terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 9:41-50 - 27.02.2025

 Liturgia Diária


27 – QUINTA-FEIRA 

7ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Confiei no vosso amor, Senhor. Meu coração, por vosso auxílio, rejubile, e que eu vos cante pelo bem que me fizestes! (Sl 12,6)


A imensidão da Misericórdia divina transcende toda medida, irradiando-se como um fulgor inextinguível no seio da Criação. No entanto, para que sua luz se integre plenamente à consciência, é imprescindível que reconheçamos as sombras que obscurecem nosso ser e nos empenhemos na ascensão rumo à retidão, alinhando nossa essência ao Verbo que ordena todas as coisas. No altar da eternidade, entreguemo-nos ao Mistério que tudo permeia, suplicando que nos transfigure, para que cada pulsação de nosso ser se harmonize com a substância viva do Reino.



Evangelium secundum Marcum (9,41-50)

  1. Quisquis enim potum dederit vobis calicem aquae in nomine meo, quia Christi estis: amen dico vobis, non perdet mercedem suam.
    Quem vos der um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo, não perderá sua recompensa.

  2. Et quisquis scandalizaverit unum ex his pusillis credentibus in me: bonum est ei magis si circumdaretur mola asinaria collo ejus, et in mare mitteretur.
    E quem escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem ao mar.

  3. Et si scandalizaverit te manus tua, amputa illam: bonum est tibi debilem introire in vitam, quam duas manus habentem ire in gehennam, in ignem inextinguibilem.
    E se tua mão te escandaliza, corta-a; melhor te é entrar na vida mutilado, do que, tendo duas mãos, ir para a geena, para o fogo inextinguível.

  4. Ubi vermis eorum non moritur, et ignis non extinguitur.
    Onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.

  5. Et si pes tuus scandalizat te, amputa illum: bonum est tibi claudum introire in vitam, quam duos pedes habentem mitti in gehennam, in ignem inextinguibilem.
    E se teu pé te escandaliza, corta-o; melhor te é entrar na vida coxo, do que, tendo dois pés, seres lançado na geena, no fogo inextinguível.

  6. Ubi vermis eorum non moritur, et ignis non extinguitur.
    Onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.

  7. Quod si oculus tuus scandalizat te, ejice eum: bonum est tibi luscum introire in regnum Dei, quam duos oculos habentem mitti in gehennam ignis.
    E se teu olho te escandaliza, lança-o fora; melhor te é entrar no Reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois, seres lançado na geena do fogo.

  8. Ubi vermis eorum non moritur, et ignis non extinguitur.
    Onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.

  9. Omnis enim igne salietur, et omnis victima sale salietur.
    Porque todos serão salgados pelo fogo, e toda vítima será salgada com sal.

  10. Bonum est sal: quod si sal insulsum fuerit, in quo illud condietis? Habete in vobis sal, et pacem habete inter vos.
    Bom é o sal; mas, se o sal perder o seu sabor, com que se há de restaurar? Tende em vós o sal e vivei em paz uns com os outros.


Reflexão:

Bonum est sal: quod si sal insulsum fuerit, in quo illud condietis? Habete in vobis sal, et pacem habete inter vos.
Bom é o sal; mas, se o sal perder o seu sabor, com que se há de restaurar? Tende em vós o sal e vivei em paz uns com os outros. (Mc 9:50)

Este versículo sintetiza o chamado à autenticidade e à preservação da essência espiritual, destacando a necessidade de manter viva a chama interior para ser verdadeiramente luz no mundo.

Se o universo se move para a plenitude, também o ser humano deve ordenar sua existência na direção do verdadeiro centro, onde a chama divina não se apaga. Cada escândalo que desvia a alma da verdade é um peso que impede sua ascensão. O Reino não se constrói na soma de acúmulos, mas na purificação do essencial. Se há partes do ser que obscurecem a luz interior, devem ser deixadas para trás, pois somente aquele que aceita o refinamento do fogo chegará à plena realização. O sal preserva, mas sem sabor perde sua razão de ser; assim também a alma, se não conserva em si o ímpeto da transcendência, dissipa-se no transitório.


HOMILIA

O Fogo que Purifica e o Sal que Preserva

Amados irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos apresenta palavras incisivas de Cristo, que nos convidam a uma profunda reflexão sobre nossa jornada espiritual e o modo como nos posicionamos no mundo. O Senhor nos fala sobre a necessidade de cortar de nossa vida tudo o que nos afasta do Reino e sobre a importância do "sal" que devemos ter em nós mesmos.

Vivemos tempos paradoxais. De um lado, a sociedade avança com notáveis conquistas em conhecimento, liberdade e responsabilidade pessoal. Por outro, cresce também uma confusão interior, um relativismo que dissolve os valores fundamentais e deixa muitos sem direção. Diante disso, o chamado de Cristo torna-se ainda mais urgente: precisamos conservar em nós a substância do sal, que dá sabor à existência e sentido às nossas escolhas.

Quando Ele nos diz: "Se tua mão te escandaliza, corta-a" (Mc 9,43), não fala de uma mutilação física, mas de um desprendimento radical de tudo o que nos impede de crescer na verdade. Em um mundo onde somos tentados a acumular, a reter e a nos apegar ao supérfluo, Jesus nos ensina que o essencial não está na quantidade do que possuímos, mas na pureza do que somos. Aquilo que nos distrai do amor, da justiça e da busca sincera pela verdade precisa ser deixado para trás.

O fogo que Cristo menciona não é uma condenação destrutiva, mas um elemento de transformação. "Todos serão salgados pelo fogo" (Mc 9,49) – isso significa que todos passaremos pelo crisol da provação, onde o que é superficial será queimado e somente o essencial permanecerá. Quem teme o fogo da purificação teme, na verdade, o próprio crescimento. Mas sem essa passagem, corremos o risco de nos tornar como o sal insípido, que já não cumpre sua missão e se dissipa na inutilidade.

O mundo de hoje precisa de pessoas que tenham o sal da autenticidade, que não se deixem corromper por modismos vazios ou por um pensamento que esvazia a dignidade humana. A verdadeira liberdade não está em fazer o que se quer, mas em escolher o que realmente constrói. A paz que Cristo nos propõe não é uma simples ausência de conflito, mas um estado de harmonia que só pode existir onde há verdade e coerência interior.

Que cada um de nós, ao ouvir este chamado, se pergunte: o que em mim precisa ser purificado? O que devo deixar para trás para que minha vida tenha sentido pleno? Como posso ser sal e fogo neste tempo? Que o Senhor nos conceda a coragem de não temer a transformação, para que, ao final, sejamos dignos de entrar na Vida, não como quem acumulou muito, mas como quem se tornou verdadeiramente inteiro.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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