quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 1:29-34 - 03.01.2025

 Liturgia Diária


3 – SEXTA-FEIRA 

TEMPO DO NATAL ANTES DA EPIFANIA


(branco – ofício do dia)


Para os retos de coração surgiu nas trevas uma luz: o Senhor cheio de compaixão, justo e misericordioso (Sl 111,4).


A dissonância ergue-se como uma barreira que obscurece a plenitude do nosso ser, separando-nos da harmonia com a Vontade Divina, que é o verdadeiro chamado à eternidade. Em Jesus, o Verbo encarnado, reside a esperança que transcende os limites da matéria e do tempo, o Cordeiro que, ao imolar-se, dissolve os laços da separação e restitui à humanidade sua vocação primordial: a comunhão com o Pai. Celebramos, assim, não apenas a libertação, mas o êxtase de reconhecer nossa essência como filhos e filhas que, por Ele e Nele, reencontram o caminho para a Fonte de toda verdade e amor.



João 1:29-34 (Vulgata)

29.Alio die vidit Iohannes Iesum veniens ad se, et ait: Ecce Agnus Dei, qui tollit peccatum mundi.

No dia seguinte, João viu Jesus vindo até ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

30.Hic est, de quo dixi: Post me venit vir, qui ante me factus est, quia prior me erat.

Este é aquele de quem eu falei: Após mim virá um homem, que foi feito antes de mim, porque era antes de mim.

31.Et ego nesciebam eum, sed ut manifestaretur in Israel, propterea veni ego in aqua, baptizans.

E eu não o conhecia, mas para que fosse manifestado a Israel, por isso vim eu, batizando com água.

32.Et testimonium perhibuit Iohannes dicens: Vidi Spiritum descendentem quasi columbam de caelo, et mansit super eum.

E João deu testemunho, dizendo: Eu vi o Espírito descer como uma pomba do céu, e permanecer sobre Ele.

33.Et ego nesciebam eum, sed qui misit me baptizare in aqua, ille mihi dixit: Super quem videris Spiritum descendentem et manentem super eum, hic est qui baptizat in Spiritu Sancto.

E eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água, Ele me disse: Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza no Espírito Santo.

34.Et ego vidi, et testimonium perhibui quia hic est Filius Dei.

E eu vi, e dei testemunho de que este é o Filho de Deus.


Reflexão:

Ecce Agnus Dei, qui tollit peccatum mundi.

Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. (João 1,29)

Essa frase sintetiza a identidade e missão de Jesus, apresentando-o como o Cordeiro sacrificial que traz redenção ao mundo, sendo central tanto no contexto teológico quanto espiritual.

Na visão do evangelista João, a manifestação de Jesus como o Cordeiro de Deus revela o propósito divino de restaurar a ordem primordial do cosmos. Em sua vinda, Ele não apenas se torna o agente da reconciliação, mas também o ponto de convergência de toda a história humana, oferecendo à criação um novo caminho de união com o Pai. O Espírito Santo que desce sobre Ele simboliza a unificação da matéria e do espírito, uma integração de todas as dimensões do ser. Ao reconhecer em Jesus o princípio de uma nova criação, a humanidade é convidada a transcender sua limitação temporal e material, e a se abrir para uma evolução contínua, em direção à plenitude da verdade e do amor divino.


HOMILIA

"Eis o Cordeiro que Transforma o Mundo"

Caros irmãos e irmãs,
O Evangelho nos apresenta João Batista proclamando: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). Essa declaração não é apenas um reconhecimento da identidade de Jesus, mas um chamado profundo para olharmos o mundo e a humanidade à luz da redenção que Ele oferece.

Vivemos tempos de intensas crises: desigualdades sociais crescentes, conflitos que dividem nações e comunidades, e uma sede universal de paz e justiça. Diante desse panorama, a figura do Cordeiro de Deus nos provoca a refletir: o que significa, hoje, que Jesus tira o pecado do mundo?

Jesus não apenas aponta para a redenção individual, mas para a transformação de toda a criação. Ele é o ponto de convergência de todas as dores e esperanças humanas. Como o Cordeiro que se entrega, Ele nos ensina que a verdadeira mudança começa pelo amor que se doa, pelo serviço que se inclina ao mais pequeno, pela justiça que busca restaurar a dignidade do próximo.

Cada um de nós é chamado a participar dessa obra de transformação. Não podemos ser espectadores diante da fome, da exclusão ou do desespero que consome tantas vidas. Jesus nos mostra que a superação das crises do mundo exige que reconheçamos a interconexão de todos os seres. Não há redimidos sem a redenção do outro; não há paz interior enquanto o irmão sofre.

João Batista aponta para o Cordeiro, e nós somos chamados a segui-lo, assumindo nossa corresponsabilidade na construção de um mundo mais justo e fraterno. Assim como o Espírito Santo desceu e permaneceu sobre Jesus, Ele também nos impulsiona a sermos instrumentos de reconciliação, pontes onde há separação, e luz onde reinam as trevas.

Que essa mensagem nos inspire a abrir nossos corações e nossas ações para que, unidos ao Cordeiro, possamos trabalhar pela realização daquilo que Deus sonhou para a humanidade: um mundo onde o amor, a justiça e a paz sejam os fundamentos de toda convivência. Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação Teologicamente Profunda da Frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1,29)

Essa declaração de João Batista é um dos pilares da teologia cristã, rica em simbolismo e significado salvífico. Ela abrange várias dimensões: a messiânica, a sacrificial, a escatológica e a cósmica.

1. O Cordeiro de Deus: A Identidade Messiânica

A imagem do cordeiro remonta à tradição judaica, especialmente ao cordeiro pascal do Êxodo (Ex 12). Na Páscoa, o sangue do cordeiro marcado nas portas do povo hebreu os livrou da morte e marcou o início da libertação do Egito. Ao identificar Jesus como o "Cordeiro de Deus", João Batista apresenta-O como o Messias prometido, Aquele que trará uma libertação definitiva, não apenas política ou temporal, mas espiritual e universal.

2. A Tira o Pecado do Mundo: A Dimensão Sacrificial

No contexto veterotestamentário, o sacrifício de animais era visto como um ato de expiação pelo pecado. O Cordeiro de Deus substitui esses sacrifícios pela entrega única e perfeita de Sua vida na cruz (Hb 9,26). O verbo "tirar" (do grego airo) implica não apenas o perdão dos pecados, mas também a remoção de sua força escravizante e a reconciliação entre Deus e a humanidade.

3. O Pecado do Mundo: A Universalidade da Redenção

A expressão "pecado do mundo" não se refere apenas aos pecados individuais, mas ao estado de separação e desordem que afeta toda a criação desde a Queda. Jesus não apenas perdoa culpas pessoais, mas cura a ferida cósmica que distancia a criação de seu Criador. Ele assume sobre Si o peso do pecado coletivo, restaurando a ordem divina.

4. O Cordeiro no Apocalipse: A Dimensão Escatológica

Essa frase também aponta para a consumação da obra redentora no final dos tempos. No Apocalipse, o Cordeiro aparece como o centro da adoração celestial (Ap 5,6-14) e como aquele que inaugura os novos céus e a nova terra (Ap 21). Assim, a figura do Cordeiro não é apenas histórica, mas eterna, atuando no presente e na plenitude do tempo.

5. O Cordeiro e a Comunhão com a Humanidade

A frase revela que o sacrifício do Cordeiro não é imposto, mas oferecido em um gesto de amor incondicional. Jesus, como Cordeiro, não é apenas o mediador, mas o modelo de obediência e entrega total à vontade do Pai. Ele nos convida a participar de sua missão, tornando-nos "cordeiros" ao serviço da redenção do mundo.

Conclusão

A frase "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" encapsula o mistério da salvação. Ela proclama Jesus como o Messias que reconcilia o humano com o divino, transcende os limites do tempo e do espaço, e abre um caminho de esperança para toda a criação. Esse reconhecimento exige de nós uma resposta: seguir o Cordeiro, aceitar Sua graça e colaborar na obra contínua de redenção, sendo luz e testemunhas do amor de Deus no mundo.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Oração Diária

Mensagens de Fé

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