terça-feira, 3 de dezembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 7:21.24-27 - 05.12.2024

 Liturgia Diária


5 – QUINTA-FEIRA 

1ª SEMANA DO ADVENTO


(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)


Estais perto, Senhor, e todos os vossos caminhos são verdade. Desde sempre conheci vossa palavra porque existis eternamente (Sl 118,151s).

Estais perto, Senhor, como o fundamento que sustenta o ser. Vossa eternidade permeia cada instante, revelando que a verdade não é um caminho externo, mas a essência do próprio existir, onde todas as coisas encontram unidade e propósito.



Mateus 7:21.24-27 (Vulgata)

21. Non omnis qui dicit mihi, Domine, Domine, intrabit in regnum caelorum: sed qui facit voluntatem Patris mei, qui in caelis est, ipse intrabit in regnum caelorum.
Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no Reino dos Céus.

24. Omnis ergo qui audit verba mea hæc, et facit ea, assimilabitur viro sapienti, qui ædificavit domum suam supra petram.
Todo aquele, portanto, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha.

25. Et descendit pluvia, venerunt flumina, flaverunt venti, et irruerunt in domum illam, et non cecidit: fundata enim erat super petram.
E desceu a chuva, vieram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.

26. Et omnis qui audit verba mea hæc, et non facit ea, similis erit viro stulto, qui ædificavit domum suam supra arenam.
E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as põe em prática será comparado a um homem insensato, que construiu sua casa sobre a areia.

27. Et descendit pluvia, venerunt flumina, flaverunt venti, et impegerunt in domum illam, et cecidit: et fuit ruina ejus magna.
E desceu a chuva, vieram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, e ela caiu, e grande foi sua ruína.

Reflexão:

"Non omnis qui dicit mihi, Domine, Domine, intrabit in regnum caelorum: sed qui facit voluntatem Patris mei, qui in caelis est, ipse intrabit in regnum caelorum."

"Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no Reino dos Céus." ( Mt 7:21)


As palavras do Evangelho nos convocam a ancorar nossa existência na profundidade de uma verdade sólida, não em meras ilusões efêmeras. Construir sobre a rocha é viver em coerência com a vontade divina, um caminho que integra a alma à ordem maior do cosmos. A rocha simboliza o alicerce espiritual que nos conecta à eternidade, enquanto a areia representa as distrações transitórias que dissolvem o sentido profundo da vida. Assim, o que construímos deve ser fruto de uma comunhão com o que transcende, permitindo que, mesmo diante das tempestades, permaneçamos inabaláveis. Nesta edificação espiritual, cada ato verdadeiro nos aproxima do cumprimento do projeto supremo: a unidade com a plenitude do Ser.


HOMILIA

Fundar a Vida na Rocha da Verdade

O Evangelho de Mateus 7,21.24-27 nos apresenta uma lição que atravessa os séculos: a necessidade de construir nossas vidas sobre um fundamento sólido. Jesus nos alerta contra o engano de viver apenas para satisfazer o "eu", proclamando palavras vazias de conversão, enquanto nossas ações se enraízam no egoísmo. É a prática da vontade do Pai que nos faz participantes do Reino, não os discursos ou as aparências.

Vivemos tempos em que o egoísmo, muitas vezes mascarado de autossuficiência ou ambição, supera a sabedoria de reconhecer a interdependência entre os homens e a transcendência que os chama a um propósito maior. A metáfora da casa construída sobre a rocha ou sobre a areia revela o destino de nossas escolhas: a solidez das ações enraizadas no bem ou a ruína causada pela superficialidade e pelo isolamento.

Construir sobre a rocha é mais do que resistir às tempestades externas; é moldar uma vida que reflete a verdade que sustenta o universo, onde cada ação converge para o bem comum. Essa rocha é a verdade divina, que nos orienta a transcender o egoísmo e a compreender que a existência ganha sentido quando se abre para o outro e para o Absoluto.

Hoje, somos desafiados a discernir: estamos edificando sobre a rocha da sabedoria, que reconhece Deus e o próximo como pilares, ou sobre a areia do egoísmo, que desaba sob o menor impacto? O Reino dos Céus não é um lugar distante, mas uma realidade que se manifesta onde a vontade do Pai é vivida.

Que nossas escolhas sejam um reflexo dessa construção sólida, onde a sabedoria supera o egoísmo, e a vida, alicerçada na rocha, torna-se um testemunho vivo da verdade que nos precede e nos transcende.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação Teológica de Mateus 7,21

A frase: "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no Reino dos Céus," reflete a profundidade do ensino de Jesus sobre a autenticidade da fé e a natureza do discipulado cristão.

1. A Verdade sobre a Fé Autêntica

Jesus começa alertando contra a ilusão de que o reconhecimento verbal de sua autoridade é suficiente para a salvação. A expressão "Senhor, Senhor" simboliza uma profissão de fé, mas, segundo Cristo, a fé verdadeira vai além das palavras. É uma adesão profunda e transformadora à vontade divina, que se manifesta em obras e atitudes concretas.

2. A Vontade do Pai como Critério Supremo

A "vontade do Pai" é o critério determinante para entrar no Reino dos Céus. Esse conceito transcende um conjunto de regras; trata-se de um chamado à conformidade radical com o amor divino, expressado no mandamento de amar a Deus e ao próximo. Fazer a vontade do Pai implica submissão humilde, busca pela justiça, compaixão ativa e coerência moral.

3. O Reino dos Céus: Realidade Presente e Futura

O "Reino dos Céus" é entendido teologicamente como a soberania de Deus que se manifesta tanto na vida presente, por meio da transformação dos corações e comunidades, quanto na plenitude escatológica no fim dos tempos. Entrar nesse Reino significa viver em comunhão com Deus, permitindo que sua vontade governe plenamente nossas escolhas.

4. A Falsa Segurança Religiosa

Jesus critica implicitamente aqueles que buscam segurança espiritual em rituais externos, fórmulas ou meros gestos de reverência. Ele denuncia o perigo do formalismo religioso, que pode se tornar uma barreira à verdadeira conversão e à prática do amor desinteressado.

5. O Apelo à Ação Concreta

Este versículo ecoa a mensagem central de todo o Sermão da Montanha: a necessidade de uma justiça que exceda a superficialidade. Não basta reconhecer a Cristo como Senhor; é preciso que sua mensagem se torne o alicerce de nossas vidas. Esse compromisso ativo é o que distingue o discípulo fiel daquele que apenas aparenta piedade.

6. Uma Dimensão Escatológica e Ética

O texto também tem um caráter escatológico, lembrando que no juízo final não serão as palavras vazias que prevalecerão, mas os frutos gerados pela obediência ao Pai. A ética cristã é, portanto, essencialmente relacional e prática, baseada na caridade e na fidelidade à verdade.

Conclusão

Mateus 7,21 desafia cada cristão a examinar a sinceridade de sua fé. Não se trata apenas de crer ou dizer as palavras certas, mas de viver em profunda consonância com a vontade de Deus, tornando-se colaborador na construção de seu Reino. A verdadeira fé é aquela que transforma, direciona e une o ser humano à plenitude divina.

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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 15:29-37 - 04.12.2024

 Liturgia Diária


4 – QUARTA-FEIRA 

1ª SEMANA DO ADVENTO


(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)


O Senhor vai chegar e não tardará: há de iluminar o que as trevas ocultam e se manifestará a todos os povos (Hab 2,3; 1Cor 4,5).

O Advento é a espera ativa pela Luz que atravessa o véu do tempo, revelando o invisível. A promessa do Senhor é movimento cósmico e íntimo, unindo corações à plenitude divina, onde trevas cedem ao esplendor da Verdade.



Mateus 15:29-37 (Vulgata)

29. Et cum transisset inde Jesus, venit secus mare Galilaeae: et ascendens in montem, sedebat ibi.
29. E, passando Jesus dali, chegou às margens do mar da Galileia. Subindo ao monte, sentou-se ali.

30. Et accesserunt ad eum turbae multae, habentes secum mutos, caecos, claudos, debiles, et alios multos: et projecerunt eos ad pedes ejus, et curavit eos:
30. E aproximaram-se dele muitas multidões, trazendo consigo mudos, cegos, coxos, inválidos e muitos outros; colocaram-nos aos seus pés, e ele os curou.

31. Ita ut turbam miraretur, videntes mutos loquentes, claudos ambulantes, caecos videntes: et magnificabant Deum Israel.
31. De tal modo que a multidão se maravilhou, vendo os mudos falarem, os coxos andarem e os cegos enxergarem; e glorificavam o Deus de Israel.

32. Jesus autem, convocatis discipulis suis, dixit: Misereor super turbam, quia triduo jam perseverant mecum, et non habent quod manducent: et dimittere eos jejunos nolo, ne deficiant in via.
32. Jesus, chamando os seus discípulos, disse: “Tenho compaixão desta multidão, porque já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer. Não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho.”

33. Et dicunt ei discipuli: Unde ergo nobis in deserto panes tantos, ut saturemus turbam tantam?
33. E os discípulos lhe disseram: “De onde nos virão tantos pães, neste deserto, para saciar tão grande multidão?”

34. Et ait illis Jesus: Quot panes habetis? At illi dixerunt: Septem, et paucos pisciculos.
34. Jesus lhes disse: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete, e alguns peixinhos.”

35. Et praecepit turbæ ut discumberet super terram.
35. E mandou à multidão que se sentasse no chão.

36. Et accipiens septem panes et pisces, gratias agens, fregit, et dedit discipulis suis, et discipuli turbae.
36. Tomando os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e deu aos discípulos, e os discípulos os distribuíram à multidão.

37. Et comederunt omnes, et saturati sunt. Et quod superfuit, de fragmentis, tulerunt septem sportas plenas.
37. Todos comeram e ficaram saciados. E, do que sobrou dos pedaços, recolheram sete cestos cheios.


Reflexão:

"Et accipiens septem panes et pisces, gratias agens, fregit, et dedit discipulis suis, et discipuli turbae."

"Tomando os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e deu aos discípulos, e os discípulos os distribuíram à multidão." (Mt 15,36)

A multiplicação dos pães transcende a matéria, revelando a abundância do amor que sustenta a vida. Em Cristo, cada gesto une o visível e o invisível, apontando para a plenitude onde o humano se encontra com o divino, transfigurado na eternidade.


HOMILIA

Homilia: O Banquete da Plenitude

O Evangelho de Mateus 15,29-37 nos coloca diante de um cenário que transcende o tempo: a multidão faminta que se reúne ao redor de Cristo. O grito de necessidade humana ecoa pela história, e hoje, no mundo em que vivemos, não apenas a fome do corpo permanece, mas também a fome da alma, causada pelas profundas desigualdades que desfiguram a unidade da humanidade.

Jesus, ao multiplicar os pães e peixes, não apenas sacia o corpo físico, mas revela uma dinâmica espiritual: tudo o que é entregue em suas mãos é transformado, ampliado, tornado fonte de vida para muitos. Nesse ato, vemos um convite à cooperação, onde o humano e o divino se encontram para construir uma realidade que não apenas atende às necessidades materiais, mas revela a plenitude da comunhão.

Nos dias de hoje, a fome é um escândalo que denuncia a fragmentação de nossa solidariedade. A desigualdade social não é apenas econômica, mas espiritual, porque, ao tolerarmos essas divisões, negamos a unidade fundamental da humanidade em Cristo. O milagre da multiplicação não é apenas sobre a abundância, mas sobre a partilha. Sete pães e alguns peixinhos não teriam significado sem a generosidade que os ofereceu.

Inspirados por uma visão mais ampla da existência, somos chamados a olhar para o mundo como um campo em transformação. A realidade que vivemos, ainda marcada pela escassez e pelo sofrimento, não é estática. Ela é um ponto de partida para um dinamismo espiritual que busca integrar, reconciliar e elevar toda a criação.

Como discípulos de Cristo, nossa missão é dupla: agir no presente com justiça e compaixão, e ao mesmo tempo cultivar uma visão de esperança que transcenda as limitações do agora. Devemos oferecer não apenas os bens materiais, mas também nossas vidas como instrumentos da transformação divina, confiando que, assim como Cristo multiplicou os pães, Ele também multiplicará nossos esforços para saciar todas as fomes da humanidade.

Portanto, que nossas ações sejam reflexos do banquete divino, onde não há falta nem exclusão, mas a plenitude do amor que transforma a terra em um prenúncio do céu.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teológica de Mateus 15,36

A frase "Tomando os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e deu aos discípulos, e os discípulos os distribuíram à multidão" é rica em significado teológico e espiritual, revelando o dinamismo da ação divina e humana na economia da salvação.

  1. "Tomando os sete pães e os peixes"
    Aqui, vemos a disposição humana em oferecer o pouco que possui. O número sete, simbolizando a plenitude na tradição bíblica, aponta para a totalidade da criação oferecida de volta ao Criador. Jesus assume o que é limitado, imperfeito, e o eleva em um ato de entrega.

  2. "Deu graças"
    A ação de dar graças (em grego, eucharistēsas) é um eco direto da Eucaristia. Jesus reconhece que todo dom vem do Pai e transforma o ordinário em extraordinário pela gratidão. Essa atitude nos ensina que, diante da escassez, o coração grato abre espaço para o milagre da abundância.

  3. "Partiu-os"
    O ato de partir os pães não é apenas um gesto prático, mas um símbolo do sacrifício de Cristo. Ele mesmo, o Pão da Vida, seria partido na cruz para ser compartilhado com toda a humanidade. A fração do pão aponta para a comunhão e a unidade que surge do sacrifício redentor.

  4. "Deu aos discípulos"
    A participação dos discípulos na distribuição dos alimentos reflete a missão da Igreja. Cristo confia aos seus seguidores a tarefa de levar a graça divina ao mundo. Eles não são apenas receptores, mas mediadores do dom de Deus, colaborando ativamente na obra da salvação.

  5. "E os discípulos os distribuíram à multidão"
    O gesto de distribuição demonstra que a graça divina, embora infinita, exige cooperação humana para alcançar todos. A multidão representa a humanidade inteira, chamada a receber o alimento que nutre tanto o corpo quanto a alma.

Dimensão Teológica

Esta passagem revela a dinâmica do Reino de Deus: o que é humano, quando oferecido a Cristo, é transformado e amplificado. O milagre da multiplicação não é apenas um evento histórico, mas um sinal escatológico do banquete celestial, onde não haverá mais fome nem exclusão (cf. Ap 7,16-17).

Na Eucaristia, este gesto se torna sacramental. Cada Missa é a atualização do ato de Cristo que toma, abençoa, parte e distribui o Pão da Vida. Assim, a frase de Mateus 15,36 não apenas narra um evento, mas aponta para o coração da vida cristã: a partilha que gera comunhão e a gratidão que transforma o mundo.

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domingo, 1 de dezembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 10:21-24 - 03.12.2024

Liturgia Diária


3 – TERÇA-FEIRA 

SÃO FRANCISCO XAVIER


PRESBÍTERO


(branco, pref. do Advento I ou IA – ou dos pastores – ofício da memória)


Eu vos louvarei, Senhor, entre os povos, e anunciarei o vosso nome aos meus irmãos (Sl 17,50; 21,23).

Louvar ao Senhor entre os povos é reconhecer a unidade transcendental que nos liga ao divino. Anunciar Seu nome é iluminar a consciência humana, despertando a essência sublime que nos conduz à plenitude da comunhão universal e do Amor eterno.



Lucas 10,21-24 (Vulgata)

21 In ipsa hora exsultavit Spiritu Sancto, et dixit: Confiteor tibi, Pater, Domine cæli et terræ, quia abscondisti hæc a sapientibus et prudentibus, et revelasti ea parvulis. Etiam, Pater: quoniam sic placitum fuit ante te.
Naquela mesma hora, exultou no Espírito Santo e disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.

22 Omnia mihi tradita sunt a Patre meo. Et nemo novit quis sit Filius, nisi Pater: et quis sit Pater, nisi Filius, et cui voluerit Filius revelare.
Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho senão o Pai, e quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

23 Et conversus ad discipulos suos, dixit: Beati oculi qui vident quæ videtis.
E, voltando-se para os discípulos, disse: Felizes os olhos que veem o que vós vedes.

24 Dico enim vobis, quod multi prophetæ et reges voluerunt videre quæ vos videtis, et non viderunt: et audire quæ auditis, et non audierunt.
Pois eu vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vedes, e não viram; e ouvir o que ouvis, e não ouviram.

Reflexão:

"Beati oculi qui vident quæ videtis."

"Felizes os olhos que veem o que vós vedes." (Lucas 10:23)


A revelação aos pequeninos exprime a simplicidade necessária para acolher o mistério da criação e do Criador. A relação íntima entre Pai e Filho é convite à união com o sagrado, onde todo conhecimento se transforma em visão espiritual. Felizes os que veem, pois testemunham a plenitude do real e sua direção transcendental. Profetas e reis buscavam, mas não alcançaram o momento em que o Espírito Santo se revela no coração humano, conduzindo-o ao ponto supremo de convergência, onde o humano encontra o eterno.


HOMILIA

O Mistério da Revelação nos Relacionamentos

O Evangelho de Lucas 10,21-24 nos conduz a uma reflexão profunda sobre a revelação divina e a simplicidade necessária para acolhê-la. Jesus exulta no Espírito Santo ao louvar o Pai por esconder as grandes verdades aos sábios e entendidos, revelando-as aos pequeninos. Este texto, lido à luz dos desafios contemporâneos, especialmente os conflitos entre pais e filhos, convida-nos a meditar sobre o papel da humildade e do amor no restabelecimento da comunhão.

Vivemos tempos em que a distância emocional entre gerações parece crescer. Pais buscam respostas em sua experiência e sabedoria, enquanto filhos clamam por compreensão em suas inquietações e aspirações. Mas será que não estamos esquecendo o essencial? Jesus ensina que o verdadeiro entendimento não nasce da razão isolada, mas da abertura do coração, da escuta e da capacidade de se colocar no lugar do outro, com a simplicidade dos pequeninos.

No relacionamento familiar, a revelação de quem somos e do amor que nos une só pode acontecer quando abrimos espaço para o outro. Assim como o Pai e o Filho possuem uma comunhão íntima e inquebrantável, somos chamados a construir relações enraizadas na empatia e na busca pelo bem comum. Os olhos felizes que veem a verdade são aqueles que se desarmam do orgulho e se permitem enxergar a beleza e a dor que habitam o próximo.

Aos pais, é preciso recordar que os filhos não precisam apenas de conselhos ou limites, mas de testemunhos vivos de fé, de presença amorosa e de compreensão. Aos filhos, cabe reconhecer que o amor dos pais, ainda que falho, reflete algo maior, que nos conecta a um mistério mais profundo de cuidado e providência.

Jesus exulta no Espírito ao ver que o Reino se manifesta na simplicidade e no acolhimento. Hoje, somos desafiados a trazer essa exultação divina para nossos lares, transformando conflitos em oportunidades de reconciliação. Quando buscamos entender e amar como Cristo, as barreiras entre gerações se dissolvem, e a família se torna espaço onde o humano encontra o divino.

Felizes, então, serão os olhos que aprenderem a ver o outro com a mesma misericórdia com que Deus nos enxerga. Pois, ao final, toda divisão se curva diante da unidade que o amor constrói.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação Teológica: "Felizes os olhos que veem o que vós vedes" (Lucas 10,23)

Esta frase pronunciada por Jesus no Evangelho de Lucas contém um profundo significado teológico que une revelação, graça, e a dimensão escatológica da visão espiritual.

  1. A visão como dom da graça
    Os "olhos que veem" não se referem apenas à capacidade física de enxergar, mas à visão interior, espiritual, que permite discernir a manifestação de Deus na história e no presente. Essa visão é um dom da graça divina, concedida àqueles que, com coração humilde, se abrem à revelação de Cristo. Jesus indica que seus discípulos são bem-aventurados porque tiveram a oportunidade única de contemplar, na plenitude dos tempos, a realização das promessas feitas aos patriarcas, profetas e reis.

  2. Revelação divina na pessoa de Cristo
    A frase situa-se no contexto da revelação messiânica. Em Jesus, o mistério do Reino de Deus é desvendado, e aqueles que o acompanham participam desse momento único. Eles veem, não apenas com os olhos da carne, mas com os olhos da fé, a encarnação do Verbo e os sinais do Reino manifestados por meio de milagres, ensinamentos e, acima de tudo, pelo amor divino.

  3. A plenitude escatológica
    A visão que Jesus celebra aponta também para a esperança escatológica: a união final de todas as coisas em Deus. Os olhos que veem o que os discípulos veem são os olhos que reconhecem o início dessa plenitude no tempo presente. Esse reconhecimento é antecipação do que será plenamente revelado na consumação dos tempos, quando Deus será tudo em todos (1Cor 15,28).

  4. A cegueira dos sábios e a visão dos pequeninos
    No contexto imediato, Jesus contrapõe a visão concedida aos discípulos com a cegueira espiritual dos sábios e entendidos, que, fechados em seu orgulho e racionalismo, não conseguem perceber o essencial. Isso nos ensina que a verdadeira visão não é fruto do mérito humano, mas da humildade e da abertura ao agir de Deus.

  5. A alegria na comunhão
    "Felizes os olhos que veem" reflete a alegria de estar em comunhão com Deus, um estado que transcende o tempo e o espaço. Essa felicidade não é apenas futura, mas presente: ela brota da experiência do amor divino, que transforma o coração e dá novo significado a tudo o que é visto e vivido.

Conclusão
A frase "Felizes os olhos que veem o que vós vedes" nos chama a um profundo exame de nossa visão espiritual. Enxergamos, hoje, as manifestações de Deus em nossa vida? Reconhecemos, com os olhos da fé, a presença de Cristo nos pequenos sinais cotidianos? Essa bem-aventurança nos desafia a cultivar um coração humilde e aberto, para que possamos, como os discípulos, participar da alegria de contemplar e viver a revelação divina em plenitude.

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