Liturgia Diária
25 – SÁBADO
CONVERSÃO DE SÃO PAULO
(branco, glória, pref. dos apóstolos I – ofício da festa)
Sei em quem acreditei e estou certo de que ele é poderoso para guardar até aquele dia o que me foi confiado, o Senhor, justo juiz (2Tm 1,12; 4,8).
Paulo emergiu em Tarso, região que hoje pertence à Turquia, por volta do ano 10, como uma centelha destinada a transformar-se em chama viva da revelação divina. Inicialmente caminhou como perseguidor dos seguidores de Cristo, mas, ao ser tocado pela Verdade transcendente no caminho de Damasco, foi transfigurado em incansável arauto do Verbo Eterno. Tornou-se instrumento do desígnio celestial, levando a mensagem do Evangelho às dimensões mais distantes do espírito humano e às nações.Suas epístolas, impregnadas de sabedoria divina, transcenderam o tempo, fortalecendo as almas na fé e orientando as comunidades que ele próprio ergueu como templos vivos do Cristo Ressuscitado. Sua jornada terrena culminou no martírio em Roma, em torno do ano 67, momento em que sua entrega total convergiu com a plenitude do mistério de Cristo.A exemplo de Paulo, sejamos audaciosos mensageiros da Boa-nova, utilizando todos os meios que a Providência nos confia, reconhecendo em cada comunicação a oportunidade de ser canal da Luz divina, que dissolve as trevas e reconcilia a criação com sua Fonte.
Marcos 16:15-18 (Vulgata)
15. Et dixit eis: Euntes in mundum universum, prædicate Evangelium omni creaturæ.
15. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura.
16. Qui crediderit et baptizatus fuerit, salvus erit: qui vero non crediderit, condemnabitur.
16. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.
17. Signa autem eos qui crediderint, hæc sequentur: in nomine meo dæmonia ejicient: linguis loquentur novis:
17. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;
18. Serpentes tollent: et si mortiferum quid biberint, non eis nocebit: super ægrotos manus imponent, et bene habebunt.
18. Pegarão em serpentes, e, se beberem algo mortífero, não lhes fará mal; imporão as mãos sobre os enfermos, e eles ficarão curados.
Reflexão:
Et dixit eis: Euntes in mundum universum, prædicate Evangelium omni creaturæ.
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. (Mc 16:15)
Essa frase representa o mandamento universal de Cristo para levar a mensagem da salvação a todos os povos, unindo a humanidade na verdade e no amor divino.
O chamado de Cristo para evangelizar é a expressão da expansão do amor divino, que deseja tocar todas as dimensões do cosmos. Anunciar o Evangelho a toda criatura não é apenas comunicar uma mensagem, mas participar da transformação espiritual do mundo, inserindo-o em um processo contínuo de ascensão rumo ao infinito. A fé, acompanhada dos sinais, revela que a criação é permeada por uma força maior, capaz de superar todo mal e restaurar o equilíbrio.
Crer e agir em nome de Cristo é cooperar com o dinamismo divino que move o universo para seu pleno florescimento. Cada gesto de fé — ao expulsar o mal, curar os enfermos ou superar os obstáculos — testemunha que estamos conectados a uma Fonte que nos convida a transfigurar a matéria em luz e a vida em plenitude. O Evangelho é, assim, um convite a integrar o humano e o divino, em uma trajetória rumo ao cumprimento do desígnio eterno.
HOMILIA
A Transformação do Mundo em Cristo
Amados irmãos e irmãs, o Evangelho de Marcos 16,15-18 nos coloca diante de um convite que atravessa o tempo e o espaço: "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura." Essa ordem de Cristo não é apenas um mandamento ético, mas uma convocação cósmica. Ele nos chama a participar de uma obra que vai além de nossas capacidades individuais e alcança as profundezas da criação.
Nos dias de hoje, marcados por crises ambientais, divisões sociais e um vazio existencial que assombra tantos corações, esse Evangelho nos desafia a perceber que a Boa-Nova não é apenas um remédio para as dores humanas, mas um dinamismo espiritual que permeia todo o cosmos. O chamado de Cristo não se restringe ao campo visível; ele nos incita a reconhecer que cada ser criado participa de um plano maior, onde tudo e todos são integrados no amor que é Deus.
Quando Cristo diz que "quem crer e for batizado será salvo" e que "estes sinais acompanharão os que crerem," Ele revela que a fé não é apenas uma adesão intelectual, mas uma transformação do ser. A fé verdadeira nos capacita a agir como canais de graça no mundo, expulsando as trevas da ignorância, curando as feridas do ódio e transformando os conflitos em pontes de reconciliação.
O cosmos, com sua vastidão insondável, é parte dessa missão. Cada estrela no céu, cada folha na terra, reflete o anseio do Criador por unidade e plenitude. E nós, como discípulos de Cristo, somos chamados a colaborar nesse movimento universal de redenção. Quando anunciamos o Evangelho, participamos de uma transfiguração que não apenas toca as almas humanas, mas também eleva toda a criação em direção ao seu destino final em Deus.
Hoje, com os avanços nos meios de comunicação e tecnologia, temos recursos extraordinários para cumprir esse chamado. Mas é necessário mais do que ferramentas; é preciso um coração transformado, um espírito que compreenda que a evangelização é mais do que palavras: é viver como testemunhas do amor que renova o mundo.
Seja no cuidado pelo próximo, no zelo pela criação ou na promoção da verdade e da justiça, cada ato de fé ecoa no cosmos como um sinal da presença divina. Assim, não devemos temer os desafios de nosso tempo, mas encará-los como oportunidades de revelar a glória de Deus no aqui e agora.
Que possamos ouvir, como Paulo no caminho de Damasco, o chamado que nos transforma. E que, fortalecidos pela fé, sejamos audaciosos anunciadores da Boa-Nova, levando a humanidade e toda a criação a participar da gloriosa luz que emana do Cristo Ressuscitado. Amém.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
"Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15): Uma Compreensão Teológica Profunda
A frase "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15) é o coração missionário do Evangelho, um mandamento que reflete a universalidade e a transcendência da salvação em Cristo. Essa ordem de Jesus, proferida antes de sua Ascensão, é uma síntese do propósito redentor de Deus e da vocação de seus discípulos no mundo.
1. O Mandamento Missionário: Chamado à Universalidade
A ordem de "ir por todo o mundo" rompe as barreiras geográficas, culturais e espirituais. Aqui, o "mundo" não é apenas um espaço físico, mas simboliza toda a criação caída que aguarda redenção. A missão cristã não é restrita a um povo ou nação, mas é uma oferta universal do amor de Deus. A expressão "toda criatura" reflete a intenção divina de incluir tudo e todos na restauração cósmica, conforme o desígnio revelado na plenitude dos tempos (Ef 1,10).
2. O Evangelho como Boa-Nova Universal
"Pregai o Evangelho" significa mais do que anunciar palavras. O Evangelho é a manifestação do próprio Cristo, que encarna a reconciliação entre Deus e a humanidade. É uma mensagem que transforma, liberta e santifica. A proclamação do Evangelho é, portanto, um convite ao encontro pessoal com Cristo, que é a Palavra viva (Jo 1,1). É também um chamado à conversão, para que cada ser humano participe ativamente do Reino de Deus que está entre nós (Lc 17,21).
3. A Missão e a Teologia da Criação
O mandato de pregar a "toda criatura" ecoa o início da criação, quando Deus viu que tudo era bom (Gn 1,31). Ele reflete a profundidade do plano divino, em que a salvação em Cristo não é apenas para os seres humanos, mas para toda a criação (Rm 8,19-22). O cosmos, como obra do Criador, é chamado a participar da glorificação de Deus. Assim, a missão não é apenas redentora, mas também restauradora: devolver à criação sua harmonia original no Cristo ressuscitado, que é a cabeça de todas as coisas (Cl 1,16-20).
4. O Discipulado como Participação na Missão Divina
Jesus não apenas ordena, mas compartilha sua própria missão com os discípulos. A ordem de ir e pregar implica que os seguidores de Cristo devem ser mediadores entre o céu e a terra, portadores do amor divino. Ser missionário é participar da missão trinitária: o Pai envia o Filho, e o Filho, no poder do Espírito Santo, envia os discípulos (Jo 20,21-22). Isso significa que a evangelização não é um ato meramente humano, mas uma extensão da ação divina no mundo.
5. A Dimensão Escatológica da Missão
"Pregai o Evangelho a toda criatura" aponta para a consumação do Reino de Deus. A missão cristã é um sinal visível do propósito eterno de Deus de unir todas as coisas em Cristo. Cada ato de pregação e conversão é um passo em direção à plenitude escatológica, quando Deus será tudo em todos (1Cor 15,28).
Conclusão
A frase de Marcos 16,15 não é apenas uma ordem, mas uma revelação da vontade divina: que todos participem da comunhão com Ele. Esse chamado é, ao mesmo tempo, um desafio e uma graça, pois nos convida a transcender nossas limitações e participar do dinamismo do amor divino que sustenta e transforma o cosmos.
Em um mundo fragmentado e em constante mudança, a mensagem de "ide e pregai" nos lembra que somos chamados a ser agentes de reconciliação e esperança. Ao pregar o Evangelho com palavras e ações, tornamo-nos instrumentos do plano divino, testemunhando que em Cristo tudo encontra sua origem, sustento e plenitude.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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