terça-feira, 7 de janeiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 6:45-52 - 08.01.2025

 Liturgia Diária8 – QUARTA-FEIRA 

SEMANA DA EPIFANIA


(branco, pref. da Epifania, ou do Natal – ofício do dia)


O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu (Is 9,1).


A jornada da existência é permeada por desafios que, em sua essência, testam a profundidade do nosso compromisso com o Caminho eterno da Verdade. Contudo, a força que sustenta os que caminham em direção ao Absoluto não reside em temores ou hesitações, mas na plenitude do Amor que dissolve toda sombra de medo. Neste Amor infinito, ecoa a voz do Verbo Encarnado: “Não tenhais medo”. Essas palavras não são apenas um convite ao abandono das inquietações do mundo, mas um chamado à transcendência, à união com a Fonte que é Vida. Ao renovar nossa confiança na Palavra que é o próprio Logos divino, celebramos a certeza de que, em Cristo, a eternidade se revela no presente, e o temor cede lugar à plenitude da comunhão com o Altíssimo.



Marcos 6:45-52 (Vulgata)

45. Et statim coëgit discipulos suos ascendere navim, ut præcederent eum trans fretum ad Bethsaidam, dum ipse dimitteret populum.
E imediatamente obrigou seus discípulos a subir na barca e ir à frente para o outro lado, em direção a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.

46. Et cum dimisisset eos, abiit in montem orare.
E, depois de os despedir, foi ao monte para orar.

47. Et cum sero esset, erat navis in medio mari, et ipse solus in terra.
E, ao anoitecer, a barca estava no meio do mar, e ele, sozinho em terra.

48. Et videns eos laborantes in remigando (erat enim ventus contrarius eis), et circa quartam vigiliam noctis venit ad eos ambulans supra mare, et volebat præterire eos.
E, vendo-os fatigados a remar (pois o vento lhes era contrário), por volta da quarta vigília da noite foi até eles, caminhando sobre o mar, e queria passar adiante deles.

49. At illi, ut viderunt eum ambulantem supra mare, putaverunt phantasma esse, et exclamaverunt:
Mas eles, ao vê-lo andando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma e gritaram.

50. Omnes enim viderunt eum, et conturbati sunt. Et statim locutus est cum eis, et dixit eis: Confidite, ego sum, nolite timere.
Pois todos o viram e ficaram perturbados. Mas ele imediatamente lhes falou, dizendo: Tende coragem, sou eu, não temais.

51. Et ascendit ad illos in navim, et cessavit ventus. Et plus magis intra se stupebant:
E subiu para junto deles na barca, e o vento cessou. E eles ficaram ainda mais espantados em seu íntimo.

52. Non enim intellexerunt de panibus: erat enim cor eorum obcæcatum.
Pois não haviam compreendido o milagre dos pães; seus corações estavam endurecidos.


Reflexão:

Et statim locutus est cum eis, et dixit eis: Confidite, ego sum, nolite timere.
E imediatamente lhes falou, dizendo: Tende coragem, sou eu, não temais. (Mc 6:50)

Essa frase sintetiza a mensagem central do trecho, destacando a presença consoladora e fortalecedora de Cristo, que dissolve o medo e revela a confiança necessária para enfrentar as adversidades da vida.

A travessia sobre as águas representa a jornada da consciência que busca alcançar dimensões superiores, enfrentando as forças contrárias da existência material. No entanto, o Cristo que caminha sobre o mar é a manifestação do Espírito que transcende os limites do finito, revelando que o medo e a incerteza são dissolvidos pela presença do Amor absoluto. Ele não apenas desafia as leis naturais, mas as integra em uma nova ordem, convidando-nos à confiança. Sua entrada na barca é o sinal de que o divino sempre está ao nosso alcance, cessando os ventos do caos interior e conduzindo-nos à unidade com a Fonte. Essa experiência nos ensina que a fé não é apenas resistência às dificuldades, mas a aceitação da Presença que transforma o tempo e o espaço em eternidade.


HOMILIA

"O Cristo que Transcende as Tempestades do Coração"

Amados irmãos e irmãs, o Evangelho de Marcos 6,45-52 nos convida a meditar sobre uma das cenas mais impressionantes da vida de Jesus: sua caminhada sobre as águas e o apelo à confiança diante do medo. Esta passagem, rica em simbolismo, nos fala diretamente, especialmente em tempos marcados por incertezas, crises e tempestades interiores.

Vivemos em uma época onde os ventos contrários parecem soprar com força: instabilidades emocionais, dilemas éticos, conflitos sociais e desafios globais nos deixam, muitas vezes, fatigados, como os discípulos que remavam contra o vento no meio do mar. Assim como eles, também podemos nos sentir abandonados ou incapazes de avançar em meio às adversidades.

Contudo, Jesus não está distante. Ele vê a nossa luta, assim como viu os discípulos. Ele não é apenas um observador, mas aquele que vem ao nosso encontro, caminhando sobre as águas turbulentas de nossa existência. Suas palavras ecoam hoje com a mesma força: "Tende coragem, sou eu, não temais." Este "eu sou" não é apenas uma declaração de presença; é uma revelação de que Ele é o fundamento de tudo, a Fonte capaz de dar sentido mesmo aos momentos mais difíceis.

Quando Jesus sobe à barca, o vento cessa. Isso nos ensina que a paz que tanto buscamos não está na ausência de problemas, mas na presença de Cristo em nosso coração. Ele não promete um caminho sem desafios, mas garante que nunca estamos sozinhos. Sua presença transforma o medo em coragem, a dúvida em confiança e o caos em serenidade.

Hoje, somos chamados a reconhecer Cristo que se aproxima em meio às nossas tempestades. Ele pode se manifestar na solidariedade de um amigo, na sabedoria de uma palavra, ou mesmo no silêncio da oração. Ele nos convida a não endurecer o coração, como os discípulos que ainda não compreendiam o milagre dos pães. Precisamos abrir os olhos para enxergar os sinais de sua presença que continuamente nos alcançam.

Assim, irmãos e irmãs, em meio às tempestades de nosso tempo, lembremo-nos: Cristo caminha sobre as águas de nossas dificuldades. Que tenhamos a coragem de abrir a barca do nosso coração para sua presença, permitindo que Ele transforme nossos medos em confiança e nos conduza ao porto seguro de sua paz. Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase “E imediatamente lhes falou, dizendo: Tende coragem, sou eu, não temais” (Mc 6,50) carrega uma profundidade teológica que ilumina tanto a identidade de Jesus quanto a relação de Deus com a humanidade.

1. A imediatez da fala: o cuidado divino

A palavra "imediatamente" reflete a prontidão de Jesus em socorrer seus discípulos. Este termo revela o cuidado de Deus que não se atrasa em responder às angústias humanas. Mesmo em situações de aparente desamparo, como no meio de uma tempestade, Jesus se aproxima rapidamente para restaurar a confiança e dissipar o medo.

2. “Tende coragem” – O chamado à fé ativa

Esta exortação é um convite à coragem, não como mera resistência humana, mas como uma disposição espiritual que brota da confiança em Deus. A coragem aqui está enraizada na certeza de que, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras, há uma força transcendente que sustenta e guia.

3. “Sou eu” – A identidade divina revelada

A expressão "sou eu" ecoa a autodeclaração divina do Antigo Testamento, especialmente o nome que Deus revela a Moisés: “Eu sou o que sou” (Ex 3,14). Aqui, Jesus se apresenta não apenas como mestre ou profeta, mas como a manifestação do próprio Deus, aquele que é eterno, soberano sobre as forças da natureza e fonte de todo ser. Ele se coloca como o centro da confiança e da salvação, reafirmando que sua presença é suficiente para vencer o medo e a incerteza.

4. “Não temais” – A libertação do medo

A ordem "não temais" aparece repetidamente nas Escrituras como um lembrete da fidelidade de Deus. No contexto deste versículo, ela transcende o medo imediato dos discípulos diante da tempestade e aponta para a libertação mais profunda do medo existencial: o medo do abandono, da morte e do caos. Jesus revela que sua presença é a resposta definitiva a essas inquietações.

5. O sentido escatológico: a vitória sobre o caos

Teologicamente, este momento simboliza a vitória de Cristo sobre as forças do caos, representadas pelas águas agitadas. Na mentalidade bíblica, o mar frequentemente simboliza o desordem e o perigo. Jesus, ao caminhar sobre as águas, demonstra sua autoridade divina sobre a criação, revelando que Ele é o Senhor que conduz seu povo para além do caos, rumo à plenitude de vida.

6. Aplicação para a vida cristã

Para os cristãos de todas as eras, esta frase é um chamado à confiança radical na presença de Cristo. Mesmo quando enfrentamos as "tempestades" do mundo – tribulações pessoais, crises sociais ou desafios espirituais – somos lembrados de que o Senhor está conosco. Sua voz continua a ressoar: "Tende coragem, sou eu, não temais."

Portanto, este versículo é um resumo do Evangelho em sua essência: a manifestação de Deus em Cristo, que traz paz ao coração humano e renova a esperança mesmo nas situações mais desafiadoras. Jesus é aquele que se aproxima para nos libertar do medo, revelar a verdade de sua identidade divina e nos conduzir à vida plena.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

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