segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelh: Marcos 4:1-20 - 29.01.2025

 Liturgia Diária


29 – QUARTA-FEIRA 

3ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Glória e esplendor em sua presença, santidade e beleza no seu santuário (Sl 95,1.6).


A comunidade cristã, ao elevar-se à profundidade do Verbo Divino, inscrevendo a Sabedoria Eterna no âmago da alma e na consciência iluminada, torna-se manifestação viva do templo espiritual, onde o amor e o perdão transcendem a existência. Vivamos a celebração da Eucaristia como um mistério de fé que nos une à essência do Cristo e como um cântico jubiloso à Verdade que nos transfigura.



Marcos 4:1-20 (Vulgata)

  1. Et iterum coepit docere ad mare. Et congregata est ad eum turba multa, ita ut in navem ascendens sederet in mari, et omnis turba circa mare super terram erat.
    E começou novamente a ensinar junto ao mar. E reuniu-se ao seu redor uma grande multidão, de modo que, subindo a uma barca, sentou-se no mar, enquanto toda a multidão estava em terra, junto ao mar.

  2. Et docebat eos in parabolis multa, et dicebat illis in doctrina sua:
    E ensinava-lhes muitas coisas em parábolas, e dizia-lhes em sua doutrina:

  3. Audite: Ecce exiit seminans ad seminandum.
    Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear.

  4. Et dum seminat, aliud cecidit circa viam, et venerunt volucres cæli, et comederunt illud.
    E enquanto semeava, uma parte caiu junto ao caminho, e vieram as aves do céu e a comeram.

  5. Aliud vero cecidit super petrosa, ubi non habuit terram multam: et statim exortum est, quia non habebat altitudinem terræ.
    Outra parte caiu sobre terreno pedregoso, onde não havia muita terra, e logo nasceu, porque não tinha profundidade de terra.

  6. Et quando exortus est sol, exæstuavit: et quia non habebat radicem, exaruit.
    E, quando surgiu o sol, queimou-se, e, porque não tinha raiz, secou-se.

  7. Et aliud cecidit in spinas: et ascenderunt spinæ, et suffocaverunt illud, et fructum non dedit.
    Outra parte caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto.

  8. Et aliud cecidit in terram bonam: et dabat fructum ascendentem et crescentem, et afferebat unum triginta, et unum sexaginta, et unum centum.
    E outra parte caiu em terra boa, e dava fruto que crescia e aumentava, produzindo trinta, sessenta e cem por um.

  9. Et dicebat: Qui habet aures audiendi, audiat.
    E dizia: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

  10. Et cum esset singularis, interrogaverunt eum hi qui cum eo erant duodecim, parabolam.
    Quando estava sozinho, os que estavam com Ele, juntamente com os doze, perguntaram-lhe sobre a parábola.

  11. Et dicebat eis: Vobis datum est nosse mysterium regni Dei: illis autem, qui foris sunt, in parabolis omnia fiunt:
    E disse-lhes: A vós foi dado conhecer o mistério do Reino de Deus; mas aos que estão de fora, tudo é dito em parábolas,

  12. Ut videntes videant, et non videant: et audientes audiant, et non intelligant: ne quando convertantur, et dimittantur eis peccata.
    Para que, vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não entendam, para que nunca se convertam e lhes sejam perdoados os pecados.

  13. Et ait illis: Nescitis parabolam hanc? et quomodo omnes parabolas cognoscetis?
    E disse-lhes: Não entendeis esta parábola? Como, então, compreendereis todas as parábolas?

  14. Qui seminat, verbum seminat.
    O semeador semeia a Palavra.

  15. Hi autem sunt qui circa viam, ubi seminatur verbum, et cum audierint, confestim venit Satanas, et aufert verbum, quod seminatum fuerat in cordibus eorum.
    Estes são os que estão junto ao caminho, onde a Palavra é semeada; e, quando a ouvem, logo vem Satanás e tira a Palavra que foi semeada nos seus corações.

  16. Et hi sunt similiter qui super petrosa seminantur: qui cum audierint verbum, statim cum gaudio accipiunt illud:
    Semelhantemente, estes são os que foram semeados em terreno pedregoso: quando ouvem a Palavra, imediatamente a recebem com alegria,

  17. Et non habent radicem in semetipsis, sed temporales sunt: deinde orta tribulatione et persecutione propter verbum, confestim scandalizantur.
    Mas não têm raiz em si mesmos, sendo temporários; quando surge tribulação ou perseguição por causa da Palavra, imediatamente tropeçam.

  18. Et alii sunt qui in spinas seminantur: hi sunt qui verbum audiunt,
    Outros são os que foram semeados entre espinhos: são os que ouvem a Palavra,

  19. Et ærumnæ sæculi, et deceptio divitiarum, et circa reliqua concupiscentiæ introëuntes suffocant verbum, et sine fructu efficitur.
    Mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e outras cobiças que entram, sufocam a Palavra, e ela se torna infrutífera.

  20. Et hi sunt qui super terram bonam seminati sunt, qui audiunt verbum, et suscipiunt, et fructificant, unum triginta, unum sexaginta, et unum centum.
    E estes são os que foram semeados em terra boa: ouvem a Palavra, a recebem e produzem frutos: trinta, sessenta e cem por um.


Reflexão:

"Qui seminat, verbum seminat."
"O semeador semeia a Palavra." (Mc 4:14)

Essa frase é central porque sintetiza o significado da parábola e revela o propósito espiritual da semeadura: a Palavra de Deus, como fonte de vida, é oferecida a todos os corações, dependendo de cada terreno (ou alma) para germinar e frutificar.

A semente da Palavra é o impulso divino que visa integrar o humano no processo ascensional do cosmos. Cada terreno representa as fases de maturação espiritual, onde o coração humano se torna o campo de manifestação da Graça. No terreno fértil da alma aberta à transcendência, a Palavra germina, conduzindo à unificação do ser com o Espírito. Ao acolher o Verbo, a existência revela-se como o entrelaçar de uma consciência que cresce em direção ao Ponto Supremo, onde a plenitude de Deus é experimentada como fruto da comunhão integral entre a criação e o Criador.


HOMILIA

"O Chamado à Terra Fértil do Coração"

Amados irmãos e irmãs, ao nos debruçarmos sobre a parábola do semeador, somos convidados a mergulhar na essência do Reino de Deus, que se desvela como um mistério de transformação e plenitude. Jesus nos apresenta um gesto simples e cotidiano — o semear — para revelar verdades profundas sobre nossa existência e nossa relação com o divino.

O semeador é aquele que lança a Palavra de Deus ao mundo, sem distinção de terrenos. Esta Palavra é viva e dinâmica, um convite constante à conversão e ao crescimento. Contudo, o destino dessa semente depende da receptividade de cada coração. Alguns são como o caminho, endurecidos pela pressa e pela superficialidade da vida moderna. As vozes da cultura do imediato sufocam a escuta do essencial, deixando a Palavra vulnerável aos "pássaros" da distração e do consumismo.

Outros são como o terreno pedregoso, onde a Palavra é recebida com entusiasmo momentâneo, mas sem profundidade. Quantas vezes, diante dos desafios da vida, abandonamos aquilo que nos foi plantado, preferindo a segurança das convenções ou a fuga diante da tribulação? Vivemos em um tempo que exige raízes profundas, pois as tempestades de nossa era — a crise ambiental, os conflitos sociais, a solidão digital — pedem homens e mulheres enraizados na esperança.

Há ainda aqueles cujos corações estão entre os espinhos. Aqui, as preocupações do mundo e a sedução das riquezas sufocam a Palavra, impedindo que ela dê frutos. Vivemos em um contexto onde a busca incessante por status, conforto e reconhecimento pode obscurecer o chamado à verdadeira vida. Somos lembrados de que a Palavra não pode florescer quando o solo do coração está ocupado com as ervas daninhas da ganância e da ansiedade.

Porém, há também a terra boa — o coração aberto, acolhedor, disposto a deixar a Palavra germinar e transformar. Esse terreno não é fruto do acaso; é o resultado de uma escolha consciente, de um compromisso diário em ouvir, compreender e viver a mensagem de Cristo. Nesse coração, a Palavra cresce e dá frutos — trinta, sessenta e cem por um. Esses frutos não são apenas pessoais; são dons que transbordam para o mundo, transformando a realidade à nossa volta.

Hoje, somos chamados a ser essa terra fértil. Em meio aos desafios e às promessas de nossa época, devemos perguntar: que tipo de solo oferecemos à Palavra de Deus? Estamos dispostos a remover as pedras e espinhos que impedem seu crescimento? Somos capazes de escutar com atenção e permitir que ela transforme nosso ser, guiando-nos em direção a uma vida plena?

A parábola do semeador nos lembra que o Reino de Deus já está entre nós, mas sua plenitude depende de nossa resposta. Que nossos corações sejam o terreno onde a Palavra floresce, para que, por meio de nós, o mundo possa vislumbrar os frutos da paz, da justiça e do amor que brotam da presença viva de Deus em nossas vidas. Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

"O semeador semeia a Palavra." (Marcos 4,14)

Essa frase, aparentemente simples, carrega uma profundidade teológica extraordinária ao revelar a dinâmica do Reino de Deus e o papel da Palavra divina na economia da salvação. Vamos explorar sua riqueza em três dimensões principais: o semeador, a Palavra e o terreno.


1. O Semeador: O Agente da Graça

O semeador, na interpretação direta da parábola, é o próprio Cristo, que, em sua missão terrena, veio para revelar o Reino de Deus ao mundo. Ele lança a Palavra com generosidade e universalidade, alcançando a todos os povos, tempos e condições de vida. Essa imagem do semeador nos lembra que Deus não age de forma seletiva, mas, com infinita misericórdia, oferece a graça a toda a humanidade, independentemente do estado espiritual de cada um.

O ato de semear também implica paciência e confiança. Assim como o semeador lança a semente sem garantia imediata de colheita, Cristo nos ensina que o Reino de Deus cresce de forma misteriosa e muitas vezes invisível aos olhos humanos. Isso desafia nossa tendência de medir o sucesso da fé por resultados imediatos, convidando-nos a confiar no tempo de Deus.


2. A Palavra: O Verbo Criador e Transformador

Na perspectiva teológica, "a Palavra" que é semeada não é apenas um conjunto de ensinamentos ou mandamentos, mas o próprio Verbo eterno de Deus, o Logos encarnado em Jesus Cristo. Essa Palavra não apenas informa, mas transforma. É viva e eficaz (cf. Hb 4,12), capaz de criar novas realidades espirituais onde quer que seja acolhida.

A Palavra semeada também evoca o mistério da autocomunicação divina. Deus se doa inteiramente a nós por meio de sua Palavra, convidando-nos a participar de sua vida divina. Quando acolhida, essa Palavra não permanece inerte, mas gera frutos de conversão, santidade e participação no próprio amor de Deus.


3. O Terreno: A Liberdade Humana

Embora o semeador e a Palavra sejam dons de Deus, o fruto dessa semeadura depende do terreno, que simboliza o coração humano. A parábola enfatiza que Deus respeita profundamente a liberdade humana. O terreno pode ser duro, pedregoso, cheio de espinhos ou fértil, mas a escolha de acolher e permitir que a Palavra cresça é sempre nossa.

Essa interação entre graça e liberdade reflete uma das mais profundas verdades teológicas: Deus nos convida a cooperar ativamente na obra da salvação. A Palavra semeada é uma oferta gratuita, mas ela só pode produzir frutos quando encontra um coração disposto a acolhê-la, cultivá-la e protegê-la contra as forças que tentam sufocá-la.


A Atualidade da Semente

Em nosso tempo, a frase "O semeador semeia a Palavra" nos desafia a identificar quem ou o que tem sido o semeador em nossas vidas. Pode ser a Sagrada Escritura, a liturgia, os ensinamentos da Igreja ou mesmo um encontro pessoal com Cristo. Por outro lado, também somos chamados a ser semeadores, levando a Palavra aos outros com coragem e fidelidade, mesmo quando não enxergamos os frutos imediatamente.

Finalmente, somos convidados a perguntar: que tipo de terreno somos? Estamos endurecidos pelas distrações e superficialidades do mundo? Ou permitimos que a Palavra de Deus penetre profundamente em nós, transformando-nos em testemunhas vivas do Reino?

A frase "O semeador semeia a Palavra" é, portanto, um convite permanente à confiança no poder da graça divina, à cooperação com ela em liberdade e à transformação contínua do mundo pela força criadora da Palavra de Deus. É um chamado a sermos, ao mesmo tempo, terreno fértil e semeadores incansáveis.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

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