+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João
5,1-16
1Houve uma festa dos judeus,
e Jesus foi a Jerusalém.
2Existe em Jerusalém,
perto da porta das Ovelhas,
uma pscina com cinco pórticos,
chamada Betesda em hebraico.
3Muitos doentes ficavam ali deitados
-cegos, coxos e paralíticos -,
esperando que a água se movesse.
4De fato, uma anjo descia, de vez em quando,
e movimentava a água da piscina,
e o primeiro doente que aí entrasse,
depois do borbulhar da água,
ficava curado de qualquer doença que tivesse.
5Aí se encontrava um homem,
que estava doente havia trinta e oito anos.
6Jesus viu o homem deitado
e sabendo que estava doente há tanto tempo,
disse-lhe: 'Queres ficar curado?'
7O doente respondeu:
'Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina,
quando a água é agitada.
Quando estou chegando, outro entra na minha frente'.
8Jesus disse: 'Levanta-te,
pega na tua cama e anda.'
9No mesmo instante,
o homem ficou curado,
pegou na sua cama e começou a andar.
Ora, esse dia era um sábado.
10Por isso,
os judeus disseram ao homem que tinha sido curado:
'É sábado!
Não te é permitido carregar tua cama.'
11Ele respondeu-lhes:
'Aquele que me curou disse:
'Pega tua cama e anda'.'
12Então lhe perguntaram:
'Quem é que te disse:
'Pega tua cama e anda?'
13O homem que tinha sido curado não sabia quem fora,
pois Jesus se tinha afastado da multidão
que se encontrava naquele lugar.
14Mais tarde, Jesus encontrou o homem no Templo
e lhe disse:
'Eis que estás curado.
Não voltes a pecar,
para que não te aconteça coisa pior'.
15Então o homem saiu
e contou aos judeus
que tinha sido Jesus quem o havia curado.
16Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus,
porque fazia tais coisas em dia de sábado.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB
Reflexão - Jo 5, 1-16
Muitas vezes, as pessoas que sofrem diferentes formas de
males possuem uma fé muito grande no poder de Deus, mas de algumas formas são
impedidas de chegar até ele e receber as suas graças, condição indispensável
para a superação de seus males e sofrimentos. É o caso do paralítico, que
acreditava no poder de Deus e na cura que viria pela ação do anjo ao agitar a
água, mas era impedido pelos outros que entravam primeiro na piscina. Assim
também acontece hoje quando criamos uma série de regras e preceitos humanos que
dificultam a participação de muitos na vida divina e um relacionamento pessoal
com ele, que é a fonte de todas as graças que nos dão vida em abundância.
Fonte CNBB
HOMILIA
A CURA DE UM
PARALÍTICO Jo 5,1-16
Segundo São João por cinco vezes Jesus foi para Jerusalém
por ocasião da grande festa do templo. Enquanto para alguns a ida à Jerusalém é
motivado pela participação nos ritos judaicos, para comer e beber. Para Jesus o
motivo é outro.
É sim o anúncio do seu projeto. Ele quer lançar mãos à obras
a vontade de Deus seu Pai. Dar a conhecer a todo o mundo que está chegando a
hora em que o príncipe deste mundo será derrotado. Novos céus e a nova terra
estão para chegar. E os verdadeiros adoradores já não dependerão das paredes do
Templo de Jerusalém e nem tão pouco das sinagogas. Eles hão de adorar o Pai em
espírito e em verdade.
Numa destas idas e voltas ao Templo e precisamente na Porta
das ovelhas onde costumavam estar os pagãos, negociadores, cambistas e outros,
dá conta da enfermidade que infernizava a vida daquele homem. Curando um
paralítico ali presente, Jesus revela ser a fonte do amor e da vida para todos.
Em contradição, os judeus promotores da festa religiosa perseguem Jesus por sua
prática misericordiosa e libertadora.
Muitas vezes, as pessoas que sofrem diferentes formas de
males possuem uma fé muito grande no poder de Deus, mas de algumas formas são
impedidas de chegar até ele e receber as suas graças, condição indispensável
para a superação de seus males e sofrimentos. É o caso do paralítico, que
acreditava no poder de Deus e na cura que viria pela ação do anjo ao agitar a
água, mas era impedido pelos outros que entravam primeiro na piscina. Assim
também acontece hoje quando criamos uma série de regras e preceitos humanos que
dificultam a participação de muitos na vida divina e um relacionamento pessoal
com ele, que é a fonte de todas as graças que nos dão vida em abundância.
Apresenta-te também tu a Jesus e diz para Ele: não tenho
quem me ajuda. Enquanto eu vou outros descem antes de mim... E Ele que tudo
pode te dirá. Pega a tua maca, cama e vai para a casa que tua fé te salvou.
Fonte Homilia Padre Bantu
Mendonça Katchipwi Sayla
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João
4,43-54
Naquele tempo:
43Jesus partiu da Samaria para a Galiléia.
44O próprio Jesus tinha declarado,
que um profeta não é honrado na sua própria terra.
45Quando então chegou à Galiléia,
os galileus receberam-no bem,
porque tinham visto tudo o que Jesus havia feito
em Jerusalém, durante a festa.
Pois também eles tinham ido à festa.
46Assim, Jesus voltou para Caná da Galiléia,
onde havia transformado a água em vinho.
Havia em Cafarnaum um funcionário do rei
que tinha um filho doente.
47Ouviu dizer que Jesus
tinha vindo da Judéia para a Galiléia.
Ele saiu ao seu encontro
e pediu-lhe que fosse a Cafarnaum
curar seu filho, que estava morrendo.
48Jesus disse-lhe:
'Se não virdes sinais e prodígios,
não acreditais.'
49O funcionário do rei disse:
'Senhor, desce,
antes que meu filho morra!'
50Jesus lhe disse:
'Podes ir, teu filho está vivo.'
O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora.
51Enquanto descia para Cafarnaum,
seus empregados foram ao seu encontro,
dizendo que o seu filho estava vivo.
52O funcionário perguntou
a que horas o menino tinha melhorado.
Eles responderam:
'A febre desapareceu, ontem, pela uma da tarde'.
53O pai verificou que tinha sido exatamente na mesma hora
em que Jesus lhe havia dito:
'Teu filho está vivo'.
Então, ele abraçou a fé,
juntamente com toda a sua família.
54Esse foi o segundo sinal de Jesus.
Realizou-o quando voltou da Judeía para a Galiléia.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB
Reflexão - Jo 4,
43-54
Jesus declarou que um profeta não é honrado na sua própria
terra. Como ele foi criado na cidade de Nazaré, que fica na Galiléia, fazia
referência aos galileus, que precisavam de sinais e prodígios para crer e
ficavam exigindo que Jesus operasse milagres que testemunhariam que ele de fato
era o Filho de Deus. Jesus nos mostra que o processo é justamente o contrário:
não são os sinais que devem nos levar a crer, mas é a nossa fé que deve
produzir sinais de Reino de Deus, sinais de fraternidade, de justiça, de amor,
de vida em abundância. Porque ter fé significa ter a presença amorosa e
solidária de Deus em todos os momentos da vida.
Fonte CNBB
HOMILIA
O TEU FILHO VAI VIVER
Jo 4,43-54
Teu filho vai viver. É a garantia que Jesus dá ao homem cujo
filho estava a beira da morte. No texto de hoje mais uma vez estamos diante de
um milagre ou simplesmente sinal, característica fundamental do Evangelho de
Jesus Segundo São João.
Jesus conforme nos narra o evangelho, sai da sua terra e vai
para Galileia. Como era de esperar, depois de tantos milagres e prodígios que
fizera em Jerusalém, aquando da celebração da páscoa é bem recebido. E por
encontrar receptibilidade continua fazendo milagres. É de salientar que apesar
de Galiléia ser uma região predominantemente gentílica, com presença de
descendentes de colonos judeus, fora em Caná da Galileia que tinha transformado
a água em vinho por causa da fé daqueles homens.
Hoje neste trecho do Evangelho salienta-se mais um sinal, um
milagre. O milagre da vida como sendo o dom de Deus.
Evangelho de São João, respondendo ao apóstolo Tomé, afirma
com toda a sua autoridade: “Eu Sou a Vida” (Jo 14,6). Muitas vezes me pergunto
sobre o profundo sentido dessa afirmativa. Em outro tópico Ele parece completar
o que ali está dito: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em plenitude”
(Jo 10,10). Outra afirmação categórica de Jesus a Maria, irmã de Lázaro, é
esta: “Eu sou a Ressurreição e a Vida” (Jo 11,25). Isto vale a dizer: “Sou o
princípio, o autor também da nova vida, após a morte”.
Quem n’Ele procura a vida sempre a encontra. Veja a certeza
com que pronuncia as belas palavras ao funcionário do rei: Podes ir, que teu
filho está vivo.
Para os homens com grande fé como o alto funcionário do rei,
novos céus e nova terra existirão. Porque na verdade reconhecem o Evangelho
como Palavra de Salvação eterna.
A plenitude da vida que Jesus nos veio trazer não se
restringe aos horizontes fechados da vida presente, como pensavam muitos
humanistas e utopistas. A vida humana, acima de tudo, é dom de Deus: vem de
Deus e se realiza na posse terrena e eterna de Deus. Foi essa a vida que Deus
concedeu a nossos primeiros pais e Jesus nos veio reconquistar pela Encarnação,
pelo mistério de sua vida, morte e Ressurreição. Por isso Santo Agostinho
afirma, com tanta propriedade: “O nosso coração está inquieto até que descanse
em Vós”.
De regresso a casa, «ele creu, com todos os da sua casa».
Gente que não viu nem ouviu Jesus acredita nEle. Que ensinamento se retira
daqui? É preciso acreditar nEle sem exigir milagres: não é preciso exigir a
Deus provas do Seu poder. Basta acreditar nas Suas palavras: O teu filho vai
viver. Os teus serão libertos da situação em que se encontram. Acredite. É
Jesus quem está falando! Ele quer curar todas as nossas feridas e enfermidades.
Quer libertar os nossos de todos os vícios e pecados. Ele quer ressuscitar os
membros do nosso corpo e dar-lhes nova vida. Nos nossos dias, quantas pessoas
mostram um maior amor a Deus depois de seus filhos ou sua mulher terem recebido
alívio na doença?
Ontem como hoje Ele continua fazendo milagres e prodígios.
Mesmo que os nossos votos não sejam atendidos, é preciso perseverar nas ações
de graça e de louvor. Permaneça ligado a Deus mesmo na adversidade, no
abandono, na dor, na tristeza ainda que a morte venha bater a sua porta. Não
perca a esperança de que os teus hão de viver, e viver para sempre. Confiar, e
esperar com fé firme em Deus é optar pela vida. Por isso, escolha, pois a vida
descansando nos braços e no colo de Jesus para que tenha vida e vida em
abundância.
Fonte Homilia Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João
9,1-41
Naquele tempo:
1Ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença.
2Os discípulos perguntaram a Jesus:
'Mestre, quem pecou para que nascesse cego:
ele ou os seus pais?'
3Jesus respondeu: 'Nem ele nem seus pais pecaram,
mas isso serve para que as obras de Deus
se manifestem nele.
4É necessário que nós realizemos
as obras daquele que me enviou, enquanto é dia.
Vem a noite, em que ninguém pode trabalhar.
5Enquanto estou no mudo, eu sou a luz do mundo.'
6Dito isto, Jesus cuspiu no chão, fez lama com a saliva
e colocou-a sobre os olhos do cego.
7E disse-lhe: 'Vai lavar-te na piscina de Siloé'
(que quer dizer: Enviado).
O cego foi, lavou-se e voltou enxergando.
8Os vizinhos e os que costumavam ver o cego
- pois ele era mendigo - diziam:
'Não é aquele que ficava pedindo esmola?'
9Uns diziam: 'Sim, é ele!'
Outros afirmavam:
'Não é ele, mas alguém parecido com ele.'
Ele, porém, dizia: 'Sou eu mesmo!'
10Então lhe perguntaram:
'Como é que se abriram os teus olhos?'
11Ele respondeu:
'Aquele homem chamado Jesus fez lama, colocou-a
nos meus olhos e disse-me: 'Vai a Siloé e lava-te'.
Então fui, lavei-me e comecei a ver.'
12Perguntaram-lhe: 'Onde está ele?'
Respondeu: 'Não sei.'
13Levaram então aos fariseus o homem que tinha sido cego.
14Ora, era sábado, o dia em que Jesus tinha feito lama
e aberto os olhos do cego.
15Novamente, então, lhe perguntaram os fariseus
como tinha recuperado a vista.
Respondeu-lhes: 'Colocou lama sobre meus olhos,
fui lavar-me e agora vejo!'
16Disseram, então, alguns dos fariseus:
'Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado.'
Mas outros diziam:
'Como pode um pecador fazer tais sinais?'
17E havia divergência entre eles.
Perguntaram outra vez ao cego:
'E tu, que dizes daquele que te abriu os olhos?'
Respondeu: 'É um profeta.'
18Então, os judeus não acreditaram
que ele tinha sido cego e que tinha recuperado a vista.
Chamaram os pais dele
19e perguntaram-lhes:
'Este é o vosso filho, que dizeis ter nascido cego?
Como é que ele agora está enxergando?'
20Os seus pais disseram:
'Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego.
21Como agora está enxergando, isso não sabemos.
E quem lhe abriu os olhos também não sabemos.
Interrogai-o, ele é maior de idade,
ele pode falar por si mesmo.'
22Os seus pais disseram isso,
porque tinham medo das autoridades judaicas.
De fato, os judeus já tinham combinado
expulsar da comunidade
quem declarasse que Jesus era o Messias.
23Foi por isso que seus pais disseram:
'É maior de idade. Interrogai-o a ele.'
24Então, os judeus chamaram de novo
o homem que tinha sido cego.
Disseram-lhe: 'Dá glória a Deus!
Nós sabemos que esse homem é um pecador.'
25Então ele respondeu:
'Se ele é pecador, não sei. Só sei que eu era cego
e agora vejo.'
26Perguntaram-lhe então:
'Que é que ele te fez? Como te abriu os olhos?'
27Respondeu ele:
'Eu já vos disse, e não escutastes.
Por que quereis ouvir de novo?
Por acaso quereis tornar-vos discípulos dele?'
28Então insultaram-no, dizendo:
'Tu, sim, és discípulo dele!
Nós somos discípulos de Moisés.
29Nós sabemos que Deus falou a Moisés,
mas esse, não sabemos de onde é.'
30Respondeu-lhes o homem: 'Espantoso!
Vós não sabeis de onde ele é?
No entanto, ele abriu-me os olhos!
31Sabemos que Deus não escuta os pecadores,
mas escuta aquele que é piedoso
e que faz a sua vontade.
32Jamais se ouviu dizer
que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença.
33Se este homem não viesse de Deus,
não poderia fazer nada'.
34Os fariseus disseram-lhe:
'Tu nasceste todo em pecado e estás nos ensinando?'
E expulsaram-no da comunidade.
35Jesus soube que o tinham expulsado.
Encontrando-o, perguntou-lhe:
'Acreditas no Filho do Homem?'
36Respondeu ele:
'Quem é, Senhor, para que eu creia nele?'
37Jesus disse:
'Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo.'
Exclamou ele:
38'Eu creio, Senhor'!
E prostrou-se diante de Jesus.
39Então, Jesus disse:
'Eu vim a este mundo para exercer um julgamento,
a fim de que os que não vêem, vejam,
e os que vêem se tornem cegos.'
40Alguns fariseus, que estavam com ele, ouviram isto
e lhe disseram:
'Porventura, também nós somos cegos?'
41Respondeu-lhes Jesus:
'Se fôsseis cegos, não teríeis culpa;
mas como dizeis:
'Nós vemos', o vosso pecado permanece.'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB
REFLEXÃO
A fé batismal é iluminação
Este texto do evangelho de João pode ser caracterizado como
uma catequese sobre a fé, num contexto batismal. Temática, aliás, muito
apropriada para o tempo da Quaresma, pois, além de ser um itinerário
penitencial, esse tempo de preparação para a Páscoa do Senhor é um convite a
aprofundarmos a nossa vocação cristã a partir do Batismo. O texto, grosso modo,
é a afirmação de que a fé que recebemos é iluminação. É pela fé que chegamos a
contemplar e professar a verdadeira identidade de Jesus de Nazaré.
É preciso, antes de tudo, ter presente essa afirmação que
está no centro do trecho do livro de Samuel: o Senhor não vê a aparência, mas o
que está no coração (cf. 1Sm 16,7). O Senhor não julga à maneira dos homens.
Deus não se deixa levar pela aparência. No contexto da Quaresma, e para além
dela, somos convidados a desejar ver para além das aparências, e considerar o
coração, o que a pessoa efetivamente é. Aí não há engano. O que transforma o
nosso olhar e faz com que seja semelhante ao olhar de Deus sobre cada pessoa é
a fé, que é iluminação.
No centro do evangelho de hoje está a afirmação de Jesus:
“Enquanto eu estou no mundo eu sou a Luz do mundo” (v. 5). O que interessa
nesse relato do cego de nascença não é propriamente a sua cura, palavra, aliás,
que não figura no texto, mas o seu itinerário de fé, itinerário ao fim do qual
ele chega a professar que Jesus é o Senhor (v. 38). Quando foi expulso da
sinagoga, imagem dos cristãos expulsos da sinagoga, era a fé em Jesus que o
sustentava. O seu itinerário é um caminho de amadurecimento da fé, que o
permitiu professar a fé ao modo de Tomé no final desse mesmo quarto evangelho
(Jo 20,28). Tomé passa da dúvida e da tentação de querer chegar à fé por si
mesmo a uma adesão incondicional à pessoa de Jesus Cristo. O Senhor professado
pelo que antes era cego não é alguém distante, mas uma pessoa que fala com ele,
que entra em diálogo com ele (cf. Jo 9,35-38), aquele que lhe abriu os olhos. A
mesma luz que faz o cego ver, cega os que pensam ver. É Deus, e somente Ele,
que faz com que a luz brilhe nas trevas. Que o Senhor nos conceda sempre a luz
da fé e, por ela, mantenha acesa em nós a chama da esperança. Que Deus nos dê a
todos a graça da coragem, da audácia, do testemunho que brota e é exigido da fé
em Jesus Cristo.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj – Paulinas
HOMILIA
CREIO SENHOR Jo
9,1-41
Apesar de Jesus ter dado a vista ao cego de nascença, ainda
continuou a ser para ele um desconhecido. Não o vira quando Ele lhe untou os
olhos com o lodo; só o ouvia dizer: «vai, lava-te na piscina de Siloé». Depois
quando do seu encontro com Jesus, realizado só após algum tempo, travou-se esta
conversa: «Tu crês no Filho do Homem?...»; «Quem é Ele, Senhor, para que n'Ele
creia?»...; «Tu já O viste; é Ele que fala contigo». Respondeu: «Creio Senhor».
Esta passagem do Evangelho tem a sua particular motivação
histórica na 4ª semana da Quaresma. Nos primeiros séculos o período de 40 dias
foi, na Igreja, o tempo de preparação especial intensiva para o Batismo. Foi o
tempo dedicado de modo especial ao catecumenato. Realizava-se deste modo,
durante ele, o processo de conversão que é necessário considerar como o
primeiro e mais fundamental: a conversão a Deus que nos dá a nova vida em
Cristo. Devemos, de fato, ser mergulhados na sua Morte para nos tornarmos
depois, no sacramento do Batismo, a nova criatura — participando, à custa desta
Morte, na Sua Ressurreição. Para nos tornarmos o sujeito vivo do Mistério em
que Deus renova, em cada um de nós, o homem velho criando-o de novo por meio da
graça, à imagem do Seu Filho Unigênito.
Olhemos com atenção para o comportamento deste homem. Logo
depois de receber a vista, torna-se objeto de interrogações e investigações.
Primeiro, são-lhe feitas perguntas pelos conhecidos e vizinhos. Estes, em
seguida, levam-no aos escribas e fariseus. Aqui muda o caráter das perguntas.
Estes não se limitam ao pasmo diante do facto de um cego de nascença ter
adquirido a vista. Nem ainda se limitam a aceitar — como os vizinhos e os
conhecidos tudo o que ele declara, quer dizer, ter recebido a vista graças ao
homem que se chama Jesus. Mais, procuram enfraquecer nele a certeza e levá-lo a
negar precisamente esta verdade. Mas não podendo negar o fato, que é evidente —
era incontestável que o cego de nascença agora via — procuram negar as
circunstâncias e o significado do acontecimento. As circunstâncias: «Este homem
não vem de Deus, pois não guarda o sábado»... «Sabemos que esse homem é pecador».
E o significado do fato, o que, precisamente para eles, é o mais importante:
«Tu que dizes daquele que te abriu os olhos?». E ele respondeu: «Que é
profeta».
A resposta perturba-os. Poderia ser perigoso caso se
difundisse entre o povo (é preciso que Jesus de Nazaré seja considerado como
pecador que transgride a lei do sábado). Os fariseus procuram influir nele por
meio dos pais. Em vão. Todos os esforços destinados a desacreditar o Taumaturgo
aos olhos do curado, acabam por gorar-se. Apertado por tais perguntas, ele
mantém grande prontidão de espírito. Faz um raciocínio lógico e incontestável,
e termina com as palavras: «Se Ele não fosse de Deus, nada poderia fazer». Os
fariseus só podem mostrar desprezo e raiva: «Tu nasceste inteiramente em pecado
e ensinas-nos a nós?». «E expulsaram-no».
Mas ele reconhecendo e acolhendo o dom de Deus se sente
seduzido e encharcado por ele se aposta e arrisca toda a sua vida seguindo
atrás de Jesus porque sabe que não se engana nem na vida nem na morte. Jesus é
o caminho certo para o Reino do Céu.
Fonte Homilia Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
O cobrador de impostos voltou para casa justificado, o outro
não.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
18,9-14
Naquele tempo:
9Jesus contou esta parábola
para alguns que confiavam na sua própria justiça
e desprezavam os outros:
10'Dois homens subiram ao Templo para rezar:
um era fariseu, o outro cobrador de impostos.
11O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo:
'Ó Deus, eu te agradeço
porque não sou como os outros homens,
ladrões, desonestos, adúlteros,
nem como este cobrador de impostos.
12Eu jejuo duas vezes por semana,
e dou o dízimo de toda a minha renda'.
13O cobrador de impostos, porém, ficou à distância,
e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu;
mas batia no peito, dizendo:
`Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!'
14Eu vos digo:
este último voltou para casa justificado, o outro não.
Pois quem se eleva será humilhado,
e quem se humilha será elevado.'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB
Reflexão - Lc 18,
9-14
Jesus nos mostra no Evangelho de hoje que a salvação não
pode ser alcançada por nossas ações, uma vez que a pessoa não pode salvar-se
por si mesma, mas por uma ação amorosa e gratuita do próprio Deus. Nós não nos
salvamos, aos homens isso é impossível, mas Deus nos salva, pois para ele tudo
é possível. Sendo assim, a nossa salvação depende antes de tudo da postura que
temos diante de Deus. O fariseu contava os seus méritos diante de Deus, o que
não lhe garantiu a salvação, enquanto que, ao demonstrar as suas misérias e os
seus pecados diante de Deus, o cobrador de impostos reconhecia que somente Deus
poderia salvá-lo e implora por essa salvação e, por isso, ele foi atendido em
suas preces.
Fonte CNBB
HOMILIA
TENDE PIEDADE DE MIM
QUE SOU PECADOR! Lc 18,9-14
O Evangelho de hoje nos mostra com clareza qual é o
pensamento que Jesus tem a respeito da nossa oração, e não somente no que se
relaciona ao nosso vínculo com os outros, mas especialmente diante de Deus, que
nos conhece mais do que nós mesmos.
Lendo o evangelho de hoje eu fiquei muito feliz porque
acredito que essa mensagem seja capaz de mudar de forma concreta a minha vida e
a tua, uma vez que passamos a compreender o sentido real e concreto do ato de
ser humilde e não apenas do conceito de humildade, podemos ser transformados
interiormente e executar gestos no nosso cotidiano que irá nos proporcionar
sentimentos bons e alegres.
É interessante verificar os dois tipos de oração! O Fariseu
nomeia todas as suas observâncias, tudo que ele faz, conforme manda o a Lei!
Ele não conta nenhuma mentira - ele faz isso mesmo. Só que ele confia
absolutamente no poder da sua prática para garantir a salvação. Assim dispensa
a graça de Deus, pois se a Lei é capaz de salvar, não precisamos da graça! E
ainda se dá o luxo de desprezar os que não viviam como ele - ou porque não
queriam, ou porque não conseguiam!: Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como
os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse
cobrador de impostos.
O publicano também não mente quando reza! Longe do altar,
nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito em sinal de
arrependimento de dizia: Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador. E era a
verdade mesmo - ele era vigarista, ladrão opressor do seu povo, traidor da sua
raça - mas ele tem consciência disso, e não só disso, mas do fato de que por
ele mesmo é incapaz de mudar a sua situação moral. A sua única esperança é
jogar-se diante da misericórdia de Deus. Para o espanto dos seus ouvintes,
Jesus afirma que o desprezado publicano voltou para a casa
"justificado" por Deus, e não o outro. Pois é Deus que nos torna
justos por pura gratuidade, e não em recompensa por termos observado as
minúcias duma Lei.
E como entrou o farisaísmo nas nossas tradições de espiritualidade!
Como as nossas pregações reduziam a fé e o seguimento de Jesus à uma
observância externa duma lista de Leis! Como reduzimos Deus a um mero
"banqueiro", que no fim da vida faz as contas e nos dá o que nós
"merecemos", segundo uma teologia de retribuição! Quem tem a conta em
haver com Ele, ganhará o céu, e quem está em dívida irá para o inferno! E a
graça de Deus? E a cruz de Cristo? Paulo mudou de vida quando descobriu que a
Lei, por tão importante que fosse como "pedagogo", não era capaz de
salvar, mas que é Deus que nos salva, sem mérito algum nosso, através de Jesus
Cristo! Com esta descoberta, se libertou! E defendia este seu
"evangelho" a ferro e fogo! O texto de hoje nos convida para que
examinemos até que ponto deixamos o farisaísmo entrar em nossas vidas; até que
ponto confiamos em nós mesmos como agentes da nossa salvação; até que ponto nos
damos o direito de julgar os outros, conforme os nossos critérios. Uma
advertência saudável e oportuna que alerta contra uma mentalidade "elitista"
e "excludente", que pode insinuar-se na nossa espiritualidade, como
fez na dos fariseu, sem que tomemos consciência disso!
Portanto, esse evangelho é transformador, ele vem ensinar
para nós que a nossa oração é um meio de comunicação eficaz com o Pai, mas só
subirá aos céus se nascer de um coração humilde, simples e puro! Se quisermos
ser justificados e elevados diante de Deus, precisamos diminuir para que Deus
cresça em nós! Meu Deus, é preciso que eu diminua e que Cristo cresça em mim.
Dai-me Senhor um coração puro e humilde e assim como aquele cobrador de
impostos clamou a ti eu também Te peço agora: tende piedade de mim que sou
pecador.
Fonte Homilia Padre Bantu
Mendonça Katchipwi Sayla
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo escrito por
Marcos 12,28b-34
Naquele tempo:
28bUm mestre da Lei,
aproximou-se de Jesus e perguntou:
'Qual é o primeiro de todos os mandamentos?'
29Jesus respondeu:
'O primeiro é este: Ouve, ó Israel!
O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
30Amarás o Senhor teu Deus
de todo o teu coração, de toda a tua alma,
de todo o teu entendimento e com toda a tua força!
31O segundo mandamento é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo!
Não existe outro mandamento maior do que estes'.
32O mestre da Lei disse a Jesus:
'Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste:
Ele é o único Deus e não existe outro além dele.
33Amá-lo de todo o coração, de toda a mente,
e com toda a força,
e amar o próximo como a si mesmo
é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios'.
34Jesus viu que ele tinha respondido com inteligência,
e disse: 'Tu não estás longe do Reino de Deus'.
E ninguém mais tinha coragem
de fazer perguntas a Jesus.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB
Reflexão - Mc 12b,
28-34
Muitas pessoas acham que para serem salvas, é suficiente
cumprir todas as suas obrigações de ordem religiosa como a participação nas
celebrações e atos devocionais. O escriba do Evangelho de hoje afirma que amar
a Deus e ao próximo é melhor do que as práticas religiosas, no caso os
holocaustos e os sacrifícios, e Jesus confirma isso ao afirmar que ele não está
longe do reino de Deus. A nossa vida religiosa só tem sentido enquanto é um
reflexo do amor vivido concretamente, ou seja, enquanto é manifestação da nossa
solidariedade. Caso contrário, a religião se reduz a práticas mágicas,
bruxarias, rituais vazios, que nada acrescentam a ninguém e não nos aproxima de
Deus.
Fonte CNBB
HOMILIA
O MEU PASSAPORTE PARA O CÉU Mc 12,28b-34
No tempo de Jesus, havia uma ala do judaísmo tendente ao
exagero, a ponto de reduzir a fé a um complexo de leis e mandamentos, de
difícil execução. Será que Deus quer transformar nossa vida num infindável
pode/não pode, deve/não deve, é permitido/é proibido? Uma religião assim vivida
se torna empobrecedora, porque torna o indivíduo escravo da Lei, sem tempo para
relacionar-se com Deus de maneira prazerosa e alegre.
Neste ambiente, um mestre da Lei de Moisés reconhece em
Jesus como Mestre e por isso tentando acalmar a discussão que se tinha
levantado à volta d’Ele o interroga: Qual é o mais importante de todos os
mandamentos da Lei Partimos do princípio de que os escribas eram intelectuais,
conhecedores profundos e pormenorizados dos textos da Lei de Moises. Sendo
assim, Jesus olhando bem para ele, poderia até se questionar como é possível,
este homem sendo doutor da Lei não sabia qual era o maior. Mas tudo bem:
Escuta Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com
toda a tua mente e com todas as tuas forças. E o segundo mais importante é
este: Amarás próximo como a ti mesmo. Não existe outro mandamento mais
importante do que esses dois.
Jesus, fazendo uma análise da figurado deste escriba, e pelo
seu interesse, chega a conclusão de que ele não está longe do Reino de Deus.
Pelos detalhes, esta narrativa assemelha-se à cena do jovem rico (Mc 10,17-22),
ao qual apenas faltou dar tudo aos pobres e seguir Jesus. Ao escriba faltava
romper seus laços com as doutrinas e observâncias legais. E para ti o que
falta, que barreira deves romper para seguir e adorares à Deus Único e
verdadeiro? Saiba que a expressão da sua adesão ao amor de Deus não é o culto
religioso, não é a observância do domingo, cumprimento de liturgias, mas sim o
amor concreto e solidário ao próximo, que se resumem no: amar a Deus sobre
todas as coisas e amar ao próximo como a ti mesmo.
Nesta resposta de Jesus vemos duas realidades. A relação do
homem com Deus. E do homem como o homem para depois voltarem os dois para Deus
o princípio e o fim do homem. Portanto o segundo mandamento completa o primeiro
e que, em conjunto, resumem toda a lei e todos os profetas. Sendo assim, Jesus
explica ao escriba a impossibilidade que existe em cumprir o primeiro
mandamento sem o segundo.
Para João não é possível a amar a Deus, que não vemos, se
não amarmos o nosso próximo que vemos. Se a assim for não passamos de
mentiroso. Porque Deus é amor e quem o ama deve amar o irmão. Logo, os dois
mandamentos se abraçam e se completam. Este é o modelo que o próprio evangelho
nos apresenta na relação amistosa entre Jesus e o escriba, pois ambos se
elogiam reciprocamente. Nisto consiste o amor: no reconhecimento de uma
recíproca igualdade e numa mútua e perpétua fidelidade. É assim com amor: dá e
recebe como Jesus. N’Ele está constantemente a cumprir-se o tudo dar de Deus ao
mundo no Filho e o tudo receber por parte do Filho para tudo dar ao Pai nos
seus irmãos.
A fé pregada por Jesus apóia-se em dois pilares: o amor a
Deus e o amor ao próximo. Isto é o essencial. Tudo o mais é complemento, e pode
ser relativizado. Quem ama a Deus, recusa toda forma de idolatria, não aceitando
ser subjugado por nenhum outro Absoluto fora dele. Quem ama o próximo, põe
freios ao seu egoísmo, de modo a jamais desejar-lhe o mal, ou a fazer algo que
possa prejudicá-lo.
Ante a sábia resposta do Verdadeiro Mestre, o mestre da Lei,
no diálogo com Jesus enxerga e afirma que o amor a Deus e ao próximo supera
todos os holocaustos e sacrifícios. Reconhece, assim, os dois maiores
mandamentos. Jesus, então, afirma que ele não está longe do Reino de Deus.
Portanto, a única exigência da religião de Jesus é que a
pessoa não coloque a si mesma como centro, e sim, Deus e o amor ao próximo como
passaporte para o Reino do Céu. A expressão de nossa adesão ao amor de Deus não
é o culto religioso, mas sim o amor concreto e solidário. Pois o próximo é a
ponte, é a escada, é o passaporte que nos faz atravessar o mar vermelho, o
deserto, a morte em direção a terra prometida onde jorra leite e mel ou seja a
nossa pátria definitiva: o Reino do Céu!
Fonte Homilia Padre Bantu
Mendonça Katchipwi Sayla
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
11,14-23
Naquele tempo:
14Jesus estava expulsando um demônio que era mudo.
Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar,
e as multidões ficaram admiradas.
15Mas alguns disseram:
'É por Belzebu, o príncipe dos demônios,
que ele expulsa os demônios.'
16Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu.
17Mas, conhecendo seus pensamentos, Jesus disse-lhes:
'Todo reino dividido contra si mesmo será destruído;
e cairá uma casa por cima da outra.
18Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo,
como poderá sobreviver o seu reino?
Vós dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demônios.
19Se é por meio de Belzebu que eu expulso demônios,
vossos filhos os expulsam por meio de quem?
Por isso, eles mesmos serão vossos juízes.
20Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios,
então chegou para vós o Reino de Deus.
21Quando um homem forte e bem armado
guarda a própria casa,
seus bens estão seguros.
22Mas, quando chega um homem mais forte do que ele,
vence-o, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava,
e reparte o que roubou.
23Quem não está comigo, está contra mim.
E quem não recolhe comigo, dispersa.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB
Reflexão - Lc 11,
14-23
Estamos vivendo uma época em que as posições em relação a
Satanás são contraditórias. Existem algumas pessoas que dizem que o demônio não
existe, que é uma espécie de personificação das más tendências e inclinações
das pessoas e que essa história de anjo decaído não passa de mitologia. Por
outro lado, existem os que potencializam a ação do demônio, de modo que tudo é
o inimigo agindo, é fruto do maligno e outras coisas do gênero. A Igreja afirma
a existência do demônio, mas também afirma que o poder de Deus é infinitamente
superior ao dele. No Evangelho de hoje, Jesus nos mostra o seu poder sobre o
maligno, poder que se manifesta na totalidade no Mistério Pascal, que é a
derrota definitiva do antigo inimigo.
Fonte CNBB
REINO DE DEUS JÁ
CHEGOU Lc 11,14-23
HOMILIA
O evangelho de hoje pode ser dividido em três partes que também perfazem as três
resposta de Jesus. A primeira parte diz
respeito a comparação do reino dividido. Jesus denuncia o absurdo da calúnia
escribas. Dizer que ele expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos
demônios é negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água é seca, e que o
sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém o caluniavam, porque não sabiam
explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de
perder a liderança. Sentiam-se ameaçados na sua autoridade junto ao povo.
Já a segunda é uma pergunta sobre por quem expulsam vossos
filhos os demônios? Jesus provoca os acusadores e pergunta: “Se eu expulso em
nome de Belzebu, em nome de quem os discípulos de vocês expulsam os demônios?
Que eles respondam e se expliquem! Se eu expulso o demônio pelo dedo de Deus, é
porque chegou o Reino de Deus!”.
E para concluir vem a terceira parte: chegando o mais forte
ele vence o forte. Jesus compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não
ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este
mais forte que chegou. Por isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem
forte. Consegue expulsar os demônios. Jesus amarrou o homem forte e agora rouba
a casa dele, isto é, liberta as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta
Isaías já tinha usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is
49,24-25). Por isso Lucas diz que a expulsão do demônio é um sinal evidente de
que chegou o Reino de Deus.
Quem não está comigo é contra mim. Jesus termina sua
resposta com esta frase: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não
recolhe comigo, dispersa”. Em outra ocasião, também a propósito de uma expulsão
de demônio, os discípulos impediram um homem de usar o nome de Jesus para
expulsar um demônio, pois ele não era do grupo dele. Jesus respondeu: “Não
impeçam! Quem não é contra vocês é a vosso favor!” (Lc 9,50). Parecem duas frases
contraditórias, mas não são. A frase do evangelho de hoje é dita contra os
inimigos que tem preconceito contra Jesus: “Quem não está comigo, está contra
mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”. Preconceito e não aceitação tornam o
diálogo impossível e rompe a união. A outra frase é dita para os discípulos que
pensavam ter o monopólio de Jesus: “Quem não é contra vocês é a vosso favor!”
Muita gente que não é cristão pratica o amor, a bondade, a justiça, muitas
vezes até melhor do que os cristãos. Não podemos excluí-los. São irmãos e
parceiros na construção do Reino.
Jesus acompanha as suas palavras com numerosos «milagres,
prodígios e sinais» (Act 2, 22), os quais manifestam que o Reino está presente
n'Ele. Comprovam que Ele é o Messias anunciado. Os sinais realizados por Jesus
testemunham que o Pai O enviou. Convidam a crer n'Ele. Aos que se Lhe dirigem
com fé, concede-lhes o que pedem. Assim, os milagres fortificam a fé n'Aquele
que faz as obras do Seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus. Mas também
podem ser «ocasião de queda» (Mt 11, 6). Eles não pretendem satisfazer a
curiosidade nem desejos mágicos. Apesar de os seus milagres serem tão
evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; chega mesmo a ser acusado de agir pelo
poder dos demônios.
Todavia, ao libertar certos homens dos seus males terrenos –
da fome, da injustiça, da doença e da morte –, Jesus realizou sinais
messiânicos; no entanto, Ele não veio para abolir todos os males deste mundo,
mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os
impede de realizar a sua vocação de filhos de Deus e é causa de todas as
servidões humanas.
A vinda do
Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás: «Se é pelo Espírito de Deus que
Eu expulso os demônios, então é porque o Reino de Deus chegou até vós» (Mt 12,
28). Os exorcismos de Jesus libertam os homens do poder dos demônios. E
antecipam a grande vitória de Jesus sobre «o príncipe deste mundo» (Jo 12, 31).
“Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe
comigo, dispersa” Como isto acontece na minha e na tua vida? “Não impeçam! Quem não é contra vocês é a
vosso favor!” Como isto acontece na minha e na tua vida? Tu tens ciúmes do bem
dos outros, das pessoas, que iniciam a sua caminhada de fé e que se destacam na
prática do bem e no anúncio do evangelho?
Pai, transforma-me em instrumento de teu amor
misericordioso, a exemplo de Jesus. Por onde eu passar, possa ser testemunha de
que teu Reino já chegou para nós.
Fonte Homilia Padre Bantu
Mendonça Katchipwi Sayla
Aquele que praticar e ensinar os mandamentos, este será
considerado grande.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus 5,17-19
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
17Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas.
Não vim para abolir,
mas para dar-lhes pleno cumprimento.
18Em verdade, eu vos digo:
antes que o céu e a terra deixem de existir,
nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei,
sem que tudo se cumpra.
l9Portanto, quem desobedecer
a um só destes mandamentos, por menor que seja,
e ensinar os outros a fazerem o mesmo,
será considerado o menor no Reino dos Céus.
Porém, quem os praticar e ensinar
será considerado grande no Reino dos Céus.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB
Reflexão - Mt 5,
17-29
Todos nós estamos de acordo que devemos obedecer a Deus, mas
não estamos muito de acordo se perguntarmos por que devemos obedecer a Deus.
Isto porque existem duas formas de obediência. A primeira é a obediência de
quem reconhece o poder de quem manda e se submete a este poder por causa das
vantagens da obediência ou das conseqüências da desobediência. É aquele que diz
que manda quem pode e obedece quem tem juízo. A segunda é de quem reconhece os
valores que motivam a autoridade e assume esses valores como próprios, vendo na
obediência a grande forma de concretização desses valores. Jesus não veio mudar
a lei, mas mostrar as suas motivações, os seus valores, a fim de que a sua
observância não seja um jugo, mas uma forma de realização pessoal.
Fonte CNBB
HOMILIA
A Lei é pensada a
partir de Jesus Cristo
Durante a sua vida terrestre, Jesus enfrentou a oposição de
adversários que pensavam que o modo como ele interpretava e punha em prática a
Lei e relia a Escritura era um sinal de que sua determinação era de abolir a
Palavra de Deus. No embate apologético com o judaísmo rabínico, essa
dificuldade se prolongou no cristianismo primitivo. O trecho do evangelho de
hoje visa dirimir o equívoco (cf. v. 17). Em Jesus, toda a Escritura encontra a
sua realização e no Ressuscitado, a sua luz e o seu sentido pleno. Para o
cristão que lê essas linhas do evangelho é dado um critério de interpretação do
Antigo Testamento: é a partir de Jesus Cristo que a lei e os profetas devem ser
lidos, pois apontam para Ele. Para o cristão, a Lei é pensada a partir da
cristologia. A centralidade de Jesus Cristo faz com que a exigência primordial
do amor e da misericórdia se imponham como condição de autenticidade ou não de
determinada prática da Lei. O que tem precedência sobre quaisquer outras
prescrições legais é o mandamento do amor (cf. Lc 10,25-37).
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,26-38
Naquele tempo:
26O anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
27a uma virgem, prometida em casamento
a um homem chamado José.
Ele era descendente de Davi
e o nome da virgem era Maria
28O anjo entrou onde ela estava e disse:
'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!'
29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a
pensar qual seria o significado da saudação.
30O anjo, então, disse-lhe:
'Não tenhas medo, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus.
31Eis que conceberás e darás à luz um filho,
a quem porás o nome de Jesus.
32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo,
e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi.
33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó,
e o seu reino não terá fim'.
34Maria perguntou ao anjo:
'Como acontecerá isso,
se eu não conheço homem algum?'
35O anjo respondeu:
'O Espírito virá sobre ti,
e o poder do Altissimo te cobrirá com sua sombra.
Por isso, o menino que vai nascer
será chamado Santo, Filho de Deus.
36Também Isabel, tua parenta,
concebeu um filho na velhice.
Este já é o sexto mês
daquela que era considerada estéril,
37porque para Deus nada é impossível'.
38Maria, então, disse:
'Eis aqui a serva do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra!'
E o anjo retirou-se.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB
Reflexão - Lc 1,
26-38
Maria recebe do anjo a noticia de que seria a mãe do
Messias. Como poderia acontecer isso se ela não conhece homem? Fazendo uma
relação com o Evangelho de ontem, percebemos que mulheres estéreis geraram
filhos por obra divina, e filhos que atuaram decisivamente na história da
salvação. Maria não podia ter filhos, mas isso era fruto de sua vontade, de sua
consagração virginal. E nesta "esterilidade", Deus age. E sem a
atuação de um homem, mas do próprio Espírito Santo, Maria gera no seu ventre
virginal aquele que é o Senhor da história e que vai mudar radicalmente a vida
das pessoas.
FAÇA-SE EM MIM A TUA PALAVRA Lc 1,26-38
HOMILIA
Estamos celebrando hoje a Festa da Anunciação, dia em que
veneramos o começo da vida de Jesus Cristo. Verbo encarnado, no seio de Maria.
Começa, exatamente aqui, um novo período da história da humanidade. Deus na
infinita bondade quis despojar-se da sua divindade e rebaixou-se a ponto de vir
construir a Sua tenda entre nós e
conosco! Mas isso só foi possível, graças ao “Faça-se em mim segundo a tua
palavra”, pronunciado pela virgem Maria!
Anjo havia
dito a Maria: “Terás um filho. Ele chamar-se-á Jesus, o libertador”. Esta festa
é, uma das mais antigas solenidades marianas da história da Igreja. Já era
celebrada no Oriente, na metade do século V. E temos notícia de que no século
VII se fazia a procissão da Quaresma , neste dia, para a Igreja de Santa Maria
Maior. Esta Festa quer levar-nos, a todos, ao Cristo Redentor, pelo “sim” dito
de modo semelhante por Maria. Ora, no diálogo do Anjo, ele não fala somente das
grandezas pessoais de Jesus; é o Salvador, é o Messias esperado, é o Rei eterno
da humanidade regenerada, cuja maternidade se propõe ali a Maria.
Toda a
obra redentora esta ali dependendo do faça-se de Maria. E disto tem a Virgem
plena consciência. Sabe o que Deus lhe propõe; consente no que Deus lhe pede,
sem restrição, nem condição; o seu Fiat responde à amplidão das proposições
divinas, estende-se a toda a obra redentora!
O sim de
Maria foi tão fundamental que mudou a face da terra. Pois, aquele diálogo de
Maria com o Anjo, certificada da sua virgindade, Ela ousa responder: “Eis A
escrava do Senhor; faça-se em mim, segundo a vossa palavra!
Trata-se de uma resposta admirável de bondade, mas também de
humildade e de prudência! Aqui Maria manifesta mais ainda do que a sua
incomparável humildade e obediência, a grandeza da sua fé, fazendo-a
entregar-se inteiramente à ação divina, sem questionar nem pretender penetrar o
profundo mistério, ou pensar sequer nas conseqüências a que se arriscava. E tu
como tens respondido ao Senhor? Em que se tem baseado a tua?
Por um
faça-se apenas o Verbo divino, se encarnou no seu seio puríssimo e virginal! É
portanto, pelo seu sim que Deus se fez homem. E deste modo, formou-se no seio
puríssimo da Virgem Maria, por força do Espírito Santo, o Corpo de Cristo,
unindo-se ao corpo a sua alma humana criada do nada, e, consequentemente a
Divindade unindo-se ao Corpo e à alma de Deus humanado – Jesus Cristo – passa a
receber de Maria sangue do seu sangue, carne da sua carne! Assim, a partir daí,
Aquele que é Deus verdadeiro, tornou-se também verdadeiro Homem, num mistério
chamado hispostático, e a bem-aventurada Virgem Maria, tornou-se na realidade a
Mãe verdadeira de Deus!
Meu irmão,
minha irmã veja que se observarmos na história do mundo e na história dos
homens encontraremos dois faça-se ou sim. O primeiro, no ato da criação, o
próprio Deus pronunciando, faça-se – e todas as coisas aparecerem do nada! E no
final a Bíblia afirmar que Deus viu que todas as coisas eram boas!
O segundo
faça-se, é o de Maria: uma resposta obediente, belíssimo o segundo! Com o
primeiro, Deus tirou do nada o Universo com a sua perfeição e ordem: “Os céus
proclamam a glória de Deus e o firmamento a obra das suas mãos” (Sl 18,1).
Com o
segundo – o de Maria – “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo1,14), num
mistério de duas naturezas em uma e mesma pessoa!
Quero
lembrar-se de que o teu sim ou faça-se, pode transformar vidas, libertar as
pessoas dos vícios, das drogas, da prostituição, do alcool, do adultério, da
ganância, do roubos; pode curar os doentes e ressuscitar os mortos. Pode
introduzir os teus na nova terra e céu.
Assim como
nossa Mãe, Maria, nós somos chamados para levar a Boa Nova a todas as pessoas
do mundo, para irradiar neles o amor que Jesus nos proporciona junto com nossa
Mãe. Neste mistério aprendamos com Ela, o espírito de serviço para com o
próximo. O exemplo dela e reconhecendo a humildade de Maria no Magnificat,
prometamos que seremos humildes e caridosos para com o nosso próximo. Ainda
mais quando demos nosso faça-se, nosso sim, ao chamado especial de Cristo (João
Paulo II).
Nesta Solenidade aprendamos com Maria a virtude da
humildade, e que Ela nos ajude a sermos simples, humildes e generosos de coração
como Ela o foi, para transmitir sempre com alegria a palavra de Deus. Maria nos
ensina também a nos colocarmos sempre a serviço do Senhor.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a sermos caridosos e
solidários para com o próximo, principalmente com os mais necessitados, que
reconhecendo a sua presença no meio de nós saibamos dizer sempre “Sim”, como o
fez Maria, à tua vontade.
Fonte Homilia Padre Bantu
Mendonça Katchipwi Sayla
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João
4,5-42
Naquele tempo:
5Jesus chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar,
perto do terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José.
6Era aí que ficava o poço de Jacó.
Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço.
Era por volta do meio-dia.
7Chegou uma mulher da Samaria para tirar água.
Jesus lhe disse: 'Dá-me de beber'.
8Os discípulos tinham ido à cidade
para comprar alimentos.
9A mulher samaritana disse então a Jesus:
'Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber
a mim, que sou uma mulher samaritana?'
De fato, os judeus não se dão com os samaritanos.
10Respondeu-lhe Jesus:
'Se tu conhecesses o dom de Deus
e quem é que te pede: 'Dá-me de beber`,
tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva.'
11A mulher disse a Jesus:
'Senhor, nem sequer tens balde e o poço é fundo.
De onde vais tirar a água viva?
12Por acaso, és maior que nosso pai Jacó,
que nos deu o poço e que dele bebeu,
como também seus filhos e seus animais?'
13Respondeu Jesus:
'Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo.
14Mas quem beber da água que eu lhe darei,
esse nunca mais terá sede.
E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de
água que jorra para a vida eterna.'
15A mulher disse a Jesus:
'Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais
sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la.'
16Disse-lhe Jesus:
'Vai chamar teu marido e volta aqui'.
17A mulher respondeu: 'Eu não tenho marido'.
Jesus disse:
'Disseste bem, que não tens marido,
18pois tiveste cinco maridos,
e o que tens agora não é o teu marido.
Nisso falaste a verdade.'
19A mulher disse a Jesus:
'Senhor, vejo que és um profeta!
20Os nossos pais adoraram neste monte
mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar'.
21Disse-lhe Jesus: 'Acredita-me, mulher:
está chegando a hora em que nem neste monte,
nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22Vós adorais o que não conheceis.
Nós adoramos o que conhecemos,
pois a salvação vem dos judeus.
23Mas está chegando a hora, e é agora,
em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e verdade.
De fato, estes são os adoradores que o Pai procura.
24Deus é espírito e aqueles que o adoram
devem adorá-lo em espírito e verdade.'
25A mulher disse a Jesus:
'Sei que o Messias (que se chama Cristo) vai chegar.
Quando ele vier,
vai nos fazer conhecer todas as coisas'.
26Disse-lhe Jesus:
'Sou eu, que estou falando contigo'.
27Nesse momento, chegaram os discípulos e ficaram
admirados de ver Jesus falando com a mulher.
Mas ninguém perguntou: 'Que desejas?'
ou: 'Por que falas com ela?'
28Então a mulher deixou o seu cântaro
e foi à cidade, dizendo ao povo:
29'Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz.
Será que ele não é o Cristo?'
30O povo saiu da cidade e foi ao encontro de Jesus.
31Enquanto isso, os discípulos insistiam
com Jesus, dizendo: 'Mestre, come'.
32Jesus, porém disse-lhes:
'Eu tenho um alimento para comer que vós não
conheceis'.
33Os discípulos comentavam entre si:
'Será que alguém trouxe alguma coisa para ele comer?'
34Disse-lhes Jesus:
'O meu alimento é fazer a vontade daquele
que me enviou e realizar a sua obra.
35Não dizeis vós:
`Ainda quatro meses, e aí vem a colheita!`
Pois eu vos digo: Levantai os olhos e vede os campos:
eles estão dourados para a colheita!
36O ceifeiro já está recebendo o salário,
e recolhe fruto para a vida eterna.
Assim, o que semeia se alegra junto com o que colhe.
37Pois é verdade o provérbio que diz:
`Um é o que semeia e outro o que colhe`.
38Eu vos enviei para colher aquilo que não trabalhastes.
Outros trabalharam e vós entrastes no trabalho deles.'
39Muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em
Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava:
`Ele me disse tudo o que eu fiz.`
40Por isso, os samaritanos vieram ao encontro de Jesus
e pediram que permanecesse com eles.
Jesus permaneceu aí dois dias.
41E muitos outros creram por causa da sua palavra.
42E disseram à mulher:
'Já não cremos por causa das tuas palavras,
pois nós mesmos ouvimos e sabemos,
que este é verdadeiramente o salvador do mundo.'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB
REFLEXÃO
Vocação do profeta
O evangelho de hoje é parte do discurso programático de
Jesus (Lc 4,16-30), na sinagoga de Nazaré. Trata-se da resposta de Jesus à
incredulidade e resistência dos seus concidadãos. A evocação dos episódios dos
profetas Elias e Eliseu permite estabelecer um paralelo entre Israel e Nazaré.
Nazaré passa a ser protótipo da rejeição de Jesus por parte de todo Israel. Uma
das temáticas dominantes de toda a primeira parte do evangelho de Lucas é a
identidade de Jesus. Jesus é verdadeiro profeta num duplo sentido: é homem de
Deus que recebe dele sua missão, e porque é rejeitado. A rejeição é um critério
que permite verificar a autenticidade de sua vocação profética. A perseguição,
a incompreensão, a vida ameaçada são alguns dos traços presentes na vida de
todo verdadeiro profeta. Para se manter fiel à missão recebida de Deus, é
preciso colocar-se inteiramente nas mãos do Senhor. Por isso, não há nada, nem
mesmo a ameaça de morte, nem ninguém que possa impedir Jesus de prosseguir o
seu caminho e realizar a vontade do Pai.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj – Paulinas
JESUS E A MULHER SAMARITANA Jo 4,5-42
João é o evangelista que mais se destaca nos diálogos
personalizados de Jesus. Ele nos apresenta hoje o mais poético diálogo do
Mestre com a uma mulher. Trata-se da samaritana. Digo poético porque ele o
descreve de maneira fantástica. A fonte pede água à sedento.
Vejamos como se desenvolve o diálogo. Ele chegou a uma
cidade da Samaria, chamada Sicar, que ficava perto das terras que Jacó tinha
dado ao seu filho José. Ali ficava o poço de Jacó. Era mais ou menos meio-dia
quando Jesus, cansado da viagem, sentou-se perto do poço. Uma mulher samaritana
veio tirar água, e Jesus lhe disse: - Por favor, me dê um pouco de água. A
mulher respondeu: - O senhor é judeu, e eu sou samaritana. Então como é que o
senhor me pede água? Então Jesus disse: - Se você soubesse o que Deus pode dar
e quem é que está lhe pedindo água, você pediria, e ele lhe daria a água da
vida. Ela respondeu: - O senhor não tem balde para tirar água, e o poço é
fundo. Como é que vai conseguir essa água da vida? Nosso antepassado Jacó nos
deu este poço. Ele, os seus filhos e os seus animais beberam água daqui. Será
que o senhor é mais importante do que Jacó? Então Jesus disse: - Quem beber
desta água terá sede de novo, mas a pessoa que beber da água que eu lhe der
nunca mais terá sede. Porque a água que eu lhe der se tornará nela uma fonte de
água que dará vida eterna. Então a mulher pediu: - Por favor, me dê dessa água!
Assim eu nunca mais terei sede e não precisarei mais vir aqui buscar água. - Vá
chamar o seu marido e volte aqui! - ordenou Jesus. - Eu não tenho marido! -
respondeu a mulher.
Então Jesus disse: - Você está certa ao dizer que não tem
marido, pois já teve cinco, e este que você tem agora não é, de fato, seu
marido. Sim, você falou a verdade. A mulher respondeu: - Agora eu sei que o
senhor é um profeta! Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas
vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo. Jesus
disse: - Mulher acredite no que eu digo: chegará o tempo em que ninguém vai
adorar a Deus nem neste monte nem em Jerusalém.
Vocês, samaritanos, não sabem o que adoram, mas nós sabemos
o que adoramos porque a salvação vem dos judeus. Mas virá o tempo, e, de fato,
já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em
verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem. Deus é Espírito, e por
isso os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade. A mulher
respondeu: - Eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir. E, quando ele
vier, vai explicar tudo para nós. Então Jesus afirmou: - Pois eu, que estou
falando com você, sou o Messias. Naquele momento chegaram os seus discípulos e
ficaram admirados, pois ele estava conversando com uma mulher. Mas nenhum deles
perguntou à mulher o que ela queria. E também não perguntaram a Jesus por que
motivo ele estava falando com ela.
Em seguida, a mulher deixou ali o seu pote, voltou até a
cidade e disse a todas as pessoas: - Venham ver o homem que disse tudo o que eu
tenho feito. Será que ele é o Messias? Muitas pessoas saíram da cidade e foram
para o lugar onde Jesus estava. Enquanto isso, os discípulos pediam a Jesus: -
Mestre, coma alguma coisa! Jesus respondeu: - Eu tenho para comer uma comida
que vocês não conhecem. Então os discípulos começaram a perguntar uns aos
outros: - Será que alguém já trouxe comida para ele? - A minha comida - disse
Jesus - é fazer a vontade daquele que me enviou e terminar o trabalho que ele
me deu para fazer.
Vocês costumam dizer: "Daqui a quatro meses teremos a
colheita." Mas olhem e vejam bem os campos: o que foi plantado já está
maduro e pronto para a colheita. Quem colhe recebe o seu salário, e o resultado
do seu trabalho é a vida eterna para as pessoas. E assim tanto o que semeia
como o que colhe se alegrarão juntos. Porque é verdade o que dizem: "Um
semeia, e outro colhe." Eu mandei vocês colherem onde não trabalharam;
outros trabalharam ali, e vocês aproveitaram o trabalho deles. Muitos
samaritanos daquela cidade creram em Jesus porque a mulher tinha dito:
"Ele me disse tudo o que eu tenho feito." Quando os samaritanos
chegaram ao lugar onde Jesus estava, pediram a ele que ficasse com eles, e
Jesus ficou ali dois dias. E muitos outros creram por causa da mensagem dele.
Eles diziam à mulher: - Agora não é mais por causa do que você disse que nós
cremos, mas porque nós mesmos o ouvimos falar. E sabemos que ele é, de fato, o
Salvador do mundo.
Jesus rompe com todas as barreiras discriminatórias baseadas
em crenças religiosas. Porque para Ele o novo povo deve adorar a Deus em
Espírito e Verdade.
Jesus é a revelação de que Deus está presente em todos os
valores de todos os povos e culturas, conferindo uma dimensão de eternidade a
todo ato de amor que promove a vida.
Senhor Deus nosso Pai, nós queremos te conhecer. Mas muitas
vezes os nossos olhos não vos enxergam. Assim como a Samaritana queremos te
reconhecer, acolher em Jesus, vosso filho. Dá-me a graça.
Fonte Homulia Padre Bantu
Mendonça Katchipwi Sayla