terça-feira, 1 de abril de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 5:31-47 - 03.04.2025

 Liturgia Diária


3 – QUINTA-FEIRA 

4ª SEMANA DA QUARESMA


(roxo – ofício do dia)


Exulte o coração que busca a Deus! Procurai o Senhor Deus e seu poder, buscai constantemente a sua face (Sl 104,3s).


A celebração do Espírito nos revela que, apesar das múltiplas imperfeições da vontade, a Fonte Suprema permanece íntegra em sua essência e benevolência. No Verbo manifestado, àqueles que reconhecem a luz da consciência é concedida a plenitude do ser e a ascensão da alma, dádivas da Inteligência Criadora, cuja manifestação cabe ao indivíduo buscar livremente. Na comunhão com essa verdade, encontra-se o caminho para a realização e a elevação, onde a liberdade do espírito se harmoniza com a ordem transcendente. Que cada existência celebre, com consciência e profundidade, a luminosa jornada rumo à perfeição do ser.



Lectio Sancti Evangelii secundum Ioannem (5:31-47)

31 Si ego testimonium perhibeo de meipso, testimonium meum non est verum.
Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não será verdadeiro.

32 Alius est, qui testimonium perhibet de me: et scio quia verum est testimonium, quod perhibet de me.
Há outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.

33 Vos misistis ad Ioannem, et testimonium perhibuit veritati.
Vós enviastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade.

34 Ego autem non ab homine testimonium accipio: sed haec dico ut vos salvi sitis.
Eu, porém, não recebo testemunho de homem algum, mas digo isso para que sejais salvos.

35 Ille erat lucerna ardens et lucens: vos autem voluistis ad horam exsultare in luce eius.
Ele era a lâmpada ardente e brilhante, e vós quisestes por um momento alegrar-vos com sua luz.

36 Ego autem habeo testimonium maius Ioanne. Opera enim, quae dedit mihi Pater ut perficiam ea, ipsa opera, quae ego facio, testimonium perhibent de me, quia Pater misit me.
Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: as obras que o Pai me concedeu realizar, estas mesmas obras que faço dão testemunho de mim, de que o Pai me enviou.

37 Et qui misit me, Pater, ipse testimonium perhibuit de me: neque vocem eius umquam audistis, neque speciem eius vidistis.
E o Pai, que me enviou, ele mesmo deu testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua face.

38 Et verbum eius non habetis in vobis manens: quia quem misit ille, huic vos non creditis.
E não tendes a sua palavra habitando em vós, porque não credes naquele que ele enviou.

39 Scrutamini Scripturas, quia vos putatis in ipsis vitam aeternam habere: et illae sunt, quae testimonium perhibent de me.
Examinai as Escrituras, pois julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim.

40 Et non vultis venire ad me, ut vitam habeatis.
Mas não quereis vir a mim para terdes vida.

41 Claritatem ab hominibus non accipio.
Eu não recebo glória dos homens.

42 Sed cognovi vos, quia dilectionem Dei non habetis in vobis.
Mas eu vos conheço e sei que não tendes o amor de Deus em vós.

43 Ego veni in nomine Patris mei, et non accipitis me: si alius venerit in nomine suo, illum accipietis.
Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, a esse recebereis.

44 Quomodo potestis vos credere, qui gloriam ab invicem accipitis: et gloriam, quae a solo Deo est, non quaeritis?
Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus?

45 Nolite putare quia ego accusaturus sim vos apud Patrem: est qui accusat vos, Moyses, in quo vos speratis.
Não penseis que sou eu quem vos acusará diante do Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem depositastes vossa esperança.

46 Si enim crederetis Moysi, crederetis forsitan et mihi: de me enim ille scripsit.
Se crêsseis em Moisés, talvez crêsseis também em mim, pois foi a meu respeito que ele escreveu.

47 Si autem illius litteris non creditis, quomodo meis verbis credetis?
Mas se não credes em seus escritos, como crereis em minhas palavras?

Reflexão:

"Scrutamini Scripturas, quia vos putatis in ipsis vitam aeternam habere: et illae sunt, quae testimonium perhibent de me."
"Examinai as Escrituras, pois julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim." (Jo 5:39)

A verdade não se impõe pela força, mas se manifesta por sua própria luz. A liberdade interior exige o reconhecimento da realidade que transcende as aparências e conduz ao aperfeiçoamento da consciência. Aquele que busca a clareza do ser precisa confrontar-se com os próprios limites e superar as sombras da ilusão. A autenticidade do espírito não está na aprovação dos homens, mas na coerência entre palavra e ação. O testemunho que se sustenta pela verdade não necessita de imposição, pois encontra sua força na essência da própria existência, onde a plenitude se revela àqueles que desejam realmente ver.


HOMILIA

A Luz da Verdade e o Chamado à Autenticidade

Amados, as palavras do Evangelho de João hoje nos revelam uma realidade profunda sobre a natureza da verdade e da liberdade do espírito. Cristo declara que seu testemunho não se sustenta por si só, mas é confirmado pelo Pai e pelas obras que realiza. Vemos aqui um princípio essencial: a verdade não necessita de imposição, pois sua força está na própria luz que emana.

Muitos buscaram na letra das Escrituras a promessa da vida eterna, mas não reconheceram que essas mesmas palavras testemunhavam a presença viva de Cristo. Isso nos leva a refletir sobre a busca genuína pelo conhecimento: não basta acumular informações ou aderir a tradições por hábito. A sabedoria verdadeira exige um espírito que se abre ao real, que transcende meras aparências e alcança a essência do ser.

Jesus aponta para a incoerência dos que buscam glória entre si, mas não a que vem do Pai. Há uma advertência aqui: a necessidade de reconhecimento externo pode obscurecer a visão da verdade, pois aqueles que se voltam apenas para a aprovação dos outros tornam-se escravos de um reflexo fugaz. A liberdade do espírito, ao contrário, nasce da fidelidade àquilo que é essencial, ao que sustenta a vida além das circunstâncias passageiras.

A voz de Moisés ecoava como testemunha do Cristo que viria, mas aqueles que diziam crer nele não acolheram a plenitude da revelação. Isso nos mostra que não basta dizer-se fiel a princípios e valores se, no momento de encarnar essa verdade, o coração permanece fechado. O espírito que deseja a luz precisa aceitar ser transformado por ela, pois a verdade só é realmente conhecida quando vivida.

Hoje, somos chamados a essa mesma decisão: permanecer nas sombras da interpretação limitada ou abrir-se à clareza da verdade. A autenticidade não reside em palavras vazias, mas na coerência entre pensamento, palavra e ação. E essa coerência não é uma prisão, mas a chave para a verdadeira liberdade, pois aquele que caminha na verdade caminha sem medo, pois sabe que não está sozinho, mas sustentado pelo próprio fundamento da existência.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

1. O Chamado à Investigação Profunda

A expressão "Examinai as Escrituras" não é um mero convite à leitura, mas uma exortação à busca sincera da verdade. O verbo "examinai" sugere um ato de investigação rigorosa, um mergulho além da superfície, exigindo do espírito humano um compromisso real com aquilo que está sendo revelado. Jesus não critica o estudo das Escrituras, mas alerta para o perigo de uma interpretação meramente intelectual, desconectada da realidade espiritual que elas testemunham.

2. A Escritura como Testemunho e Não Como Fim

Os líderes religiosos da época acreditavam que nas Escrituras encontrariam a vida eterna, mas Jesus corrige essa concepção: a vida eterna não está no conhecimento formal, mas naquilo que as Escrituras testemunham. O Antigo Testamento não é um sistema fechado de leis e preceitos, mas uma revelação progressiva que culmina na pessoa de Cristo. Ler as Escrituras sem reconhecer esse testemunho é como contemplar um mapa sem jamais caminhar para o destino indicado.

3. Cristo Como Chave Hermenêutica da Revelação

A frase de Jesus também aponta para uma verdade fundamental: Ele próprio é a chave de interpretação das Escrituras. O Logos eterno é aquele sobre quem Moisés e os profetas falaram, e é n'Ele que todas as promessas divinas encontram cumprimento. Assim, não basta conhecer a letra da Lei; é necessário enxergar seu espírito, que conduz ao Cristo.

Essa revelação nos ensina que a verdade não se reduz a conceitos abstratos ou regras, mas se encarna numa Pessoa viva. O verdadeiro sentido das Escrituras só se torna acessível quando se reconhece essa presença real e transformadora.

4. O Verdadeiro Caminho Para a Vida Eterna

Ao dizer que os judeus "julgavam ter nelas a vida eterna", Jesus denuncia a ilusão de um saber que não se traduz em vida. A vida eterna não é um prêmio por aderir a um conjunto de preceitos, mas um estado de comunhão com a Verdade. As Escrituras apontam para esse caminho, mas a decisão de segui-lo depende de um encontro existencial e transformador com Cristo.

Conclusão

João 5:39 nos convida a ir além da leitura superficial das Escrituras, chamando-nos a enxergar nelas um testemunho vivo de Cristo. A revelação divina não é um sistema fechado de normas ou um conhecimento reservado a poucos, mas uma verdade acessível àqueles que têm o coração aberto para reconhecer a presença de Deus na história e na vida. A vida eterna começa no momento em que, iluminados pela Palavra, nos entregamos àquele que é a própria Vida.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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