quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 3:13-19 - 24.01.2025

 Liturgia Diária24 – SEXTA-FEIRA 

SÃO FRANCISCO DE SALES


BISPO E DOUTOR DA IGREJA


(branco, pref. comum, ou dos pastores ou dos doutores – ofício da memória)


A metafísica do sacerdócio encontra sua plenitude na escolha divina, uma realidade que transcende o tempo e o espaço e se manifesta na eternidade do chamado ao serviço do Reino. "O Senhor o escolheu para a plenitude do sacerdócio e, abrindo o seu tesouro, o cumulou de todos os bens." Esse tesouro divino não é composto de riquezas perecíveis, mas da abundância das graças celestiais, que são o reflexo da plenitude do Ser divino irradiando-se para a criação.

Com a vinda de Cristo, mediador supremo da Nova Aliança, a humanidade foi conduzida a um novo horizonte espiritual. Nele se revelou o movimento da graça que sustenta a vida e abre caminho para o perdão dos pecados e o socorro espiritual. Em Hebreus 9:15, lemos: "E por isso ele é mediador de uma nova aliança, para que os chamados recebam a promessa da herança eterna." Aqui se revela a dimensão metafísica do sacerdócio, um ministério enraizado no mistério da união entre o finito e o infinito, em que o sacerdote se torna um canal para a energia divina que flui em direção à redenção universal.

São Francisco de Sales compreendeu profundamente essa dinâmica do amor divino, que é o princípio unificador de todas as coisas, e respondeu a ela com uma entrega total. Ele encarnou o arquétipo do servo fiel, que reconhece que o amor é a força motriz de toda a criação e o fundamento último da comunhão entre o humano e o divino. "Deus é amor" (1 João 4:8), e é nesse amor que o sacerdote encontra sua razão de ser, atuando como mediador entre o céu e a terra, irradiando a luz divina que transforma e eleva a humanidade.

Nascido na França em 1567 e falecido em 1622, Francisco de Sales foi advogado, presbítero e bispo, mas, acima de tudo, foi um canal vivo da sabedoria divina. Sua vida reflete a realidade metafísica de que o verdadeiro serviço ao Reino transcende barreiras sociais e temporais. Ele não se limitou a uma classe ou condição; ao contrário, sua missão abrangeu todas as esferas da existência, desde o clero até os mais humildes, promovendo a unidade no corpo místico de Cristo.

A entrega de Francisco de Sales nos convida a contemplar o sacerdócio como uma expressão da energia divina que continuamente busca transformar a realidade. Seu exemplo nos incita a transcender as limitações do ego e a direcionar nossas energias para o crescimento do Reino de Deus, que é, em sua essência, a plenitude do Ser manifestando-se na comunhão entre Deus e a humanidade. Que sua vida nos inspire a responder ao chamado divino com coragem e dedicação, reconhecendo que a verdadeira missão é participar do movimento cósmico em direção à unidade e ao amor, que é o próprio Deus.



Marcos 3,13-19 (Vulgata)

13 Et ascendens in montem, vocavit ad se quos voluit ipse, et venerunt ad eum.
E subindo ao monte, chamou para junto de si os que quis, e eles foram até Ele.

14 Et fecit ut essent duodecim cum illo, et ut mitteret eos prædicare.
E constituiu doze para estarem com Ele e para enviá-los a pregar.

15 Et habere potestatem curandi infirmitates et ejiciendi dæmonia.
E para terem poder de curar enfermidades e expulsar demônios.

16 Et imposuit Simoni nomen Petrus.
E deu a Simão o nome de Pedro.

17 Et Jacobum Zebedæi, et Joannem fratrem Jacobi, et imposuit eis nomina Boanerges, quod est Filii tonitrui.
E a Tiago, filho de Zebedeu, e a João, irmão de Tiago, deu o nome de Boanerges, que significa Filhos do Trovão.

18 Et Andream, et Philippum, et Bartholomæum, et Matthæum, et Thomam, et Jacobum Alphæi, et Thaddæum, et Simonem Cananæum.
E a André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu e Simão, o Cananeu.

19 Et Judam Iscariotem, qui et tradidit illum.
E a Judas Iscariotes, que também O traiu.

Reflexão:

Et ascendens in montem, vocavit ad se quos voluit ipse, et venerunt ad eum.
E, subindo ao monte, chamou para junto de si os que quis, e eles foram até Ele. (Mc 3:13)

Essa frase, no contexto de Marcos 3,13-19, é central porque simboliza o chamado divino, a liberdade soberana de Cristo em escolher e a resposta humana em ir ao encontro d’Ele, elementos fundamentais para a formação do discipulado e da missão no Reino de Deus.

A escolha dos doze apóstolos revela a dinâmica divina de unir os homens à obra do Reino, chamando-os para um propósito que transcende o tempo e o espaço. O chamado ao monte simboliza a elevação do humano ao espiritual, onde o encontro com o Cristo inaugura um novo horizonte de existência. Cada nome pronunciado carrega uma missão única, ecoando a diversidade da humanidade reconciliada em um único Corpo. O envio para pregar e curar reflete o entrelaçamento do físico e do espiritual, onde a verdade do Evangelho age como força de transformação. Assim como o monte aponta para o infinito, os apóstolos são convidados a se expandir, unindo suas vidas ao projeto divino. Nessa sinergia entre o finito e o eterno, a humanidade é chamada a participar da plenitude de Deus, transformando a criação por meio do amor.


HOMILIA

O Chamado que Transforma o Mundo

No Evangelho de Marcos 3,13-19, vemos Jesus subindo ao monte e chamando aqueles que Ele quis para serem seus apóstolos. Essa cena, simples na narrativa, é profunda em significado, pois revela um padrão eterno: o chamado divino e a resposta humana. O monte simboliza o lugar do encontro com o transcendente, onde somos convidados a nos elevar acima das limitações cotidianas para vislumbrar uma nova perspectiva da vida.

Nos dias de hoje, somos cercados por problemas que parecem nos aprisionar na horizontalidade do tempo: crises sociais, conflitos entre nações, catástrofes naturais e uma sensação crescente de fragmentação e desespero. Muitos se perguntam: como encontrar sentido em meio ao caos? A resposta está no movimento ascendente desse chamado de Cristo. Ele nos convida a subir o monte, ou seja, a transcender as divisões, as ideologias e as barreiras que nos separam.

Jesus chamou "os que quis", não pelos méritos humanos, mas por Sua vontade amorosa. Isso nos lembra que o chamado de Deus é sempre um convite à transformação. Cada um de nós, em nossa singularidade, é chamado a participar na construção de algo maior que si mesmo. Somos convocados a sair da indiferença e do isolamento para colaborar com a plenitude da vida, que está alinhada à vontade de Deus.

Esse chamado exige coragem para responder. Como os apóstolos, somos chamados a "estar com Ele" primeiro, para depois sermos enviados ao mundo. Estar com Cristo significa internalizar a paz, a sabedoria e o amor que d’Ele emanam, de modo que nossas ações reflitam essa conexão divina. No mundo atual, tão fragmentado, a verdadeira transformação começa dentro de cada coração que aceita subir esse monte espiritual e se deixar moldar pela presença do Senhor.

Jesus enviou os apóstolos "para pregar" e "curar". Esse envio permanece atual. Em um mundo sedento de verdade e cura, somos chamados a testemunhar a esperança e a agir em favor do bem. Onde há divisão, sejamos agentes de reconciliação. Onde há dor, sejamos portadores de compaixão. Onde há escuridão, sejamos luz.

O Evangelho nos ensina que o chamado de Cristo é para todos, mas exige uma resposta. Ao aceitar subir o monte com Ele, participamos de uma missão que transcende nossa individualidade. Somos parte de uma grande sinfonia divina, onde cada ação em sintonia com o amor de Deus contribui para a transformação do mundo.

Que, ao ouvirmos a voz de Cristo nos chamando hoje, tenhamos a coragem de responder com fé, subir o monte e, a partir do alto, enxergar a vida como Ele a vê: repleta de possibilidades para amar, servir e construir um mundo mais próximo do Reino que Ele veio instaurar.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

"E, subindo ao monte, chamou para junto de si os que quis, e eles foram até Ele" (Mc 3,13): Uma Leitura Teológica Profunda

Esta frase do Evangelho de Marcos encerra uma rica dimensão teológica e espiritual que atravessa as Escrituras e aponta para o mistério do chamado divino e da resposta humana. Para compreendê-la profundamente, é necessário abordar o simbolismo do monte, o ato de chamar, a liberdade da escolha divina e a resposta de quem é chamado.

O monte: lugar de encontro com Deus

Na tradição bíblica, o monte é frequentemente o local onde Deus se revela e chama os seres humanos para uma relação mais profunda consigo. Moisés encontrou Deus no monte Sinai; Elias escutou a voz de Deus no monte Horeb. No caso de Jesus, o monte é um símbolo da transcendência, do espaço elevado que nos convida a sair do plano meramente terreno e a buscar uma perspectiva mais alta, divina. Ao "subir ao monte", Jesus nos lembra que a intimidade com Deus exige um movimento de elevação, um esforço de deixar para trás as preocupações do mundo para alcançar o plano espiritual.

O chamado para junto de si

Jesus, subindo ao monte, "chamou para junto de si os que quis". Esse chamado revela o mistério da graça divina, que é sempre um convite gratuito e amoroso. Não é o mérito humano que justifica o chamado, mas a vontade soberana de Deus, que escolhe em sua sabedoria divina. Esse ato de chamar para "junto de si" é central na relação com Deus: não somos chamados para uma tarefa impessoal ou uma missão isolada, mas para estar na presença de Cristo, em comunhão com Ele. Este chamado é uma expressão do amor divino, que deseja a proximidade de seus escolhidos.

A liberdade divina no chamado

A frase ressalta que Jesus chamou "os que quis". Essa escolha soberana de Deus reflete o mistério da eleição. No Antigo Testamento, vemos o mesmo movimento na escolha de Abraão, de Israel como povo eleito, e de Davi como rei. No entanto, o chamado de Jesus transcende a exclusividade histórica e se abre a todos os que estão dispostos a responder. A liberdade divina, aqui, não exclui, mas convida, mostrando que Deus escolhe em amor e sabedoria aqueles que irão colaborar em sua obra de redenção.

A resposta humana: ir até Ele

A última parte da frase – "e eles foram até Ele" – é igualmente significativa. Deus chama, mas a resposta é livre. Os que foram chamados decidiram "ir até Ele", um gesto de adesão e de entrega que demonstra abertura ao mistério divino. Esse movimento de ir até Cristo reflete a fé ativa, que não se limita a ouvir o chamado, mas implica uma ação concreta de aproximação. Eles deixam suas zonas de conforto, suas realidades cotidianas, para seguir a Cristo e compartilhar de sua missão.

Aplicação teológica: a vocação de todos os tempos

Essa passagem não é apenas um relato histórico, mas um modelo de como o chamado divino opera em todas as épocas. Hoje, Cristo continua a subir o monte e a chamar para junto de si aqueles que deseja. O monte pode ser interpretado como o desafio de nos elevarmos acima do ruído e das distrações do mundo para ouvirmos sua voz. A escolha de Deus continua sendo gratuita, mas exige nossa resposta livre e ativa.

Essa dinâmica tem implicações práticas e espirituais: somos chamados, em primeiro lugar, a estar com Cristo, em comunhão com Ele, para depois sermos enviados ao mundo. Não se pode realizar a missão sem antes subir o monte e permanecer com o Senhor. O chamado de Cristo é sempre um convite à intimidade e à missão: primeiro somos transformados por sua presença, para então transformarmos o mundo.

Conclusão: o chamado que transforma

A frase de Marcos 3,13 nos recorda que o chamado de Cristo é sempre um ato de amor que nos eleva, um convite a estarmos em comunhão com Ele e a nos deixarmos transformar por essa presença. Ao respondermos, somos conduzidos a uma vida de maior profundidade espiritual, de serviço ao próximo e de participação no Reino de Deus. Assim, como os apóstolos, somos chamados a "subir ao monte" todos os dias, permitindo que Cristo nos renove e nos envie ao mundo como testemunhas de sua graça e amor.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

#evangelho #homilia #reflexão #católico #evangélico #espírita #cristão

#jesus #cristo #liturgia #liturgiadapalavra #liturgia #salmo #oração

#primeiraleitura #segundaleitura #santododia #vulgata




Nenhum comentário:

Postar um comentário