domingo, 8 de dezembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 18:12-14 - 10.12.2024

 Liturgia Diária


10 – TERÇA-FEIRA 

2ª SEMANA DO ADVENTO


(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)


Eis que o Senhor virá e com ele todos os seus santos, e naquele dia brilhará uma grande luz (Zc 14,5.7).

Na plenitude do tempo, a luz do Senhor irrompe como princípio eterno, unindo o visível ao transcendente. Nesse fulgor, a humanidade é chamada à comunhão com o absoluto, onde os santos são reflexos do divino. A grande luz não apenas ilumina, mas revela a essência última: a verdade infinita.



Mateus 18:12-14 ( Vulgata)

12. Quid vobis videtur? Si fuerint alicui centum oves, et erraverit una ex eis: nonne relinquet nonaginta novem in montibus, et vadit quærere eam quæ erravit?
O que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas e uma delas se extraviar, não deixará ele as noventa e nove no monte e irá à procura da que se perdeu?

13. Et si contigerit ut inveniat eam: amen dico vobis, quia gaudet super eam magis quam super nonaginta novem quæ non erraverunt.
E, se a encontrar, em verdade vos digo, alegrar-se-á mais por ela do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.

14. Sic non est voluntas ante Patrem vestrum, qui in cælis est, ut pereat unus de pusillis istis.
Assim, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que se perca um só destes pequeninos.

Reflexão

"Sic non est voluntas ante Patrem vestrum, qui in cælis est, ut pereat unus de pusillis istis."
"Assim, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que se perca um só destes pequeninos." 

( Mt 18:14)


O mistério do Amor Divino transcende a lógica humana, buscando incessantemente o que se perdeu para reintegrá-lo ao todo. Essa dinâmica revela a essência do ser como uma unidade viva em evolução. Cada alma recuperada amplia a harmonia universal, onde a luz do Criador resplandece mais intensamente no reencontro com o perdido.


HOMILIA

A Busca do Pastor e a Unidade do Rebanho

Amados irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje, retirado de Mateus 18,12-14, nos apresenta uma imagem que nos interpela profundamente: o pastor que abandona as noventa e nove ovelhas no monte para buscar aquela que se perdeu. A mensagem parece simples, mas sua profundidade nos convida a refletir sobre nosso tempo.

Vivemos em uma era marcada pela divisão. Ideologias, crenças e opiniões transformam-se em muros que separam corações, e muitas vezes aqueles que discordam tornam-se inimigos. Em vez de procurar o irmão perdido, muitos se sentem justificados em abandoná-lo à margem, ignorando sua humanidade. No entanto, o Evangelho nos mostra outra perspectiva: não é vontade do Pai que nenhum dos pequeninos se perca.

A busca do pastor reflete o amor que não admite divisão, um amor que enxerga o valor único de cada pessoa, mesmo daquelas que se afastaram. Não há aqui lógica de exclusão, mas uma dinâmica de reintegração. Para Deus, cada alma é essencial, e o rebanho só estará completo quando todos forem reconciliados.

Este chamado nos desafia a uma conversão interior. Somos capazes de deixar nossas "noventa e nove certezas" para ir ao encontro de quem se afastou? Conseguimos nos tornar instrumentos de paz em um mundo que valoriza mais a força da disputa do que a força do perdão?

Na lógica divina, o verdadeiro poder reside na unidade, que não é uniformidade, mas comunhão. Assim como o pastor celebra mais pela ovelha encontrada do que pelas que permaneceram, somos chamados a uma alegria que brota da reconciliação, do esforço por reencontrar o outro no horizonte do amor.

Que este Evangelho nos inspire a derrubar os muros que nos dividem, a sermos pastores uns dos outros, e a compreender que a violência, seja física ou ideológica, nunca será a resposta. Em vez disso, escutemos o chamado do Pai que deseja, acima de tudo, que nenhum dos seus pequeninos se perca. Que nossa busca por unidade reflita a luz divina que tudo transforma.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

"Assim, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que se perca um só destes pequeninos" (Mt 18,14)

1. O Coração do Pai: Amor Incondicional e Inclusivo

A frase revela o profundo amor do Pai celestial, que não discrimina nem faz acepção de pessoas. Os "pequeninos" representam os frágeis, os marginalizados, e os que se desviaram do caminho da fé. Para Deus, cada pessoa possui um valor infinito, e sua vontade não é apenas passiva, mas uma busca ativa por aqueles que estão perdidos.

2. A Economia da Salvação: O Resgate de Cada Alma

Este versículo reflete o núcleo da economia da salvação: Deus deseja a reconciliação universal, mas com atenção especial a cada indivíduo. Essa dinâmica é expressa em Jesus Cristo, o Bom Pastor, que não apenas busca os perdidos, mas oferece sua própria vida para reconciliar a humanidade com o Pai (cf. Jo 10,11). O desejo de Deus é que ninguém se perca, porque cada alma é insubstituível.

3. O Valor do Indivíduo na Perspectiva Divina

Diferentemente da lógica humana, que muitas vezes prioriza o coletivo em detrimento do indivíduo, Deus vê e ama cada pessoa singularmente. A perda de um só "pequenino" seria uma ruptura na comunhão divina. Este ensinamento enfatiza a dignidade de cada ser humano, um valor que transcende status, méritos ou circunstâncias.

4. A Missão da Igreja: Reflexo da Vontade Divina

A Igreja é chamada a ser instrumento da vontade do Pai, buscando continuamente aqueles que se afastaram. Isso exige uma postura de compaixão, acolhimento e trabalho ativo pela reconciliação. Assim como o Pai não quer que ninguém se perca, a Igreja deve evitar toda exclusão, agindo como um canal de salvação para todos.

5. O Chamado à Compaixão e à Unidade

Esse versículo nos desafia pessoalmente a imitar a misericórdia divina. Devemos abandonar julgamentos e preconceitos, abraçando aqueles que se encontram nas margens da sociedade ou da fé. O desejo de Deus é que cada um de nós participe da busca pelo "pequenino" perdido, promovendo a unidade em vez da divisão.

6. A Esperança Escatológica: A Plena Comunhão no Reino

O versículo aponta para a visão escatológica da salvação: a plenitude do Reino dos Céus, onde nenhum de seus filhos estará perdido. Essa promessa é uma fonte de esperança, lembrando-nos de que o amor de Deus é mais forte do que qualquer obstáculo, e que sua busca pela humanidade é incansável até que todos estejam reunidos nele.

Conclusão

Este versículo encapsula a mensagem central do Evangelho: o amor de Deus é radicalmente inclusivo, e sua vontade é salvar e restaurar cada ser humano. Ele nos convida a sermos instrumentos dessa salvação, buscando os "pequeninos" e refletindo o coração do Pai em nosso mundo dividido.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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