Liturgia Diária
27 – QUINTA-FEIRA
7ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Confiei no vosso amor, Senhor. Meu coração, por vosso auxílio, rejubile, e que eu vos cante pelo bem que me fizestes! (Sl 12,6)
A imensidão da Misericórdia divina transcende toda medida, irradiando-se como um fulgor inextinguível no seio da Criação. No entanto, para que sua luz se integre plenamente à consciência, é imprescindível que reconheçamos as sombras que obscurecem nosso ser e nos empenhemos na ascensão rumo à retidão, alinhando nossa essência ao Verbo que ordena todas as coisas. No altar da eternidade, entreguemo-nos ao Mistério que tudo permeia, suplicando que nos transfigure, para que cada pulsação de nosso ser se harmonize com a substância viva do Reino.
Evangelium secundum Marcum (9,41-50)
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Quisquis enim potum dederit vobis calicem aquae in nomine meo, quia Christi estis: amen dico vobis, non perdet mercedem suam.
Quem vos der um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo, não perderá sua recompensa. -
Et quisquis scandalizaverit unum ex his pusillis credentibus in me: bonum est ei magis si circumdaretur mola asinaria collo ejus, et in mare mitteretur.
E quem escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem ao mar. -
Et si scandalizaverit te manus tua, amputa illam: bonum est tibi debilem introire in vitam, quam duas manus habentem ire in gehennam, in ignem inextinguibilem.
E se tua mão te escandaliza, corta-a; melhor te é entrar na vida mutilado, do que, tendo duas mãos, ir para a geena, para o fogo inextinguível. -
Ubi vermis eorum non moritur, et ignis non extinguitur.
Onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. -
Et si pes tuus scandalizat te, amputa illum: bonum est tibi claudum introire in vitam, quam duos pedes habentem mitti in gehennam, in ignem inextinguibilem.
E se teu pé te escandaliza, corta-o; melhor te é entrar na vida coxo, do que, tendo dois pés, seres lançado na geena, no fogo inextinguível. -
Ubi vermis eorum non moritur, et ignis non extinguitur.
Onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. -
Quod si oculus tuus scandalizat te, ejice eum: bonum est tibi luscum introire in regnum Dei, quam duos oculos habentem mitti in gehennam ignis.
E se teu olho te escandaliza, lança-o fora; melhor te é entrar no Reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois, seres lançado na geena do fogo. -
Ubi vermis eorum non moritur, et ignis non extinguitur.
Onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. -
Omnis enim igne salietur, et omnis victima sale salietur.
Porque todos serão salgados pelo fogo, e toda vítima será salgada com sal. -
Bonum est sal: quod si sal insulsum fuerit, in quo illud condietis? Habete in vobis sal, et pacem habete inter vos.
Bom é o sal; mas, se o sal perder o seu sabor, com que se há de restaurar? Tende em vós o sal e vivei em paz uns com os outros.
Reflexão:
Bonum est sal: quod si sal insulsum fuerit, in quo illud condietis? Habete in vobis sal, et pacem habete inter vos.
Bom é o sal; mas, se o sal perder o seu sabor, com que se há de restaurar? Tende em vós o sal e vivei em paz uns com os outros. (Mc 9:50)
Este versículo sintetiza o chamado à autenticidade e à preservação da essência espiritual, destacando a necessidade de manter viva a chama interior para ser verdadeiramente luz no mundo.
Se o universo se move para a plenitude, também o ser humano deve ordenar sua existência na direção do verdadeiro centro, onde a chama divina não se apaga. Cada escândalo que desvia a alma da verdade é um peso que impede sua ascensão. O Reino não se constrói na soma de acúmulos, mas na purificação do essencial. Se há partes do ser que obscurecem a luz interior, devem ser deixadas para trás, pois somente aquele que aceita o refinamento do fogo chegará à plena realização. O sal preserva, mas sem sabor perde sua razão de ser; assim também a alma, se não conserva em si o ímpeto da transcendência, dissipa-se no transitório.
HOMILIA
O Fogo que Purifica e o Sal que Preserva
Amados irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos apresenta palavras incisivas de Cristo, que nos convidam a uma profunda reflexão sobre nossa jornada espiritual e o modo como nos posicionamos no mundo. O Senhor nos fala sobre a necessidade de cortar de nossa vida tudo o que nos afasta do Reino e sobre a importância do "sal" que devemos ter em nós mesmos.
Vivemos tempos paradoxais. De um lado, a sociedade avança com notáveis conquistas em conhecimento, liberdade e responsabilidade pessoal. Por outro, cresce também uma confusão interior, um relativismo que dissolve os valores fundamentais e deixa muitos sem direção. Diante disso, o chamado de Cristo torna-se ainda mais urgente: precisamos conservar em nós a substância do sal, que dá sabor à existência e sentido às nossas escolhas.
Quando Ele nos diz: "Se tua mão te escandaliza, corta-a" (Mc 9,43), não fala de uma mutilação física, mas de um desprendimento radical de tudo o que nos impede de crescer na verdade. Em um mundo onde somos tentados a acumular, a reter e a nos apegar ao supérfluo, Jesus nos ensina que o essencial não está na quantidade do que possuímos, mas na pureza do que somos. Aquilo que nos distrai do amor, da justiça e da busca sincera pela verdade precisa ser deixado para trás.
O fogo que Cristo menciona não é uma condenação destrutiva, mas um elemento de transformação. "Todos serão salgados pelo fogo" (Mc 9,49) – isso significa que todos passaremos pelo crisol da provação, onde o que é superficial será queimado e somente o essencial permanecerá. Quem teme o fogo da purificação teme, na verdade, o próprio crescimento. Mas sem essa passagem, corremos o risco de nos tornar como o sal insípido, que já não cumpre sua missão e se dissipa na inutilidade.
O mundo de hoje precisa de pessoas que tenham o sal da autenticidade, que não se deixem corromper por modismos vazios ou por um pensamento que esvazia a dignidade humana. A verdadeira liberdade não está em fazer o que se quer, mas em escolher o que realmente constrói. A paz que Cristo nos propõe não é uma simples ausência de conflito, mas um estado de harmonia que só pode existir onde há verdade e coerência interior.
Que cada um de nós, ao ouvir este chamado, se pergunte: o que em mim precisa ser purificado? O que devo deixar para trás para que minha vida tenha sentido pleno? Como posso ser sal e fogo neste tempo? Que o Senhor nos conceda a coragem de não temer a transformação, para que, ao final, sejamos dignos de entrar na Vida, não como quem acumulou muito, mas como quem se tornou verdadeiramente inteiro.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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