quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 5:12-16 - 10.01.2025

Liturgia Diária


10 – SEXTA-FEIRA 

SEMANA DA EPIFANIA


(branco, pref. da Epifania, ou do Natal – ofício do dia)


Para os retos de coração surgiu nas trevas uma luz: o Senhor cheio de compaixão, justo e misericordioso (Sl 111,4).


O Verbo Encarnado, manifestação plena do Absoluto, desceu às realidades temporais como Fonte de Vida Eterna, trazendo a redenção do ser humano ao libertá-lo das sombras que obscurecem sua essência. Neste momento sagrado de contemplação, elevemo-nos à Presença Divina que nos acolhe na plenitude do Amor e opera a cura de nosso ser integral.



Lucas 5:12-16 (Vulgata)

12. Et factum est, cum esset in una civitatum, et ecce vir plenus lepra: et videns Jesum, procidit in faciem, et rogavit eum, dicens: Domine, si vis, potes me mundare.
12. Aconteceu que, estando ele numa das cidades, eis que um homem cheio de lepra viu Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e implorou: Senhor, se quiseres, podes purificar-me.

13. Et extendens manum, tetigit illum, dicens: Volo, mundare. Et confestim lepra discessit ab illo.
13. E, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Eu quero, sê purificado. E, imediatamente, a lepra o deixou.

14. Et ipse præcepit illi ut nemini diceret: Sed vade, ostende te sacerdoti, et offer pro emundatione tua, sicut præcepit Moyses, in testimonium illis.
14. E ordenou-lhe que a ninguém contasse, mas que fosse mostrar-se ao sacerdote e oferecesse pela sua purificação o que Moisés prescreveu, como testemunho para eles.

15. Perambulabat autem magis sermo de illo: et conveniebant turbæ multæ ut audirent, et curarentur ab infirmitatibus suis.
15. Mas sua fama espalhava-se ainda mais, e grandes multidões vinham para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades.

16. Ipse autem secedebat in deserta, et orabat.
16. Ele, porém, retirava-se para lugares desertos e orava.


Reflexão:

"Volo, mundare."
"Eu quero, sê purificado." (Lucas 5,13)

Esta frase destaca o poder transformador da vontade divina em ação, manifestando o desejo de Jesus de curar e restaurar a dignidade humana. Ela encapsula a essência do amor redentor de Cristo e sua disposição em libertar o ser humano das enfermidades físicas e espirituais.

Neste encontro entre o divino e o humano, revela-se o dinamismo evolutivo do espírito, que se eleva ao responder ao chamado de cura e transcendência. O toque de Jesus, ao purificar o leproso, simboliza a força transformadora que une o sagrado e o material, convidando-nos à reintegração com a plenitude do Ser. Tal gesto transcende o ato físico, apontando para a convergência de todas as coisas no horizonte de uma unidade superior, onde a matéria e o espírito se encontram na vocação divina do amor redentor.


HOMILIA

O Toque Divino Que Transforma a Realidade

No Evangelho de Lucas 5,12-16, somos convidados a contemplar o encontro entre Jesus e um homem marcado pela lepra, uma condição que o isolava da comunidade e simbolizava, em sua época, a exclusão e a ruptura com a plenitude do ser. Neste breve relato, o leproso clama: "Senhor, se quiseres, podes purificar-me", e recebe de Jesus a resposta: "Eu quero, sê purificado". Este momento é profundamente transformador, pois revela não apenas o poder curativo de Jesus, mas também seu desejo de restaurar o ser humano à sua essência plena.

Hoje, vivemos em uma sociedade que muitas vezes nos faz sentir como aquele leproso: isolados, esmagados por pressões sociais, ansiedades, doenças emocionais e espirituais, e pelas feridas invisíveis da indiferença. A lepra do nosso tempo pode ser a solidão, o vazio existencial ou o sentimento de desconexão com o outro e com o divino.

O gesto de Jesus, ao tocar o leproso, ultrapassa barreiras e ressignifica a condição humana. É um toque que transcende o físico, convidando-nos a perceber a vida como uma convergência de relações que clamam por unidade e cura. Quando abrimos espaço para o "eu quero" de Cristo em nossas vidas, somos chamados a reconhecer que a verdadeira cura não é apenas individual, mas acontece na medida em que participamos da restauração do mundo à sua harmonia original.

Nos desafios cotidianos, nas lutas por sobrevivência, no cansaço e na incerteza, Cristo continua a tocar nossa realidade, oferecendo não apenas alívio, mas um horizonte de sentido. Ele nos convida a olhar para além das superfícies fragmentadas de nossas vidas e a enxergar a possibilidade de um caminho de comunhão, onde todas as forças e intenções convergem para o amor que redime e unifica.

Nesta perspectiva, somos chamados a ser como Jesus: mãos estendidas ao outro, tocando o mundo com gestos de acolhida, compaixão e transformação. Ao fazê-lo, participamos do movimento que restaura a criação, onde todas as coisas encontram seu lugar no propósito divino. Assim, o "eu quero" de Cristo ecoa em nossas escolhas, tornando-nos agentes do amor que purifica e renova.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

"Eu quero, sê purificado." (Lucas 5,13): Uma Profunda Declaração Teológica

A frase pronunciada por Jesus em Lucas 5,13, "Eu quero, sê purificado", é uma manifestação densa de sua identidade divina, de sua missão redentora e do dinamismo do amor de Deus em ação. Esta afirmação carrega implicações teológicas que se estendem para além do evento imediato da cura física, tocando os fundamentos da salvação e da restauração da condição humana.

1. O Querer Divino como Fonte de Transformação

A declaração de Jesus começa com "Eu quero", que revela não apenas sua disposição compassiva, mas a vontade ativa e eficaz de Deus. No pensamento bíblico, o "querer" divino não é passivo ou limitado, mas criador e transformador. Assim como Deus quis e criou o mundo no Gênesis, aqui Jesus, como Verbo Encarnado, deseja e realiza a purificação. Ele demonstra que a vontade de Deus não é indiferente ao sofrimento humano, mas engajada em sua redenção.

2. A Purificação: Restauração Total

O verbo "purificar" não se refere apenas a uma cura física, mas a uma restauração plena do ser humano. Na tradição judaica, a lepra era vista como uma condição que isolava a pessoa da comunidade e do culto. A purificação, portanto, não é apenas a remoção de uma doença, mas a reintegração do indivíduo na comunhão com Deus e com o próximo. Esse gesto antecipa a salvação escatológica, em que toda a criação será reconciliada e renovada.

3. O Toque de Jesus: Um Ato de Amor Redentor

A ação de Jesus ao tocar o leproso, mesmo antes de pronunciar a palavra de cura, é teologicamente significativa. Na lei mosaica, tocar um leproso tornava alguém impuro, mas Jesus, sendo a fonte da pureza divina, não é contaminado. Pelo contrário, ele comunica santidade e vida. Este toque simboliza a encarnação: Deus entrando em nosso mundo de sofrimento, assumindo nossas dores e nos elevando à plenitude.

4. A Conexão com a Cruz

A frase também aponta para o mistério pascal. O "querer" de Jesus de purificar o leproso é um eco de seu "querer" de purificar toda a humanidade por meio da cruz. No Gólgota, Cristo realiza a purificação definitiva do pecado, assumindo sobre si as enfermidades espirituais e existenciais da humanidade.

5. O Chamado à Fé e à Participação

A resposta do leproso — um clamor humilde e confiante — e a resposta de Jesus ensinam que a graça divina atua onde há fé. O leproso representa cada um de nós, que, em nossa fragilidade e isolamento, clamamos por um encontro transformador com Deus. Jesus nos convida a confiar em sua vontade de curar e restaurar, lembrando-nos de que sua graça não conhece limites.

Conclusão

A frase "Eu quero, sê purificado" encapsula o núcleo da missão de Jesus: trazer ao mundo a vontade salvífica de Deus, que é misericórdia, restauração e amor. Ela nos desafia a confiar plenamente na eficácia do querer divino, que não apenas nos cura das feridas visíveis, mas nos reintegra na comunhão com o Pai e nos convida a participar, como agentes, da obra de renovação de toda a criação.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Oração Diária

Mensagens de Fé

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