domingo, 30 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 01.10.2012 - O missionário do Reino não pode desprezar ninguém


Evangelho (Lucas 9,46-50)
Segunda-Feira, 1 de Outubro de 2012
Santa Teresinha do Menino Jesus


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 46houve entre os discípulos uma discussão, para saber qual deles seria o maior. 47Jesus sabia o que estavam pensando, pegou então uma criança, colocou-a junto de si 48e disse-lhes: “Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior”.
49João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lho proibimos, porque não anda conosco”. 50Jesus disse-lhe: “Não o proibais, pois quem não está contra vós, está a vosso favor”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
O missionário do Reino não pode desprezar ninguém
outubro 1st, 2012

O Evangelho de hoje trata de um assunto que nunca sai de moda: a vaidade, a soberba, o orgulho, a avareza, ou seja, dos sete pecados capitais que se resume no desejo de ser grande. O desejo de se sentir importante é um dos mais primitivos desejos do ser humano. Aliás, o ditado popular diz que o coração do homem é insaciável de ambições: “Quanto mais tem mais quer”.
Diferentemente da nossa maneira de pensar e olhar, Jesus nunca olha para uma pessoa, mas sempre olha através da pessoa. Quando olhamos para alguém, não percebemos o que aquela pessoa está passando, pensando e sentindo. Isso nós só conseguimos saber quando nos anulamos e nos colocamos no lugar da outra pessoa. Jesus foi, então, o maior de todos os psicólogos que já existiu. Ele sondava o coração, e era capaz de ser aquela pessoa.
Na passagem de hoje, Ele sondou o coração dos discípulos e sentiu que eles se perguntavam quem, dentre os Doze, seria o maior. Eles eram humanos como nós, e dentro do grupo procuravam uma posição de destaque. Observe que Jesus não coloca todos no mesmo patamar. Jesus admite que haja a possibilidade de alguém ser maior que os outros. Existe uma hierarquia no Reino dos Céus. Mas essa hierarquia é o inverso da nossa.
Aqui, neste mundo, quanto maior for a sua posição mais inacessível você se torna. Na hierarquia de Jesus, quanto mais acessível você for maior a sua posição. Viu como inverte duplamente? Neste mundo, você cresce e se torna inacessível; no Reino dos Céus, você se torna acessível e cresce!
Quando as pessoas tiverem medo e resistência em falar com você, significa que algo está errado. O primeiro passo é assumir. Se você não assumir, não vai conseguir nem passar para o segundo passo: descobrir o porquê. A maioria das pessoas quer interagir mais, ter mais e melhores amigos. Mas só o farão se encontrarem abertura no seu coração. E isto pode ser na forma de um sorriso, uma brincadeira ou até em você saber o nome da pessoa e chamá-la pelo nome. E esse já é o terceiro passo: abrir-se. Em pouco tempo, você já vai ser tão solicitado, que não vai dar nem conta de tanta responsabilidade.
O missionário do Reino, portanto, não pode desprezar ninguém! A criança que Jesus tomou em seus braços nesta passagem, representa não só as crianças, mas todos os que são excluídos neste mundo.
Jesus nos revela hoje a novidade do projeto de Deus: é um mundo de justiça, de vida plena para todos, abolindo os privilégios daqueles que concentram poder a partir da acumulação de riquezas ou do prestígio religioso. Percebe-se, nos Evangelhos, que os discípulos vindos do Judaísmo sempre tiveram dificuldades em compreendê-lo. Estavam tomados pela ideologia messiânica nacionalista. Como Jesus falou para eles sobre a fragilidade de sua condição humana, vulnerável ao sofrimento e à morte, aludindo ao fim que pressentia acontecer em Jerusalém e os discípulos não entenderam e logo em seguida, passam a discutir quem seria o maior, pensando que Jesus estaria na iminência de conquistar o poder, assim também Ele quer falar para nós.
Jesus nos apresenta como exemplo e, sobretudo, condição para sermos os maiores no Seu Reino o olhar puro e simples de uma criança. A criança como símbolo e modelo de humildade e exclusão do Reino dos Céus. Somos chamados a viver dedicados ao serviço, sem pretensões ao poder e a privilégios.
Pai, que eu busque sempre destacar-me no serviço ao meu semelhante, de modo especial, aos mais necessitados. Pois nisto consiste minha verdadeira grandeza de discípulo. E que nesta busca eu seja simples, puro e humilde como as crianças.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

sábado, 29 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 30.09.2012 - O verdadeiro discípulo não tem inveja do bem que os outros fazem


Evangelho (Marcos 9,38-43.45.47-48)
Domingo, 30 de Setembro de 2012
26º Domingo Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 38João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”.
39Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40Quem não é contra nós é a nosso favor.
41Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa.
42E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço.
43Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga.
45Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno.
47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48‘onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga’”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.




HOMILIA
O verdadeiro discípulo não tem inveja do bem que os outros fazem
setembro 30th, 2012

Estamos ainda em Cafarnaum, a cidade de pescadores situada junto ao Lago de Tiberíades. Jesus está “em casa” rodeado pelos discípulos. A ida para Jerusalém está próxima e os discípulos estão conscientes de que se aproximam tempos decisivos para esse projeto em que estão envolvidos.
O tema principal aparece na primeira parte do Evangelho. Refere-se à necessidade da comunidade cristã ser uma comunidade aberta, acolhedora, tolerante, capaz de aceitar como sinais de Deus os gestos de amor que acontecem no mundo.
O Evangelho deste domingo apresenta-nos um grupo de discípulos ainda muito atrasados na aprendizagem do “caminho do Reino”. Eles ainda raciocinam em termos de lógica do mundo e têm dificuldades em libertar-se dos seus interesses egoístas, dos seus esquemas pessoais, seus preconceitos e sonhos de grandeza e poder… Eles não querem entender que, para seguir Jesus, é preciso cortar com certos sentimentos e atitudes incompatíveis com a radicalidade exigida pelo Reino. As dificuldades que estes discípulos apresentam, no sentido de responder a Jesus, não nos são estranhas: também fazem parte da nossa vida e do caminho que, dia a dia, percorremos.
Assim, a instrução que, neste texto, Jesus se dirige aos Seus discípulos serve também a nós. As propostas de Jesus destinam-se aos discípulos de todas as épocas; pretendem ajudar-nos a purificar a nossa opção e a integrar, de forma plena, a comunidade do Reino.
Antes de tudo, Jesus mostra a eles que a comunidade do Reino não pode ser uma seita arrogante, fechada, intolerante, fanática, que se arroga na posse exclusiva de Deus e das Suas propostas. Tem de ser uma comunidade que sabe qual é o seu papel e a sua missão, mas que reconhece não ter a exclusividade do bem e da verdade e que é capaz de se alegrar com os gestos de bondade e de esperança, os quais acontecem à sua volta, mesmo quando esses gestos resultam da ação de não-crentes ou de pessoas que não pertencem à instituição da Igreja.
O verdadeiro discípulo não tem inveja do bem que os outros fazem, não sente ciúmes se Deus atua por meio de outras pessoas, não pretende ter o monopólio da verdade nem ter “exclusividade” em relação a Jesus. O verdadeiro discípulo se esforça, a cada dia, por testemunhar os valores do Reino e se alegra com os sinais da presença de Deus em tantos irmãos com outros percursos religiosos, que lutam por construir um mundo mais justo e mais fraterno.
Os discípulos de que o Evangelho de hoje nos fala estão preocupados com a ação de alguém que não é do grupo, pois temem ver postos em causa os seus sonhos pessoais de poder e de grandeza. Por detrás dessa preocupação dos discípulos não está o bem do homem (aquilo que, em última análise, deveria “mover” os membros da comunidade do Reino), mas a salvaguarda de certos interesses egoístas. Nas nossas comunidades cristãs ou religiosas, há pessoas capazes de gestos incríveis de doação, de entrega, de serviço aos irmãos; mas há também pessoas cuja principal preocupação é proteger o espaço que conquistaram e continuar a manter um estatuto de poder e prestígio. Quando afastamos, com o pretexto de defender a pureza da fé, os interesses da moralidade ou tranquilidade da comunidade, aqueles que desafiam a comunidade a purificar-se e a procurar novos caminhos para responder aos desafios de Deus, estaremos a proteger os interesses de Deus ou os nossos projetos, os nossos esquemas interesseiros, as nossas apostas pessoais?
Jesus exige dos discípulos o corte radical com os valores, os sentimentos, as atitudes que são incompatíveis com a opção pelo Reino. O discípulo de Jesus nunca está acomodado, instalado, conformado, mas está sempre atento e vigilante, procurando detectar e eliminar de sua existência tudo aquilo que lhe impede o acesso à vida plena. Naturalmente, a renúncia ao egoísmo, ao comodismo, ao orgulho, aos esquemas pessoais, à vontade de poder e de domínio, ao apelo do êxito, ao “aplauso das multidões”, é um processo difícil e doloroso; mas é também um processo que gera vida nova.
O que é que eu necessito, prioritariamente, de “cortar” da minha vida, para me identificar mais com Jesus, para merecer integrar a comunidade do Reino, para ser mais livre e mais feliz?
O apelo de Jesus à sua comunidade, no sentido de não “escandalizar” os pequenos, faz-nos pensar na forma como lidamos, enquanto pessoas e enquanto comunidades, com os pobres, os que falharam, os que têm atitudes moralmente reprováveis, aqueles que têm uma fé pouco consistente, aqueles que a vida marcou negativamente, aqueles que a sociedade marginaliza e rejeita. Eles encontram em nós a proposta libertadora que Cristo lhes faz, ou encontram em nós rejeição, injustiça, marginalização, mau exemplo? Quem vê o nosso testemunho tem razões para aderir a Cristo ou para se afastar de Cristo?
Senhor Jesus, faz-me alegrar com o Reino que dá seus frutos, na história humana, das formas mais imprevistas, para além do controle humano.
Padre Bantu Mendonça 


Fonte: Canção Nova

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 29.09.2012 - Jesus chama Felipe e Natanael


Evangelho (João 1,47-51)
Sábado, 29 de Setembro de 2012
S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 47Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. 50Jesus disse: “Tu crês porque te disse: “Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Jesus chama Felipe e Natanael

Ao iniciar sua vida pública, Jesus começa, lentamente, a escolher os seus discípulos que, à medida que atendiam o chamado largavam tudo e continuavam a caminhada junto com Ele. Assim dentre os discípulos de João Batista. André, chamado por Jesus, chama Pedro e Filipe, e este chama Natanael. Natanael, diante da origem humilde de Jesus, manifesta sua incredulidade. Porém, ao primeiro contato com ele, Natanael o aclama como Filho de Deus e Rei de Israel. Jesus descarta este título de poder, identificando-se com o Filho do Homem, a presença divina no simplesmente humano que abre as portas do céu. O título “Filho de Deus” tem duplo sentido: título de realeza, comum nos reinos e impérios, e título específico de Jesus, enquanto presença divina, amorosa, encarnada. Natanael o usa no primeiro sentido. Jesus insinua que sua realidade é outra: por ele, o Filho do Homem, serão abertas as portas do céu aos humanos. Jesus vem realizar o projeto de Deus, que é levar o humano à plenitude pela comunhão com o amor divino.
Antes de ser chamado, Natanael conversava com Felipe que lhe disse haver encontrado aquele de quem escreveram Moisés e os Profetas: – Jesus de Nazaré, o filho de José. “Ao que Natanael lhe responde: – Por acaso pode sair algo de bom de Nazaré?” Nazaré era uma cidade pequena e habitada por pessoas muito simples. Jesus se aproxima dos dois naquele momento e Felipe diz a Natanael: – “Vem e vê!” Assim que ele olha encontra o seu olhar com o olhar de Jesus, que lhe diz: -“Eis um verdadeiro Israelita, no qual não há enganos”. E, assustado ele pergunta a Jesus: – “De onde me conheces?” Jesus lhe diz: – “Antes que Felipe te chamasse eu te vi quando estavas debaixo da figueira.” Daí Natanael exclama:- “Mestre, tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel”.
Na nossa vida, como a Natanael, Jesus nos pergunta de várias maneiras, para nos incentivar a caminhar nos Seus caminhos; para vivermos fundamentados nos seus ensinamentos de Filho de Deus, demonstrando com a Sua vida, o verdadeiro lugar do amor na vida de todos os que O seguem. Muitas são as vezes que nós somos displicentes e, deixando-nos levar pelo barulho do mundo, principalmente, nos dias atuais, não percebemos o amor de Deus a nos abraçar e a falar dentro do nosso coração, completamente diferente daquilo que temos na nossa cabeça. Sem forçar, sem exigir, Ele não nos abandona nesses tempos; deixa-nos livres para seguirmos a nossa cabeça ou o nosso coração. Após tomarmos a atitude escolhida, vamos colher seus frutos, se bons ou ruins, advindos como resultados da nossa decisão tomada.
Rimos, ficamos felizes e alegres, se agimos acertadamente, mas , choramos e sofremos muito se erramos, agindo pelo instinto somente, sem usarmos o nosso coração. Assim aconteceu com Natanael que diminuiu Jesus pela Sua procedência, não lhe dando o valor que o próprio Criador nos ensina no Antigo Testamento. Jesus veio para salvar a humanidade, não descansou jamais, para cumprir a Missão a que veio: – Salvar a todos os seus irmãos, que somos todos nós, dando-nos a oportunidade de errarmos durante a nossa vida e, aceitando a qualquer momento o nosso arrependimento sincero e, nos levando para junto do Pai, na Eternidade, onde Ele nos espera desde que nascemos.
Por isso, devemos cultuar o perdão na nossa vida, nunca o negando aos que nos ofendem, aos que não gostam de nós, aos que nos prejudicam, nos ignoram ou não nos aceitam. Aí reside a nossa prova de que amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Assim é a essência do maior dos mandamentos que Jesus nos trouxe para a nossa salvação. Pois você verá coisas maiores do que esta. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.
Pai leva-me a conhecer, cada vez mais profundamente, a identidade de teu Filho Jesus, e a fazer-me discípulo dele, de modo a compartilhar sua missão.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 28.09.2012 - O Cristo que seguimos diz do cristão que somos


Evangelho (Lucas 9,18-22)
Sexta-Feira, 28 de Setembro de 2012
25ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Aconteceu que Jesus 18estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” 19Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”.
20Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. 21Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém.
22E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.




HOMILIA 01
O Cristo que seguimos diz do cristão que somos
setembro 28th, 2012

Irmãos e irmãs, no tempo de Jesus e, segundo os evangelistas, muitos tinham opiniões sobre o ser e agir de Jesus, ao ponto de confundi-Lo com importantes personagens da história da Salvação (cf. Mt 14,1-2; Mc 9,14-16; Lc 9,7-9). Mas quem era o verdadeiro Jesus que lhes falava e manifestava, também por atos e até mesmo no silêncio, o amor de Deus que redime?
Esta questão tinha e continua a ter grande importância, por isso o próprio Senhor pergunta aos doze apóstolos, após terem orado por longo tempo, quem era aquele Homem que os chamou, orou com eles, partilhou a vida e as palavras, realizou grandes sinais diante da vista de todos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Lc 9,20).
Como porta-voz dos demais, Pedro respondeu com palavras inspiradas: “O Cristo de Deus” (v. 20). Mas será que ele tinha noção do que significaria, no mistério de Jesus, aquelas palavras? Uma leitura comparativa dos Evangelhos sinópticos, inclusive em Mt 16, 13-20, percebe-se que, naquele momento, em Cesaréia de Filipe, eles ainda não seriam capazes de conceberem a relação de Jesus como o Messias e, ao mesmo tempo, o realizador da profecia do Isaías.
Será preciso um Calvário e a releitura dos acontecimentos, em comunidade, guiada pelo Espírito Santo (cf. Jo 14,26) para que a Igreja, num todo, identificasse Jesus Cristo como Servo Sofredor sem fatalismo: “Era o mais desprezado e abandonado de todos, homem do sofrimento, experimentado na dor, indivíduo de quem a gente desvia o olhar, repelente, dele nem tomamos conhecimento” (Isaías 53, 3). Mas o Cristo é também o Mestre dos mestres que, em sua pedagogia divina, foi revelando a verdade, a qual, aos poucos, os doze e a Igreja, ao longo do tempo, foi e continua a ser chamada a aceitar, para que a interpretação do Mistério de Cristo não tenha o ruído do triunfalismo.
“É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar” (Lc 9, 22). Até parece que Jesus estava com o trecho de Isaías, acima citado, frente aos seus olhos. Mas, muito mais do que isto, todo o Antigo Testamento estava em seu coração como a história de toda a humanidade, a qual continua necessitada de um único messias que corresponda e supere as esperanças dos povos. Por isso, alerta o magistério da Igreja, instruída pelo Espírito de Cristo: “Numerosos judeus, e até certos pagãos que compartilhavam a esperança deles, reconheceram em Jesus os traços fundamentais do “Filho de Davi” messiânico, prometido por Deus a Israel.
Jesus aceitou o título de Messias [Cristo em grego] ao qual tinha direito, mas com reserva, pois este era entendido por uma parte de seus contemporâneos segundo uma concepção demasiadamente humana, essencialmente política” (CIC, nº 439). Por isso as palavras do primeiro Papa, também representa o reto ensinamento da Igreja de Cristo, que pelo seu Catecismo, exprime a fé n’Aquele que ressuscitou, mas, antes, sofreu por cada um de nós e por todos a Sua Paixão e Morte. Assim, a Fé Pascal (Morte e ressurreição) precisa também suscitar a nossa resposta diária ao Cristo que continua a nos questionar: “E você que é cristão, quem é o Cristo que você segue, principalmente quando a vida lhe propõem ou impõem um Calvário? Quando quereríamos ser tratado com se estivéssemos ainda em Cesaréia, ignorantes em muitas coisas? Talvez, até estejamos nesta etapa, na qual o conhecimento que temos da Palavra de Deus ainda paire abstrato sobre a nossa existência e ações. Por isso, Cristo, como fez com os doze continua a nos propor, nunca impor, a vida de oração comunitária e apostólica (cf. Lc 9, 18) para que, mesmo sem entendermos muitas coisas, possamos ainda nos unir ao mistério do Cristo Pascal.
D’Ele não vem o sofrimento nem a provação, mas a certeza de que nada que passamos, passa ao lado do Seu coração cheio de compaixão e verdade. Ele não é indiferente a ninguém nem às razões das nossas lutas e lágrimas.
De Cesaréia de Filipe ao Calvário, os apóstolos precisaram da paciência e sabedoria do Mestre e Bom Pastor. Também nós podemos ter a certeza de que Ele não mudou a Sua pedagogia, a qual transforma o tempo num elemento imprescindível para o nosso amadurecimento como discípulos e missionários. Agora, ninguém pode ceder aos messianismos presentes, que prometem um céu aqui na terra, ou seja, não se pode dispensar do seguimento e união ao verdadeiro Jesus Cristo, cabeça da Igreja, Aquele que por amor aceitou «sofrer muito» e ressuscitar, no terceiro dia, para nos comunicar o Espírito Santo.
Ele não está obrigado a poupar ninguém do mistério do sofrimento humano neste mundo passageiro. Por isso também, Ele continua conosco como consolo e modelo Supremo na árdua missão que conferiu à Sua Igreja (cada um a seu modo), a partir do Papa e aos sucessores dos apóstolos: «Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos» (Mt 28, 20).
Padre Fernando Santamaria
Comunidade Canção Nova



HOMILIA O2
Pedro reconhece o Messias

Lucas nos apresenta hoje a preocupação de Jesus sobre o conceito que as pessoas tem e fazem da Sua pessoa e então faz aos discípulos a inquietante pergunta: “Quem dizem as pessoas sobre quem é o Filho do Homem?” E o interessante disso tudo é que os discípulos escutavam os mesmos comentários que chegaram aos ouvidos de Herodes: que Jesus era ou João Batista, ou Elias, ou algum dos profetas antigos, que ressuscitou. Mas o que Jesus realmente queria saber era o que os seus discípulos pensavam a respeito dele. E nesse momento é Pedro quem toma a iniciativa da resposta e erguendo a voz diz: Tu és o Cristo de Deus!
A palavra Cristo vem do grego, é uma tradução literal de Messias, e significa ungido. Esta resposta de Pedro tem todo um significado, e é sobre isso que vamos refletir hoje.
Os livros proféticos do Antigo Testamento falam da vinda do Messias, o Salvador. E atribui a Ele o poder de curar os doentes, expulsar demônios, e trazer a paz ao povo. João Batista sabia disso. E é por isso que quando ele mandou seus discípulos perguntarem a Jesus se Ele era o Messias, Jesus pediu que os discípulos de João o acompanhassem durante aquela tarde enquanto Ele realizou a cura de cegos e aleijados. Depois disso, Jesus disse aos discípulos de João que voltassem para dizer o que tinham visto. Jesus não queria dizer, neste momento, que Ele era o Messias, pois muitas coisas ainda precisavam acontecer antes do seu martírio. João Batista, como conhecedor das Escrituras, sabia desses sinais. Se Jesus já afirmasse desde esse momento que era a Promessa de Deus, o alvoroço e a polêmica seriam ainda maiores do que este que já estava acontecendo. E isso poderia encurtar a sua trajetória no meio de nós.
Mas então as pessoas da época não sabiam que Ele era o Ungido de Deus? O Filho de Deus? Que não deveriam esperar que viesse outro? Pois é, não sabiam. Somente os discípulos sabiam disso. E foram severamente proibidos de comentar isso com alguém até que Ele passasse pelo martírio, morte e ressurreição.
Ainda hoje os judeus esperam a primeira vinda do Messias. Para eles, Jesus foi apenas mais um profeta, que teve a sua importância, mas que não libertou o povo, como eles esperavam. O entendimento deles não permite que vejam a libertação que Jesus veio trazer… A libertação da escravidão do pecado. Essa libertação vai muito além da libertação que eles esperavam, que era a libertação da servidão aos romanos da época, e depois a tantos outros povos ao longo da história. A libertação que Jesus veio trazer é de dentro para fora. Você pode estar acorrentado numa prisão, e ser livre. Você pode estar doente em um leito de hospital, rejeitado pelos seus pais e estar em um orfanato ou um asilo, pode ter perdido a saúde, a dignidade, o dinheiro, a liberdade de ir e vir… e ainda ser livre. Parece contraditório, mas é a Verdade. E a Verdade vos libertará. Nem a morte causa medo a quem tem essa liberdade. E essa é a maior prova de fé: não temer a morte.
Para Pedro, Jesus é Filho do Homem. É o Deus que se faz humano, convivendo no dia-a-dia comum entre as multidões e comunicando-lhes seu amor divino e eterno, que permanece para sempre, além da morte. E para ti quem é Jesus? A pergunta: E vós quem dizeis que Eu sou?, exige um comprometimento pessoal. Pedro corajosamente mostrou sua crescente lealdade, ao afirmar que Jesus era o Cristo de Deus. Nesta confissão Pedro quis dizer que Jesus era o único Deus, Filho ungido para seus propósitos. Quais propósitos? A maioria não tinha idéia, portanto Jesus não queria que seus discípulos divulgassem o que Pedro havia dito. Ao invés de um Rei ungido para sofrer e morrer por pecadores, a maioria dos judeus estavam à procura de um rei que trouxesse libertação política. Jesus então deixou claro o preço que teria que pagar para seguir a confissão de Pedro num mundo que não apenas estava confuso a seu respeito, como também era contra seu ministério. Concordar com a confissão de Pedro significa causar conflito entre os crentes e o mundo e os levaria a negar a si mesmos, ao carregarem a cruz do discipulado.
O discipulado de Cristo lá e aqui tem seu preço, seu custo. Dar a sua vida por amor aos seus irmãos. Esta é a mensagem para o dia de hoje. Peça e ore ao Senhor para que te ajude a abrir mão, se preciso for, da segurança, conforto e diversões deste mundo para O seguir. Que Ele te ensine a negar a ti mesmo, carregar a cruz e seguí-lo. Pois, sua promessa é: quem perder a vida por minha causa, este a salvará.
Por isso, peça a Deus esta graça. Pai, só tu podes revelar-me a identidade de teu Filho Jesus. Que eu a conheça de forma verdadeira para poder conformar com ela a minha vida.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 27.09.2012 - Por que você quer ver Jesus?


Evangelho (Lucas 9,7-9)
Quinta-Feira, 27 de Setembro de 2012
São Vicente de Paulo


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 7o tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou perplexo, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos. 8Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. 9Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.




HOMILIA
Por que você quer ver Jesus?
setembro 27th, 2012

Quando Jesus abria a boca para falar, Suas palavras tornavam realizáveis Seus gestos e testemunhavam Suas ações por palavras ou pela proveniência. Então, todos, em todas as cidades, ouviram falar d’Ele. E a grande maioria tinha curiosidade em conhecê-Lo.
Neste contexto ocorre o Evangelho de hoje. Constatamos que até Herodes ficou admirado com o que se falava de Jesus. Provavelmente, contaram sobre o milagre de Caná, das curas dos doentes, da multiplicação dos pães. Por fim, tudo o que parecesse sobrenatural deixava Herodes perplexo e até supersticioso. Eis aí a razão pela qual ele pensou em João, Elias e os profetas antigos (que uma vez mortos, julgava terem ressurgido). Trata-se da reencarnação? Para Herodes sim, mas para Cristo e os Seus discípulos, não. A dúvida de Herodes, no entanto, fala mais alto: “A João, eu mesmo mandei cortar a cabeça. Mas, quem será, então, esse homem de quem ouço falar essas coisas?”
A certeza da ressurreição era comum entre os fariseus em oposição aos saduceus, os quais não acreditavam nela. Historicamente falando – e segundo esta crença farisaica -, os que morreram piedosamente, justos diante de seu Deus, ressuscitariam e voltariam a viver nesta mesma terra, porém em um reino de glória completamente sob o domínio do Senhor. Mentalidade que, mais tarde, haveria de iluminar a compreensão da ressurreição de Jesus por parte de Seus discípulos judeus.
Voltando ao texto de hoje, Lucas o conclui dizendo que Herodes procurava ver Jesus para ter certeza dos sinais e prodígios que ouviu falar sobre Ele. Eis a razão pela qual Jesus é levado diante de Herodes na Sexta-Feira Santa. O rei quer ver Cristo realizar alguma “mágica”, mas Jesus não dirige sequer uma palavra para ele. Herodes não merecia nem uma palavra do Senhor. A arrogância dele era desprezível, por isso Cristo não fez nenhum milagre diante dele.
Veja que os apóstolos – diferentemente de Herodes – anunciam aos outros a experiência que fizeram do Cristo Ressuscitado: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam no tocante ao Verbo da vida, porque a vida se manifestou e nós vimos e testemunhamos, anunciando-vos a vida eterna que estava com o Pai e nos foi manifestada, o que vimos e ouvimos, nós também vos anunciamos a fim de que também vós vivais em comunhão conosco. Ora, nossa comunhão é com o Pai e seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas para nossa alegria ser completa” (1Jo 1,1-4).
Quero lhe fazer uma pergunta: “Por que você quer ver Jesus?”. Até Herodes queria vê-Lo, de tanto que ouviu falar do Senhor. Normalmente, quando ouvimos falar muito de alguém, ficamos curiosos para conhecê-lo. Você já ouviu alguém lhe dizer: “Ah, então você é o fulano? Ouvi muito falar de você!” E você se questiona: “Ouviu falar bem ou mal de mim?”
Lembre-se que a fama de Jesus se espalhou e todos vinham ver a palavra do “jovem pregador que tinha tanto amor”. Ele fazia todas as pessoas felizes. Mas você, que fama tem?
Jesus não só quer ouvir falar muito de você, como também quer estar sempre por perto, pronto para ajudá-lo caso você precise e peça a ajuda d’Ele. Cristo espera para vê-lo feliz e fazendo os outros felizes também. Esta é a fama com que Ele atraiu as multidões (e até mesmo o próprio Herodes).
Faça os outros felizes e você será feliz hoje e sempre!
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

terça-feira, 25 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 26.09.2012 - Firme o seu discipulado na vivência da Providência Divina


Evangelho (Lucas 9,1-6)
Quarta-Feira, 26 de Setembro de 2012
São Cosme e São Damião


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 1Jesus convocou os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças, 2e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos. 3E disse-lhes: “Não leveis nada para o caminho: nem cajado nem sacola nem pão nem dinheiro nem mesmo duas túnicas. 4Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo. 5Todos aqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés, como protesto contra eles”. 6Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa Nova e fazendo curas em todos os lugares.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Firme o seu discipulado na vivência da Providência Divina
setembro 26th, 2012

Jesus chamou os Doze e começou a enviá-los dois a dois e dava a eles autoridade sobre os espíritos impuros. E os enviou com um único objetivo: anunciar a vinda próxima do Reino dos Céus. Dois a dois. Como se fossem testemunhas de uma verdade perante o mundo que não a conhecia.
O envio de dois a dois era próprio do tempo de Cristo, pelo que dizia respeito aos mensageiros enviados para atestar uma mensagem. Também podemos ver nessa situação uma oportunidade para o mútuo apoio em situações difíceis. Jesus, no início de sua escolha, chama de dois a dois os irmãos pescadores.
“Não tomem pelo caminho se não unicamente bordão, nem alforje, nem pão, nem cobre na cintura”. As ordens eram positivas: bordão, sandálias e uma túnica. Coisas necessárias para o caminho, pois nunca se caminhava descalço e um bordão era necessário tanto para se apoiar naquele caminho rude e difícil como arma defensiva contra os bandidos. Uma túnica é o mínimo que devia cobrir um corpo nu.
As ordens negativas eram: não levar o alforje, que correspondia não ao cesto onde os judeus carregavam as provisões, – especialmente o pão e vinho em sua peregrinação para Jerusalém – mas ao embornal dos mendigos que muitos missionários ambulantes levavam em suas missões. Também impede o dinheiro que era carregado numa bolsa na cintura ou dentro da faixa com que se atava a túnica ao redor dos rins. O texto fala de cobre, as moedas mais pobres sem ouro ou prata. Evidentemente com isto queria dizer que não podiam recolher qualquer dinheiro, nem como pobres, em sua missão, mas que vivessem da Divina Providência.
Os enviava com recursos até menores que os que tinham os mendigos, os mais pobres, para indicar que seu trabalho missionário não dependia dos valores humanos, mas da confiança que a Ele deviam: ao jovem rico manda dar tudo aos pobres para segui-Lo. A pobreza era uma das características de Jesus, que “não tinha nem onde reclinar a cabeça” (Mt 8, 20).
E o Mestre ainda disse aos Doze: “Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo”. Se nas ordens anteriores era o caminho quem ditava as condições de pobreza para evitar se enriquecer com o pretexto da missão, agora coloca os discípulos como hóspedes gratuitos daqueles que aceitam o Evangelho. Caso não sejam recebidos, Jesus anuncia o que deve ser feito, profetizando que tal cidade teria um fim ainda pior do que foi dado às cidades que representavam no mundo antigo dos judeus o pecado propriamente dito: “Se não forem recebidos ao sair daquela cidade sacudi o pó sob vossos pés para testemunho. Em verdade vos digo: Mais tolerável será no dia da condenação para os de Sodoma e de Gomorra do que para aquela cidade”.
Como missionários, Jesus neste texto quer nos firmar na vivência da Providência Divina, pois ao discípulo e missionário nada faltará. Deus providenciará todo o necessário. E, como cristãos, quer que abrindo o nosso coração recebamos e ajudemos com os nossos bens àqueles que Deus nos envia como seus apóstolos e missionários. Quero salientar o aspecto do dízimo: não é um “favor” que o cristão faz contribuir com o seu dízimo. Mas sim um dever de todo o batizado.
Padre Bantu Mendonça

Fonte: Canção Nova

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 25.09.2012 - Quem são os irmãos e irmãs de Jesus?


Evangelho (Lucas 8,19-21)
Terça-Feira, 25 de Setembro de 2012
25ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 19a mãe e os irmãos de Jesus aproximaram-se, mas não podiam chegar perto dele, por causa da multidão. 20Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”. 21Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA

Quem são os irmãos e irmãs de Jesus?
setembro 25th, 2012

Esta é uma das passagens preferidas daqueles que gostam de diminuir Maria. Aqui, Jesus afirma que Sua mãe e os irmãos d’Ele são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática. Não podemos entrever, nas palavras de Jesus, um desprezo à Sua mãe. Antes, Jesus sabia que não houve uma mulher que fosse tão fiel às palavras de Deus, Seu Pai, senão Maria. Portanto, Jesus exalta aqueles que escutam a Sua Palavra e a põem em prática, a ponto de igualá-los à pessoa que Ele mais tem consideração no mundo: a Sua mãe.
É para mim e para você que Ele dirige esta bem-aventurança. Se nós escutarmos e pusermos em prática Seus ensinamentos, faremos parte da família d’Ele. E “fazer parte da família” implica dizer que teremos os mesmos direitos, os mesmos bens e os mesmos deveres.
Para aqueles que se questionam se Maria teve outros filhos ou não, quero levá-los a meditar no termo “irmão”. No idioma falado naquela região, na época de Jesus, era utilizado para designar irmão ou primo.
“Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso?”(Mateus 13,55-56). A Sagrada Escritura nos dá claros indícios dos supostos “irmãos de Jesus”. Não eram filhos da mãe de Jesus, mas parentes em sentido amplo. A palavra grega Adelphoi, que nos Evangelhos é traduzida por “irmãos”, é equivalente ao vocábulo bíblico e semita “Ah” que significa “parentesco em geral”.
Tanto em aramaico como em hebraico, o termo “Ah” não designa somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos ou parentes mais distantes, devido a pobreza vocabular dessas línguas, como pode ser observado em Gênesis 13,8-14; 29,12.15; 31,23; I Crônicas 23,21-23; II Crônicas 36,10; II Reis 36,10; I Samuel 20,29; Juizes 9,23.
A certeza é que ela concebeu Jesus virgem e permaneceu virgem após o parto inexplicavelmente (mistério de fé); após sua morte, ela subiu aos céus sem pecado. O próprio Catecismo da Igreja Católica considera o ato sexual, no matrimônio, uma bênção de Deus. Considera José como castíssimo esposo. No entanto, a nossa visão de castidade é um pouco distorcida: castidade não significa abstinência sexual, mas a vivência da sexualidade de forma sensata e coerente, respeitando o tempo de viver cada etapa da vida.
A união com Jesus não se acontece por vínculos de sangue ou raça, mas pela união ao amor misericordioso do Pai que vem libertar e trazer vida a todos os homens e mulheres. Frequentemente, as famílias se fecham em torno de tradições e de interesses particulares, até excludentes. Jesus amplia um conceito tradicional e hermético de família para um conceito aberto e solidário, com uma dimensão universal. Na medida em que a família se comprometa com “o fazer a vontade do Pai” ela se abre à partilha, à solidariedade e à acolhida aos mais excluídos e empobrecidos, sem preconceitos e com amor.
Jesus indica, assim, o parentesco espiritual que O liga ao povo que resgatou. Os Seus irmãos e irmãs são os homens santos e as mulheres santas que tomam parte com Ele na herança celeste. A Sua mãe é toda a Igreja, porque é ela quem, pela graça de Deus, gera os membros de Jesus Cristo. Sua mãe é também toda a alma santa que faz a vontade do Pai e cuja caridade fecunda se manifesta naqueles que gera para Ele, até que Ele mesmo neles seja formado (Gl 4,19).
Maria é, certamente, a mãe dos membros do Corpo de Cristo, isto é, de nós mesmos, porque, pela sua caridade, cooperou para gerar, na Igreja, os fiéis que são os membros do corpo místico de Jesus.

Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

domingo, 23 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 24.09.2012 - Jesus aniquila as trevas da ignorância e dissipa a escuridão do pecado


Evangelho (Lucas 8,16-18)
Segunda-Feira, 24 de Setembro de 2012
25ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 16“ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz. 17Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto.
18Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis! Pois a quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; e àquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA

Jesus aniquila as trevas da ignorância e dissipa a escuridão do pecado
setembro 24th, 2012

A lâmpada no candeeiro é Nosso Senhor Jesus Cristo, a verdadeira luz do Pai que ilumina todo o homem que vem a este mundo. Dito de outra forma, é a Sabedoria e a Palavra do Pai. Tendo aceitado a nossa carne, tornou-se realmente e foi chamado de a “Luz” do mundo. É celebrado e exaltado, na Igreja, pela nossa fé e pela nossa piedade. Torna-se, assim, visível a todas as nações e brilha para todos os da casa, isto é, para o mundo inteiro, tal como é dito nas Suas Palavras: “Não se acende uma candeia para pô-la debaixo de um vaso, mas no candelabro onde brilhe para todos os da casa”.
Mais uma vez, com estas palavras, Jesus nos incita a levar uma vida sem mancha, aconselhando-nos a velar, constantemente, sobre nós mesmos, uma vez que somos colocados diante dos olhos de todos os homens, tal como “atletas num estádio visto por todo o universo”, na linguagem paulina.
Como se vê, Cristo designa-se a Si mesmo como lâmpada. Sendo Deus por natureza, tornou-se carne no plano da salvação, uma luz escondida na carne, tal como debaixo de um vaso. Era nisto que Davi pensava quando dizia: “Uma lâmpada para os meus passos é a Tua Palavra, uma luz no meu caminho”, porque Deus faz desaparecer as trevas da ignorância e do mal entre os homens.
Jesus é o único que pode aniquilar as trevas da ignorância e dissipar a escuridão do pecado. Cristo tornou-se para todos o caminho da salvação. Conduz, junto do Pai, aqueles que, pelo conhecimento e pela virtude, avançam com Ele pelo caminho dos mandamentos, considerado caminho da justiça.
O candeeiro é a Santa Igreja, porque o Verbo de Deus brilha por causa da Sua pregação. É, deste modo, que os raios da Sua verdade podem iluminar o mundo inteiro, mas com uma condição: não a esconder sob a letra da Lei. Todo aquele que fica preso apenas à letra da Escritura vive segundo a carne: põe a lâmpada debaixo do vaso. Pelo contrário, é necessário colocá-la no candeeiro. E, assim, Cristo, Cabeça da Igreja, ilumina todos os homens.
Iluminados por Cristo, não podemos nos sentar tranquilos, escondidos num cantinho do mundo, porque estamos à vista de todos os homens, tal como uma cidade situada no cimo de um monte; tal como, em casa, uma luz que se pôs sobre o candeeiro. Saiba que as piores malícias não poderão lançar qualquer sombra sobre a nossa luz se vivermos na vigilância dos que são chamados a conduzir para o bem o mundo inteiro.
Portanto, que a nossa vida responda, pois, à santidade do nosso ministério, para que a graça de Deus seja anunciada em toda a parte.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

sábado, 22 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 23.09.2012 - Como funciona a pedagogia da ganância?


Evangelho (Marcos 9,30-37)
Domingo, 23 de Setembro de 2012
25º Domingo Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 30Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará.
32Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar.
33Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “O que discutíeis pelo caminho?”
34Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior.
35Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”
36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: 37“Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.





HOMILIA
Como funciona a pedagogia da ganância?
setembro 23rd, 2012

O que Jesus revelava era um paradoxo, dos inúmeros de sua pregação. O senso comum recusa suas palavras, enquanto sustenta a escalada de privilégios na sociedade. Para Jesus, o justo é aquele que incomoda o injusto, porque vai denunciar o seu agir contrário à legalidade.
O justo ao denunciar os atos errados do injusto acaba por ocasionar sua ira, pois ele não se considera errado, mas sim esperto. Jesus identifica a acolhida de Deus aos empobrecidos, despojados de dignidade, fracos, com o acolhimento que devemos dar às crianças. Aqueles que não têm direitos, dignidade, cidadania, nem quem olhe por eles. Os últimos na escala social, os desprezados, os “improdutivos” eram levados em conta na chegada do Reino de Deus. O fenômeno da padronização de consumidores, na sociedade recente, repercute de forma decisiva sobre os empobrecidos e os “sem nome” na lista da família dos poderosos.
O vestuário, a utilização dos meios de transporte, o lazer, a proteção e seguridade social, a habitação, a escola, o sistema de saúde, demonstram o quão distantes estão os empobrecidos dos recursos disponíveis e da distribuição dos bens sociais. Temos aqui uma democracia eleitoral, mas falta uma democracia participativa na distribuição dos bens sociais; falta democracia na distribuição do trabalho e da produção; falta democratizar as riquezas que certamente existem neste país. A rigor, ainda vivemos sob conceitos da democracia dos filósofos da antiguidade, na Grécia antiga: democracia só para as elites e para os de boa posição na sociedade.
Os “pequenos” são vítimas das desigualdades sociais, por afinidade. O Evangelho, porém, faz gerar novos símbolos que se contraporão às formas de linguagem e aos modelos que sustentam a sociedade consumista, juntamente com os valores desumanos a que se recorrem para justificar a competição desigual e a ganância galopante. Estas têm se transformado em virtudes… Assim é a pedagogia da ganância.
A cobiça pelo dinheiro, prestígio e mando, pode levar a um caminho sem volta, e nos afastar do Cristianismo de maneira irreversível, adverte São Tiago. Uma explicação simples e eficaz da causa dos conflitos na comunidade cristã encontra-se na ambição ou ganância. Com efeito, ninguém rouba, mata ou arruína a vida alheia se não estiver movido por algum tipo de ambição.
Lembrando que São Tiago dirige-se aos cristãos da comunidade de Jerusalém. Os de fora, pagãos, não merecem sua atenção. O apóstolo detecta crimes cometidos no seio da comunidade, sem excluir até mesmo a existência de assassinatos: “sois assassinos e invejosos” (4,2). Não é uma metáfora. Os cristãos praticavam coisas condenáveis, adverte. Isso depois de enumerar a maledicência, a rivalidade, a disputa de poder dentro da comunidade. O desejo de ser mais forte que os demais, de se ter mais poder econômico, de se assegurarem privilégios e poder de mando, são manifestações da ambição e ganância. O problema de tais condutas, inspiradas e patrocinadas pela sociedade, é que o ideal de vida – inclusive o de pessoas cristãs – é contaminado pelo desejo e luta pela posse e acumulação de bens. E não se trata aqui somente de dinheiro e bens imóveis ou financeiros.
No movimento de Jesus os discípulos são envolvidos com questões de suma importância. Trata-se do escândalo da negação de legitimidade para ambiciosos de poder, na comunidade eclesial e fora dela. A discussão dos discípulos, concentrados não em seu ensinamento, mas na repartição dos cargos burocráticos de um hipotético governo, como um exemplo da vida diária. Está na pauta, é parte dos ensinamentos de Jesus. Os discípulos devem superar o medo cultural que os invade e que impede de dirigirem-se a Ele com mais confiança, sem obediência hierárquica.
Jesus lança mão de uma estratégia pedagógica muito engenhosa: a “criança” era uma das criaturas mais insignificantes da cultura israelita. Por sua fragilidade física ainda em formação e idade, a criança não estava em condições de participar da guerra, da política e nem da vida religiosa. Jesus coloca um desses pequenos para o meio deles e lhes mostra como o presente e o futuro da comunidade está dependendo das pessoas mais esquecidas e mais simples. Somente assim há de se reverter o sistema de valores. E só dessa maneira a comunidade se tornará uma alternativa diante do “mundo” que só valoriza as pessoas endinheiradas, com uma boa posição social ou os que têm poder político e econômico.
A novidade de Jesus consiste em tornar grande o pequeno. Ao dar valor aos que fazem os trabalhos mais humildes e às pessoas tidas culturalmente – dentro da sociedade – como insignificantes “zero à esquerda”, Ele aponta para a igualdade de direitos e a dignidade de todos.
Marcos reúne numa só instrução uma série de sentenças de Jesus, conservadas e transmitidas pelas gerações e tradições primitivas da Igreja. O centro da ação de Jesus é uma casa em Cafarnaum, lugar transformado em escola de apóstolos. Predomina a instrução sobre a humildade. Melhor: o pequeno é “grande” diante de Deus. Os socialmente humildes, sem poder econômico, sem terra, sem emprego, sem teto, sem defesa nas causas levadas aos tribunais, sem nada que os destaque e espelhe dignidade devida e concedida por direito, ocupam lugar central no Reino de Deus. Os oprimidos e esquecidos pela sociedade merecerão a atenção graciosa de Deus.
Pois bem, meu irmão, escute as palavras de Nosso Senhor. Ele nos adverte: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos”.
Senhor Jesus, tira do meu coração todo ideal humano de grandeza, e faz-me compreender que ela consiste em fazer-me servidor.
Padre Bantu Mendonça

Fonte: Canção Nova

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 22.09.2012 - Que espécie de solo você é?


Evangelho (Lucas 8,4-15)
Sábado, 22 de Setembro de 2012
24ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 4reuniu-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam ter com Jesus. Então ele contou esta parábola:
5“O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu a comeram. 6Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 7Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos cresceram juntos, e a sufocaram. 8Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um”. Dizendo isso, Jesus exclamou: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça”.
9Os discípulos lhe perguntaram o significado dessa parábola. 10Jesus respondeu:
“A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas aos outros, só por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam. 11A parábola quer dizer o seguinte: A semente é a Palavra de Deus. 12Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram, mas, depois, vem o diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem e não se salvem. 13Os que estão sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolhem a Palavra com alegria. Mas eles não têm raiz: por um momento acreditam; mas na hora da tentação voltam atrás. 14Aquilo que caiu entre os espinhos são os que ouvem, mas, com o passar do tempo são sufocados pelas preocupações, pela riqueza e pelos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 15E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.




HOMILIA 01
Que tipo de terreno eu tenho sido para a Palavra de Deus?
setembro 22nd, 2012

Jesus usava a dinâmica das parábolas para atingir o coração dos discípulos e da grande multidão, usando realidades do cotidiano deles, para que compreendessem os valores do Reino de Deus. Mas o que vem a ser uma parábola?
Palavra de origem grega, “parabole” significa “narrativa curta”. As parábolas de Jesus são narrativas breves, dotadas de um conteúdo alegórico, utilizadas nas pregações e sermões com a finalidade de transmitir algum ensinamento.
Nesta parábola o próprio Mestre explica o seu sentido. A semente é a Palavra de Deus que é o próprio Jesus, o Verbo feito carne. O terreno são aqueles destinatários da Semente, ou seja, nós somos um bom ou mal terreno. Declara-se qual o objetivo de Satanás: fazer com que os homens não cheguem à fé. E indica-nos finalmente o modo para darmos fruto: a paciência, a perseverança.
Nem sempre a semente da Palavra cai num bom terreno.
Os primeiros cristãos propunham o problema: “Por que o Reino não é aceito por todos em Israel? E por que tantos que o aceitam deixaram-no depois?” O Reino, anunciado e promovido pela Palavra de Deus – que é Cristo – tem por si mesmo uma irresistível força de crescimento. Só as más disposições do coração humano podem deter-lhe o desenvolvimento. Jesus ressalta o grande fruto da semente: apesar de tudo, a Palavra de Deus progredirá, dará seus frutos. Também em nós desce a Palavra de Cristo para operar com todo o seu potencial.
O agir do cristão tem como norma não uma moral feita de preceitos, mas sim um germe interior, uma Palavra de Deus, uma ação de Deus em nós que deve ser levada à maturação, em colaboração com o Espírito Santo. Você já ouviu falar que a conversão é dom e tarefa? Sim: ela é dom porque é sugerida e impulsionada pela graça divina, mas também é tarefa, porque entra a participação nossa, colaborando com Deus e Sua graça para nossa mudança de vida.
Então a Palavra de Deus é sempre eficaz, transformadora, cheia de Vida. Mas se o terreno não for arado, preparado e adubado para dar condições a esse Germe Divino brotar, crescer e dar frutos. Devemos nos perguntar: “Que tipo de terreno eu tenho sido para a Palavra de Deus? Que qualidade, tempo e importância tenho dado a ela em minha vida?”
Porque essa mesma semente tem seus adversários e o próprio “joio”. Lembra de outra parábola contada pelo Mestre para sufocar a semente? (cf. Mt 13, 24-43)  Jesus diz que serve para confundir, mas na hora da colheita o trigo pesará porque tem conteúdo e o “joio” ficará comprido e esguio por ser vazio. Portanto, não esqueçamos o modo de colaborar com a semente: “E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança” (Lc 8,15).

Padre Luizinho – Comunidade Canção Nova



HOMILIA 02
Que espécie de solo você é?

Jesus contou frequentemente, por parábolas, histórias sobre os acontecimentos do dia-a-dia que ele usava para ilustrar verdades espirituais. Uma das mais importantes destas parábolas é a que Lucas nos apresenta no dia de hoje. Esta história fala de um fazendeiro que lançou sementes em vários lugares com diferentes resultados, dependendo do tipo do solo. A importância desta parábola é salientada por Jesus em Marcos 4,13: Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas? Jesus está dizendo que esta parábola é fundamental para o entendimento das outras. Esta é uma das três únicas parábolas registradas em mais do que dois evangelhos, e também é uma das únicas que Jesus explicou especificamente. Precisamos meditar cuidadosamente nesta história.
O trabalho do semeador é colocar a semente no solo. Uma vez que a semente for deixada no celeiro, nunca produzirá uma safra, por isso seu trabalho é importante. Mas a identidade pessoal do semeador não é. O semeador nunca é chamado pelo nome nesta história. Nada nos é dito sobre sua aparência, sua capacidade, sua personalidade ou suas realizações. Ele simplesmente põe a semente em contato com o solo. A colheita depende da combinação do solo com a semente.
Aplicando-se espiritualmente, os seguidores de Cristo devem estar ensinando a palavra. Quanto mais ela é plantada nos corações dos homens, maior será a colheita. Mas a identidade pessoal dele não tem importância. Porque ele o faz em nome de Jesus! Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coIsa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento (1 Coríntios 3:6-7). Em nossos dias, o semeador tornou-se a figura principal e a semente é bastante esquecida. A propaganda das campanhas religiosas frequentemente contém uma grande fotografia do orador e dá grande ênfase ao seu nível escolar, sua capacidade pessoal e o desenvolvimento de sua carreira; o Evangelho de Cristo que ele se supõe estar pregando é mencionado apenas naquelas letrinhas, lá no canto. Não devemos exaltar os homens, mas sim, completamente ao Senhor!
A semente é a Palavra de Deus. Cada conversão é o resultado do assentamento do Evangelho dentro de um coração puro. A palavra gera, salva, regenera, liberta, produz fé, santifica e nos atrai a Deus. Como o Evangelho se espalhava no primeiro século, foi-nos dito muito pouco sobre os homens que o divulgaram, porém, muito nos foi dito sobre a mensagem que eles disseminaram. A importância das Escrituras deve ser ressaltada ao máximo.
Isto significa que o professor tem que ensinar a palavra. Não há substitutos permitidos. Frequentemente, pessoas raciocinam que haveria uma colheita maior se alguma outra coisa fosse plantada. Então, igrejas começam a experimentar outros meios, de modo a conseguir mais adeptos. Não é nosso trabalho analisar o solo e decidir plantar alguma outra coisa, esperando receber melhores resultados. A colheita do Evangelho pode ser pequena, mas Deus só nos deu permissão para plantar a palavra. Somente plantando a Palavra de Deus nos corações dos homens o Senhor receberá o fruto que Ele espera. Ou, usando uma figura diferente: as Escrituras são a “isca” de Deus para atrair o peixe que Ele quer salvar. Precisamos aprender a ficar satisfeitos com seu plano.
Aqui há uma lição para o ouvinte também. O fruto produzido depende da resposta à Palavra. É decididamente importante ler, estudar e meditar sobre as Escrituras. A Palavra tem que vir habitar em nós, para ser implantada em nosso coração. Temos que permitir que nossas ações, nossas palavras e nossas próprias vidas sejam formadas e moldadas pela Palavra de Deus.
Uma safra sempre depende da natureza da semente, não do tipo da pessoa que a plantou. Um pássaro pode plantar uma castanha: a árvore que nascer será um castanheiro, e não um pássaro. Isto significa que não é necessário tentar traçar uma linhagem ininterrupta de fiéis cristãos, recuando até o primeiro século. Há força e autoridade próprias da Palavra para produzir cristãos como aqueles do tempo dos apóstolos. A Palavra de Deus contém força vivificante. O que é necessário são homens e mulheres que permitam que a Palavra cresça e produza frutos em suas vidas; pessoas com coragem para quebrar as tradições e os padrões religiosos em volta deles, para simplesmente seguir o ensinamento da Palavra de Deus. Hoje em dia, a Palavra de Deus tem sido frequentemente misturada com tanta tradição, doutrina e opinião que é quase irreconhecível. Mas, se pusermos de lado todas as inovações dos homens e permitirmos que a Palavra trabalhe, podemos tornar-nos fiéis discípulos de Cristo justamente como aqueles que seguiram Jesus há quase 2000 anos atrás. A continuidade depende da semente.
É perturbador notar que a mesma semente foi plantada em cada tipo de solo, mas os resultados foram muito diferentes. A mesma Palavra de Deus pode ser plantada em nossos dias; mas os resultados serão determinados pelo coração daquele que ouve.
Alguns de nós somos solos de beira de estrada, duro, impermeável. Eles não têm uma mente aberta e receptiva para permitir que a Palavra de Deus os transforme. O Evangelho nunca transformará corações como estes porque eles não lhe permitem entrar.
As raízes das plantas, no solo pedregoso, nunca se aprofundam. Durante os tempos fáceis, os brotos podem parecer interessantes, mas abaixo da superfície do terreno, as raízes não estão se desenvolvendo. Como resultado, se vem uma pequena temporada seca ou um vento forte, a planta murcha e morre. Os cristãos precisam desenvolver suas raízes por meio da fé em Cristo e do estudo da Palavra cada vez mais profundo. Tempos difíceis virão, e somente aqueles que tiverem desenvolvido suas raízes abaixo da superfície sobreviverão.
Quando se permite que ervas daninhas cresçam junto com a semente pura, nenhum fruto pode ser produzido. As ervas disputam a água, a luz solar e os nutrientes e, como resultado, sufocam a boa planta. Existe uma grande tentação a permitir que interesses mundanos dominem tanto nossa vida que não nos resta energia para devotar ao crescimento do Evangelho em nossas vidas.
Então, há o bom solo que produz fruto. A conclusão desta parábola é deixada para cada um responder a esta pergunta. Que espécie de solo você é? Esta parábola, por um lado, revela a força divina da Palavra de Deus, e, por outro, convida os que a escutam a oferecerem à sementeira dela a terra de um bom coração.
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 21.09.2012 - Quero misericórdia e não sacrifícios


Evangelho (Mateus 9,9-13)
Sexta-Feira, 21 de Setembro de 2012
São Mateus, Apóstolo


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 9Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu a Jesus.
10Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?”
12Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.



HOMILIA 01

Um olhar capaz de transpassar o mundo com amor e restauração
setembro 21st, 2012

O Evangelho nos convida a conhecer, a fundo, o Coração de Cristo e, assim, experimentar o grande amor com que Ele veio nos salvar!
No chamado de Mateus, encontramos, antes de tudo, um olhar: “Jesus viu um homem chamado Mateus” (cf. Mt 9,9). Um olhar lançado em direção à pessoa – um homem – por isso um olhar ao essencial e mais importante entre as realidades criadas. Mas quem olha? Aquele que é o Filho do Homem, perfeito Homem e Homem perfeito, o qual tinha tudo para não querer se envolver com os miseráveis pecadores do seu tempo, inclusive desta nossa época.
O Seu olhar é a primeira forma de tocar com compaixão. Em seguida, o Senhor disse: “Segue-me!”. Olhar e Palavra conjugam-se para comunicar um só amor redentor que fornece força para o outro se levantar; amor de restauração. Mateus, pelo Espírito Santo, deixou tocar pela Palavra que dá a vida: “Ele se levantou e seguiu-o” (v. 9).
Este homem do Evangelho era visto por muitos, e talvez, confundido com mais um colaborador do Império Romano que explorava o povo; logo, um judeu em contato constante com pagãos. Além de um impuro, os cobradores de impostos eram acusados de pecadores pela fama de se aproveitarem de seu próprio povo com ganhos ilícitos. Quem sabe não era, também, uma errada forma de render-se a um rótulo ritualista e generalizado, como: ” Sem fazer nada…já me acusam, então vou fazer o que dizem…!”
Claro que nada justifica um pecado de exploração, mas esta possibilidade explica que o preconceito e as generalizações podem se tornar jugos malditos e contribuírem ainda mais para o pecado social. Nisto também o amor misericordioso de Jesus fez e continua a apontar para a diferença: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes” (v. 12). Jesus será sempre a nossa melhor resposta, frente aos desequilíbrios pessoais, comunitários e sociais! Ele que, ao longo do tempo, continua a convocar pessoas frágeis na alma e no corpo.
O Catecismo da Igreja Católica forma os cristãos sem diminuir o Poder de Deus para a liberdade do Espírito Santo em agir perante as misérias da amada humanidade: “O Espírito Santo dá a algumas pessoas um carisma especial de cura para manifestar a força da graça do ressuscitado. Todavia, mesmo as orações mais intensas não conseguem obter a cura de todas a s doenças. Por isso, São Paulo deve aprender do Senhor que ‘basta-te a minha graça, pois é na minha fraqueza que minha força manifesta todo o seu poder’ (2Cor 12,9), e que os sofrimentos que temos de suportar podem ter como sentido ‘completar na minha carne o que falta às tribulações de Cristo por seu corpo, que é a Igreja’ (Cl 1, 24)” (CIC, nº 1508).
Assim, fracos como Mateus ou semelhantes ao apóstolo Paulo, somos os publicanos, fariseus ou discípulos de Cristo da atualidade que continuam necessitados da salvação, ensinada pela unção dada a nós (cf. 1Jo 2, 20.26-27), a qual precisa vir sempre acompanhada de uma disposição à comunhão com todos na verdade e misericórdia. Este caminho de humildade nos leva a ouvir, de forma renovada, atenta e inclusiva: “Ide, pois, aprender o que significa ‘misericórdia eu quero, não sacrifícios. De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores’” (Mt 9, 13).
Pelo Espírito Santo e também o nosso olhar se torna diferente!
Padre Fernando Santamaria
Comunidade Canção Nova



HOMILIA 02
Quero misericórdia e não sacrifícios

Estamos diante de uma lição catequética sobre o como devemos responder chamado universal de Deus. Ele chama a todos com exceção de ninguém. A partir do evangelho de hoje chegamos à conclusão de que tudo depende da resposta pronta ao convite para fazer parte do Reino dos Céus.
Vemos dois pontos fundamentais: A vocação de Mateus. Não obstante as pessoas que acompanhavam e cercavam Jesus buscando milagres ou simplesmente por curiosidade, Jesus concentra toda a sua atenção a uma pessoa. Trata-se do coletor de impostos. Ser coletor de impostos, naquela época, em especial na Palestina, era estar a serviço dos dominadores. Portanto, quem servia aos dominadores, romanos, mesmo sendo judeu, era marginalizado, não era considerado digno da graça de Deus. É para esse homem que Jesus se volta. Só para a tua curiosidade: o nome Mateus quer dizer oferta a Deus. Jesus o chama e quer que ele seja uma oferta agradável a Deus. Ele por sua vez não hesitou um só instante. Quando ouviu o chamado de Jesus: SEGUE-ME, ele deixou tudo: o dinheiro e o cargo. Sua vida iria ser transformada a partir daquele momento. Fácil julgo não ter sido para um que tinha tudo acompanhar alguém que não tem por onde reinclinar a cabeça. Porque o que não custa não tem valor, E ele, levantando-se, o seguiu. Nesta hora, o jovem Mateus colocou-se à disposição de Jesus e como digo fez a maior oferta da sua vida a Deus.
Feliz ou infelizmente ontem como hoje vemos numa sociedade preconceituosa. Existem todos os tipos de descriminações e acusações. E inclusive na própria Igreja. Católicos entre católicos; católicos acusando evangélicos e os evangélicos acusando católicos.
As pessoas se esquecem que tanto uns quanto outros todos pecam porque ninguém tem o direito de julgar os outros a não ser somente Deus que vê o que está oculto. O precisamos mesmo é o que Tiago nos diz: Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz (Tg 4,11-12).
Muitas vezes a nossa atitude é de julgamento e se fosse verídico talvez valesse apenas. Mas não. Julgamos a pessoa pela aparência, pela roupa que veste pela classe a que pertence, pelos lugares que freqüenta. Não damos à pessoa oportunidade de mudar. Agimos como os fariseus e perguntamos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
Como Jesus condenou os fariseus também nos condena nos dias de hoje e diz: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Quero Misericórdia, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.
Nestas palavras de Jesus está a chave para entender o Evangelho: Quero Misericórdia, e não sacrifício. O que Jesus mostra para nós é que o Pai é misericordioso com as pessoas. Ninguém escapa ao amor de Deus: o pobre, o rico, o branco, o negro, o divorciado, o casado, o evangélico, o católico. Todos nós somos chamados ao conhecimento de Deus. Mateus acreditou que para chegar a conhecer realmente a Deus precisava seguir Jesus. Ele fez isso ofertando a sua vida. Para expressar sua inclusão no Reino, fez refeição com o Senhor. Na refeição, ao redor da mesa, a conversa é agradável. Mateus deixou para trás a arrecadação de impostos. Na sua vida haveria, doravante, apenas o desejo de fazer comunhão com Jesus. A presença de Jesus em sua vida o resgatou do poder do pecado, deu-lhe a possibilidade de uma vida nova e ele não deixou passar a oportunidade: seguiu Jesus para o resto de sua vida. Faças tu o mesmo e viverás. Deus te abençoe hoje e sempre. Amén!
Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova