Liturgia Diária
28 – SEXTA-FEIRA
7ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Confiei no vosso amor, Senhor. Meu coração, por vosso auxílio, rejubile, e que eu vos cante pelo bem que me fizestes! (Sl 12,6)
Nada se compara àquele que caminha conosco na verdade, pois sua presença é um tesouro oculto no tempo. O Amigo supremo é Cristo, que doou sua própria vida como luz para nossa existência. Nele, a amizade transcende laços efêmeros e se torna vínculo eterno. Que nesta Eucaristia, o sopro divino renove a aliança que une almas na fidelidade. Que o amor se expanda, dissolvendo distâncias e restaurando corações feridos. No silêncio do sagrado, que a unidade se fortaleça, elevando famílias e selando compromissos na eternidade. Pois na comunhão do Espírito, cada encontro é chamado à plenitude.
Evangelium secundum Marcum (10,1-12)
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Et inde exsurgens venit in fines Iudææ ultra Iordanem: et conveniunt iterum turbæ ad eum: et sicut consueverat, iterum docebat illos.
E, levantando-se dali, veio para os confins da Judeia, além do Jordão; e novamente as multidões se reuniram junto dele, e, como de costume, novamente as ensinava. -
Et accedentes pharisæi interrogabant eum, si licet viro uxorem dimittere: tentantes eum.
E, aproximando-se, os fariseus o interrogavam se era lícito ao homem despedir sua esposa, tentando-o. -
At ille respondens, dixit eis: Quid vobis præcepit Moyses?
Mas ele, respondendo, disse-lhes: Que vos ordenou Moisés? -
Qui dixerunt: Moyses permisit libellum repudii scribere, et dimittere.
Eles disseram: Moisés permitiu escrever uma carta de divórcio e despedir a esposa. -
Quibus respondens Iesus, ait: Ad duritiam cordis vestri scripsit vobis præceptum istud.
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza do vosso coração ele vos escreveu este preceito. -
Ab initio autem creaturæ masculum et feminam fecit eos Deus.
Mas, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. -
Propter hoc relinquet homo patrem suum et matrem, et adhærebit ad uxorem suam.
Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua esposa. -
Et erunt duo in carne una: itaque iam non sunt duo, sed una caro.
E serão dois em uma só carne; assim, já não são dois, mas uma só carne. -
Quod ergo Deus coniunxit, homo non separet.
Portanto, o que Deus uniu, o homem não o separe. -
Et in domo iterum discipuli de eodem interrogaverunt eum.
E, em casa, novamente os discípulos o interrogaram sobre isso. -
Et dicit illis: Quicumque dimiserit uxorem suam, et aliam duxerit, adulterium committit super eam.
E disse-lhes: Quem despedir sua esposa e casar com outra, comete adultério contra ela. -
Et si uxor dimiserit virum suum, et alii nupserit, moechatur.
E se a mulher despedir seu marido e casar com outro, comete adultério.
Reflexão
"Quod ergo Deus coniunxit, homo non separet."
"Portanto, o que Deus uniu, o homem não o separe." (Marcos 10,9)
Desde o princípio, o chamado humano é para a comunhão. A união verdadeira não é prisão, mas encontro que eleva e fortalece. Quando o egoísmo obscurece esse vínculo, a essência do amor se dilui. A liberdade autêntica não está em dissolver compromissos, mas em transfigurá-los na fidelidade consciente. O fogo da verdade purifica a relação, tornando-a um reflexo do eterno. O que é construído sobre a plenitude do ser permanece além do tempo. Separar o que foi unido na luz é obscurecer a própria essência. Pois no Amor que transcende, a aliança se faz caminho à plenitude.
HOMILIA
O Chamado à Plenitude no Amor
O ensinamento de Jesus em Marcos 10,9 – "Portanto, o que Deus uniu, o homem não o separe." – revela uma verdade profunda sobre a essência da comunhão humana. Não se trata apenas da indissolubilidade do matrimônio, mas de um princípio cósmico que perpassa todas as relações autênticas: a unidade como expressão da plenitude do ser. O amor verdadeiro não se baseia em convenções passageiras, mas na convergência dos corações em um vínculo que reflete a ordem divina.
No mundo de hoje, marcado pela fragmentação e pelo individualismo, a tendência de dissolver compromissos tornou-se comum. O efêmero parece mais atrativo que o permanente, e o desejo de satisfação pessoal muitas vezes sobrepõe-se à construção de relações sólidas. Contudo, a verdadeira liberdade não está em romper laços, mas em aprofundá-los, em transformar a convivência em um caminho de crescimento mútuo.
Jesus nos ensina que o amor autêntico exige entrega, renúncia ao egoísmo e um olhar que vai além das aparências. No matrimônio, na amizade e nas relações humanas em geral, a unidade não é apenas um ideal moral, mas uma necessidade espiritual. Separar o que foi unido por Deus não significa apenas desfazer um laço jurídico, mas interromper um processo de amadurecimento do ser.
A humanidade avança quando compreende que a união não anula a individualidade, mas a eleva. O amor não é uma prisão, mas um impulso para que cada um se torne mais plenamente aquilo que é chamado a ser. O desafio de nossos tempos não é apenas preservar as relações, mas restaurá-las na luz da verdade, fortalecendo os vínculos para que sejam fontes de crescimento e realização.
Que possamos, diante das dificuldades do presente, compreender que a plenitude não está na fuga, mas na fidelidade ao caminho trilhado. E que, ao compreender o verdadeiro sentido da unidade, possamos construir relações que sejam reflexos do amor que permanece para além do tempo.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
A Unidade como Princípio Teológico e Existencial
A frase de Jesus em Marcos 10,9 – "Portanto, o que Deus uniu, o homem não o separe." – contém uma profundidade teológica que ultrapassa a mera defesa da indissolubilidade do matrimônio. Ela aponta para um princípio fundamental da Criação, no qual a unidade não é apenas um mandamento moral, mas uma expressão da própria ordem divina.
Desde o Gênesis, Deus cria não como um ato de dispersão, mas de convergência. O homem e a mulher são chamados a serem "uma só carne" (Gn 2,24), não apenas como uma união biológica, mas como uma comunhão ontológica que reflete a própria harmonia divina. A separação arbitrária dessa unidade não é apenas um ato humano, mas uma ruptura com o desígnio de Deus.
No contexto do matrimônio, essa verdade ganha um sentido mais específico: o amor conjugal é um sinal visível da aliança de Deus com a humanidade. Separar o que Deus uniu é, portanto, distorcer esse sinal, tornando-o uma mera formalidade jurídica ou uma convenção social. O matrimônio não é apenas um contrato entre partes, mas uma realidade sagrada na qual Deus mesmo está presente, fortalecendo e santificando a união.
Entretanto, a profundidade da frase vai além do matrimônio. Ela revela um princípio espiritual: tudo o que Deus une – seja no amor, na amizade, na comunhão eclesial, na busca pela verdade – não pode ser dissolvido sem consequências espirituais. Cada vez que o homem age contra essa unidade, ele se afasta da plenitude e fragmenta a própria realidade.
O desafio contemporâneo está em reconhecer que a unidade não significa uniformidade, mas um dinamismo no qual as diferenças não se anulam, mas se integram em um todo superior. Deus não impõe a unidade como um peso, mas como um chamado à maturidade espiritual. Quem busca separação por comodidade ou egoísmo perde a oportunidade de crescer e se transformar pelo amor que exige fidelidade, sacrifício e transcendência.
Assim, essa frase de Cristo nos convida a rever não apenas o compromisso conjugal, mas nossa postura diante das relações essenciais da vida. Em um mundo que exalta a autonomia sem compromisso, Jesus nos recorda que a verdadeira liberdade se encontra no amor que se entrega, que persevera e que reflete a comunhão eterna do próprio Deus.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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