sábado, 14 de dezembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 21:23-27 - 16.12.2024

 Liturgia Diária


16 – SEGUNDA-FEIRA 

3ª SEMANA DO ADVENTO


(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)


Ó nações, escutai a palavra do Senhor e levai-a até os confins da terra: Eis que chega o nosso Salvador, não tenhais medo! (Jr 31,10; Is 35,4)

O chamado às nações revela o movimento transcendente da Palavra, que atravessa o tempo e o espaço, convocando a humanidade a integrar-se ao horizonte absoluto do Salvador. Nele, todo medo se dissolve, pois sua presença é o eixo central que reconcilia o finito ao Infinito, elevando o ser à plenitude eterna.



Mateus 21:23-27 (Vulgata)

23. Et cum venisset in templum, accesserunt ad eum docentem principes sacerdotum et seniores populi, dicentes: In qua potestate hæc facis? et quis tibi dedit hanc potestatem?
23. E quando chegou ao templo, aproximaram-se dele, enquanto ensinava, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, dizendo: Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu esta autoridade?

24. Respondens Jesus, dixit illis: Interrogabo vos et ego unum sermonem: quem si dixeritis mihi, et ego vobis dicam in qua potestate hæc facio.
24. Jesus, respondendo, disse-lhes: Também eu vos perguntarei uma coisa; se me responderdes, também vos direi com que autoridade faço estas coisas.

25. Baptismus Joannis unde erat? e cælo, an ex hominibus? At illi cogitabant inter se, dicentes: Si dixerimus: E cælo, dicet nobis: Quare ergo non credidistis illi?
25. O batismo de João, de onde era? Do céu ou dos homens? E eles raciocinavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Por que então não acreditastes nele?

26. Si autem dixerimus: Ex hominibus, timemus turbam: omnes enim habent Joannem sicut prophetam.
26. Mas, se dissermos: Dos homens, temos medo da multidão, pois todos têm João como profeta.

27. Et respondentes Jesu, dixerunt: Nescimus. Ait illis et ipse: Nec ego dico vobis in qua potestate hæc facio.
27. E, respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Ele, por sua vez, lhes disse: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.


Reflexão:

"Baptismus Joannis unde erat? e cælo, an ex hominibus?"

"O batismo de João, de onde era? Do céu ou dos homens?" (Mt 21:25)

A interação entre Jesus e os líderes do templo expõe a tensão entre a autoridade que emerge do Alto e a que se prende à compreensão limitada dos homens. No fundo, é um convite à abertura do coração à Fonte transcendente de toda autoridade verdadeira. Na busca pelo absoluto, cada resposta revela a necessidade de ultrapassar as barreiras do entendimento meramente humano para tocar a esfera do Espírito, onde se encontra o sentido pleno da existência. Assim, o mistério da autoridade divina convida a humanidade a unir-se à Verdade que, em última instância, transcende toda dúvida e ilumina o caminho do ser.


HOMILIA

A Autoridade que Transforma a Existência
Evangelho: Mateus 21,23-27

O diálogo entre Jesus e os líderes religiosos no templo nos convida a refletir sobre a essência da autoridade. Nos dias de hoje, em um mundo saturado de vozes e poderes que disputam nossa atenção, a pergunta sobre a origem da autoridade verdadeira permanece urgente: de onde vem aquilo que realmente transforma vidas e dá sentido ao ser?

Os príncipes dos sacerdotes e anciãos questionam Jesus: “Com que autoridade fazes estas coisas?” Eles não percebem que a autoridade de Jesus não é um domínio sobre os outros, mas um convite ao alinhamento com a Fonte do Ser. Sua autoridade nasce do amor, da verdade e de sua unidade com o Pai, uma conexão que transcende estruturas humanas e nos chama a uma transformação interior.

Quando Jesus menciona o batismo de João, ele expõe a fragilidade das certezas humanas. Os líderes hesitam em responder, temendo tanto a rejeição divina quanto a pressão da multidão. Essa hesitação reflete uma tensão presente em todos nós: a luta entre a segurança que buscamos em sistemas humanos e a entrega necessária para acolher o transcendente.

Nos dias atuais, muitas vezes tentamos limitar a verdade àquilo que podemos controlar ou entender plenamente. Vivemos em uma época de dúvidas e desconfianças, mas a autoridade de Cristo nos convida a ultrapassar essas barreiras, a abrir o coração ao que está além do visível, ao que realmente transforma o mundo de dentro para fora.

A verdadeira autoridade não é opressora; é libertadora. Não impõe medo; desperta confiança. Ela surge quando nos alinhamos ao eixo espiritual que sustenta todas as coisas. Reconhecer essa autoridade significa abandonar as máscaras do ego e permitir que a Palavra Divina se torne o fundamento de nossas escolhas e ações.

Hoje, somos chamados a discernir com profundidade: o que orienta nossas vidas? Quais são as vozes que permitimos ter autoridade sobre nós? Ao nos voltarmos para o Cristo vivo, sua autoridade nos convida a sermos cocriadores do bem, testemunhas do amor e anunciadores de uma esperança que não conhece limites.

Que cada um de nós possa ouvir o chamado de Jesus e permitir que sua presença nos transforme, para que sejamos portadores de uma autoridade que brota da verdade e conduz o mundo à plenitude. Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teológica da frase: "O batismo de João, de onde era? Do céu ou dos homens?" (Mt 21,25)


1. O Contexto da Pergunta

Jesus dirige esta questão aos líderes religiosos em resposta à indagação sobre a autoridade de sua missão. O cenário é o templo, o centro do culto judaico, onde se decide o que é considerado legítimo diante de Deus e dos homens. Jesus utiliza o batismo de João como ponto de partida para expor a dificuldade dos líderes em discernir a origem divina das obras de Deus.


2. O Significado do Batismo de João

O batismo de João não era um simples ritual de purificação, mas um chamado profético ao arrependimento e à conversão, preparando o caminho para o Messias. Ele simbolizava uma transição espiritual, exigindo dos que o recebiam uma abertura à ação de Deus em suas vidas. A origem "do céu" indica que sua missão era ordenada por Deus, enquanto a rejeição dessa origem implicaria uma negação do plano divino de salvação.


3. A Tensão entre Céu e Homens

A pergunta de Jesus confronta os líderes religiosos com duas opções: reconhecer que João foi enviado por Deus ou tratá-lo como um fenômeno meramente humano. Essa tensão revela o conflito interior entre a busca pela verdade e o medo de perder prestígio diante do povo. Eles temem o reconhecimento público de sua incredulidade e, por outro lado, a deslegitimação de sua própria autoridade religiosa.


4. A Autoridade Divina e Humana

Teologicamente, a frase evidencia que a verdadeira autoridade provém de Deus e não dos critérios humanos. João Batista agia em nome de Deus, assim como Jesus. Ambos revelavam a autoridade divina que ultrapassa qualquer validação institucional. Jesus demonstra que a recusa em reconhecer João é também uma recusa em reconhecer a autoridade do próprio Cristo, uma vez que as duas missões estão interligadas.


5. A Revelação da Limitação Humana

A incapacidade dos líderes de responder à pergunta de Jesus desvela sua visão limitada da espiritualidade. Eles são guiados por interesses políticos e pelo medo da multidão, em vez de se submeterem à verdade. Essa hesitação indica a dificuldade de se abrir ao mistério do divino, que desafia as convenções e expectativas humanas.


6. A Questão como um Chamado Universal

A pergunta de Jesus transcende o contexto histórico e interpela a humanidade de todas as épocas. Ela nos convida a refletir sobre como discernimos a origem das realidades espirituais e se reconhecemos os sinais de Deus no mundo. Somos desafiados a ir além do cálculo humano e acolher a verdade, mesmo que isso nos leve a confrontar nossas próprias limitações e medos.


7. O Enlace entre João e Jesus

A missão de João e de Jesus está profundamente unida. Ambos apontam para a manifestação do Reino de Deus. Ao questionar sobre a origem do batismo de João, Jesus indiretamente reforça sua própria autoridade divina, mostrando que ambas derivam da mesma Fonte transcendente.


8. O Chamado à Fé e Conversão

Essa frase é, por fim, um convite à fé. Ela nos desafia a reconhecer que a autoridade divina exige uma resposta que transcenda o racionalismo humano. É um chamado à conversão, à confiança no plano divino e à disposição de seguir o caminho traçado por Deus, mesmo quando isso implica abandonar a segurança dos critérios meramente humanos.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

#evangelho #homilia #reflexão #católico #evangélico #espírita #cristão

#jesus #cristo #liturgia #liturgiadapalavra #liturgia #salmo #oração

#primeiraleitura #segundaleitura #santododia #vulgata

Nenhum comentário:

Postar um comentário