domingo, 7 de setembro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 6:27-38 - 11.09.2025

 Liturgia Diária


11 – QUINTA-FEIRA 

23ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Vós sois justo, na verdade, ó Senhor, e os vossos julgamentos são corretos. Conforme o vosso amor, Senhor, tratai-me (SI 118,137.124).


O amor não é apenas virtude, mas princípio que sustenta a liberdade interior e abre espaço para a comunhão autêntica. Amar significa reconhecer no outro a mesma dignidade que habita em nós, tornando a vida uma construção compartilhada. No exercício desse amor, cada ser encontra sua plenitude ao mesmo tempo em que contribui para a plenitude do todo. É a energia que eleva, ordena e harmoniza, criando horizontes de sentido. Quem ama, vive em sintonia com a origem que o sustenta e, em gratidão, responde com entrega e louvor ao mistério maior que nos chama a existir.



In Evangelio secundum Lucam (6,27-38)

27 Sed vobis dico qui auditis diligite inimicos vestros benefacite his qui vos oderunt.
27 Mas a vós que me escutais eu digo: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam.

28 Benedicite maledicentibus vobis orate pro calumniantibus vos.
28 Abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam.

29 Ei qui te percutit in maxillam praebe et alteram et ab eo qui aufert tibi vestimentum etiam tunicam noli prohibere.
29 Ao que te bater numa face, oferece também a outra; e ao que te tirar o manto, não impeças de levar também a túnica.

30 Omni autem petenti te tribue et qui aufert quae tua sunt ne repetas.
30 Dá a todo aquele que te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não reclames.

31 Et prout vultis ut faciant vobis homines et vos facite illis similiter.
31 O que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles.

32 Et si diligitis eos qui vos diligunt quae vobis est gratia nam et peccatores diligentes se diligunt.
32 Se amais apenas os que vos amam, que mérito tendes? Também os pecadores amam os que os amam.

33 Et si benefeceritis his qui vobis benefaciunt quae vobis est gratia nam et peccatores hoc faciunt.
33 Se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que mérito tendes? Também os pecadores fazem o mesmo.

34 Et si mutuum dederitis his a quibus speratis recipere quae gratia est vobis nam et peccatores peccatoribus fenerantur ut recipiant aequalia.
34 E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que mérito tendes? Também os pecadores emprestam aos pecadores para receberem de volta o mesmo.

35 Verumtamen diligite inimicos vestros et benefacite et mutuum date nihil inde sperantes et erit merces vestra multa et eritis filii Altissimi quia ipse benignus est super ingratos et malos.
35 Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar nada em troca; grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bondoso até para com os ingratos e maus.

36 Estote ergo misericordes sicut et Pater vester misericors est.
36 Sede, pois, misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso.

37 Nolite iudicare et non iudicabimini nolite condemnare et non condemnabimini dimittite et dimittemini.
37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.

38 Date et dabitur vobis mensuram bonam confertam et coagitatam et superfluentem dabunt in sinum vestrum eadem quippe mensura qua mensi fueritis remetietur vobis.
38 Dai e vos será dado: uma medida boa, cheia, sacudida e transbordante será colocada no vosso regaço; pois com a medida com que medirdes, sereis medidos também.

Reflexão:
O evangelho revela um dinamismo de crescimento que nos convida a transcender os limites do instinto. O amor sem cálculo gera abertura para novos horizontes de comunhão. O perdão liberta e reconstrói, transformando fragilidade em caminho de força. A bondade, quando gratuita, dilata a consciência humana e prepara o mundo para uma ordem mais justa. A vida, assim, deixa de ser retribuição e se torna oferta criadora. Nesse movimento, o coração aprende a viver em sintonia com a fonte que o sustenta. A gratuidade não diminui, mas multiplica. Amar, perdoar e doar é participar da fecundidade divina.

Versíiculo mais importante:

27 Sed vobis dico qui auditis diligite inimicos vestros benefacite his qui vos oderunt.
Mas a vós que me escutais eu digo: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam.(Lc 6:27)


HOMILIA

O Amor que Transfigura a Existência

O Evangelho nos apresenta um chamado que vai além do limite humano: amar os inimigos, abençoar os que maldizem, oferecer a outra face, dar sem esperar retorno. À primeira vista, tais palavras parecem impossíveis, pois desestabilizam o instinto de defesa e rompem a lógica da retribuição. Mas nelas habita a chave de uma liberdade mais alta, onde a dignidade do ser humano se revela em plenitude.

Amar não é simples afeto, mas ato criador. Quando oferecemos bondade a quem nos fere, despertamos em nós uma força que não se prende ao passado, mas abre horizontes novos. O perdão, longe de ser fraqueza, torna-se fonte de poder interior, pois liberta da prisão do ressentimento e reconduz o coração ao fluxo da vida verdadeira.

Dar sem esperar recompensa é reconhecer que a existência é fecundidade constante, que nada se perde quando é entregue no amor. Assim, a generosidade se converte em princípio de crescimento, e o bem praticado multiplica-se invisivelmente. O coração aprende a medir não segundo a escassez, mas segundo a abundância do Altíssimo, que faz nascer o sol sobre bons e maus.

O convite do Evangelho é um apelo à evolução interior. Ele nos chama a ultrapassar a reação instintiva, para que a vida se torne espaço de comunhão e não de rivalidade. Cada gesto de misericórdia é uma semente plantada no solo do mundo, destinada a florescer em frutos de paz. A dignidade humana encontra aí sua expressão mais pura: ser colaborador de uma obra maior que nos transcende e nos envolve.

Amar, perdoar, oferecer, acolher: eis a verdadeira liberdade. Uma liberdade que não é fuga, mas plenitude; não é indiferença, mas compromisso; não é cálculo, mas entrega. Quem assim vive, descobre que todo ato de amor é já participação no futuro prometido, onde tudo se renova pela abundância do coração divino.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

1. A Palavra que Rompe os Limites Humanos

Quando Jesus declara: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam”, Ele não propõe uma ética comum, mas uma ruptura com os instintos primários de defesa e vingança. Aqui, o amor é chamado a ultrapassar a lógica do “dar conforme se recebe” e se torna força criadora que abre a humanidade para um horizonte novo.

2. O Amor como Energia Transformadora

Este mandamento não pede uma atitude passiva diante do mal, mas uma ação ativa de bem. Amar o inimigo é inserir no coração humano uma energia que transmuta a violência em possibilidade de reconciliação. Trata-se de um amor que não se mede por reciprocidade, mas pela abundância que nasce de Deus.

3. A Liberdade Interior do Discípulo

O verdadeiro discípulo é aquele que não se deixa aprisionar pelo ódio, pela reação imediata ou pela vingança. Quando escolhe amar quem o persegue, ele revela que não é escravo das forças exteriores, mas senhor de si mesmo, conduzido pela liberdade interior que o Espírito comunica.

4. A Revelação da Dignidade Humana

Amar o inimigo é proclamar que a dignidade não depende do reconhecimento do outro, mas da origem divina que habita em cada ser. Aquele que pratica esse amor afirma, com a própria vida, que a imagem de Deus permanece intacta, mesmo diante da ofensa.

5. A Lógica do Reino

Este versículo projeta o coração humano para dentro da lógica do Reino: a lógica do excesso, da abundância, da medida transbordante. Amar o inimigo significa antecipar, no presente, a realidade de uma criação reconciliada, onde todo ódio é dissolvido pela força maior do amor.

6. A Vocação à Plenitude

Por fim, esse mandamento não é apenas norma moral, mas convite à evolução interior. Ele revela que a pessoa humana está destinada a transcender o instinto e participar da dinâmica divina. Ao amar os inimigos, o coração se expande e coopera com o movimento criador que sustenta e conduz todas as coisas para a unidade.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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