Liturgia Diária
5 – DOMINGO
EPIFANIA DO SENHOR
(branco, glória, creio, prefácio da Epifania – ofício da solenidade)
Eis que vem o Senhor dos senhores; em suas mãos, o reino, o poder e o império (Ml 3,1; 1Cr 29,12).
Assim como os sábios que discerniram o chamado da estrela, somos conduzidos a contemplar o Mistério do Verbo Encarnado, plenitude do ser e da verdade. Jesus, Luz eterna que ilumina a consciência universal, manifesta-se à humanidade como o ponto de convergência entre o divino e o humano. Ele chama os corações abertos ao desígnio divino a transcenderem as limitações e a caminharem na direção da unidade integral, da justiça absoluta e da paz duradoura. Neste ano jubilar, permitamos que a estrela interior nos guie à comunhão com o Logos, revelação do Amor infinito que sustenta e transforma todas as coisas.
Mateus 2:1-12 (Vulgata)
1 Cum ergo natus esset Jesus in Bethlehem Juda, in diebus Herodis regis, ecce magi ab oriente venerunt Jerosolymam,
Tendo, pois, nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do Oriente a Jerusalém,
2 dicentes: Ubi est qui natus est rex Judæorum? Vidimus enim stellam ejus in oriente, et venimus adorare eum.
dizendo: Onde está o que nasceu, o rei dos judeus? Pois vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.
3 Audiens autem Herodes rex, turbatus est, et omnis Jerosolyma cum illo.
Ao ouvir isso, o rei Herodes ficou perturbado, e toda Jerusalém com ele.
4 Et congregans omnes principes sacerdotum, et scribas populi, sciscitabatur ab eis ubi Christus nasceretur.
E, reunindo todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde deveria nascer o Cristo.
5 At illi dixerunt: In Bethlehem Judæ: sic enim scriptum est per prophetam:
E eles lhe disseram: Em Belém da Judeia; pois assim está escrito pelo profeta:
6 Et tu Bethlehem terra Juda, nequaquam minima es in principibus Juda: ex te enim exiet dux, qui regat populum meum Israël.
E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre os príncipes de Judá, pois de ti sairá um líder que apascentará meu povo, Israel.
7 Tunc Herodes clam vocavit magos, et diligenter didicit ab eis tempus stellæ quæ apparuit eis.
Então Herodes, chamando secretamente os magos, investigou cuidadosamente deles o tempo em que a estrela lhes tinha aparecido.
8 Et mittens illos in Bethlehem, dixit: Ite, et interrogate diligenter de puero: et cum inveneritis, renuntiate mihi, ut et ego veniens adorem eum.
E, enviando-os a Belém, disse: Ide, investigai cuidadosamente sobre o menino, e, quando o encontrardes, avisai-me, para que eu também vá adorá-lo.
9 Qui cum audissent regem, abierunt: et ecce stella, quam viderant in oriente, antecedebat eos, usque dum veniens staret supra ubi erat puer.
E, tendo ouvido o rei, partiram. E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que, chegando, parou sobre o lugar onde estava o menino.
10 Videntes autem stellam gavisi sunt gaudio magno valde.
Vendo a estrela, ficaram extremamente alegres.
11 Et intrantes domum, invenerunt puerum cum Maria matre ejus, et procidentes adoraverunt eum: et apertis thesauris suis obtulerunt ei munera, aurum, thus et myrrham.
E, entrando na casa, encontraram o menino com Maria, sua mãe; e, prostrando-se, adoraram-no. E, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra.
12 Et responso accepto in somnis ne redirent ad Herodem, per aliam viam reversi sunt in regionem suam.
E, tendo recebido em sonho o aviso para não voltarem a Herodes, regressaram por outro caminho para a sua terra.
Reflexão:
"Et intrantes domum, invenerunt puerum cum Maria matre ejus, et procidentes adoraverunt eum."
"E, entrando na casa, encontraram o menino com Maria, sua mãe; e, prostrando-se, adoraram-no." (Mateus 2:11)
Essa frase destaca o encontro central com Cristo, a entrega plena na adoração e o reconhecimento da divindade de Jesus como o Salvador.
O relato dos magos nos convida a contemplar a busca humana pelo Absoluto, simbolizada pela estrela que guia à plenitude. Eles deixam tudo, movidos por um anseio transcendente, e reconhecem em Jesus o ponto de convergência entre o céu e a terra.
A jornada dos magos nos ensina que todo caminho sincero conduz à verdade quando é guiado pela luz divina. Seus presentes simbolizam a entrega total: o ouro do nosso ser, o incenso do nosso louvor e a mirra de nossas dores. Assim como eles, somos chamados a discernir a estrela interior que nos conduz à comunhão com o Eterno, reconhecendo que nossa existência só encontra sentido na busca e na contemplação do Verbo encarnado.
HOMILIA
A Jornada da Estrela: Um Chamado à Plenitude
Amados irmãos e irmãs, o relato dos magos no Evangelho de Mateus é mais do que uma narrativa histórica; é um convite atemporal para redescobrirmos o sentido da nossa jornada neste mundo. Guiados por uma estrela, esses sábios deixaram suas certezas e se abriram ao mistério do Divino, revelado na fragilidade de um menino.
Nos dias de hoje, enfrentamos crises profundas: divisões sociais, falta de esperança e um afastamento crescente do essencial. Assim como a estrela guiou os magos, somos chamados a buscar a luz que nos conduz ao centro de tudo: Cristo. Essa luz não está distante, mas brilha na inquietude do nosso coração, apontando para o que transcende nossas limitações e nos convida a construir um mundo mais justo e unido.
Os presentes dos magos – ouro, incenso e mirra – simbolizam a entrega total: nosso melhor, nossa adoração e nossas dores. E aqui reside o desafio atual. Estamos dispostos a oferecer a Cristo nossas riquezas, nossos louvores e até mesmo nossas feridas, para que Ele as transforme?
Neste tempo de incertezas, somos convidados a não seguir o caminho de Herodes, marcado pelo medo e pela manipulação, mas a imitar os magos, que ousaram trilhar outro caminho. Eles reconheceram que o verdadeiro poder não reside em tronos terrenos, mas na simplicidade do Amor encarnado.
Sigamos, então, a estrela que Deus acende em nossa vida. Ela nos chama a superar as trevas do egoísmo, a buscar o Bem maior e a viver em comunhão com todos os povos. Como os magos, deixemo-nos conduzir à presença do Salvador, que é a plenitude da vida e o sentido último de nossa existência. Amém.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Explicação Teológica da Frase: "E, entrando na casa, encontraram o menino com Maria, sua mãe; e, prostrando-se, adoraram-no." (Mateus 2:11)
Este versículo encapsula o mistério da Encarnação e o reconhecimento da divindade de Cristo por aqueles que, movidos pela fé, se abriram ao plano de Deus. A cena dos magos prostrando-se diante do menino Jesus é teologicamente rica e densa de significado, apontando para várias dimensões do mistério cristológico.
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A Encarnação como centro da história:
Os magos representam as nações gentias, que agora se aproximam da plenitude da revelação de Deus em Cristo. A casa em que entram simboliza a humanidade acolhendo Deus em sua história. Eles não encontram um rei em tronos de poder humano, mas o Rei dos reis na simplicidade de uma criança. Isso revela que Deus se manifesta nos lugares humildes e ordinários da vida, subvertendo nossas expectativas humanas de grandeza. -
Maria como Theotokos:
A presença de Maria é essencial. Ela é a Mãe de Deus, a primeira a aceitar o plano divino. Sua maternidade aponta para a centralidade da encarnação na economia da salvação: Deus escolheu vir ao mundo por meio de uma mulher, santificando a humanidade em seu próprio ser. -
A adoração como resposta à revelação:
A ação de prostrar-se dos magos reflete a resposta apropriada diante do mistério divino: adoração. Reconhecem que Jesus, mesmo na fragilidade da infância, é digno de honra e louvor. Este gesto aponta para a teologia da verdadeira adoração, que implica não apenas reconhecimento intelectual, mas também entrega total do coração e do ser. -
Os magos como modelos de busca espiritual:
A jornada dos magos simboliza a busca humana pelo Absoluto. Guiados pela estrela, encontram aquele que é a Luz do mundo. Eles representam todos aqueles que, ao longo da história, são chamados a sair de suas zonas de conforto e abrir-se à revelação de Deus. -
A universalidade da salvação:
Os magos, vindos de terras distantes, prefiguram a inclusão de todas as nações no plano salvífico de Deus. Esta é uma mensagem de esperança e de unidade, indicando que Jesus é o Salvador não apenas de Israel, mas de toda a humanidade. -
Teologia da oferta:
Os presentes trazidos – ouro, incenso e mirra – têm profundos significados teológicos. Ouro, para o Rei; incenso, para o Divino; e mirra, antecipando sua paixão e morte. Essas ofertas mostram que a verdadeira adoração envolve não apenas palavras, mas também ações e entrega concreta.
Este versículo nos convida a entrar também na "casa" da nossa alma e encontrar Cristo presente em nossas vidas. Ele nos desafia a reconhecer Sua presença, a imitarmos os magos em sua humildade, e a oferecermos nossos dons – nosso tempo, nossas vidas e nosso louvor – como resposta ao mistério do Amor que se fez carne.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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