segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 15:29-37 - 04.12.2024

 Liturgia Diária


4 – QUARTA-FEIRA 

1ª SEMANA DO ADVENTO


(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)


O Senhor vai chegar e não tardará: há de iluminar o que as trevas ocultam e se manifestará a todos os povos (Hab 2,3; 1Cor 4,5).

O Advento é a espera ativa pela Luz que atravessa o véu do tempo, revelando o invisível. A promessa do Senhor é movimento cósmico e íntimo, unindo corações à plenitude divina, onde trevas cedem ao esplendor da Verdade.



Mateus 15:29-37 (Vulgata)

29. Et cum transisset inde Jesus, venit secus mare Galilaeae: et ascendens in montem, sedebat ibi.
29. E, passando Jesus dali, chegou às margens do mar da Galileia. Subindo ao monte, sentou-se ali.

30. Et accesserunt ad eum turbae multae, habentes secum mutos, caecos, claudos, debiles, et alios multos: et projecerunt eos ad pedes ejus, et curavit eos:
30. E aproximaram-se dele muitas multidões, trazendo consigo mudos, cegos, coxos, inválidos e muitos outros; colocaram-nos aos seus pés, e ele os curou.

31. Ita ut turbam miraretur, videntes mutos loquentes, claudos ambulantes, caecos videntes: et magnificabant Deum Israel.
31. De tal modo que a multidão se maravilhou, vendo os mudos falarem, os coxos andarem e os cegos enxergarem; e glorificavam o Deus de Israel.

32. Jesus autem, convocatis discipulis suis, dixit: Misereor super turbam, quia triduo jam perseverant mecum, et non habent quod manducent: et dimittere eos jejunos nolo, ne deficiant in via.
32. Jesus, chamando os seus discípulos, disse: “Tenho compaixão desta multidão, porque já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer. Não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho.”

33. Et dicunt ei discipuli: Unde ergo nobis in deserto panes tantos, ut saturemus turbam tantam?
33. E os discípulos lhe disseram: “De onde nos virão tantos pães, neste deserto, para saciar tão grande multidão?”

34. Et ait illis Jesus: Quot panes habetis? At illi dixerunt: Septem, et paucos pisciculos.
34. Jesus lhes disse: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete, e alguns peixinhos.”

35. Et praecepit turbæ ut discumberet super terram.
35. E mandou à multidão que se sentasse no chão.

36. Et accipiens septem panes et pisces, gratias agens, fregit, et dedit discipulis suis, et discipuli turbae.
36. Tomando os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e deu aos discípulos, e os discípulos os distribuíram à multidão.

37. Et comederunt omnes, et saturati sunt. Et quod superfuit, de fragmentis, tulerunt septem sportas plenas.
37. Todos comeram e ficaram saciados. E, do que sobrou dos pedaços, recolheram sete cestos cheios.


Reflexão:

"Et accipiens septem panes et pisces, gratias agens, fregit, et dedit discipulis suis, et discipuli turbae."

"Tomando os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e deu aos discípulos, e os discípulos os distribuíram à multidão." (Mt 15,36)

A multiplicação dos pães transcende a matéria, revelando a abundância do amor que sustenta a vida. Em Cristo, cada gesto une o visível e o invisível, apontando para a plenitude onde o humano se encontra com o divino, transfigurado na eternidade.


HOMILIA

Homilia: O Banquete da Plenitude

O Evangelho de Mateus 15,29-37 nos coloca diante de um cenário que transcende o tempo: a multidão faminta que se reúne ao redor de Cristo. O grito de necessidade humana ecoa pela história, e hoje, no mundo em que vivemos, não apenas a fome do corpo permanece, mas também a fome da alma, causada pelas profundas desigualdades que desfiguram a unidade da humanidade.

Jesus, ao multiplicar os pães e peixes, não apenas sacia o corpo físico, mas revela uma dinâmica espiritual: tudo o que é entregue em suas mãos é transformado, ampliado, tornado fonte de vida para muitos. Nesse ato, vemos um convite à cooperação, onde o humano e o divino se encontram para construir uma realidade que não apenas atende às necessidades materiais, mas revela a plenitude da comunhão.

Nos dias de hoje, a fome é um escândalo que denuncia a fragmentação de nossa solidariedade. A desigualdade social não é apenas econômica, mas espiritual, porque, ao tolerarmos essas divisões, negamos a unidade fundamental da humanidade em Cristo. O milagre da multiplicação não é apenas sobre a abundância, mas sobre a partilha. Sete pães e alguns peixinhos não teriam significado sem a generosidade que os ofereceu.

Inspirados por uma visão mais ampla da existência, somos chamados a olhar para o mundo como um campo em transformação. A realidade que vivemos, ainda marcada pela escassez e pelo sofrimento, não é estática. Ela é um ponto de partida para um dinamismo espiritual que busca integrar, reconciliar e elevar toda a criação.

Como discípulos de Cristo, nossa missão é dupla: agir no presente com justiça e compaixão, e ao mesmo tempo cultivar uma visão de esperança que transcenda as limitações do agora. Devemos oferecer não apenas os bens materiais, mas também nossas vidas como instrumentos da transformação divina, confiando que, assim como Cristo multiplicou os pães, Ele também multiplicará nossos esforços para saciar todas as fomes da humanidade.

Portanto, que nossas ações sejam reflexos do banquete divino, onde não há falta nem exclusão, mas a plenitude do amor que transforma a terra em um prenúncio do céu.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teológica de Mateus 15,36

A frase "Tomando os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e deu aos discípulos, e os discípulos os distribuíram à multidão" é rica em significado teológico e espiritual, revelando o dinamismo da ação divina e humana na economia da salvação.

  1. "Tomando os sete pães e os peixes"
    Aqui, vemos a disposição humana em oferecer o pouco que possui. O número sete, simbolizando a plenitude na tradição bíblica, aponta para a totalidade da criação oferecida de volta ao Criador. Jesus assume o que é limitado, imperfeito, e o eleva em um ato de entrega.

  2. "Deu graças"
    A ação de dar graças (em grego, eucharistēsas) é um eco direto da Eucaristia. Jesus reconhece que todo dom vem do Pai e transforma o ordinário em extraordinário pela gratidão. Essa atitude nos ensina que, diante da escassez, o coração grato abre espaço para o milagre da abundância.

  3. "Partiu-os"
    O ato de partir os pães não é apenas um gesto prático, mas um símbolo do sacrifício de Cristo. Ele mesmo, o Pão da Vida, seria partido na cruz para ser compartilhado com toda a humanidade. A fração do pão aponta para a comunhão e a unidade que surge do sacrifício redentor.

  4. "Deu aos discípulos"
    A participação dos discípulos na distribuição dos alimentos reflete a missão da Igreja. Cristo confia aos seus seguidores a tarefa de levar a graça divina ao mundo. Eles não são apenas receptores, mas mediadores do dom de Deus, colaborando ativamente na obra da salvação.

  5. "E os discípulos os distribuíram à multidão"
    O gesto de distribuição demonstra que a graça divina, embora infinita, exige cooperação humana para alcançar todos. A multidão representa a humanidade inteira, chamada a receber o alimento que nutre tanto o corpo quanto a alma.

Dimensão Teológica

Esta passagem revela a dinâmica do Reino de Deus: o que é humano, quando oferecido a Cristo, é transformado e amplificado. O milagre da multiplicação não é apenas um evento histórico, mas um sinal escatológico do banquete celestial, onde não haverá mais fome nem exclusão (cf. Ap 7,16-17).

Na Eucaristia, este gesto se torna sacramental. Cada Missa é a atualização do ato de Cristo que toma, abençoa, parte e distribui o Pão da Vida. Assim, a frase de Mateus 15,36 não apenas narra um evento, mas aponta para o coração da vida cristã: a partilha que gera comunhão e a gratidão que transforma o mundo.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

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