terça-feira, 14 de janeiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 1:40-45 - 16.01.2025

 Liturgia Diária


16 – QUINTA-FEIRA 

1ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Contemplei um Ser radiante em um trono de glória inefável; a plenitude dos espíritos celestes o reverencia em uníssono, proclamando: Eis Aquele cujo Nome e Reino são eternos.

Cristo, na sua manifestação divina, revela a potência restauradora do Amor que transcende todas as barreiras impostas pela condição humana. Ele não aceita as divisões ilusórias que segregam almas. Suas ações são luminares que dissipam as sombras do desprezo e do abandono. Ao celebrarmos o mistério de Sua plenitude redentora, deixemos que nossos corações, como receptáculos da Verdade eterna, se abram aos sussurros de Sua Palavra. Que ela nos conduza à Unidade essencial, onde toda criação se alinha na harmonia do Reino perene.



São Marcos 1:40-45 (Vulgata)

40 Et venit ad eum leprosus deprecans eum; et genu flexo ait illi: Si vis, potes me mundare.
40 E veio a Ele um leproso, suplicando-Lhe; e, ajoelhado, disse-Lhe: Se quiseres, podes purificar-me.

41 Jesus autem misertus eius, extendens manum, tetigit eum et ait illi: Volo, mundare.
41 Jesus, compadecido, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, sê purificado.

42 Et statim discessit ab eo lepra, et mundatus est.
42 E imediatamente a lepra o deixou, e ele foi purificado.

43 Et comminatus est ei statimque eum eiecit
43 E Jesus advertiu-o severamente e logo o mandou embora,

44 et ait illi: Vide, nemini quidquam dixeris, sed vade, ostende te principi sacerdotum et offer pro emundatione tua, quae praecepit Moyses in testimonium illis.
44 dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés prescreveu, como testemunho para eles.

45 At ille egressus coepit praedicare multum et diffamare sermonem, ita ut iam non posset manifeste introire in civitatem, sed foris in desertis locis erat; et conveniebant ad eum undique.
45 Porém ele, saindo, começou a proclamar amplamente e a divulgar o ocorrido, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente na cidade, mas permanecia fora, em lugares desertos; e vinham a Ele de todas as partes.


Reflexão:

Jesus autem misertus eius, extendens manum, tetigit eum et ait illi: Volo, mundare.
Jesus, compadecido, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, sê purificado. (Mc 1:41)

Essa frase destaca a essência da compaixão divina e o poder transformador do amor de Cristo, que acolhe e cura, transcendo barreiras físicas e espirituais.

No encontro entre o leproso e Cristo, manifesta-se o dinamismo de uma força que não apenas cura o corpo, mas também ressignifica o ser em sua totalidade. Aquele que se reconhece na fragilidade encontra no Amor o impulso para se alinhar à plenitude do eterno. Na compaixão de Jesus, um princípio profundo é revelado: o universo espiritual é chamado a integrar e a purificar, superando toda separação. Ao sermos tocados pela graça, tornamo-nos canais de transformação, irradiando a unidade que se estende a toda a criação. Assim, a cura se converte em testemunho e a vida, em revelação da glória divina.


HOMILIA

O Toque Transformador: Um Chamado à Unidade Interior e Exterior

Amados irmãos e irmãs,

O Evangelho de hoje nos apresenta uma cena profundamente reveladora: um leproso, marcado pela exclusão e pela dor, se aproxima de Jesus com a ousadia da fé, clamando: "Se quiseres, podes purificar-me." Jesus, movido por compaixão, estende a mão, toca-o e responde: "Quero, sê purificado."

Nesta narrativa, encontramos um reflexo de nossas realidades contemporâneas. O leproso simboliza não apenas aqueles que sofrem fisicamente, mas todos os que carregam as feridas da marginalização, da solidão e do desespero. No mundo de hoje, onde imperam divisões sociais, polarizações e a desvalorização do outro, somos chamados a reconhecer a lepra espiritual que permeia nossas relações: a incapacidade de enxergar a dignidade divina em cada ser humano.

O gesto de Jesus é profundamente transformador, pois rompe com dois paradigmas: o medo do contágio e a lógica da exclusão. Ele não apenas cura o corpo do leproso, mas também reintegra sua alma à comunhão humana e divina. É um chamado para nós, hoje, a sairmos de nossas zonas de conforto, estendendo a mão àqueles que o mundo rejeita, permitindo que nossa compaixão se traduza em atos concretos de cura e reconciliação.

Essa passagem nos convida também a uma reflexão interior. Quantas vezes nos isolamos em nossas próprias dores, rejeitando a graça que nos toca? O toque de Jesus não é apenas físico; é um movimento profundo que nos impulsiona a transcender o egoísmo e a abrir-nos à unidade com o Divino e com os outros. É o chamado a reconhecer que a cura verdadeira se dá quando nos integramos ao fluxo de amor e comunhão que sustenta a criação.

Ao celebrarmos este mistério, somos convidados a ser portadores desse toque transformador em um mundo que anseia por redenção. Que nossas vidas, iluminadas pela compaixão de Cristo, se tornem testemunhos vivos de que, no Reino de Deus, não há lugar para a exclusão, mas apenas para a unidade que transforma e eleva todas as coisas.

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação Teológica de Marcos 1,41

"Jesus, compadecido, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, sê purificado."

Esta frase, aparentemente simples, contém uma profundidade teológica que ilumina a essência da missão de Cristo e a relação entre Deus e a humanidade. Vamos analisá-la por partes:

1. "Jesus, compadecido"

A compaixão de Jesus não é apenas um sentimento humano, mas a manifestação concreta do amor divino pela humanidade. No grego original, o termo traduzido como "compadecido" refere-se a uma emoção visceral, que nasce das profundezas do ser. Esta compaixão é o reflexo do coração de Deus, que sofre junto com a criação ferida. Aqui, vemos que Deus não é distante ou indiferente; Ele se envolve profundamente em nossa dor e miséria.

2. "Estendendo a mão"

O gesto de estender a mão simboliza a iniciativa divina. Antes que o leproso possa se aproximar completamente, é Jesus quem toma a ação de se abrir ao contato. Este ato reflete a economia da salvação, onde Deus, na sua graça, sempre dá o primeiro passo para se reconciliar com a humanidade. Estender a mão é um sinal de acolhimento, reconciliação e proximidade.

3. "Tocou-o"

No contexto cultural e religioso da época, tocar um leproso era impensável, pois significava tornar-se ritualmente impuro. Contudo, Jesus não apenas desafia essa norma, mas a transcende. O toque de Jesus não é apenas físico; é um ato sacramental, que comunica a graça e o poder transformador de Deus. Ele não teme a impureza, porque sua santidade é maior do que qualquer contaminação. Ao tocar o leproso, Jesus demonstra que a santidade é expansiva, capaz de purificar tudo o que toca.

4. "Quero"

Esta palavra revela a vontade ativa e amorosa de Deus em relação à humanidade. Não há hesitação no desejo de Jesus de curar e restaurar. O "quero" de Cristo é um eco da vontade divina expressa na criação, onde tudo foi feito com amor e cuidado. Ele quer a plenitude da vida para todos, reafirmando que o sofrimento e a exclusão não fazem parte do plano original de Deus.

5. "Sê purificado"

A palavra "purificado" vai além da cura física. No contexto bíblico, a purificação está intimamente ligada à reconciliação e à reintegração na comunidade de fé. O leproso não era apenas fisicamente doente, mas também social e espiritualmente marginalizado. Ao dizer "sê purificado", Jesus restaura o homem em todos os níveis de sua existência: corporal, social e espiritual.


Síntese Teológica

Esta frase encapsula a missão de Jesus como o mediador entre Deus e a humanidade. Ele não apenas cura, mas revela a dinâmica do Reino de Deus, onde o amor supera barreiras, o sagrado se faz próximo, e a vontade divina é de plena restauração. A compaixão de Jesus, seu toque e sua palavra nos convidam a compreender que a verdadeira pureza não está na exclusão, mas na comunhão com o amor transformador de Deus.

Jesus, ao tocar o leproso, redefine a santidade e a pureza, mostrando que o poder de Deus não é uma força de separação, mas de unificação e renovação. A frase "Quero, sê purificado" é um testemunho de que, no coração de Deus, há um desejo constante de curar, reconciliar e elevar toda a criação à plenitude para a qual foi criada.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

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