sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 1:39-45 - 22.12.2024

 Liturgia Diária


22 – DOMINGO 

4º DO ADVENTO


(roxo, creio, prefácio do Advento II ou IIA – 4ª semana do saltério)


Céus, deixai cair o orvalho, as nuvens façam chover o justo; abra-se a terra, e deixe germinar o Salvador! (Is 45,8)

Nos céus, o orvalho desce como a sabedoria divina, renovando o ser. As nuvens, portadoras da justiça, regam a terra, onde o Salvador germina. Esse processo revela a unidade de todas as coisas, manifestando a convergência do cosmos na manifestação do espírito, que se realiza na terra e no homem.



Lucas 1:39-45 (Vulgata)

  1. Et exsurgens Maria in diebus illis, abiit in montana cum festinatione in civitatem Iudae.
    E Maria, levantando-se nesses dias, foi apressadamente à região montanhosa, à cidade de Judá.

  2. Et intravit in domum Zachariae et salutavit Elisabeth.
    E entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel.

  3. Et factum est, ut audiret salutationem Mariae Elisabeth, exsultavit infans in utero eius, et Spiritu Sancto repleta est Elisabeth.
    E aconteceu que, ao ouvir a saudação de Maria, o bebê saltou em seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

  4. Et exclamavit voce magna, et dixit: Benedicta tu inter mulieres, et benedictus fructus ventris tui.
    E exclamou em alta voz e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre.

  5. Et unde hoc mihi, ut veniat mater Domini mei ad me?
    E de onde me vem isto, que venha a mim a mãe do meu Senhor?

  6. Ecce enim, ut facta est vox salutationis tuae in auribus meis, exsultavit infans in gaudio in utero meo.
    Pois, eis que logo que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o bebê exultou de alegria no meu ventre.

  7. Et beata, quae credidit, quia perficientur ea, quae dicta sunt ei a Domino.
    E bem-aventurada aquela que acreditou, porque se cumprirão as coisas que lhe foram ditas pelo Senhor.

Reflexão:

"Et beata, quae credidit, quia perficientur ea, quae dicta sunt ei a Domino."

"E bem-aventurada aquela que acreditou, porque se cumprirão as coisas que lhe foram ditas pelo Senhor." (Lucas 1:45)

Essa frase destaca a importância da fé e da confiança no cumprimento das promessas divinas. Ela reflete a disposição de Maria em acolher a palavra de Deus, e, ao mesmo tempo, enfatiza a união entre a fé humana e a realização divina, como um ponto central na história da salvação.


A saudação de Maria revela a profundidade da união espiritual entre o divino e o humano. O movimento interior do Espírito Santo em Isabel, e o salto do bebê, são sinais de que a criação inteira se abre para a chegada do Salvador. Cada encontro é um reflexo da evolução cósmica, onde a matéria e o espírito se entrelaçam no mistério da fé. Este momento nos lembra que a plenitude do ser se manifesta quando acolhemos o divino em nossa vida. Em cada gesto, em cada palavra, o cosmos se revela na sua profundidade, apontando para a transcendência de todas as coisas.


HOMILIA

"A Fé que Abre Caminhos"


Queridos irmãos e irmãs,

Neste trecho do Evangelho de Lucas, acompanhamos o encontro entre Maria e Isabel, duas mulheres que, em sua simplicidade e humildade, são instrumentos da grandeza divina. Maria, com fé inabalável, se levanta e, com pressa, vai até a casa de sua parenta, Isabel, para servi-la. Este movimento de Maria é mais do que uma ação física; ele revela um coração disposto a cumprir a vontade de Deus, a ir ao encontro do outro com um espírito de generosidade e de fé.

É impressionante como, ao ouvir a saudação de Maria, o bebê no ventre de Isabel salta de alegria, e ela, cheia do Espírito Santo, exalta a bem-aventurança daquela que acreditou. Isabel reconhece em Maria a presença de Deus, e através dessa saudação, nos é revelado o grande mistério de Deus: a Sua presença entre nós, nas coisas mais simples e cotidianas da vida humana. Ao acolher a palavra de Deus, Maria se torna o instrumento do Espírito Santo, o veículo por meio do qual a salvação entra no mundo.

Hoje, vivemos em um tempo de grande agitação, onde somos constantemente chamados a olhar para fora, a nos distrair com as múltiplas ofertas de um mundo materialista. No entanto, o Evangelho nos chama, como Maria, a nos levantar, a ir ao encontro do outro, a servir com generosidade, mas principalmente a acreditar que, em nossas vidas, Deus realiza o Seu plano. Quando Isabel proclama "bem-aventurada aquela que acreditou", ela nos lembra que a fé é a chave que abre as portas para a realização do divino em nosso cotidiano.

Em um mundo tão repleto de incertezas, onde as pessoas buscam soluções rápidas e imediatas, a fé nos coloca em um caminho de confiança na providência divina. Assim como Maria, muitas vezes somos chamados a dar passos no escuro, sem entender completamente o plano de Deus, mas com a certeza de que Ele está nos guiando. A verdadeira fé não é a ausência de dúvida, mas a confiança em um Deus que age em nossa vida, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.

A bem-aventurança de Maria também nos ensina a reconhecer a presença de Deus nos outros, como Isabel fez. Em nossa vida, devemos ser como Isabel, capazes de ver o divino no irmão, na irmã, nas situações mais simples do dia a dia. Devemos acolher a presença de Cristo que, mesmo quando se faz pequeno, traz em si a salvação do mundo.

Hoje, como nunca, somos chamados a uma renovada atitude de fé e serviço. Vivemos em um tempo em que o individualismo e o egoísmo parecem dominar, mas o Evangelho nos chama a abrir nossos corações e nossas mãos para o outro, como Maria fez. Ela, que acreditou, é nossa inspiração para confiar que, em cada passo dado com fé, Deus realiza algo grandioso.

Que, ao olharmos para Maria, possamos renovar nossa fé em Deus, confiando que Ele realiza em nossas vidas e em nosso mundo as promessas que nos fez. Que, como Maria, possamos ser instrumentos do Seu amor e da Sua salvação, sempre dispostos a levar a boa nova a todos que encontramos.

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase "E bem-aventurada aquela que acreditou, porque se cumprirão as coisas que lhe foram ditas pelo Senhor" (Lucas 1:45) revela um dos aspectos mais profundos da fé cristã e da relação entre o ser humano e o plano divino. Nela, Isabel, movida pelo Espírito Santo, reconhece e exalta a grandeza de Maria, a mãe de Jesus, em sua fé inabalável. Essa expressão de bem-aventurança é, ao mesmo tempo, uma proclamacão sobre o papel central da fé no cumprimento da promessa de Deus.

  1. "Bem-aventurada"
    A palavra "bem-aventurada" (do latim beata) vai além de uma simples felicidade ou sorte. Ela é um termo usado nas Escrituras para indicar uma felicidade plena e transcendente, uma bênção divina que resulta da ação de Deus na vida do ser humano. Quando Isabel diz que Maria é "bem-aventurada", ela afirma que a fé de Maria a coloca em uma posição privilegiada no plano de salvação. A bem-aventurança de Maria não é apenas um reconhecimento de sua virtude, mas de sua abertura para ser instrumento de Deus.

  2. "Aquela que acreditou"
    A fé de Maria é destacada como fundamental para que as promessas de Deus se cumpram. Sua atitude de fé é uma entrega absoluta à vontade divina, sem reservas ou questionamentos, reconhecendo que, apesar de não compreender totalmente o caminho que se abria diante dela, ela confia que a Palavra de Deus é verdadeira. A fé de Maria é exemplificada em sua aceitação do mistério da encarnação, quando ela diz ao anjo "Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1:38). A crença de Maria é um modelo de fé que implica não apenas conhecimento intelectual, mas confiança plena no plano de Deus.

  3. "Porque se cumprirão as coisas que lhe foram ditas pelo Senhor"
    Esta parte da frase reflete a certeza de que, quando alguém acredita nas promessas divinas, estas se realizam. Isabel, ao reconhecer a fé de Maria, afirma que as palavras do Senhor são fiéis e se cumprem, independentemente das circunstâncias externas. Maria, como mãe de Jesus, foi escolhida para ser a portadora do Verbo encarnado, e sua fé antecipou a realização dessa grande obra redentora. O "cumprimento" das promessas de Deus é um tema central na Escritura, onde vemos que a fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas é imutável, mesmo que a realização delas ultrapasse a compreensão humana.

  4. A Fé como Participação no Mistério de Deus
    Esta frase de Isabel também nos remete a uma reflexão mais profunda sobre o papel da fé humana no cumprimento do plano divino. A fé de Maria não é apenas uma crença passiva, mas ativa, pois ao acreditar nas promessas de Deus, ela se torna co-participante na realização da salvação. Isso é particularmente relevante quando entendemos a fé não apenas como um ato de aceitação de algo futuro, mas como uma vivência presente que transforma a realidade ao redor, preparando o terreno para a ação de Deus no mundo.

  5. Implicações para os Fiéis
    Ao reconhecer Maria como "bem-aventurada", a Igreja também convida todos os fiéis a viverem de maneira semelhante. A fé de Maria, como modelo de confiança e entrega, é algo que os cristãos são chamados a emular. A promessa divina que se cumpre em Maria é um sinal de que todas as promessas de Deus para aqueles que acreditam também se realizarão. A fé, portanto, se torna o meio através do qual a humanidade se abre à ação redentora de Deus, participando do mistério divino, como Maria fez.

Essa frase é, assim, um testemunho profundo da natureza da fé cristã: uma fé que acredita nas promessas de Deus, uma fé que traz consigo a transformação do mundo, uma fé que é a chave para a realização do plano divino de salvação. Ao proclamá-la, Isabel não apenas abençoa Maria, mas também nos convida a viver em fé e confiança na fidelidade de Deus.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

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