segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 9:38-40 - 26.02.2025

 Liturgia Diária


26 – QUARTA-FEIRA 

7ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Confiei no vosso amor, Senhor. Meu coração, por vosso auxílio, rejubile, E que eu vos cante pelo bem que me fizestes! (Sl 12,6)


A sabedoria, em sua essência divina, é a emanação do próprio Logos, irradiando a vida àqueles que nela se plasmam e acolhendo os que, na pureza da busca, a anseiam. Ela dissolve as ilusões da autossuficiência e desvela o véu das separações ilusórias, abrindo-nos à percepção da Verdade que resplandece em toda manifestação do Bem. Elevemos, pois, nossa súplica no alento do salmista: "Que me ajudem, Senhor, vossos conselhos", para que sejamos conduzidos pelo sopro da Sabedoria ao seio da Luz inextinguível.



Evangelium secundum Marcum 9,38-40

38 Respondit illi Joannes, dicens: Magister, vidimus quemdam in nomine tuo ejicientem dæmonia, qui non sequitur nos, et prohibuimus eum.
João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um homem expulsando demônios em teu nome, que não nos segue, e nós o proibimos.

39 Jesus autem ait: Nolite prohibere eum: nemo est enim qui faciat virtutem in nomine meo, et possit cito male loqui de me.
Jesus, porém, disse: Não o proibais, pois ninguém que faça um milagre em meu nome poderá logo depois falar mal de mim.

40 Qui enim non est adversum vos, pro vobis est.
Pois quem não é contra vós, é por vós.

Reflexão:

Qui enim non est adversum vos, pro vobis est.

Pois quem não é contra vós, é por vós. (Marcos 9,40)

A Verdade não se limita a formas visíveis nem a estruturas delineadas, mas pulsa em todo ser que a manifesta. Aquele que age no espírito do Bem, ainda que não esteja na ordem aparente, participa da obra divina. A coerência com o princípio da Luz transcende os limites institucionais e aponta para a convergência de todas as consciências na plenitude do Ser. No caminho do real crescimento, importa menos a origem da ação e mais sua harmonia com a Fonte. Na medida em que a liberdade conduz ao reconhecimento da unidade, dissolve-se a ilusão da separação. O amor autêntico acolhe, amplia e integra. Pois onde há Verdade, há comunhão.


HOMILIA

Título: A Verdade no Caminho da Unidade

No Evangelho de Marcos 9,38-40, João nos apresenta uma situação que nos remete à eterna busca pela verdade e à fragilidade humana diante da tentação da exclusão. Ele vê alguém realizando um ato de bondade e poder em nome de Jesus, mas, por não estar no seu círculo imediato, o impediu. O mestre, porém, ensina uma lição de amplitude e abertura: "Quem não é contra vós, é por vós."

Vivemos em tempos marcados pela divisão, pela fragmentação das ideias e pela tendência de excluir aqueles que não partilham das mesmas crenças ou afiliações. As redes sociais, a política, e até mesmo as conversas cotidianas são palco de discursos que polarizam e criam muros, em vez de pontes. A luta pela verdade parece cada vez mais estar entre aqueles que defendem uma ideia rígida e aqueles que buscam outra. A liberdade, muitas vezes, é entendida como a possibilidade de se afirmar exclusivamente, sem reconhecer as verdades que se entrelaçam além da nossa visão imediata.

No entanto, o Evangelho nos chama a olhar além das barreiras externas, a perceber que a obra divina pode se manifestar através de muitos caminhos. Aquele homem, que agia em nome de Cristo, mesmo fora da estrutura dos discípulos, estava, na verdade, participando da mesma verdade que Jesus veio revelar. A presença do bem e da verdade não se limita a um grupo, a uma instituição ou a uma doutrina particular. Ela transborda e permeia toda a criação, convidando todos os corações que buscam a luz a se unir em uma harmonia mais profunda.

Aqui, vemos a chave para uma verdadeira transformação nos tempos atuais: a capacidade de perceber que a verdade não é propriedade exclusiva de um grupo, mas algo universal que se manifesta de diversas formas. Cada um, em sua liberdade, pode contribuir para o bem comum, mesmo que em diferentes contextos ou com diferentes abordagens. A unidade não é uma uniformidade, mas a harmonia que nasce do reconhecimento de que todos estamos conectados pela mesma busca de sentido, de verdade e de bondade.

Em nossa jornada de autodescoberta e evolução, precisamos desapegar-nos das limitações de uma visão estreita, que procura dividir, e abraçar uma visão mais ampla, que reconhece a unidade subjacente em todas as coisas. Este é o caminho para a verdadeira liberdade – uma liberdade que não é a mera ausência de restrições, mas a capacidade de agir em harmonia com a verdade, reconhecendo o bem onde quer que ele se manifeste.

Aqueles que, em sua busca por Deus, buscam o bem no outro, não estão em oposição a nós, mas estão conosco na construção de uma humanidade mais unida, mais consciente e mais próxima da realização do amor verdadeiro. Quando reconhecemos essa unidade, transcendemos as divisões e nos tornamos partícipes do movimento contínuo em direção ao todo, onde cada ação, cada gesto de bondade, mesmo aparentemente insignificante, contribui para a totalidade que estamos todos construindo juntos.

Assim, o Evangelho de hoje nos convida a uma reflexão profunda: em um mundo que muitas vezes insiste em se fragmentar, somos chamados a ser construtores da unidade. A nossa verdadeira liberdade está em sermos capazes de transcender a separação e ver, no outro, a mesma chama da verdade que também arde em nós. Pois, quando buscamos o bem, e o encontramos em diversos lugares e formas, estamos, na verdade, em comunhão com a maior verdade, que é o próprio Cristo.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

"Pois quem não é contra vós, é por vós." (Marcos 9,40) – A Convergência da Verdade no Mistério de Cristo

As palavras de Cristo em Marcos 9,40 expressam um princípio teológico fundamental: a verdade e a ação do Espírito Santo não estão restritas a um grupo exclusivo, mas manifestam-se onde há abertura à graça e ao bem. Este versículo revela uma lógica divina diferente da humana, pois enquanto a humanidade frequentemente divide, delimita e exclui, Cristo ensina a reconhecer a presença do bem mesmo fora dos limites visíveis da comunidade dos discípulos.

1. O Princípio da Unidade no Corpo de Cristo

No contexto evangélico, João e os discípulos tentam impedir um homem de expulsar demônios em nome de Jesus, pois ele não pertencia ao círculo imediato dos apóstolos. No entanto, Cristo corrige essa visão limitada e revela um princípio maior: a participação na verdade transcende fronteiras humanas. A unidade do Corpo Místico de Cristo (cf. 1Cor 12,12-27) não se define apenas por pertencimento formal, mas pela adesão ao bem e à vontade divina.

2. A Economia da Graça e a Ação do Espírito

Este versículo nos lembra que Deus age além das instituições visíveis. Assim como o Espírito Santo sopra onde quer (Jo 3,8), também a verdade se manifesta onde há receptividade. Santo Agostinho expressa essa realidade ao afirmar que existem aqueles que estão "dentro" da Igreja visível, mas vivem fora da graça, e outros que, embora aparentemente "fora", já pertencem misticamente a Cristo pelo seguimento sincero do bem.

3. A Verdade e o Bem como Critérios da Comunhão

Cristo não está ensinando um relativismo espiritual, mas apontando para um critério profundo de comunhão: a adesão à verdade e ao bem. Quem age em harmonia com o amor e a justiça divinos, mesmo sem plena compreensão teológica, já está, de certo modo, em sintonia com Cristo. Esse princípio ecoa a sabedoria paulina: "Quando os gentios, que não têm a Lei, fazem naturalmente o que a Lei ordena, eles são lei para si mesmos" (Rm 2,14).

4. A Rejeição da Exclusão e a Visão Integral da Salvação

Muitas vezes, a humanidade cai na tentação do exclusivismo espiritual, acreditando que apenas um grupo seleto pode ser instrumento de Deus. Mas Jesus ensina que o Reino não é um domínio fechado, e sim um caminho de comunhão progressiva. A salvação não é uma posse estática, mas um convite dinâmico a participar da luz divina, seja em graus plenos ou iniciais.

5. A Chamada à Convergência em Cristo

A verdade última para a qual este versículo aponta é a convergência de todas as consciências na plenitude de Cristo. O bem autêntico, onde quer que se manifeste, é reflexo da única Verdade, que é Deus. Assim, aquele que age segundo o amor, ainda que não compreenda totalmente seu fundamento, já participa, em algum nível, da realidade divina.

Conclusão

Cristo nos ensina a abandonar visões reducionistas e a reconhecer que a graça de Deus opera em múltiplas formas. Aquele que não se opõe ao bem já está, de algum modo, em caminho de comunhão com a Verdade. Esse versículo nos desafia a viver com um olhar mais amplo e acolhedor, reconhecendo que, onde há um coração voltado ao amor e à justiça, ali também há um reflexo da presença divina.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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