sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 2:41-52 - 29.12.2024

 Liturgia Diária


29 – DOMINGO 

SAGRADA FAMÍLIA, JESUS, MARIA E JOSÉ


(branco, glória, creio, prefácio do Natal – ofício da festa)


Os pastores foram às pressas e encontraram Maria e José e o recém-nascido deitado na manjedoura (Lc 2,16).


Como almas eternamente amadas e elevadas pelo desígnio divino, celebremos esta festividade em plena comunhão com a essência transcendente que permeia nossas existências e nossas famílias. Chamados a integrar em nosso ser as virtudes eternas manifestadas no Cristo, em Maria e em José, contemplemos a Sagrada Família como arquétipo de amor pleno, cuidado mútuo em sua perfeição, e entrega absoluta à vontade divina, que transcende o tempo e nos conduz à verdade última.



Lucas 2:41-52 (Vulgata)

41. Et ibant parentes ejus per omnes annos in Jerusalem, in die solemni Paschæ.
41. E seus pais iam todos os anos a Jerusalém pela festa da Páscoa.

42. Et cum factus esset annorum duodecim, ascendentibus illis in Jerusalem secundum consuetudinem diei festi,
42. Quando ele completou doze anos, subiram a Jerusalém, conforme o costume da festa.

43. Consumptisque diebus, cum redirent, remansit puer Jesus in Jerusalem, et non cognoverunt parentes ejus.
43. Terminados os dias, ao voltarem, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais percebessem.

44. Existimantes autem illum esse in comitatu, venerunt iter diei, et requirebant eum inter cognatos et notos.
44. Supondo que ele estivesse entre os companheiros de viagem, andaram um dia de caminho e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos.

45. Et non invenientes, regressi sunt in Jerusalem, requirentes eum.
45. Não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura.

46. Et factum est, post triduum invenerunt illum in templo, sedentem in medio doctorum, audientem illos, et interrogantem eos.
46. Três dias depois, o encontraram no templo, sentado entre os doutores, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas.

47. Stupebant autem omnes qui eum audiebant, super prudentia et responsis ejus.
47. Todos os que o ouviam estavam maravilhados com sua sabedoria e suas respostas.

48. Et videntes admirati sunt. Et dixit mater ejus ad illum: Fili, quid fecisti nobis sic? Ecce pater tuus et ego dolentes quærebamus te.
48. Quando o viram, ficaram admirados, e sua mãe lhe disse: Filho, por que nos fizeste isso? Eis que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos.

49. Et ait ad illos: Quid est quod me quærebatis? Nesciebatis quia in his quæ Patris mei sunt oportet me esse?
49. Ele respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar nas coisas de meu Pai?

50. Et ipsi non intellexerunt verbum quod locutus est ad eos.
50. Eles, porém, não compreenderam a palavra que lhes dissera.

51. Et descendit cum eis, et venit Nazareth: et erat subditus illis. Et mater ejus conservabat omnia verba hæc in corde suo.
51. Então desceu com eles e foi para Nazaré; era-lhes obediente, e sua mãe guardava todas essas coisas no coração.

52. Et Jesus proficiebat sapientia, et ætate, et gratia apud Deum et homines.
52. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.


Reflexão:

"Quid est quod me quærebatis? Nesciebatis quia in his quæ Patris mei sunt oportet me esse?"
"Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar nas coisas de meu Pai?" (Lc 2:49)

Essa frase destaca a consciência de Jesus sobre sua missão divina e sua relação única com o Pai celestial, sendo um marco no Evangelho ao revelar sua identidade e propósito transcendente.

No templo, Jesus revela a busca pelo eterno que reside em todas as almas. Ele ensina que a sabedoria é o alicerce de um movimento interior que conduz à descoberta do propósito divino. Essa trajetória exige obediência, não como submissão, mas como sintonia com o transcendente. Sua presença entre os doutores sugere a convergência entre o saber humano e o infinito. A resposta de Jesus a Maria aponta para a ligação entre o tempo e o eterno: estar nas coisas do Pai é abrir-se ao mistério do ser. Como ele, somos chamados a crescer, não apenas em idade, mas na compreensão da graça que nos envolve, guiando-nos à plenitude divina.


HOMILIA

O Chamado às Coisas do Pai

Amados irmãos e irmãs,
Hoje somos convidados a mergulhar na cena do Evangelho de Lucas em que o jovem Jesus, aos doze anos, permanece no templo, entre os doutores, enquanto seus pais o procuram angustiados. Ao ser encontrado, ele responde: "Não sabíeis que devo estar nas coisas de meu Pai?".

Essa passagem nos leva a refletir sobre o profundo significado de estar nas "coisas do Pai". Jesus não apenas declara sua missão, mas revela um caminho para todos nós: o de nos alinharmos àquilo que é essencial e eterno. Em um mundo repleto de distrações, onde somos frequentemente atraídos por objetivos efêmeros, a pergunta de Jesus ecoa como um chamado. Será que estamos buscando aquilo que realmente importa? Estamos vivendo com a consciência de que há algo maior nos esperando e nos guiando?

As “coisas do Pai” não se limitam ao templo físico, mas abrangem a presença divina que permeia toda a criação e a vida. Elas se manifestam no amor que cultivamos, na verdade que defendemos e na paz que promovemos. Estar nas “coisas do Pai” significa reconhecer que somos parte de uma realidade mais ampla, onde cada ação nossa colabora para o bem maior e para a transformação do mundo.

A resposta de Jesus também nos desafia a olhar para as crises da nossa época com os olhos da fé. Em meio às angústias e buscas da humanidade, somos chamados a ser sinais vivos da esperança e da graça. Como Maria e José, muitas vezes não compreendemos plenamente o que Deus realiza em nossas vidas. No entanto, a atitude de Maria, que guardava tudo em seu coração, nos ensina a acolher os mistérios de Deus com humildade e confiança.

Portanto, que esta passagem ilumine o nosso caminho. Que possamos crescer, como Jesus, em sabedoria, estatura e graça, cultivando a nossa relação com Deus e com o próximo. E que, ao contemplarmos as “coisas do Pai”, descubramos o nosso propósito e sejamos instrumentos de transformação, fazendo do hoje um reflexo do eterno. Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação Teológica de Lucas 2,49

A frase "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar nas coisas de meu Pai?" (Lc 2,49) é um ponto central no relato da infância de Jesus, revelando tanto sua consciência divina quanto o início do mistério de sua missão. A profundidade dessa declaração pode ser analisada sob diversas perspectivas teológicas:

1. Consciência da Filiação Divina

Esta é a primeira vez que Jesus, nos Evangelhos, faz uma declaração pública sobre sua relação especial com Deus, chamando-o de meu Pai. Ao usar essa expressão, Jesus transcende a compreensão comum de Deus como Pai de Israel e se identifica como o Filho em um sentido único. Ele demonstra plena consciência de sua identidade e missão, indicando que sua obediência à vontade do Pai celestial está acima de qualquer vínculo humano, ainda que reverencie seus pais terrenos.

2. Missão e Prioridade Espiritual

Ao afirmar que deve estar nas "coisas de meu Pai", Jesus revela a centralidade de sua missão. A expressão "coisas de meu Pai" refere-se tanto à casa de Deus (o templo) quanto à obra divina que Jesus veio realizar no mundo. Aqui, encontramos o primeiro indício de que sua vida será totalmente dedicada ao cumprimento do plano salvífico do Pai, algo que culminará em sua paixão, morte e ressurreição. Sua prioridade não é a segurança humana, mas a realização da vontade divina.

3. Conexão com o Mistério Pascal

A cena antecipa o mistério pascal. O fato de Jesus ter sido "perdido" por três dias por seus pais simboliza sua morte e ressurreição. Assim como Maria e José experimentaram a angústia de sua ausência, os discípulos e a humanidade enfrentariam o luto de sua crucificação, seguido pela alegria de encontrá-lo novamente ressuscitado. Essa passagem, portanto, carrega uma dimensão profética.

4. A Obediência de Jesus

Apesar de sua resposta enigmática, o texto conclui afirmando que Jesus "era-lhes obediente" (Lc 2,51). Isso demonstra que sua obediência à vontade do Pai não contradiz sua submissão aos seus pais terrenos. Em vez disso, ele integra perfeitamente as dimensões humana e divina de sua vida. Este equilíbrio entre obediência terrena e celestial é um modelo para todos os cristãos.

5. A Busca Humana por Deus

Teologicamente, a pergunta de Jesus também é dirigida a nós: "Por que me procuráveis?". Essa indagação nos convida a refletir sobre como e onde buscamos Deus em nossa vida. Frequentemente o procuramos nas preocupações imediatas, mas Jesus nos aponta para as "coisas do Pai", ou seja, os valores do Reino de Deus: amor, justiça, verdade e misericórdia.

6. O Papel de Maria e José

Maria e José representam a humanidade em busca de compreender os mistérios divinos. Embora não compreendam plenamente as palavras de Jesus, Maria as guarda no coração. Esse ato de meditar e acolher os mistérios de Deus em silêncio é essencial para o discipulado cristão.

Conclusão

Essa frase é um convite ao reconhecimento da primazia de Deus em nossa vida. Ela nos desafia a buscar a presença divina nas realidades profundas e a nos alinharmos com a vontade do Pai. Ao seguir o exemplo de Jesus, somos chamados a descobrir e a viver nossa identidade e missão como filhos e filhas de Deus, em obediência amorosa e participação ativa na obra divina de redenção.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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