sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 6:27-38 - 23.02.2025

 Liturgia Diária


23 – DOMINGO 

7º DOMINGO DO TEMPO COMUM


(verde, glória, creio – 3ª semana do saltério)


Confiei no vosso amor, Senhor. Meu coração, por vosso auxílio, rejubile, e que eu vos cante pelo bem que me fizestes! (Sl 12,6)


O Uno, fonte de toda compaixão, chama cada ser à ressonância do amor que transcende limites. O dinamismo desse chamado impulsiona a consciência a expandir-se, acolhendo o outro sem barreiras, na plenitude do reconhecimento. A grande harmonia não se impõe pela dissolução das diferenças, mas pela convergência no bem maior. No fluxo do eterno, superamos ilusões de separação e permitimos que o perdão e a luz interior manifestem a essência que nos une. Assim, tornamo-nos reflexo vivo da inteligência divina, onde o amor se realiza como princípio e fim.



Evangelium secundum Lucam 6,27-38

27.
Sed ego dico vobis qui auditis: Diligite inimicos vestros, benefacite his qui oderunt vos,
Mas eu vos digo, a vós que escutais: Amem os vossos inimigos, façam o bem aos que vos odeiam,

28.
benedicite maledicentibus vobis, orate pro calumniantibus vobis.
Abençoai os que vos amaldiçoam, e orai pelos que vos caluniam.

29.
Et ei qui percusserit te in uno maxillam, offre et alteram; et a tollente tunicam tuam, ne prohibe pallium.
E a quem te bater na face, oferece-lhe também a outra; e ao que te tomar a túnica, não impeças também a capa.

30.
Omni petenti te da, et a tuo tollenti non reposces.
Dá a quem te pede, e ao que toma o que é teu, não exijas de volta.

31.
Et sicut vultis ut faciant vobis homines, facite eis similiter.
E, assim como quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também da mesma maneira.

32.
Si enim diligitis eos qui vos diligunt, qualis gratia est vobis? etiam peccatores amant eos qui se diligunt.
Porque, se amais os que vos amam, que mérito tendes? Até os pecadores amam os que os amam.

33.
Et si benefeceritis his qui vobis benefaciunt, qualis gratia est vobis? etiam peccatores hoc faciunt.
E, se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito tendes? Também os pecadores fazem o mesmo.

34.
Et si mutuam accepistis ab eis, quibus speratis reddi, qualis gratia est vobis? etiam peccatores peccatoribus mutuantes, ut retribuatur eis simile.
E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, que mérito tendes? Até os pecadores emprestam aos pecadores para que lhes seja devolvido o mesmo.

35.
Sed diligite inimicos vestros, et benefacite, et mutuum date nihil inde sperantes, et erit merces vestra multa, et eritis filii Altissimi, quia ipse benignus est super ingratos et malos.
Mas amai os vossos inimigos, e fazei o bem, e emprestai, não esperando nada em troca, e a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom para com os ingratos e maus.

36.
Estote misericordes, sicut et Pater vester misericors est.
Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso.

37.
Nolite iudicare, et non iudicabimini; nolite condemnare, et non condemnabimini; remittite, et dimittetur vobis.
Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.

38.
Date, et dabitur vobis: mensuram bonam, pressam, conspertam, et superfluentem dabunt in sinum vestrum.
Dai, e ser-vos-á dado: uma medida boa, recalcada, sacudida e transbordante vos darão no vosso regaço.


Reflexão:

"Estote ergo misericordes, sicut et Pater vester misericors est." 

"Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso." (Lucas 6:36)

A mensagem de Cristo é um convite à transcendência das barreiras que limitam o amor humano, chamando-nos a refletir sobre nossa verdadeira natureza, que é imersa na bondade infinita. O ato de perdoar e de fazer o bem sem esperar retribuição simboliza a superação do egoísmo e a manifestação da consciência coletiva. Essa prática não é uma mera conformidade, mas uma construção dinâmica do ser, que se abre ao incondicional. Ao dar sem esperar, não apenas transformamos as relações, mas nos alinhamos com a harmonia universal, sendo reflexos da bondade divina. A medida que tomamos como exemplo o Pai misericordioso, a nossa própria evolução se intensifica, expandindo-se em direção ao todo. A não resistência ao mal, mas a conversão do mesmo, é a chave para uma evolução verdadeira. O Reino não é um destino final, mas o caminho da contínua revelação do amor, em que cada ato de compaixão contribui para o crescimento global da consciência.


HOMILIA

O Caminho da Misericórdia e a Plenitude do Ser

O Evangelho de Lucas 6,27-38 nos lança um desafio que transcende o entendimento comum: amar os inimigos, fazer o bem aos que nos odeiam, bendizer os que nos amaldiçoam e orar pelos que nos perseguem. Em um mundo fragmentado pelo individualismo, pelo medo e pela constante disputa de interesses, essas palavras soam como um chamado à superação da lógica da retribuição e à construção de uma nova ordem baseada no amor expansivo e incondicional.

A misericórdia proposta por Cristo não é um gesto passivo, mas um movimento dinâmico que amplia a consciência e nos insere em um fluxo contínuo de transformação. Ao amar sem exigir retorno, ao dar sem esperar recompensa, rompemos as barreiras do ego e entramos em sintonia com a realidade mais profunda da existência. A vida, em sua plenitude, não se sustenta na acumulação nem na competição, mas na capacidade de gerar convergência, de integrar e elevar todas as coisas em direção a um horizonte maior.

Hoje, em meio à polarização ideológica, à intolerância e à sede de vingança que marcam tantas relações humanas, esse Evangelho nos convida a sermos agentes de reconciliação. A medida do nosso amor não pode ser a do mundo, mas a do Pai, cuja misericórdia é infinita e incondicional. Quem perdoa expande sua própria liberdade; quem doa sem limites se torna pleno; quem vê no outro, mesmo no adversário, uma centelha da verdade, participa da grande comunhão que sustenta todas as coisas.

O Reino de Deus não se impõe pela força, mas se manifesta naqueles que escolhem o amor como princípio e caminho. Não se trata de um ideal ingênuo, mas da mais alta realização do ser. Aquele que se abre ao amor misericordioso descobre que dar é receber, que perder é ganhar, que a verdadeira justiça não está no julgamento, mas na regeneração. Eis a grandeza do chamado: viver de tal modo que nossa existência ressoe como um reflexo do amor que não conhece limites.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Misericórdia como Reflexo da Plenitude Divina

A frase de Jesus em Lucas 6:36, "Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso", contém a essência da vida cristã e do mistério da relação entre Deus e o ser humano. Aqui, Cristo não apresenta apenas um imperativo moral, mas revela uma dimensão ontológica: a misericórdia não é um simples ato de bondade, mas uma participação na própria natureza divina.


O Fundamento Bíblico da Misericórdia

No Antigo Testamento, a misericórdia de Deus é frequentemente associada à Sua fidelidade à aliança, expressa no termo hebraico ḥesed, que remete a um amor constante, generoso e imutável. Deus é misericordioso não porque responde às ações humanas, mas porque Sua essência é o amor incondicional. Quando Jesus nos chama a sermos misericordiosos como o Pai, Ele nos convida a viver não conforme os critérios humanos de justiça, mas segundo a lógica divina, onde o amor precede qualquer mérito e supera qualquer falta.


Misericórdia: O Caminho da Verdadeira Liberdade

A misericórdia, nesse contexto, não é uma fraqueza ou condescendência com o erro, mas a expressão mais autêntica da liberdade. Aquele que age com misericórdia não se prende à necessidade de retribuição ou vingança, mas participa do dinamismo da graça, que liberta tanto quem a concede quanto quem a recebe. Dessa forma, a misericórdia não é apenas um mandamento, mas um caminho de ascensão espiritual, pois nos conforma à imagem de Deus.


Jesus: A Misericórdia Encarnada

Jesus, ao longo de Seu ministério, não apenas pregou sobre a misericórdia, mas a encarnou de forma absoluta. Ele perdoou os pecadores, acolheu os marginalizados e, na cruz, estendeu Seu amor até àqueles que O crucificavam. O chamado à misericórdia, portanto, é um chamado à cruz, ao esvaziamento de si para que o amor de Deus possa transparecer em nossa existência.


A Lógica do Dom: Superando a Cultura da Retribuição

Ser misericordioso como o Pai significa viver de maneira expansiva, sem barreiras ou exclusões, reconhecendo que todos estão incluídos na economia da graça divina. Significa também romper com a lógica da retribuição e adentrar a lógica do dom, onde o bem é oferecido sem cálculos ou reservas.


A Misericórdia no Mundo Atual

Diante dos desafios do mundo atual, essa mensagem se torna ainda mais radical. A cultura da indiferença e do julgamento imediato nos leva a dividir a humanidade entre merecedores e indignos, entre aliados e inimigos. Mas Cristo nos lembra que a misericórdia de Deus é infinita e que, ao nos tornarmos misericordiosos, ultrapassamos as barreiras do ego e nos tornamos verdadeiramente filhos de Deus, refletindo na terra aquilo que se realiza plenamente no Céu.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

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