sexta-feira, 11 de abril de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 19:28-40 - 13.04.2025

 Liturgia DiáriaDIA


13 – DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR 

(vermelho, creio, prefácio próprio – 2ª semana do saltério)


PROCISSÃO


Trilhando os passos do Cristo no caminho da cruz, contemplamos a entrada do Espírito Encarnado na cidade da consciência humana. Esta travessia solene marca o limiar de uma revelação: o centro silencioso da nossa caminhada espiritual, onde se revela o mistério da entrega, da morte do ego e da ascensão do ser. Com símbolos vivos em nossas mãos, acolhemos aquele que, sendo eternamente pleno, se manifesta entre nós na forma do servo livre.

Irmãos e irmãs de espírito, durante as cinco semanas de purificação, voltamos nosso olhar para o íntimo, cultivando a ascese e a abertura ao outro como sinais de uma alma desperta. Hoje, ao nos reunirmos no sopro da comunhão silenciosa, damos início à celebração do grande arco da existência — morte e renascimento, queda e elevação. Para tornar essa obra perfeita, o Cristo atravessou a Jerusalém interior, a cidade onde se cruzam escolhas e destinos. Assim, ao reviver com reverência esse gesto cósmico, caminhemos com Ele, conscientes de que, ao livremente assumirmos a cruz da nossa verdade, nos tornamos participantes não só da entrega, mas da vida que dela ressurge.



Evangelium secundum Lucam 19,28-40

28 Et cum haec dixisset, procedebat ascendens in Hierosolymam.
E depois de ter dito isso, prosseguia subindo para Jerusalém.

29 Et factum est, cum appropinquasset ad Bethphage et Bethaniam, ad montem qui vocatur Oliveti, misit duos discipulos suos,
E aconteceu que, ao se aproximar de Betfagé e Betânia, perto do monte chamado das Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos,

30 dicens: Ite in castellum quod contra est; in quod introëuntes, invenietis pullum asinæ alligatum, cui nemo umquam hominum sedit; solvite illum et adducite.
dizendo: Ide ao povoado que está adiante; ao entrar, encontrareis um jumentinho amarrado, em que nunca montou homem algum; soltai-o e trazei-o.

31 Et si quis vos interrogaverit: Quare solvitis? sic dicetis ei: Quia Dominus necessarium habet ad se.
E se alguém vos perguntar: Por que o soltais? direis assim: Porque o Senhor precisa dele.

32 Abierunt autem qui missi erant, et invenerunt, sicut dixit illis, pullum stantem.
Partiram, pois, os que haviam sido enviados e encontraram o jumentinho como lhes havia dito.

33 Solventibus autem illis pullum, dixerunt domini ejus ad illos: Quid solvitis pullum?
Enquanto eles soltavam o jumentinho, os donos lhes disseram: Por que soltais o jumentinho?

34 At illi dixerunt: Quia Dominus eum necessarium habet.
Eles responderam: Porque o Senhor precisa dele.

35 Et duxerunt illum ad Jesum; et jactantes vestimenta sua supra pullum, imposuerunt Jesum.
E levaram-no a Jesus; e, lançando suas vestes sobre o jumentinho, puseram Jesus em cima.

36 Eunte autem illo, substernebant vestimenta sua in via.
E, enquanto Ele passava, estendiam suas vestes no caminho.

37 Et cum appropinquaret jam ad descensum montis Oliveti, coeperunt omnes turbæ discentium gaudentes laudare Deum voce magna super omnibus quas viderant virtutibus,
E quando já se aproximava da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos começou a louvar a Deus em alta voz, por todos os prodígios que tinham visto,

38 dicentes: Benedictus, qui venit rex in nomine Domini! Pax in cælo, et gloria in excelsis!
dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!

39 Et quidam pharisæorum de turbis dixerunt ad illum: Magister, increpa discipulos tuos.
E alguns dos fariseus dentre a multidão disseram-lhe: Mestre, repreende os teus discípulos.

40 Quibus ipse ait: Dico vobis, quia si hi tacuerint, lapides clamabunt.
Mas Ele respondeu: Eu vos digo que, se estes se calarem, as pedras clamarão.


Frase mais importante:

"Quibus ipse ait: Dico vobis, quia si hi tacuerint, lapides clamabunt."
"Ele respondeu: Eu vos digo que, se estes se calarem, as pedras clamarão." (Lc 19:40)

Essa declaração de Jesus revela que a manifestação da verdade é inevitável. Mesmo que os homens se silenciem, a criação se encarregará de proclamá-la. É um símbolo da força vital que transcende qualquer contenção humana — o impulso da liberdade, da consciência desperta e da revelação que não pode ser contida.


Reflexão:

No gesto livre daquele que entra em Jerusalém montado num jumentinho, revela-se a grandeza que não se impõe, mas se oferece. A multidão, ao reconhecer os sinais da Verdade, torna-se eco do universo em louvor. O Cristo não busca o domínio, mas a elevação interior de cada consciência. Sua realeza não é feita de conquista material, mas de um chamado à responsabilidade da escolha. Cada alma que reconhece a presença do Amor torna-se aliada da vida plena. A força não está nas instituições exteriores, mas no impulso que nasce do íntimo e se alinha com o eterno. O silêncio da criação grita pela liberdade que transforma. E todo ser desperto, ao seguir esse caminho, torna-se também ele voz de ressurreição.


HOMILIA

O Clamor da Existência no Caminho da Plenitude

Amados buscadores do sentido eterno,

Contemplamos hoje a silenciosa grandeza de um acontecimento que não pertence apenas a uma época, mas vibra em todas as eras: a entrada do Cristo em Jerusalém. Ele vem montado não em símbolo de conquista, mas de entrega; não sobre a força, mas sobre a simplicidade viva da criatura. Este movimento não é apenas um ato histórico, mas a expressão visível da passagem do Espírito pela cidade interior de cada ser que se abre à Verdade.

Jesus não entra para dominar, mas para despertar. Cada passo seu é um convite à ascensão da consciência, à escolha livre por um Reino que não se impõe, mas se revela à medida que o ser humano responde à sua vocação mais elevada. Os discípulos, em júbilo, reconhecem os sinais — e cantam. Não cantam por obrigação, mas porque a alma que enxerga o Sagrado não pode permanecer calada.

E quando os fariseus pedem que o silêncio seja imposto, Ele responde: “Se estes se calarem, as pedras clamarão.” Há nessa resposta um eco profundo da própria estrutura do real. Toda existência — pedra, céu, vida — tende para o centro luminoso da Verdade. E mesmo aquilo que parece inerte carrega em si o impulso de proclamar a Presença. A manifestação do sentido último não depende de vozes humanas; ela é inevitável, porque está inscrita no próprio tecido da realidade.

Mas eis o mistério: o Cristo escolhe não forçar, mas chamar. E somente os que escutam por dentro compreendem. Ele não invade; Ele atravessa. Cada consciência tem diante de si o caminho: unir-se ao clamor da criação que reconhece sua origem, ou resistir, tentando calar o que jamais poderá ser calado.

O jumentinho que O carrega — virgem de qualquer uso humano — torna-se trono da liberdade divina. E cada um de nós, se se deixar conduzir por esse mesmo Espírito, poderá tornar-se portador daquilo que transforma o mundo não pelo poder, mas pela verdade que liberta e ilumina.

Sigamos, pois, neste caminho de Jerusalém interior, não como espectadores, mas como viajantes despertos. Que o nosso silêncio seja pleno de sentido, e que nossa voz, quando se erguer, não clame apenas por esperança, mas seja já manifestação dela. Porque a Voz eterna continua a atravessar as cidades da alma — e mesmo que o mundo se cale, o próprio ser gritará.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase:
"Ele respondeu: Eu vos digo que, se estes se calarem, as pedras clamarão." (Lc 19,40)
é uma das mais densas e teologicamente reveladoras do Evangelho, pois nela se entrelaçam o mistério da Revelação divina, a liberdade da criação e a urgência da Verdade.

1. A Voz que não pode ser silenciada

Jesus responde aos fariseus que pedem o silêncio dos discípulos, e sua resposta é uma afirmação de que a manifestação da verdade é inevitável. Mesmo que o ser humano, dotado de liberdade, decida reprimir a expressão da glória de Deus, a própria criação dará testemunho. Isso nos remete à ideia paulina de que “a criação geme” (cf. Rm 8,22), esperando ser libertada da corrupção — ou seja, a realidade criada participa do drama da redenção e está impregnada de uma vocação para o louvor.

2. A liturgia do cosmos

Neste versículo, Jesus declara que toda a criação é litúrgica. As “pedras”, símbolo do que é aparentemente inanimado, silencioso, frio, serão portadoras de voz. Há aqui uma afirmação profunda: tudo o que existe carrega em si a marca do Verbo, e onde há existência, há um impulso para o louvor. O universo é sacramento da presença divina, e suas criaturas, mesmo sem palavra humana, são capazes de comunicar a glória do Criador.

3. A liberdade e a responsabilidade humana

A advertência de Jesus não é apenas poética. Ela afirma que o silêncio diante do Sagrado é uma escolha com consequências cósmicas. Quando os homens se calam diante da verdade, não anulam a verdade, mas apenas transferem sua expressão ao nível mais básico e essencial: as pedras falarão. Isso revela uma responsabilidade moral: se aquele que vê e compreende se cala, trai sua vocação profética.

4. Cristo como centro da criação

A proclamação dos discípulos de que Jesus é Rei toca o coração da teologia cristocêntrica: Cristo é o eixo da criação e da história. Negar isso, ou tentar reprimir essa proclamação, é romper com a harmonia mais profunda do ser. É por isso que, se os discípulos forem silenciados, o próprio mundo se encarregará de anunciar aquilo que é eterno. O cosmos, criado por meio do Verbo, reconhece seu Senhor.

5. Teologia da manifestação e da inevitabilidade

Essa frase também nos fala da manifestação do mistério divino como algo que se impõe pela própria natureza das coisas. Há uma espécie de lógica interna no universo que leva ao reconhecimento de Deus. Tentar calar essa lógica, é ir contra o curso do ser. O clamor das pedras é, portanto, o último recurso da realidade diante da recusa humana.

Conclusão

Assim, a frase de Jesus é uma afirmação escatológica, profética e ontológica. Ela revela que o Reino está em marcha, que sua vinda é certa, e que nem a resistência humana nem o silêncio das instituições podem detê-lo. E mais: o louvor ao Cristo é tão essencial ao universo quanto o próprio existir. Se o homem, imagem consciente do Criador, recusar-se a falar, o mundo em sua matéria bruta o fará — porque tudo o que existe foi feito para reconhecer Aquele que É.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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