quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 10:13-16 - 01.03.2025

Liturgia Diária


1 – SÁBADO 

7ª SEMANA COMUM


(verde – ofício do dia da 3ª semana do saltério)


Confiei no vosso amor, Senhor. Meu coração, por vosso auxílio, rejubile, e que eu vos cante pelo bem que me fizestes! (Sl 12,6).


Emanada da Fonte eterna do Ser, a consciência brilha em sacralidade, portadora da centelha primordial. Do nascimento ao ocaso, sua dignidade permanece inviolável, reflexo da Verdade que transcende o tempo. No mistério do devir, cada existência ressoa na harmonia do Absoluto, chamada à plenitude pela luz originária. Acolhamos, com pureza interior, o Amor que tudo sustém, princípio e fim de toda jornada. Na infinitude do Logos, cada essência encontra seu sentido, livre para ascender ao horizonte do eterno. Pois o que emana do princípio é imutável, e na eternidade do Ser repousa o destino da liberdade.



Evangelium: Marcus 10,13-16

13 Et offerebant illi parvulos, ut tangeret illos. Discipuli autem comminabantur offerentibus.
E traziam-lhe crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam.

14 Quos cum videret Jesus, indigne tulit, et ait illis: Sinite parvulos venire ad me, et ne prohibueritis eos: talium est enim regnum Dei.
Vendo isso, Jesus indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as crianças e não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus.

15 Amen dico vobis: Quisquis non receperit regnum Dei velut parvulus, non intrabit in illud.
Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele.

16 Et complexans eos, et imponens manus super illos, benedicebat eos.
E, abraçando-as, impunha-lhes as mãos e as abençoava.

Reflexão:

Sinite parvulos venire ad me, et ne prohibueritis eos: talium est enim regnum Dei.
Deixai vir a mim as crianças e não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus. (Marcos 10,14 )

A infância do espírito é abertura ao infinito, é a transparência que permite a luz penetrar sem resistência. O Reino não é posse, mas encontro, não é conquista, mas entrega. Quem se despoja das correntes da rigidez e acolhe o presente do ser, reencontra a liberdade originária. No olhar puro repousa a verdade, pois não se dobra ao peso das ilusões. Aquele que caminha sem temer o novo percorre a estrada da plenitude. O Eterno chama os que ousam confiar, sem reservas, no Amor que sustém tudo. Somente na confiança absoluta desvela-se o caminho que conduz à realização.


HOMILIA

A Infância do Espírito e o Chamado à Plenitude

No Evangelho segundo Marcos 10,13-16, Jesus nos revela uma verdade essencial: “Deixai vir a mim as crianças e não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus.” Essas palavras transcendem a imagem da infância biológica e nos conduzem a uma realidade mais profunda: a infância do espírito.

Vivemos tempos de grandes avanços e desafios. O mundo se expande em conhecimento, mas, muitas vezes, se distancia da sabedoria. Busca-se progresso, mas teme-se a simplicidade; valoriza-se a força, mas despreza-se a inocência. No entanto, Cristo nos recorda que o acesso à plenitude não está na posse do poder, mas na abertura ao infinito.

A criança simboliza aquele que se entrega à verdade sem reservas, que confia sem medo, que se maravilha sem limites. Quem deseja o Reino deve reencontrar essa pureza interior, esse olhar que vê além das aparências, que reconhece no outro não um adversário, mas um companheiro de jornada. Em um mundo onde a rigidez das ideologias endurece os corações e as estruturas sufocam a liberdade, o convite de Cristo ecoa como uma urgência: libertar-se do peso das ilusões e caminhar com leveza em direção à plenitude do ser.

Receber o Reino como uma criança é redescobrir a alegria de existir, é compreender que o verdadeiro poder não se impõe, mas floresce na autenticidade. É assumir a responsabilidade sobre si mesmo sem perder a capacidade de confiar. No dinamismo da vida, somos chamados a crescer sem perder a essência, a avançar sem esquecer que a verdade é um encontro, não uma imposição.

Hoje, quando tantos buscam segurança em estruturas rígidas e olham para o futuro com temor, Cristo nos ensina que o caminho é outro: não resistir ao fluxo da graça, não se apegar ao transitório, mas abrir-se ao que é eterno. A verdadeira grandeza não está na acumulação, mas na liberdade interior de quem sabe que a única posse real é o amor.

Que possamos, então, acolher o chamado de Cristo e, com o coração renovado pela confiança, caminhar rumo à plenitude que nos espera no horizonte do eterno.


EXXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Infância Espiritual e o Mistério do Reino

A afirmação de Jesus em Marcos 10,14 — “Deixai vir a mim as crianças e não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus” — é uma chave teológica para compreendermos a estrutura mesma do Reino de Deus e sua relação com a condição humana.

1. O Reino como Dom e Não como Conquista

Jesus não diz que o Reino de Deus será dado às crianças no futuro, mas que já lhes pertence. Isso significa que o Reino não é uma recompensa para quem o merece, mas uma realidade já presente naqueles que possuem a disposição interior adequada para recebê-lo. O Reino não é conquista, mas acolhimento; não se trata de um sistema a ser imposto, mas de um chamado a ser aceito.

2. A Criança como Arquétipo do Discípulo

Na tradição bíblica, a criança simboliza a dependência radical e a confiança absoluta. Diferente do adulto, que se esforça por controlar sua própria existência, a criança recebe a vida como dom, sem exigências ou reivindicações. Na lógica do Reino, essa disposição interior é essencial: não se entra no Reino pela força, pelo intelecto ou pelo poder, mas pela abertura confiante ao amor divino.

Além disso, a criança representa aquele que ainda não foi endurecido pelas convenções humanas, aquele cujo olhar não se fechou à novidade e cuja simplicidade não foi corrompida por sistemas de dominação. Ser como uma criança, portanto, significa libertar-se dos falsos mecanismos de segurança e abrir-se ao fluxo da graça.

3. O Perigo da Impedimento ao Reino

Quando Jesus diz “não as impeçais”, Ele não está apenas falando da literalidade de afastar crianças do seu contato. Esse impedimento assume uma dimensão espiritual: toda estrutura que distorce a simplicidade do encontro com Deus, toda mentalidade que substitui a liberdade do amor pelo peso da rigidez institucional ou ideológica, toda forma de apego ao poder que sufoca a pureza da fé impede o Reino de se manifestar.

A história humana está repleta de momentos em que os adultos da religião, da política e da cultura impedem o acesso à verdade divina por medo de perderem seus próprios privilégios. Jesus nos alerta contra isso: o Reino não pertence aos que impõem barreiras, mas aos que se tornam passagens para a graça.

4. A Criança e a Plenitude do Ser

Ser criança no sentido espiritual não significa permanecer na ignorância, mas atingir a plenitude da sabedoria que reconhece a verdade como algo a ser acolhido, e não possuído. Jesus não exalta a imaturidade, mas a leveza de quem não carrega o peso das ilusões. O Reino não pertence a quem acumula certezas rígidas, mas a quem permanece aberto ao infinito.

Dessa forma, a frase de Cristo é mais do que um ensinamento sobre crianças: é uma revelação profunda sobre a estrutura do próprio ser humano e seu chamado ao divino. O Reino de Deus se manifesta onde há transparência, confiança e liberdade — onde o espírito não se fecha à graça, mas a recebe como uma criança que, ao reconhecer-se pequena, encontra no Pai a verdadeira grandeza.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

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