terça-feira, 7 de janeiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 4:14-22 - 09.01.2025

Liturgia Diária


9 – QUINTA-FEIRA 

SEMANA DA EPIFANIA


(branco, pref. da Epifania, ou do Natal – ofício do dia)


No princípio e antes dos séculos o Verbo era Deus, e dignou-se nascer como Salvador do mundo (Jo 1,1).


O amor a Deus, como essência transcendental, se revela na manifestação do amor ao outro, pois o outro é o reflexo da unidade cósmica que nos conecta ao divino. Em Cristo, o Ungido pelo Espírito Santo, a missão divina se desvela como a libertação integral do ser humano, não apenas física, mas espiritual e metafísica, conduzindo-o à plenitude do ser. Ao celebrarmos a Eucaristia, somos convidados a participar dessa ação salvífica, que não é um evento isolado, mas uma presença contínua na história da humanidade, uma ação de transformação que nos conduz ao ponto de convergência cósmica onde o divino e o humano se encontram.



Lucas 4:14-22 (Vulgata)

14. Et regressus est Jesus in virtute Spiritus, et fama de illo pervagabatur universam regionem.
E Jesus voltou em virtude do Espírito, e sua fama se espalhava por toda a região.

15. Et docebat in synagogis eorum, et glorificabatur a omnibus.
E ensinava nas sinagogas deles, sendo louvado por todos.

16. Et venit Nazareth, ubi erat nutritus; et intravit secundum consuetudinem suam die sabbati in synagogam, et surrexit legere.
E veio a Nazaré, onde fora criado; e entrou, conforme seu costume, na sinagoga no sábado, e levantou-se para ler.

17. Et data est ei volumen Prophetae Isaiae; et, cum aperuisset librum, invenit locum, ubi scriptum erat:
E deram-lhe o livro do Profeta Isaías; e, abrindo o livro, encontrou o lugar onde estava escrito:

18. Spiritus Domini super me, quoniam unxit me evangelizare pauperibus, misit me praedicare captivis remissionem, et caecis visum, dimittere confractos in remissione,
O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar aos cativos a libertação, e aos cegos a visão, para pôr em liberdade os oprimidos,

19. praedicare annum Domini acceptum, et diem retributionis nostri, ut solacium afferrem omnibus lugentibus;
para proclamar o ano da graça do Senhor, e o dia da retribuição, para consolar todos os que choram;

20. et ut darem illis qui lugent in Sion, coronam pro cinere, oleum laetitiae pro luctu, vestimentum laudis pro spiritu mœrori, ut vocarentur sermo iustitiae, plantatio Domini, ut glorificetur.
e para dar a todos os que choram em Sião uma coroa em lugar de cinzas, óleo de alegria em lugar de luto, veste de louvor em lugar de espírito angustiado, para que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para sua glória.

21. Et coepit dicere ad illos: Quoniam hodie impleta est haec scriptura in auribus vestris.
E começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.

22. Et omnes testimonium illi dederunt, et mirabantur in sermone gratiae, qui procedebat de ore ipsius, et dicebant: Nonne hic est filius Ioseph?
E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras de graça que saíam de sua boca, e diziam: Não é este o filho de José?


Reflexão:

"Quoniam hodie impleta est haec scriptura in auribus vestris."
"Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos." (Lucas 4:21)


Jesus, ao revelar sua missão messiânica, nos convida a viver em harmonia com o divino e com o próximo, trazendo libertação e cura para as dimensões mais profundas do ser humano. Seu anúncio na sinagoga é um convite à transformação interior, onde a visão espiritual é restaurada, e os corações oprimidos encontram a verdadeira liberdade. Ao proclamarmos o Evangelho, somos chamados a ser agentes de uma mudança cósmica, como Cristo, que não só cura, mas nos ensina a transcender as limitações da matéria para alcançar a plenitude do espírito. Em cada ato de amor e compaixão, participamos dessa missão redentora e nos aproximamos do ponto de convergência, onde o divino se torna imanente em nossa realidade.


HOMILIA

Homilia: O Despertar para a Missão Redentora

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje, em Lucas 4,14-22, nos apresenta um momento de profunda revelação na vida de Jesus. Ele, que retorna cheio do Espírito Santo, adentra a sinagoga de Nazaré e proclama a Sua missão: a libertação dos cativos, a restauração da visão dos cegos, e a oferta de um novo começo para todos aqueles que vivem na opressão.

Em nossos tempos, estamos cercados por tantas formas de aprisionamento: não apenas os grilhões da opressão física, mas também as correntes invisíveis que limitam nossa visão do mundo e de nós mesmos. Somos constantemente desafiados pela angústia existencial, pela busca incessante por significado e pela sensação de estar perdido no caos de uma sociedade que, muitas vezes, parece desprovida de propósito.

É nesse contexto que as palavras de Jesus ressoam mais profundamente. Ele nos chama para viver uma transformação radical, onde a verdadeira liberdade não é apenas a ausência de restrições externas, mas a plenitude do ser, quando conseguimos perceber nossa unidade com o divino e com o universo. Jesus, ao proclamar a missão de libertação, nos ensina que a verdadeira liberdade é a capacidade de transcender as limitações materiais e alcançar uma nova forma de existência, alinhada ao eterno.

Hoje, somos convidados a fazer mais do que simplesmente ouvir essas palavras. Somos chamados a integrá-las em nossa vida cotidiana. O que significa, para nós, sermos libertos do medo e da dúvida, da desesperança e do egoísmo? Significa, primeiramente, uma mudança interior. Significa a capacidade de ver além da superfície das situações e perceber a presença divina em todas as coisas. Jesus, ao dizer "hoje se cumpriu esta Escritura", nos convida a viver a realidade da graça agora, não como algo distante ou futurista, mas como uma transformação que deve acontecer a cada momento de nossa vida.

Em um mundo marcado por conflitos e divisões, essa transformação interior é a base para a verdadeira paz. Não é uma paz que vem de fora, imposta por circunstâncias ou conquistas temporárias, mas uma paz que nasce do profundo entendimento de que estamos conectados a algo maior, a algo eterno, que nos transcende e nos guia. A missão de Jesus, que Ele revela nas palavras de Isaías, é a nossa missão também: a de ser portadores da cura, da reconciliação e da esperança para o mundo.

Ao vivermos a missão redentora de Cristo, somos chamados a não apenas mudar a nossa própria vida, mas a atuar como agentes de transformação para todos ao nosso redor. Se queremos ser verdadeiramente livres, precisamos entender que nossa liberdade está intrinsecamente ligada à capacidade de servir e ao desejo de oferecer aos outros aquilo que recebemos de Deus: amor, compaixão e perdão.

Que, neste dia, possamos abrir nossos corações para a missão de Jesus, entendendo que a verdadeira liberdade começa no interior de cada um de nós. Que possamos viver com a consciência de que a transformação que buscamos no mundo exterior começa com a transformação profunda de nossa própria alma. E que, ao fazermos isso, sejamos sinais de luz e esperança para aqueles que ainda vivem na escuridão, buscando, como Jesus, a plena realização do ser humano em sua união com o divino.

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

O Cumprimento da Profecia: "Hoje se cumpriu esta Escritura"

A frase "Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos" (Lucas 4:21) é um dos momentos mais significativos no Evangelho de Lucas, onde Jesus se apresenta de forma clara como o Messias prometido. Essa declaração não é apenas uma simples afirmação sobre o cumprimento de uma profecia, mas também é uma revelação profunda sobre o plano de salvação de Deus, que começa a se concretizar em Cristo.

A Escritura e a Promessa Messiânica

Quando Jesus cita o profeta Isaías (Is 61:1-2), Ele está relembrando uma promessa de libertação, cura e restauração. Isaías fala de um futuro messiânico em que Deus iria enviar um Salvador para libertar os cativos, curar os cegos e restaurar a dignidade dos oprimidos. Para o povo de Israel, essa profecia representava a chegada de um novo tempo, um período em que as promessas de Deus se realizariam. No entanto, Jesus declara que esse tempo não é mais futuro, mas sim presente. "Hoje", Ele afirma, a promessa se cumpre. A libertação e a salvação não são mais algo a ser esperado, mas algo que está acontecendo agora, através de Sua própria pessoa e missão.

O "Hoje" da Salvação

A palavra "hoje" é carregada de significado. Não é apenas uma referência ao tempo cronológico, mas à concretização da vontade de Deus na história. Jesus não diz que o cumprimento da profecia ocorrerá no futuro; Ele diz que já começou no presente. O "hoje" de Jesus é, portanto, uma afirmação de que o Reino de Deus se iniciou com Sua vinda. Isso implica que a salvação não é algo distante, mas algo tangível e acessível aqui e agora, na vida cotidiana dos homens. A obra redentora de Cristo não está limitada a um momento histórico, mas está constantemente atualizada na Igreja e na vida de todos aqueles que creem.

O Papel do Ouvinte: A Responsabilidade de Ouvir

"Em vossos ouvidos" é outra expressão significativa. Jesus chama a atenção para a importância de ouvir a Sua palavra. O Evangelho não é simplesmente uma mensagem de salvação imposta, mas uma proposta de vida que requer uma resposta consciente e voluntária. O ato de ouvir as palavras de Jesus é o primeiro passo para experimentar a transformação que Ele oferece. Os ouvintes, ao escutarem essa palavra, são chamados a responder com fé, permitindo que a salvação comece a operar em suas vidas.

A Revelação do Messias e o Cumprimento da Esperança de Israel

Ao afirmar que Ele mesmo é o cumprimento da Escritura, Jesus revela sua identidade messiânica de forma clara e direta. Ele não é apenas um mensageiro do Reino, mas Ele próprio é o Reino encarnado. Sua missão não é apenas anunciar a salvação, mas ser, Ele mesmo, o Salvador. Este é o momento em que a esperança de Israel se concretiza, e a salvação prometida por Deus se torna realidade na pessoa de Jesus.

A Dimensão Escatológica: O Cumprimento Final

Embora Jesus tenha dito "hoje", essa afirmação também tem uma dimensão escatológica. "Hoje" não se limita apenas ao momento presente de Sua proclamação em Nazaré, mas também aponta para o cumprimento final da promessa de Deus no fim dos tempos. Jesus inaugura o Reino de Deus, mas Ele será plenamente consumado apenas quando Ele retornar. O "hoje" de Jesus, portanto, é uma antecipação do futuro glorioso, onde o Reino será totalmente estabelecido e a obra redentora será consumada.

Conclusão: A Realização da Salvação

Em resumo, a frase "Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos" não é apenas uma referência a um evento histórico, mas uma declaração teológica profunda sobre a presença de Deus no mundo e o início da realização do Seu plano de salvação. Jesus é o cumprimento das promessas de Deus, e a salvação, anunciada pelos profetas, já se tornou uma realidade presente. Ao ouvir essas palavras, somos convidados a abrir nossos corações para a ação transformadora de Deus em nossas vidas, para que possamos viver, desde já, a realidade do Reino de Deus.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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