segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 3:1-6 - 22.01.2025

 Liturgia Diária


22 – QUARTA-FEIRA 

2ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Toda a terra vos adore com respeito e proclame o louvor do vosso nome, ó Altíssimo (Sl 65,4).


Cristo, manifestado como o Sacerdote eterno no desígnio absoluto de Deus, revela-nos que o Bem transcende os limites de tempo e espaço, sendo expressão da eternidade divina. Sua mensagem nos convida a perceber que as leis, sejam humanas ou espirituais, devem refletir a essência do Amor que eleva e dignifica a existência. Em comunhão com a dimensão eterna da Palavra e do mistério da Eucaristia, somos chamados a contemplar e celebrar a Vida, esta realidade primordial que, em Cristo, é elevada à plenitude e colocada acima de toda ordem temporal.



Marcos 3:1-6 (Vulgata)

1. Et introivit iterum synagogam: et erat ibi homo habens manum aridam.

  1. E entrou novamente na sinagoga, e estava ali um homem com a mão seca.

2. Et observabant eum, si sabbatis curaret, ut accusarent eum.
2. E observavam-no para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem.

3. Et ait homini habenti manum aridam: Surge in medium.
3. E disse ao homem que tinha a mão seca: Levanta-te e vem para o meio.

4. Et dicit eis: Licet sabbatis bene facere, an male? animam salvam facere, an perdere? At illi tacebant.
4. E perguntou-lhes: É lícito fazer o bem aos sábados ou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la? Mas eles ficaram em silêncio.

5. Et circumspiciens eos cum ira, contristatus super cæcitatem cordis eorum, dicit homini: Extende manum tuam. Et extendit, et restituta est manus illi.
5. E, olhando-os ao redor com indignação, entristecido pela dureza do coração deles, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele a estendeu, e sua mão foi restaurada.

6. Exeuntes autem pharisæi, statim cum Herodianis consilium faciebant adversus eum, quomodo eum perderent.
6. Saindo, os fariseus imediatamente conspiraram com os herodianos contra ele, para ver como o poderiam destruir.


Reflexão:

Et dicit eis: Licet sabbatis bene facere, an male? animam salvam facere, an perdere? At illi tacebant.
E perguntou-lhes: É lícito fazer o bem aos sábados ou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la? Mas eles ficaram em silêncio. (Mc 3:4)

Essa frase destaca o núcleo da mensagem de Cristo: o amor e a preservação da vida estão acima de quaisquer regras ou tradições humanas.

Neste relato, Cristo manifesta a profundidade de uma Lei que transcende o tempo e os formalismos humanos, iluminando o valor essencial da vida e do bem. A cura em dia de sábado não é uma ruptura, mas a integração da eternidade com o momento presente, revelando o dinamismo de um Amor que unifica e transforma. A dureza do coração simboliza a resistência à evolução espiritual, ao passo que a restauração da mão seca aponta para a regeneração de nossa essência no fluxo do Espírito. Nesta sinfonia cósmica, somos chamados a estender as "mãos" de nossa alma, acolhendo o movimento contínuo do divino que nos convida à plenitude em cada instante do existir.


HOMILIA

O Chamado à Plenitude do Bem

O Evangelho de Marcos 3,1-6 nos apresenta uma cena carregada de significado espiritual e existencial. Jesus, ao entrar na sinagoga, encontra um homem com a mão seca e uma comunidade presa às regras que, embora legítimas em sua origem, haviam perdido o propósito mais elevado: a valorização da vida e do bem. Este momento, ao mesmo tempo simples e profundo, fala diretamente à nossa realidade atual, marcada por estruturas que frequentemente sufocam a verdadeira essência do humano.

Quando Jesus pergunta: "É lícito fazer o bem aos sábados ou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la?", ele nos confronta com uma questão atemporal. Em uma sociedade cada vez mais polarizada, onde o progresso técnico avança, mas o coração humano muitas vezes permanece endurecido, somos desafiados a discernir o que realmente importa. Suas palavras rompem o véu das convenções e apontam para uma dimensão superior, onde o bem nunca está subordinado ao tempo ou às circunstâncias.

O homem com a mão seca simboliza não apenas nossas limitações físicas, mas também as feridas espirituais e sociais que nos tornam incapazes de agir plenamente no mundo. A ordem de Jesus — "Estende a tua mão" — é um convite à regeneração, à abertura ao fluxo divino que perpassa toda a criação. Ele não apenas cura, mas ensina que a verdadeira plenitude está na harmonização entre o humano e o divino, entre nossas ações concretas e o propósito eterno que as sustenta.

Hoje, como no tempo de Cristo, somos tentados a viver presos a sistemas rígidos: ideologias que dividem, tradições que não libertam, e uma indiferença que desumaniza. No entanto, o chamado de Jesus ecoa em nossa existência, convidando-nos a transcender o imediato e a participar de um processo contínuo de evolução espiritual, onde o bem é a força propulsora da unidade e da transformação.

Ao estendermos nossas “mãos secas” — nossas capacidades adormecidas —, nos conectamos a um Amor que está além de qualquer fronteira e que nos impulsiona a cuidar da vida em todas as suas formas. Este é o desafio de nosso tempo: reconhecer que cada ato de bondade, por menor que seja, participa de um projeto maior, conduzindo a humanidade à plenitude que Deus sonhou para nós desde o princípio.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

"É lícito fazer o bem aos sábados ou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la?" (Mc 3,4) é uma frase de Jesus carregada de implicações teológicas, éticas e espirituais. Ela transcende o contexto imediato da Lei judaica sobre o sábado e lança luz sobre a verdadeira essência da vontade divina. Para compreendê-la profundamente, é necessário analisar seus elementos à luz de uma teologia centrada no amor e na plenitude da vida.

1. A Confrontação da Lei com o Espírito

A Lei do sábado, dada por Deus, tinha como propósito ser um sinal de aliança e descanso em Deus. No entanto, ao longo do tempo, ela foi interpretada de forma rígida, tornando-se um fim em si mesma. Jesus, ao fazer esta pergunta, não despreza a Lei, mas a resgata para seu propósito original: ser uma expressão do amor e do cuidado de Deus pela humanidade. Ele confronta os presentes com uma escolha moral que vai além da letra da Lei, enfatizando que o cumprimento da vontade divina se manifesta no bem que promove a vida.

2. O Bem como Reflexo da Essência Divina

A pergunta de Jesus apresenta o bem como algo intrinsecamente ligado à natureza de Deus. Fazer o bem, especialmente no contexto do sábado, é participar da própria obra criadora e redentora de Deus. A alternativa apresentada — fazer o mal ou destruir a vida — é um contraste radical que denuncia a cegueira espiritual daqueles que priorizavam as regras humanas em detrimento do amor divino. Salvar uma vida não é apenas um ato ético, mas um reflexo do desígnio divino de preservar e conduzir a criação à plenitude.

3. O Silêncio dos Presentes

O silêncio daqueles que estavam na sinagoga é revelador. Ele expõe a dureza de coração e a incapacidade de reconhecer o chamado de Deus à misericórdia e à compaixão. Esse silêncio é uma metáfora para a resistência humana à ação do Espírito, que sempre nos move a transcender o formalismo em direção à verdade mais profunda do amor.

4. A Salvação como Prioridade Divina

Ao contrapor "salvar uma vida" a "destruí-la," Jesus evidencia que a obra de Deus é sempre salvífica, nunca destrutiva. A pergunta desafia os ouvintes a compreender que a salvação da vida humana — no sentido físico e espiritual — é o propósito central da encarnação e do ministério de Cristo. O ato de salvar transcende qualquer limite humano ou temporal, pois reflete o desejo eterno de Deus de restaurar sua criação.

5. Aplicação à Vida Cristã

Para os cristãos, essa frase é um chamado a viver o Evangelho de forma integral, colocando o amor e a vida acima de qualquer norma ou costume que possa obscurecer o bem maior. É também um alerta contra a indiferença e o legalismo, que muitas vezes nos impedem de reconhecer a presença de Cristo no sofrimento do outro.

Conclusão: A Ação que Revela o Reino

A pergunta de Jesus em Mc 3,4 revela a prioridade absoluta do amor e da misericórdia na economia divina. Fazer o bem e salvar a vida é participar do Reino de Deus que está entre nós. É um chamado a transformar o sábado — e todos os momentos da nossa existência — em oportunidades de manifestar a graça divina que nos cura, restaura e conduz à plenitude. O silêncio diante desse chamado é, portanto, um sinal de resistência à ação de Deus, enquanto a resposta ativa é a verdadeira expressão de fé e comunhão com o Criador.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Mensagens de Fé

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