terça-feira, 31 de dezembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 1:19-28 - 02.01.2025

 Liturgia Diária


2 – QUINTA-FEIRA 

SANTOS BASÍLIO MAGNO E GREGÓRIO NAZIANZENO


BISPOS E DOUTORES DA IGREJA


(branco, pref. do Natal, ou dos doutores – ofício da memória)


Proclamem os povos a sabedoria dos santos e a Igreja celebre os seus louvores; seus nomes viverão pelos séculos dos séculos (Eclo 44,15.14).


A liturgia nos chama a transcender o tempo e a matéria, convidando-nos a renovar, em espírito e verdade, nossa união com Cristo, aquele em quem todas as realidades encontram sua plenitude. Nesta adesão, vislumbramos a certeza metafísica de que “quem confessa o Filho possui também o Pai,” estabelecendo-se na comunhão perfeita do Espírito, origem e fim de toda unidade.

Sobre esta fé, edificaram suas vidas os santos Basílio e Gregório, luminares do século IV, que, firmados na verdade divina, enfrentaram com coragem as distorções que obscureciam o mistério. Em seus escritos, o Logos se manifesta como alimento espiritual para a alma cristã, convidando a inteligência a contemplar o eterno e o coração a conformar-se à bondade.

Seguindo o testemunho desses mestres da sabedoria, coloquemos nossa voz em harmonia com a Palavra divina, tornando-nos instrumentos do Evangelho. Que a verdade, vivida “com fidelidade e amor,” nos guie a reconhecer, em cada ato, a realidade última que transcende e sustenta todas as coisas.



 João 1:19-28 (Vulgata)

19 Et hoc est testimonium Ioannis, quando miserunt Iudaei ab Hierosolymis sacerdotes et Levitas ad eum, ut interrogarent eum: Tu quis es?
E este é o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntar: Quem és tu?

20 Et confessus est, et non negavit, et confessus est: Quia non sum ego Christus.
E ele confessou e não negou, e confessou: Eu não sou o Cristo.

21 Et interrogaverunt eum: Quid ergo? Elias es tu? Et dixit: Non sum. Propheta es tu? Et respondit: Non.
E perguntaram-lhe: Então, quem és? És tu Elias? E ele disse: Não sou. És tu o Profeta? E ele respondeu: Não.

22 Dixerunt ergo ei: Quis es, ut responsum demus his, qui miserunt nos? Quid dicis de te ipso?
Disseram-lhe, pois: Quem és, para que possamos dar resposta àqueles que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?

23 Ait: Ego vox clamantis in deserto: Dirigite viam Domini, sicut dixit Isaias propheta.
Ele disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse Isaías, o profeta.

24 Et qui missi fuerant, erant ex pharisaeis.
E os que haviam sido enviados eram dos fariseus.

25 Et interrogaverunt eum, et dixerunt ei: Quid ergo baptizas, si tu non es Christus, neque Elias, neque propheta?
E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Então, por que batizas, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?

26 Respondit eis Ioannes, dicens: Ego baptizo in aqua; medius autem vestrum stetit, quem vos nescitis.
Respondeu-lhes João, dizendo: Eu batizo com água; mas no meio de vós está quem vós não conheceis.

27 Ipse est, qui post me venturus est, qui ante me factus est, cuius ego non sum dignus ut solvam eius corrigiam calceamenti.
Ele é aquele que vem depois de mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia do calçado.

28 Haec in Bethania facta sunt trans Iordanem, ubi erat Ioannes baptizans.
Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.

Reflexão:

Ipse est, qui post me venturus est, qui ante me factus est, cuius ego non sum dignus ut solvam eius corrigiam calceamenti.
Ele é aquele que vem depois de mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia do calçado. (Jo1 19:27)

Esta frase resume a missão de João Batista como precursor e a grandeza de Jesus Cristo, destacando sua humildade e reconhecimento da supremacia de Cristo.

Neste Evangelho, a figura de João Batista nos ensina a reconhecer o sentido da preparação para o grande encontro com o absoluto, aquele que dá sentido ao cosmos e à existência. Ele se coloca como uma voz que ressoa além do tempo, apontando para o mistério de Cristo, o verbo encarnado, que se oculta na simplicidade do presente. Assim como João, somos chamados a nos perceber como partes de uma unidade maior, cujas raízes se entrelaçam na direção de um horizonte comum. Ao endireitarmos os caminhos de nossas almas, preparamos a manifestação do eterno no tempo, permitindo que a luz do divino ilumine todas as dimensões de nossa existência.


HOMILIA

Título: "Preparar o Caminho do Absoluto no Tempo Presente"

O Evangelho segundo João nos apresenta João Batista, a voz que clama no deserto, aquele que aponta para o Messias como a plenitude de todas as coisas. Diante da inquietação dos que o interrogam, João declara com humildade sua missão: preparar o caminho para Aquele que já está no meio deles, mas que ainda não é reconhecido. Este testemunho ressoa profundamente nos dias de hoje, em um mundo dilacerado por crises sociais, divisões e a busca incessante por sentido.

Vivemos em um deserto existencial, onde a ausência de reconhecimento do absoluto fragmenta nossas relações e distorce nossas prioridades. A pergunta feita a João – "Quem és tu?" – ecoa em nossa sociedade contemporânea, que muitas vezes se esquece de sua origem e destino transcendentais. Somos chamados, como ele, a nos perceber não como centro, mas como instrumentos que apontam para a presença do divino entre nós, mesmo em meio à desordem.

João nos ensina que a grandeza da vida não está em reivindicar títulos ou poderes, mas em abrir caminhos para o encontro com a verdade que transcende e unifica todas as coisas. Essa verdade exige que reconheçamos o Cristo oculto nos pobres, nos marginalizados, nas vítimas da indiferença e da injustiça. O "caminho do Senhor" precisa ser endireitado em nossas ações e escolhas, para que as estruturas sociais reflitam a justiça, a paz e o amor que emanam do mistério de Deus.

Hoje, a missão de preparar o caminho exige coragem para denunciar as distorções que obscurecem o humano e afastam o divino. Exige também um olhar que integre a fragmentação e nos leve a reconhecer, em cada desafio, uma oportunidade para construir a comunhão entre as pessoas, como expressão do propósito último de nossa existência.

Que possamos, como João Batista, ser vozes que clamam não com desespero, mas com esperança no deserto do mundo atual. E que, ao apontarmos para o Cristo que está no meio de nós, ainda que não o reconheçamos plenamente, preparemos o espaço para que sua luz transforme as trevas em um horizonte de plenitude e paz.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase de João 1,27 – "Ele é aquele que vem depois de mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia do calçado" – revela, em poucas palavras, uma densidade teológica que transcende o tempo e o espaço, concentrando-se na relação entre João Batista e Jesus Cristo. Esta declaração aponta para três dimensões cruciais: a humildade de João, a eternidade de Cristo e o mistério da Encarnação.

1. "Ele é aquele que vem depois de mim" – A relação temporal e histórica

João Batista destaca que Jesus surge em cena depois dele, em termos de ministério público. João é a voz no deserto, o precursor enviado para preparar os corações para o Messias. Sua missão está inserida no plano salvífico de Deus, que progride ao longo da história. No entanto, o "vir depois" também indica a plenitude que se segue à preparação. Cristo é o cumprimento das promessas, Aquele em quem todas as profecias convergem.

2. "Que foi antes de mim" – A preexistência divina de Cristo

Ao afirmar que Jesus "foi antes" dele, João Batista proclama a eternidade de Cristo. Jesus, o Verbo encarnado, não é apenas um homem extraordinário; Ele é o Logos que existia "no princípio" (João 1,1). Este "antes" transcende a cronologia humana, situando Cristo na esfera divina, como coeterno com o Pai. Assim, João Batista reconhece que está diante de uma realidade que ultrapassa o tempo linear, inserindo-se na eternidade de Deus.

3. "Do qual eu não sou digno de desatar a correia do calçado" – A humildade diante do sagrado

Na cultura judaica, desatar as sandálias de alguém era uma tarefa reservada aos servos mais humildes. João, ao afirmar que não é digno sequer de realizar este serviço para Cristo, expressa uma reverência profunda diante da santidade e majestade de Jesus. Ele reconhece sua própria pequenez diante daquele que é Deus feito homem. Este gesto não é um ato de autodepreciação, mas de verdadeira compreensão da grandeza divina.

A Conexão Teológica

Esta frase encapsula a tensão entre o tempo e a eternidade, entre a humanidade e a divindade de Cristo. João Batista desempenha um papel crucial na economia da salvação, mas ele se posiciona com humildade diante do mistério que anuncia. Ele entende que a glória de Cristo não reside apenas em sua missão terrena, mas em sua identidade divina como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

Relevância para Hoje

Para nós, essa frase nos desafia a reconhecer Cristo em sua totalidade – como Deus eterno e Salvador presente. Também nos lembra da humildade necessária para nos colocarmos a serviço do Reino. Assim como João preparou os caminhos, somos chamados a preparar nossos corações e nossas comunidades para acolher a presença transformadora de Cristo. Este reconhecimento nos conduz a viver não para nossa própria glória, mas como instrumentos que apontam para Aquele que é, que era e que vem.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

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