Liturgia Diária
DIA 18 – SEXTA-FEIRA
PAIXÃO DO SENHOR
(dia de jejum e abstinência)
(vermelho – ofício próprio)
Fiel ao princípio superior e ao valor da pessoa, o Filho entrega-se livremente à dor, tornando-se símbolo da vontade consciente. Sua escolha pela cruz não é imposição, mas expressão do arbítrio pleno. Sigamo-lo, solidários com os que padecem, reconhecendo no sofrimento a dignidade inalienável do ser. A jornada celebra o espírito autônomo e compassivo, revelando-se em três momentos: contemplação da verdade, reverência ao sacrifício voluntário e comunhão entre consciências livres. No silêncio, emerge a ética da escolha; no despojamento, a grandeza do indivíduo; e na dor, a luz que transcende as estruturas, afirmando a soberania do espírito sobre a matéria.
Louvor e honra a vós, Senhor Jesus.
Jesus Cristo se tornou obediente, / obediente até a morte numa cruz; / pelo que o Senhor Deus o exaltou / e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8s). – R.
Omitem-se a saudação ao povo e o sinal da cruz.
N (Narrador): Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 1Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse:
P (Presidente): A quem procurais?
N: 5Responderam:
G (Grupo ou assembleia): A Jesus, o Nazareno.
N: Ele disse:
P: Sou eu.
N: Judas, o traidor, estava junto com eles. 6Quando Jesus disse “sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. 7De novo lhes perguntou:
P: A quem procurais?
N: Eles responderam:
G: A Jesus, o Nazareno.
N: 8Jesus respondeu:
P: Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem.
N: 9Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito: “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”. 10Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Então Jesus disse a Pedro:
P: Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?
N: 12Então os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano. 14Foi Caifás que deu aos judeus o conselho: “É preferível que um só morra pelo povo”. 15Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. 16Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17A criada que guardava a porta disse a Pedro:
L (Leitor): Não pertences também tu aos discípulos desse homem?
N: Ele respondeu:
L: Não!
N: 18Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20Jesus lhe respondeu:
P: Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse.
N: 22Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo:
L: É assim que respondes ao sumo sacerdote?
N: 23Respondeu-lhe Jesus:
P: Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?
N: 24Então Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o sumo sacerdote. 25Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe:
G: Não és tu, também, um dos discípulos dele?
N: Pedro negou:
L: Não!
N: 26Então um dos empregados do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse:
L: Será que não te vi no jardim com ele?
N: 27Novamente Pedro negou. E, na mesma hora, o galo cantou. 28De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a Páscoa. 29Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse:
L: Que acusação apresentais contra este homem?
N: 30Eles responderam:
G: Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!
N: 31Pilatos disse:
L: Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei.
N: Os judeus lhe responderam:
G: Nós não podemos condenar ninguém à morte.
N: 32Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 33Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe:
L: Tu és o rei dos judeus?
N: 34Jesus respondeu:
P: Estás dizendo isso por ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?
N: 35Pilatos falou:
L: Por acaso sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?
N: 36Jesus respondeu:
P: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui.
N: 37Pilatos disse a Jesus:
L: Então tu és rei?
N: Jesus respondeu:
P: Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.
N: 38Pilatos disse a Jesus:
L: O que é a verdade?
N: Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus e disse-lhes:
L: Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos judeus?
N: 40Então, começaram a gritar de novo:
G: Este não, mas Barrabás!
N: Barrabás era um bandido. 19,1Então Pilatos mandou flagelar Jesus. 2Os soldados teceram uma coroa de espinhos e a colocaram na cabeça de Jesus. Vestiram-no com um manto vermelho, 3aproximavam-se dele e diziam:
G: Viva o rei dos judeus!
N: E davam-lhe bofetadas. 4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus:
L: Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum.
N: 5Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes:
L: Eis o homem!
N: 6Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar:
G: Crucifica-o! Crucifica-o!
N: Pilatos respondeu:
L: Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum.
N: 7Os judeus responderam:
G: Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
N: 8Ao ouvir essas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus:
L: De onde és tu?
N: Jesus ficou calado. 10Então Pilatos disse:
L: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?
N: 11Jesus respondeu:
P: Tu não terias autoridade alguma sobre mim se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior.
N: 12Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam:
G: Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei declara-se contra César.
N: 13Ouvindo essas palavras, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, em hebraico “Gábata”. 14Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus:
L: Eis o vosso rei!
N: 15Eles, porém, gritavam:
G: Fora! Fora! Crucifica-o!
N: Pilatos disse:
L: Hei de crucificar o vosso rei?
N: Os sumos sacerdotes responderam:
G: Não temos outro rei senão César.
N: 16Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram. 17Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado Calvário, em hebraico “Gólgota”. 18Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio. 19Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito: “Jesus Nazareno, o rei dos judeus”. 20Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 21Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:
G: Não escrevas “o rei dos judeus”, mas sim o que ele disse: “Eu sou o rei dos judeus”.
N: 22Pilatos respondeu:
L: O que escrevi está escrito.
N: 23Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto a baixo. 24Disseram então entre si:
G: Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será.
N: Assim se cumpria a Escritura que diz: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”. Assim procederam os soldados. 25Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe:
P: Mulher, este é o teu filho.
N: 27Depois disse ao discípulo:
P: Esta é a tua mãe.
N: Dessa hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. 28Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse:
P: Tenho sede.
N: 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30Ele tomou o vinagre e disse:
P: Tudo está consumado.
N: E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Todos se ajoelham e faz-se breve pausa.
N: 31Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e, depois, do outro que foram crucificados com Jesus. 33Ao se aproximarem de Jesus e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35Aquele que viu dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. 37E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”. 38Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus – mas às escondidas, por medo dos judeus -, pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido de noite encontrar-se com Jesus. Levou uns trinta quilos de perfume, feito de mirra e aloés. 40Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar. 41No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 42Por causa da preparação da Páscoa e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus. – Palavra da salvação.
Reflexão:
Na entrega voluntária de Jesus, vemos a expressão máxima da liberdade individual em sua forma mais pura. Ele escolhe o caminho do sacrifício, não por imposição, mas por convicção, assumindo a responsabilidade por suas ações e suas consequências. Essa decisão ressalta a importância da autonomia pessoal e da capacidade de cada indivíduo de determinar seu próprio destino. A narrativa nos convida a refletir sobre a dignidade intrínseca de cada ser humano e a importância de respeitar as escolhas alheias, mesmo quando estas envolvem grandes desafios. A liberdade, quando exercida com responsabilidade e empatia, torna-se um poderoso instrumento de transformação e crescimento coletivo.
Frase mais importante:
"Cum ergo accepisset Iesus acetum, dixit: Consummatum est. Et inclinato capite tradidit spiritum."
“Quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” (Jo 19:30)
Essa frase é o ápice da narrativa da Paixão em João. Ela expressa a plenitude da missão cumprida — a entrega voluntária de Jesus, em liberdade e consciência, pela redenção do ser humano. É um ato de realização, não de derrota.
HOMILIA
O Centro Ardente da Liberdade
No silêncio do madeiro, onde a dor não grita, mas ressoa, contemplamos Aquele que não foi vencido, mas se ofereceu. Não por resignação, mas por decisão. Ele, o Cristo, atravessa o jardim do Cedron como quem atravessa o limiar entre o possível e o eterno, escolhendo o caminho mais fundo, onde o ser encontra seu sentido último na entrega voluntária. Ele não se esconde da treva, mas a atravessa. Não nega a justiça, mas a transcende.
Quando diz: “Consummatum est” — está consumado — não sela um fim, mas inaugura uma transformação. Porque tudo aquilo que se consuma no amor consciente, no gesto de quem sabe o que faz e o porquê o faz, acende o fogo no centro da criação. Nesse instante, todo o universo parece concentrar-se naquele corpo suspenso, e cada átomo do mundo reconhece ali sua vocação: ser mais do que matéria, ser espírito em ascensão.
A liberdade de Cristo é a liberdade do ser desperto. Não a que rompe laços por instinto, mas a que os transcende por consciência. Ele escolhe não escapar, mas integrar; não destruir, mas unir. Sua paixão não é a derrota do corpo, mas a vitória do espírito sobre a dispersão. Ele nos mostra que o sofrimento, quando escolhido por amor, se converte em força criadora — capaz de reunir o que estava disperso, de dar sentido ao que parecia caos.
E assim, o que vemos não é apenas um homem justo condenado injustamente. Vemos a eclosão de uma presença que revela que o destino da existência não é a estagnação, mas a convergência. Não um fim imposto, mas um fim assumido. A cruz, então, não é peso, mas eixo. É o ponto fixo onde o mundo gira para se encontrar. E aquele que ali se entrega, não perde: ele une. Ele atrai para si tudo o que existe, não para aprisionar, mas para libertar no amor que conhece e respeita a singularidade de cada um.
Neste gesto, toda pessoa é chamada à mesma nobreza: viver de tal modo que a liberdade se una ao amor, que a verdade caminhe junto da compaixão, e que cada escolha seja um passo em direção ao todo — onde cada parte importa, mas nenhuma é o fim em si. Tudo se consuma quando o ser entende que seu destino é convergir, e não apenas resistir.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
“Quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” (Jo 19,30)
é uma das declarações mais densas de todo o Evangelho segundo João. Ela concentra, em poucas palavras, uma revelação teológica e espiritual de amplitude cósmica e pessoal.
Vamos desdobrá-la em três movimentos interligados:
1. “Quando Jesus tomou o vinagre”
Este gesto aparentemente simples é carregado de significado. No Antigo Testamento, o vinagre (ou vinho azedo) está ligado à humilhação (cf. Sl 69,22). Ao aceitar o vinagre, Jesus não apenas experimenta a totalidade do sofrimento humano — físico, psicológico e espiritual — mas também consuma a profecia messiânica.
João destaca que Jesus toma o vinagre — Ele não apenas o recebe passivamente. Isso indica que, mesmo no extremo da dor, Ele permanece sujeito ativo de sua paixão. Ele não é um mártir arrastado por forças fora de seu controle, mas alguém que integra a dor à sua missão, conferindo-lhe sentido.
2. “Disse: Está consumado” (gr. Tetélestai)
Esta expressão única no grego original, tetélestai, é uma forma verbal perfeita que indica uma ação plenamente realizada com efeitos permanentes. Pode ser traduzida como: está plenamente cumprido, está completado em plenitude.
Teologicamente, esse "consumado" não se refere apenas à morte, mas ao cumprimento da missão que o Pai lhe confiou (cf. Jo 17,4). É o selo final da obediência livre de Jesus, que leva ao extremo o amor até a entrega total de si.
Nesse ponto, o plano divino — a reconciliação do humano com o divino — atinge seu clímax. O Logos encarnado consuma sua obra: a restauração da comunhão entre criatura e Criador, não por imposição, mas por uma liberdade que se dá.
Está consumado também ecoa o sétimo dia da criação (Gn 2,2), onde Deus "termina" a obra criadora. Aqui, Jesus inaugura a nova criação, e sua cruz torna-se a árvore do novo paraíso. O caos é reordenado não pela força, mas pelo amor radical.
3. “E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.”
Diferente dos evangelhos sinóticos, onde Jesus "expira", João escolhe a expressão: “entregou o espírito” (paredōken to pneuma).
Há aqui duas camadas:
-
Física: Jesus morre — sua vida humana se extingue.
-
Teológica: Jesus dá o Espírito. Não apenas "morre", mas entrega, oferece. É um ato ativo, não apenas o fim biológico.
João está preparando o leitor para Pentecostes: o dom do Espírito Santo. Na cruz, já se inicia essa efusão. A cruz não é apenas o lugar da morte, mas o lugar onde o Espírito começa a ser comunicado à humanidade, como fruto do amor total de Cristo.
O fato de Jesus inclinar a cabeça depois de dizer “está consumado” e antes de entregar o espírito mostra mais uma vez que tudo acontece com consciência e soberania. Ele entrega a vida, ninguém a tira (cf. Jo 10,18).
Conclusão:
Jo 19,30 é o ponto em que o tempo toca a eternidade. Cristo, pleno de liberdade e amor, consuma a missão que lhe foi confiada e inaugura um novo modo de existência para a humanidade: a comunhão entre a liberdade pessoal e o dom total de si.
Aqui, a história encontra seu ponto de virada. O mundo, até então fragmentado, começa a convergir. Tudo se consuma não no fim, mas no sentido. E o Espírito, que brota do Crucificado, passa a ser a força invisível que conduz a criação para sua plenitude.
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