Liturgia Diária
5 – QUINTA-FEIRA
1ª SEMANA DO ADVENTO
(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)
Estais perto, Senhor, e todos os vossos caminhos são verdade. Desde sempre conheci vossa palavra porque existis eternamente (Sl 118,151s).
Estais perto, Senhor, como o fundamento que sustenta o ser. Vossa eternidade permeia cada instante, revelando que a verdade não é um caminho externo, mas a essência do próprio existir, onde todas as coisas encontram unidade e propósito.
Mateus 7:21.24-27 (Vulgata)
21. Non omnis qui dicit mihi, Domine, Domine, intrabit in regnum caelorum: sed qui facit voluntatem Patris mei, qui in caelis est, ipse intrabit in regnum caelorum.
Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no Reino dos Céus.
24. Omnis ergo qui audit verba mea hæc, et facit ea, assimilabitur viro sapienti, qui ædificavit domum suam supra petram.
Todo aquele, portanto, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha.
25. Et descendit pluvia, venerunt flumina, flaverunt venti, et irruerunt in domum illam, et non cecidit: fundata enim erat super petram.
E desceu a chuva, vieram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
26. Et omnis qui audit verba mea hæc, et non facit ea, similis erit viro stulto, qui ædificavit domum suam supra arenam.
E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as põe em prática será comparado a um homem insensato, que construiu sua casa sobre a areia.
27. Et descendit pluvia, venerunt flumina, flaverunt venti, et impegerunt in domum illam, et cecidit: et fuit ruina ejus magna.
E desceu a chuva, vieram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, e ela caiu, e grande foi sua ruína.
Reflexão:
"Non omnis qui dicit mihi, Domine, Domine, intrabit in regnum caelorum: sed qui facit voluntatem Patris mei, qui in caelis est, ipse intrabit in regnum caelorum."
"Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no Reino dos Céus." ( Mt 7:21)
As palavras do Evangelho nos convocam a ancorar nossa existência na profundidade de uma verdade sólida, não em meras ilusões efêmeras. Construir sobre a rocha é viver em coerência com a vontade divina, um caminho que integra a alma à ordem maior do cosmos. A rocha simboliza o alicerce espiritual que nos conecta à eternidade, enquanto a areia representa as distrações transitórias que dissolvem o sentido profundo da vida. Assim, o que construímos deve ser fruto de uma comunhão com o que transcende, permitindo que, mesmo diante das tempestades, permaneçamos inabaláveis. Nesta edificação espiritual, cada ato verdadeiro nos aproxima do cumprimento do projeto supremo: a unidade com a plenitude do Ser.
HOMILIA
Fundar a Vida na Rocha da Verdade
O Evangelho de Mateus 7,21.24-27 nos apresenta uma lição que atravessa os séculos: a necessidade de construir nossas vidas sobre um fundamento sólido. Jesus nos alerta contra o engano de viver apenas para satisfazer o "eu", proclamando palavras vazias de conversão, enquanto nossas ações se enraízam no egoísmo. É a prática da vontade do Pai que nos faz participantes do Reino, não os discursos ou as aparências.
Vivemos tempos em que o egoísmo, muitas vezes mascarado de autossuficiência ou ambição, supera a sabedoria de reconhecer a interdependência entre os homens e a transcendência que os chama a um propósito maior. A metáfora da casa construída sobre a rocha ou sobre a areia revela o destino de nossas escolhas: a solidez das ações enraizadas no bem ou a ruína causada pela superficialidade e pelo isolamento.
Construir sobre a rocha é mais do que resistir às tempestades externas; é moldar uma vida que reflete a verdade que sustenta o universo, onde cada ação converge para o bem comum. Essa rocha é a verdade divina, que nos orienta a transcender o egoísmo e a compreender que a existência ganha sentido quando se abre para o outro e para o Absoluto.
Hoje, somos desafiados a discernir: estamos edificando sobre a rocha da sabedoria, que reconhece Deus e o próximo como pilares, ou sobre a areia do egoísmo, que desaba sob o menor impacto? O Reino dos Céus não é um lugar distante, mas uma realidade que se manifesta onde a vontade do Pai é vivida.
Que nossas escolhas sejam um reflexo dessa construção sólida, onde a sabedoria supera o egoísmo, e a vida, alicerçada na rocha, torna-se um testemunho vivo da verdade que nos precede e nos transcende.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Explicação Teológica de Mateus 7,21
A frase: "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no Reino dos Céus," reflete a profundidade do ensino de Jesus sobre a autenticidade da fé e a natureza do discipulado cristão.
1. A Verdade sobre a Fé Autêntica
Jesus começa alertando contra a ilusão de que o reconhecimento verbal de sua autoridade é suficiente para a salvação. A expressão "Senhor, Senhor" simboliza uma profissão de fé, mas, segundo Cristo, a fé verdadeira vai além das palavras. É uma adesão profunda e transformadora à vontade divina, que se manifesta em obras e atitudes concretas.
2. A Vontade do Pai como Critério Supremo
A "vontade do Pai" é o critério determinante para entrar no Reino dos Céus. Esse conceito transcende um conjunto de regras; trata-se de um chamado à conformidade radical com o amor divino, expressado no mandamento de amar a Deus e ao próximo. Fazer a vontade do Pai implica submissão humilde, busca pela justiça, compaixão ativa e coerência moral.
3. O Reino dos Céus: Realidade Presente e Futura
O "Reino dos Céus" é entendido teologicamente como a soberania de Deus que se manifesta tanto na vida presente, por meio da transformação dos corações e comunidades, quanto na plenitude escatológica no fim dos tempos. Entrar nesse Reino significa viver em comunhão com Deus, permitindo que sua vontade governe plenamente nossas escolhas.
4. A Falsa Segurança Religiosa
Jesus critica implicitamente aqueles que buscam segurança espiritual em rituais externos, fórmulas ou meros gestos de reverência. Ele denuncia o perigo do formalismo religioso, que pode se tornar uma barreira à verdadeira conversão e à prática do amor desinteressado.
5. O Apelo à Ação Concreta
Este versículo ecoa a mensagem central de todo o Sermão da Montanha: a necessidade de uma justiça que exceda a superficialidade. Não basta reconhecer a Cristo como Senhor; é preciso que sua mensagem se torne o alicerce de nossas vidas. Esse compromisso ativo é o que distingue o discípulo fiel daquele que apenas aparenta piedade.
6. Uma Dimensão Escatológica e Ética
O texto também tem um caráter escatológico, lembrando que no juízo final não serão as palavras vazias que prevalecerão, mas os frutos gerados pela obediência ao Pai. A ética cristã é, portanto, essencialmente relacional e prática, baseada na caridade e na fidelidade à verdade.
Conclusão
Mateus 7,21 desafia cada cristão a examinar a sinceridade de sua fé. Não se trata apenas de crer ou dizer as palavras certas, mas de viver em profunda consonância com a vontade de Deus, tornando-se colaborador na construção de seu Reino. A verdadeira fé é aquela que transforma, direciona e une o ser humano à plenitude divina.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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