIA
O NASCIMENTO DE JOÃO
BATISTA Lc 1,57-66
A Igreja celebra o nascimento de João como algo sagrado, e é
o único nascimento que se festeja: celebramos o nascimento de João e o de
Cristo e o seu nascimento foi motivo de alegria para muitos.
Quando São João Batista nasceu, a Virgem Maria estava em sua
casa. Quanta alegria e doçura reinavam naquele lar. Os dias da Virgem em casa
de Zacarias foram de grande gozo para todos. Maria dava um novo sentido aos
pequenos sucessos quotidianos. Esta alegria contagiosa, de que participavam
vizinhos e parentes.Os vizinhos e os parentes ouviram dizer que Deus a cumulara
com sua misericórdia e com ela se alegraram.
Os vizinhos e parentes se alegraram por Isabel ter sido
agraciada por Deus: Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi ouvida, e
Isabel, tua mulher, vai te dar um filho, ao qual porás o nome de João. Terás
alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento. Pois ele será
grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida embriagante; ficará pleno
do Espírito Santo ainda no seio de sua mãe (Lc 1, 13-15).
Hoje, infelizmente, muitos se enchem de inveja e de ódio,
quando ficam sabendo que uma pessoa recebeu alguma graça ou que está
progredindo na vida. Essa é a atitude de pessoas amigas e discípulas do
demônio.
Tu sabes quais são os sinais para saber se uma pessoa é
invejosa?
1º Alegrar-se com o mal alheio. Se você percebe que uma
pessoa se alegra com a desgraça do próximo, que sente prazer por qualquer
insucesso ou fracasso do próximo, então já descobriu uma pessoa invejosa. Em 1
Pd 2, 1 diz: Rejeitai… qualquer espécie de inveja. Cuidado com esse tipo de
gente; isto é, cuidado com a pessoa que se alegra com o mal alheio, a mesma é
pior que o diabo. Os invejosos são piores que o diabo, pois o diabo não inveja
os outros diabos, ao passo que os homens não respeitam sequer os participantes
da sua própria natureza.
2º Entristecer-se com o bem alheio. Se você percebe que uma
pessoa se entristece, só porque viu alguém subir de cargo, tome cuidado, ela é
invejosa e venenosa. O invejoso não consegue se controlar diante do sucesso do
próximo, ele fica inquieto e se transforma num monstro: Enruga a testa, cerra
os dentes, torce o nariz, fica com o semelhante azedo e olhos fixos no chão. A
inveja quando não destrói o invejado, tira a paz do invejoso!
3º Reprimir os louvores dados aos outros. O invejoso não
suporta ouvir ninguém ser elogiado, logo diz algo contra a pessoa que foi
elogiada; o mesmo encontra defeito em tudo. Aos olhos do invejoso qualquer
defeito dos outros é grande. O invejoso também vê o bem, mas sempre com maus
olhos. Até das pessoas santas o invejoso tenta tirar alguma coisa, não podendo
negar o louvor aos santos, ele o faz com avareza e reserva. Quanta maldade!
4º Falar mal do próximo. A língua do invejoso se assemelha a
uma metralhadora incontrolável; a sua inveja é tão grande, que ele fala mal do
próximo publicamente e também em segredo; quanto aos defeitos dos outros, o
invejoso sempre aumenta ou inventa. Da inveja nascem o ódio, a maledicência e a
calúnia.
No Antigo Testamento a circuncisão era um rito instituído
por Deus para assinalar como com uma marca e contra-senha os que pertenciam ao
povo eleito. Deus mandou a circuncisão a Abraão como sinal da Aliança que
estabelecia com ele e com toda a sua descendência (cfr Gn 17, 10-14), e
prescreveu que se realizasse no oitavo dia do nascimento. O rito realizava-se
na casa paterna ou na sinagoga, e além da operação sobre o corpo do menino,
incluía bênçãos e a imposição do nome.
Com a instituição do batismo cristão cessou o mandamento da
circuncisão. Os Apóstolos, no concílio de Jerusalém (cfr At 15, 1 ss.),
declararam definitivamente abolida a necessidade do antigo rito para os que se
incorporassem na Igreja.
A libertação da voz de Zacarias, no nascimento de João, é o
mesmo que o rasgar-se do véu do templo, pela cruz de Cristo. Se se anunciasse a
si mesmo, João não abriria a boca de Zacarias. Se solta a língua, porque nasce
a voz; pois aos que disseram a João, já a prenunciar o Senhor. Com razão se
soltou em seguida a sua língua, porque a fé desatou o que tinha atado a
incredulidade. É um caso semelhante ao do apóstolo São Tomé, que tinha
resistido a crer na Ressurreição do Senhor, e acreditou depois das provas evidentes
que lhe deu Jesus ressuscitado (cfr Jo 20, 24-29). Com estes dois homens, Deus
faz o milagre e vence a sua incredulidade; mas ordinariamente Deus exige-nos fé
e obediência sem realizar novos milagres. Por isso repreendeu e castigou
Zacarias, e censurou o apóstolo Tomé: Porque Me viste acreditaste;
bem-aventurados os que sem ter visto acreditaram (Jo 20, 29).
As pessoas ali presentes compreenderam que estavam diante de
algo sobrenatural, ainda que não tivessem um conhecimento completo do que
estava a suceder: “... e por toda a região montanhosa da Judéia comentavam-se
esses fatos”. E diziam: “Que virá a ser esse menino? ’ E, de fato, a mão do
Senhor estava com ele”.
Que São João Batista abra os nossos olhos e a nossa língua,
porque estamos cegos e mudos espiritualmente, os vícios nos cegaram, taparam e
não conseguimos enxergar a e falar da grandeza de sua vida de santidade.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
9,18-24
Certo dia:
18Jesus estava rezando num lugar retirado,
e os discípulos estavam com ele.
Então Jesus perguntou-lhes:
'Quem diz o povo que eu sou?'
19Eles responderam: 'Uns dizem que és João Batista;
outros, que és Elias; mas outros acham
que és algum dos antigos profetas que ressuscitou.'
20Mas Jesus perguntou: 'E vós, quem dizeis que eu sou?'
Pedro respondeu: 'O Cristo de Deus.'
21Mas Jesus proibiu-lhes severamente
que contassem isso a alguém.
22E acrescentou: 'O Filho do Homem deve sofrer muito,
ser rejeitado pelos anciãos,
pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei,
deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia.'
23Depois Jesus disse a todos:
'Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo,
tome sua cruz cada dia, e siga-me.
24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la;
e quem perder a sua vida por causa de mim,
esse a salvará.
Palavra da Salvação.
REFLEXÃO
A vida é ganha na entrega sem reservas
O texto do evangelho deste domingo, conhecido como
“profissão de fé de Pedro”, seguido do anúncio da paixão, morte e ressurreição,
é a sequência do relato da confusão de Herodes que, ouvindo falar de Jesus, não
pode conhecer sua verdadeira identidade (vv. 7-9); e do relato da multiplicação
dos pães em que Jesus alimenta abundantemente uma multidão de uns cinco mil
homens (vv. 10-17). A dupla pergunta posta aos discípulos revela a preocupação
de Jesus de que sua missão e a sua verdadeira identidade não estejam sendo
compreendidas. O autor do quarto evangelho apresenta esta preocupação de modo
claro: “Vós me procurais não porque vistes sinais, mas porque comestes e
ficastes saciados” (Jo 6,26).
Na primeira parte do texto há uma dupla pergunta: “Quem
dizem as multidões que eu sou?” (v. 18), e “quem dizeis que eu sou?” (v. 20). À
resposta acerca da opinião da multidão, Jesus não faz nenhum comentário. A
resposta acerca da opinião da multidão confirma a suspeita de incompreensão. Mesmo
que a pessoa de Jesus suscite perguntas e provoque a opinião das pessoas, a
multidão continua voltada para o passado de Israel, incapaz de perceber e
reconhecer a irrupção da visita salvífica de Deus (Lc 1,68; 7,16). É a vez de
os discípulos se engajarem na resposta à pergunta: “E vós, quem dizeis que eu
sou?” A resposta é mais importante para os discípulos do que para Jesus. Dela
dependerá a adesão ou não ao Senhor. Pedro, como porta-voz de todos os demais,
toma a iniciativa: “O Cristo de Deus” (v. 20). Isto significa: o Messias
prometido e esperado, aquele que é habitado pelo Espírito Santo (cf. Lc 3,22;
4,1.18). Jesus impede os discípulos de divulgarem o que Pedro acaba de
proclamar. Isto porque será preciso esclarecer de que Messias se trata; talvez
o Messias que Jesus é não seja exatamente o que os próprios discípulos pensavam
ter encontrado (ver: Mc 8,32-33). Mas também é verdade que cada um deve dar a
sua resposta. É neste ponto que Jesus anuncia, pela primeira vez no evangelho
segundo Lucas, sua paixão, morte e ressurreição (v. 22). Este anúncio tem
consequências para os Doze como para todos os discípulos. Em primeiro lugar,
eles devem se distanciar da opinião da multidão e se engajarem, na fé, na
verdadeira missão de serviço, e não de poder. Em segundo lugar, o caminho de
Jesus passa a ser o caminho necessário de todos os que aderem, pela fé, e
livremente, à sua pessoa: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo…”
(v. 23). A cruz passa a fazer parte da vida do discípulo. É a forma de superar
todo egoísmo que fecha a pessoa sobre si mesma. Paradoxalmente, a vida é ganha
na entrega sem reservas: “... quem quiser salvar sua vida a perderá, e quem
perder sua vida por causa de mim a salvará” (v. 24).
Carlos Alberto Contieri, sj
HOMILIA
A liturgia do XII Domingo, no Evangelho (Lc. 9, 18-24),
mostra o caminho do verdadeiro Messias e de quem quiser seguí-Lo.
No final de sua atividade na Galiléia, Jesus, depois de ter
ORADO, provoca os Apóstolos a dizer o que pensam dele, de sua identidade e
missão: “Quem sou Eu no dizer do povo? E vós, quem dizeis que Eu sou?” (Lc 9,
19-20).
Responderam-lhe: “João Batista… Elias… ou um dos antigos
profetas…” Reconhecem em Jesus um grande Mestre, um operador de milagres, mas
um homem apenas…
Porém, os discípulos deviam ter compreendido algo mais, pois
foram testemunhas da seus milagres e destinatários privilegiados de sua
doutrina. Por isso Jesus acrescenta: Mas, para vós, quem sou Eu?
Pedro, em nome de todos, responde: “Tu és o Cristo de Deus”.
A resposta era exata! E Jesus completa, apontando “o Caminho de Jesus”, falando
pela primeira vez de sua Paixão…
Para os discípulos, que esperavam um Messias-Rei, tal
afirmação deve ter sido muito dura e decepcionante… Mas Jesus não volta atrás,
pelo contrário, reafirma que o Caminho do Discípulo é o mesmo: “Se alguém me
quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me” (Lc 9,
23).
Ele irá à frente para dar o exemplo: será o primeiro a levar
a cruz. Quem quiser ser seu discípulo, há de imitá-Lo. E conclui: “Aquele que
quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de
Mim, esse a salvará.” (Lc 9, 24).
O discípulo é chamado a imitar Jesus, não apenas uma vez,
mas dia após dia, negando-se a si mesmo, (vontade, inclinação, gostos) para se
conformar com o Mestre sofredor e crucificado.
O cristão não pode passar por alto esses ensinamentos de
Jesus Cristo. Deve arriscar-se, jogar a vida presente em troca de conseguir a
eterna.
A exigência do Senhor inclui renunciar à própria vontade
para identificá-la com a de Deus, não aconteça que, como comenta São João da
Cruz, tenhamos a sorte de muitos “que queriam que Deus quisesse o que eles
querem, e entristecem-se de querer o que Deus quer, e têm repugnância em
acomodar a sua vontade à de Deus. Disto vem que muitas vezes, no que não acham
a sua vontade e gosto, pensam não ser da vontade de Deus e, pelo contrário,
quando se satisfazem, crêem que Deus Se satisfaz, medindo também a Deus por si,
e não a si mesmos por Deus” (Noite Escura, liv. I, Cap. 7, nº. 3).
O fim do homem não é ganhar os bens temporais deste mundo,
que são apenas meios ou instrumentos; o fim último do homem é o próprio Deus,
que é possuído como antecipação aqui na terra pela Graça, e plenamente e para
sempre na Glória. Jesus indica qual é o caminho para conseguir esse fim:
negar-se a si mesmo (isto é, tudo o que é comodidade, egoísmo, apego aos bens
temporais) e levar a cruz. Porque nenhum bem terreno, que é caduco, é comparável
à salvação eterna da alma. Diz São Tomás: “O menor bem da Graça é superior a
todo o bem do universo” (Suma Teológica, I-II, q.113, a. 9).
“Cristo repete-O a cada um de nós, ao ouvido, intimamente: a
Cruz de cada dia. Não só, escreve São Jerônimo, em tempo de perseguição ou
quando se apresente a possibilidade do martírio, mas em todas as situações, em
todas as atividades, em todos os pensamentos, em todas as palavras, neguemos
aquilo que antes éramos e confessemos o que agora somos, visto que renascemos
em Cristo. Vedes? A cruz de cada dia. Nenhum dia sem Cruz: nenhum dia que não
carreguemos com a Cruz do Senhor, em que não aceitemos o Seu jugo. E muito
certo que aquele que ama os prazeres, que busca as suas comodidades, que foge
das ocasiões de sofrer, que se inquieta, que murmura, que repreende e se
impacienta porque a coisa mais insignificante não corre segundo a sua vontade e
o seu desejo, tal pessoa, de cristão só tem o nome; somente serve para desonrar
a sua religião, pois Jesus Cristo disse: aquele que queira vir após Mim,
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias da vida, e siga-Me.”
A Cruz não só deve estar presente na vida da cada cristão.
Mas também em todas as encruzilhadas do mundo. Diz São Josemaria Escrivá: “Que
formosas essas cruzes no cimo dos montes, no alto dos grandes monumentos no
pináculo das catedrais!…Mas também é preciso inserir a Cruz nas entranhas do
mundo.
Jesus quer ser levantado ao alto, aí: no ruído das fábricas
e das oficinas, no silêncio das bibliotecas, no fragor das ruas, na quietude
dos campos, na intimidade das famílias, nas assembléias, nos estádios… Onde
quer que um cristão gaste a sua vida honradamente, aí deve colocar, com o seu
amor, a Cruz de Cristo, que atrai a Si todas as coisas” (Via Sacra, XI).
A Cruz é sinal do cristão. Está presente em toda parte, com
muitos nomes…
Que o Senhor nos conceda a graça de também segui-Lo na Cruz;
de perder a vida por causa de Cristo para salvá-la.
O ensinamento de Jesus é claro: é necessário fazer tudo
tendo em vista a vida eterna; para ganhar este bem podemos gastar a vida
terrena. Em outra ocasião Jesus lembrou: “de que vantagem tem um homem em
ganhar o mundo inteiro, se se perder a si mesmo ou causar a própria ruína?” (Lc
9, 25).
E como a paixão do Senhor conduziu à alegria da
ressurreição, assim o cristão, que carregue com a cruz até perder a vida por
Cristo, salvá-la-a, encontrando-a nEle na glória eterna.
Homilia do Mons. José Maria – XII Domingo do Tempo Comum
(Ano C)
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
6,24-34
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
24Ninguém pode servir a dois senhores:
pois, ou odiará um e amará o outro,
ou será fiel a um e desprezará o outro.
Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
25Por isso eu vos digo:
não vos preocupeis com a vossa vida,
com o que havereis de comer ou beber;
nem com o vosso corpo,
com o que havereis de vestir.
Afinal, a vida não vale mais do que o alimento,
e o corpo, mais do que a roupa?
26Olhai os pássaros dos céus:
eles não semeiam, não colhem,
nem ajuntam em armazéns.
No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta.
Vós não valeis mais do que os pássaros?
27Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida,
só pelo fato de se preocupar com isso?
28E por que ficais preocupados com a roupa?
Olhai como crescem os lírios do campo:
eles não trabalham nem fiam.
29Porém, eu vos digo:
nem o rei Salomão, em toda a sua glória,
jamais se vestiu como um deles.
30Ora, se Deus veste assim a erva do campo,
que hoje existe e amanhã é queimada no forno,
não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé?
31Portanto, nóo vos preocupeis, dizendo:
O que vamos comer? O que vamos beber?
Como vamos nos vestir?
32Os pagãos é que procuram essas coisas.
Vosso Pai, que está nos céus,
sabe que precisais de tudo isso.
33Pelo contrário, buscai em primeiro lugar
o Reino de Deus e a sua justiça,
e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo.
34Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã,
pois o dia de amanhã terá suas preocupações!
Para cada dia, bastam seus próprios problemas.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 6,
24-34
A vida moderna é cada vez mais marcada pela satisfação de
necessidades urgentes criadas pela sociedade e pela cultura. A busca da
satisfação dessas necessidades nos ocupa praticamente o tempo todo e nunca
obtém pleno sucesso, pois sempre fica faltando alguma coisa. Por que acontece
isso? É porque a pessoa contemporânea deixou de lado o Deus verdadeiro para se
colocar ao serviço dos deuses que marcam o paganismo moderno, como o dinheiro,
o prazer e o poder, e esses deuses nunca estão satisfeitos e nem trazem
satisfação para o coração humano. É claro que não devemos nos alienar, nos
afastar do mundo como se ele fosse uma coisa má, mas não distanciamento não
pode significar servidão aos deuses e mitos da modernidade.
HOMILIA
Essa é a grande ansiedade que pervade as almas de povos e nações
dos últimos tempos, ou seja, a frenética busca dos bens materiais. Eis a liturgia de hoje a nos indicar uma
profunda solução para as crises atuais: a da desgastada questão social e a da
economia mundial.
Estamos diante de dois senhores que não admitem rivais:
"Ninguém pode servir a dois senhores: Porque, ou há de odiar um e amar o
outro, ou há de afeiçoar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus
e às riquezas". Este Evangelho faz
parte do famoso Sermão da Montanha, do qual São Mateus transcreve as partes
essenciais. Nele transparece a forte advertência do Divino Mestre contra o
desvario dos que se afanam pelos tesouros deste mundo e acabam por se perder em
meio às aflitivas preocupações da vida presente. E se esquecem que o apego às
riquezas constitui uma real escravidão.
As riquezas, se são mais amadas do que a família, os filhos,
apartam o homem do amor de Deus. Neste
versículo, é muito sutil e preciso o emprego do verbo servir, e não qualquer
outro, pois o problema central não está em ter bens materiais, mas sim no valor
que a eles se tributa e, sobretudo, no afeto que se lhes tenha. Em sua
substância, encontramos aqui um desdobramento do Decálogo, em particular do
Primeiro Mandamento, tal como o próprio Deus o declarou através de Seus
profetas: "Não terás outros deuses diante de Mim. Não farás para ti imagem
alguma, nem escultura [...]. Não adorarás tais coisas, nem as servirás; Eu sou
o Senhor, o teu Deus" (Ex 20, 3-5).
O apego às
riquezas constitui, a partir de certo grau, uma real escravidão e "ninguém
pode servir a dois senhores quando mandam coisas contrárias, nem mesmo quando
ordenam coisas diferentes, porque a própria natureza impede que o amor do servo
se reparta para dois senhores diversos".
Lembre-se: Um servo não pode entregar sua vontade a dois senhores.
Havendo um apreço desequilibrado pelos bens deste mundo, quem o possua terá
conferido a esses bens o caráter de senhorio. Ora, sabemos o quanto a
escravidão, em si mesma, é avassaladora. As faculdades do escravo pertencem ao
senhor e a este deve ele entregar todo o seu serviço. "Um senhor pode ter
muitos servos, mas um servo não pode ter muitos senhores; pois o próprio do
senhor é governar o servo, e não precisamente amá-lo; o específico do servo,
porém, é amar, e não governar seu senhor; o mando pode dividir-se, mas o amor,
não. Com isso, Cristo indica que as riquezas se gastam injustamente não só
quando são injustas. Mas, até mesmo, quando não foram adquiridas por maus
meios, se são amadas, apartam o homem do amor de Deus.
Ninguém pode servir a dois senhores, como disse antes: ‘É
impossível que um rico entre no Reino dos Céus' (Mt 19, 23). Observa o autor da
obra imperfeita que ninguém pode servir a dois senhores, e não diz que ninguém
pode ter dois senhores. Dá o nome de senhor a qualquer coisa a que nos tenhamos
entregado em demasia, à qual servimos de alguma maneira: ‘Não sabeis que, quando
vos ofereceis a alguém para lhe obedecer, sois escravos daquele a quem
obedeceis, quer seja do pecado para a morte, quer da obediência para a
justiça?' (Rm 6, 16). E São Pedro: ‘O homem é feito escravo daquele que o
venceu' (2 Pd 2, 19).
O verbo servir empregado neste versículo refere-se à situação de
um servo que, sem restrição alguma, entrega sua vontade a um senhor, figura
muito de acordo com a inclinação para os extremos, tão característica dos
orientais. Neste caso, torna-se impossível ao servo obedecer a um segundo
senhor que lhe dê qualquer incumbência oposta e simultânea à exigida pelo
primeiro. Ademais, acabará por amar menos seu autêntico senhor, atitude à qual
equivale o significado do termo "odiar". Na realidade, Deus não quer
apenas uma parte de nosso coração, ainda que esta seja grande. Ele o deseja na
sua íntegra, e essa entrega deve ser realizada por nós com alegria,
generosidade e constância.
Dois senhores
rivais: Deus e o dinheiro. O Divino Mestre nos coloca diante de dois senhores
diametralmente opostos no que concerne aos seus respectivos interesses: Deus e
o dinheiro. O primeiro nos exige a crença nEle e em Suas revelações, a
esperança em Suas promessas, com amor total, além da prática da castidade, da
humildade, como também do cortejo de todas as virtudes. O dinheiro cobra de
nós, e nos inspira ambição, volúpia de prazeres, vaidade, orgulho, menosprezo
do próximo, etc. Um nos dá forças para praticar o bem e a este inclina nossas
paixões, enquanto o outro nos arrasta para o mal e nele nos vicia. O Céu e sua
eterna felicidade constituem o estímulo para os esforços exigidos por um dos
senhores. A terra e seus prazeres fugazes são os atrativos oferecidos pelo
outro.
Esses dois
senhores não admitem rivais. O pior rival do dinheiro é Deus, e vice-versa. Por
isso, a desgraça do rico que entrega seu coração aos bens da terra consiste em
buscar em vão sua felicidade neles; e a desgraça do pobre, em iludir-se com a
pseudofelicidade oferecida pelas riquezas.
É preciso ter
sempre diante dos olhos o quanto são opostos entre si, Deus e o mundo. Por
isso, não queiramos servir a ambos ao mesmo tempo: "Não vos sujeiteis ao
mesmo jugo com os infiéis. Que união pode haver entre a justiça e a iniqüidade?
Ou que sociedade entre a luz e as trevas? E que concórdia entre Cristo e
Belial? Ou que de comum entre o fiel e o infiel? E que relação entre o templo
de Deus e os ídolos? Porque vós sois templos de Deus vivo" (2 Cor 6,
14-16).
Pai, centra toda
minha vida na busca do teu Reino e na justiça que dele vem, de forma que
nenhuma outra preocupação possa ser importante para mim.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus 6,19-23
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
19Não junteis tesouros aqui na terra,
onde a traça e a ferrugem destroem,
e os ladrões assaltam e roubam.
20Ao contrário, juntai para vós tesouros no céu,
onde nem a traça e a ferrugem destroem,
nem os ladrões assaltam e roubam.
21Porque, onde está o teu tesouro,
aí estará também o teu coração.
22O olho é a lâmpada do corpo.
Se o teu olho é sadio, todo o teu corpo ficará iluminado.
23Se o teu olho está doente,
todo o teu corpo ficará na escuridão.
Ora, se a luz que existe em ti é escuridão,
como será grande a escuridão.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 6,
19-23
Existem valores e valores. Quem é verdadeiramente discípulo
de Jesus deve procurar viver segundo a hierarquia de valores que é proposta por
ele. Quem tem como centro de sua vida o reino de Deus faz dele o seu tesouro,
faz com que ele seja o valor fundamental da sua vida e a partir dele ordena
todos os demais valores, de modo que o reino de Deus é o valor absoluto e os
demais valores são relativos a ele. Quem coloca os valores do mundo como centro
da sua vida vive segundo outra hierarquia de valores, totalmente inversa à
proposta por Jesus. Diante do evangelho de hoje somos convidados a rever nossa
hierarquia de valores segundo os critérios de Jesus.
HOMILIA
Não acumuleis riquezas aqui na terra, onde as traças e a
ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. O que significa
acumular tesouros no céu? Trata-se de saber de onde vim o que faço aqui na
terra e para onde vou. Descobrir qual o fundamento da minha existência e nelas
colocar a minha confiança. Se a deposito nos bens materiais desta terra, sempre
corro o perigo de perder o que acumulei.
Porém se for a Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a
liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuo. Para que isto
seja possível e visível, é importante que se crie uma convivência comunitária
que favoreça a partilha e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro
não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da convivência
fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus é o meu Pai
e todos. E se ele é nosso Pai todos nós somos irmãos. É nosso Pai nele deve
estar o nosso coração de filhos.
A lâmpada do corpo é o olho por que como disse Jesus: os
olhos são como uma luz para o corpo. Mas para entender o que Jesus pede é
necessário ter olhos novos. Jesus é exigente e pede muita coisa: não acumular,
não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Estas recomendações exigentes
tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas têm mais angústias e
preocupações. É urgente que tenhamos o nosso olho lúcido e são porque se teu
olho estiver doente, todo o teu corpo estará também doente.
Na realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma
pessoa se fechar sobre si mesma e sobre seus bens e confiar só neles. É a
doença da tibieza, mesquinhez! Quem olha a vida com este olhar viverá na
tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a
mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus,
o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a
partilha e a fraternidade.
Jesus quer uma mudança radical. Quer que vivamos como Deus
é. A imitação de Deus leva à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que
gera fraternidade verdadeira.
Onde está tua riqueza, aí estará o teu coração. Onde está a
tua e a minha riqueza? Muitas pessoas idolatrisam o marido, a esposa, os filhos
ou parentes colocando-os acima de Deus. Outras colocam em primeiro lugar o
dinheiro, os bens matérias (o carro, o cavalo, a vaca, as jóias…) e relegam
para o segundo ou o último lugar Deus e a família. Esquecem-se de que é em Deus,
é no amor ao próximo como a si mesmo que está a fonte da vida.
Meu irmão minha irmã a ti me dirijo e pergunto: que luz tens
como referência? Para onde direcionas os teus olhos? Para as coisas do mundo ou
para o Círio Pascal que é a fonte da luz sem ocaso? Ela é a luz no mundo, quem
Lhe segue não se engana nem na vida nem na morte.
Pai, dá-me sabedoria suficiente para buscar sempre o tesouro
verdadeiro, e assim estar seguro de que em ti coloquei o meu coração.