Liturgia Diária
16 – SÁBADO
4ª SEMANA DA QUARESMA
(roxo – ofício do dia)
Evangelho: João 7,40-53
Antífona:
"Na disputa, reconhecimento e dúvida, surge o Profeta, esperança e divisão. Guardas atestam: 'Nunca homem assim falou'. Justiça questionada, preconceitos expostos. Ouçamos antes de julgar, busquemos a verdade."
João 7,40-53 (Bíblia de Jerusalém)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 40 Então alguns da multidão, ouvindo estas palavras, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta.
41 Outros diziam: Este é o Cristo. Mas outros diziam: Virá, porventura, o Cristo da Galileia?
42 Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, aldeia donde era Davi?
43 Assim houve dissensão entre o povo por causa dele.
44 E alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele.
45 Os guardas foram ter com os príncipes dos sacerdotes e com os fariseus, que lhes disseram: Por que não o trouxestes?
46 Responderam os guardas: Nunca homem algum falou assim.
47 Replicaram-lhes, então, os fariseus: Porventura fostes vós também enganados?
48 Porventura creu nele alguma das autoridades, ou algum dos fariseus?
49 Mas esta multidão, que não conhece a lei, é maldita.
50 Nicodemos, aquele que viera ter com Jesus de noite e que era um deles, disse-lhes:
51 Porventura a nossa lei julga um homem sem primeiro ouvi-lo e conhecer o que ele faz?
52 Responderam-lhe: És tu também galileu? Examina e vê que da Galileia nunca surgiu profeta.
53 E cada um voltou para sua casa. - Palavra da Salvação.
Reflexão:
"Porventura a nossa lei julga um homem sem primeiro ouvi-lo e conhecer o que ele faz?" (João 7:51)
O trecho do Evangelho de João retrata um momento de intensa controvérsia em torno da identidade de Jesus. Enquanto alguns reconhecem nele o Profeta ou o Messias esperado, outros duvidam da sua origem, questionando se o Cristo poderia surgir da Galileia. A divisão entre a multidão reflete as diferentes interpretações e expectativas em relação à pessoa de Jesus.
Nesse contexto, vemos Nicodemos se destacar ao defender o princípio de justiça, questionando a pressa em julgar Jesus sem ouvi-lo. Sua intervenção sutilmente aponta para a necessidade de discernimento e imparcialidade diante das acusações.
A resposta dos fariseus, desdenhando da Galileia como lugar de surgimento de profetas, revela preconceitos arraigados e uma certa arrogância intelectual. No entanto, essa rejeição não impede que Jesus continue a exercer influência sobre as pessoas, como evidenciado pelo testemunho dos guardas.
Essa passagem nos convida a refletir sobre nossas próprias tendências em julgar precipitadamente e em permitir que preconceitos obscureçam nossa compreensão da verdade. Ela nos desafia a buscar a justiça, ouvindo atentamente antes de formar nossas opiniões, e a reconhecer a presença de Deus mesmo nos lugares menos esperados.
HOMILIA
A Busca pela Verdade e a Coragem de Questionar
Queridos irmãos e irmãs,
O Evangelho de João, neste trecho que acabamos de ouvir, nos apresenta um cenário carregado de tensão e debate. Nele, vemos uma multidão dividida em suas opiniões sobre Jesus Cristo. Alguns O reconhecem como o Profeta esperado, outros como o próprio Cristo. Contudo, surgem dúvidas e questionamentos sobre a origem de Jesus, desencadeando uma acalorada discussão entre o povo.
Nesse contexto, emerge a figura de Nicodemos, um fariseu que demonstra coragem ao desafiar as autoridades e questionar a justiça do julgamento precipitado. Ele lança uma pergunta que ecoa pela história e ressoa em nossos corações até hoje: "Porventura a nossa lei julga um homem sem primeiro ouvi-lo e conhecer o que ele faz?" (João 7:51).
Essa questão transcende o tempo e continua a nos desafiar. Ela nos confronta com a necessidade de não nos apressarmos em emitir julgamentos, de não permitirmos que preconceitos ou opiniões pré-concebidas obscureçam nossa compreensão da verdade. Como Nicodemos, somos chamados a buscar a justiça, a ouvir atentamente antes de formar nossas opiniões e a reconhecer a presença de Deus mesmo nos lugares menos esperados.
Além disso, esse trecho nos alerta sobre os perigos do orgulho intelectual e do desprezo pelos outros. Quando os fariseus desdenham da Galileia como lugar de surgimento de profetas, revelam uma atitude de superioridade e preconceito que é contrária ao espírito do evangelho. Eles esquecem que Deus não se limita a nenhuma região geográfica ou contexto social; Ele se revela onde quer que haja corações abertos e receptivos.
Portanto, hoje somos convidados a refletir sobre a coragem de Nicodemos em questionar, sobre sua busca pela verdade e sua defesa da justiça. Somos desafiados a seguir seu exemplo, a sermos pessoas que não se contentam com respostas superficiais, mas que buscam profundidade e discernimento em nossas vidas espirituais.
Que possamos, como Nicodemos, ter a coragem de questionar, a humildade de reconhecer nossas próprias limitações e a disposição de buscar incessantemente a verdade que nos liberta. Que possamos abrir nossos corações para a voz do Espírito Santo, que nos guia para a compreensão mais profunda do amor e da justiça de Deus.
Que assim seja. Amém.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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