sexta-feira, 19 de setembro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 16:1-13 - 21.09.2025

 Liturgia Diária


21 – DOMINGO 

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM


(verde, glória, creio – 1ª semana do saltério)


O Senhor proclama: “Eu sou a salvação do meu povo, em toda tribulação os ouvirei”. Nesta certeza repousa a força do espírito humano, chamado à retidão e à dignidade. A existência não se mede pela abundância de bens, mas pela coragem de administrá-los com justiça e verdade. Quem se eleva na consciência recusa a opressão e não tolera que o frágil seja esmagado. A vida é serviço contínuo, onde cada gesto revela o peso da eternidade. Assim, a liberdade floresce em responsabilidade e a verdadeira grandeza consiste em unir fé, razão e ação em harmonia indestrutível do ser.



Evangelium Secundum Lucam 16,1-13 (Vulgata Clementina)

  1. Dicebat autem et ad discipulos suos: Homo quidam erat dives, qui habebat vilicum: et hic diffamatus est apud illum quasi dissipasset bona ipsius.
    Então disse também aos seus discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador; e este foi acusado diante dele de haver desperdiçado os bens do seu senhor.

  2. Et vocavit illum, et ait illi: Quid hoc audio de te? redde rationem villicationis tuae: jam enim non poteris vilicare.
    Ele o chamou e lhe disse: Que ouvi dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás continuar no cargo.

  3. Ait autem vilicus intra se: Quid faciam, quia dominus meus aufert a me villicationem? fodere non valeo, mendicare erubesco.
    Então o administrador, refletindo consigo, pensou: Que farei, visto que meu senhor me tira o ofício? Não posso cavar para trabalhar; tenho vergonha de mendigar.

  4. Scio quid faciam ut cum amotus fuero a villicatione recipiant me in domos suas.
    Sei o que farei para que, quando for desligado do serviço, me recebam em suas casas.

  5. Convocatis itaque singulis debitoribus domini sui, dicebat primo: Quantum debes domino meo?
    Então convocou todos os devedores do seu senhor; perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?

  6. At ille dixit: Centum cados olei. Dixitque illi: Accipe cautionem tuam et sede cito scribe quinquaginta.
    E ele respondeu: Cem barris de azeite. Disse-lhe: Eis a tua nota; senta-te depressa e escreve cinquenta.

  7. Deinde alio dixit: Tu vero quantum debes? Qui ait: Centum choros tritici. Ait illi: Accipe litteras tuas et scribe octoginta.
    A outro perguntou: E tu, quanto deves? Ele respondeu: Cem coros de trigo. Disse-lhe: Eis a tua nota; escreve oitenta.

  8. Et laudavit dominus vilicum iniquitatis quia prudenter fecisset: quia filii huius sæculi prudentiores filiis lucis in generatione sua sunt.
    E o senhor elogiou o administrador desonesto por haver agido prudentemente; porque os filhos deste mundo são mais astutos em sua geração do que os filhos da luz.

  9. Et ego vobis dico: facite vobis amicos de mammona iniquitatis: ut, cum defeceritis, recipiant vos in æterna tabernacula.
    E eu vos digo: usai o dinheiro injusto para ganhar amigos; para que, quando faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos.

  10. Qui fidelis est in minimo, et in majori fidelis est: et qui in modico iniquus est, et in majori iniquus est.
    Aquele que é fiel no mínimo, também será fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também o será no muito.

  11. Si ergo in iniquo mammona fideles non fuistis quod verum est, quis credet vobis?
    Se, pois, não fostes fiéis no dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro?

  12. Et si in alieno fideles non fuistis, quod vestrum est, quis dabit vobis?
    E se não fostes fiéis no que é alheio, quem vos dará o que é vosso?

  13. Nemo servus potest duobus dominis servire: aut enim unum odiet, et alterum diliget: aut uni adhærebit, et alterum contemnet. Non potestis Deo servire et mammonæ.
    Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará a um e amará ao outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.

Reflexão:

Neste relato, vemos que o poder sem propósito torna-se tirania de si mesmo, e a dependência das posses mina a autonomia interior. Cada ato justo, mesmo no pouco, vai forjando uma reputação que transcende a necessidade imediata. A verdadeira dignidade não reside em ter, mas em gerir com clareza os recursos recebidos. Serve mais aquele que se conduz com integridade, e não quem segue o apelo das aparências ou do ganho passageiros. O indivíduo esclarecido prioriza a virtude, reconhece que o valor externo é efêmero e que a lealdade ao que é certo constrói confiança. Assim, a liberdade verdadeira emerge quando se escolhe a coerência antes da comodidade.


Versículo mais importante:


13.Nemo servus potest duobus dominis servire: aut enim unum odiet, et alterum diliget: aut uni adhærebit, et alterum contemnet. Non potestis Deo servire et mammonæ.

Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará a um e amará ao outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.(Lc 16:13)


HOMILIA

A Fidelidade no Invisível

O Evangelho segundo Lucas nos coloca diante de uma parábola desafiadora, a do administrador infiel. À primeira vista, ela parece apenas narrar a astúcia de um homem que, para preservar sua segurança futura, age com prudência interessada. Mas, em profundidade, revela-se como um espelho da condição humana: cada um de nós é administrador dos dons que recebeu, e seremos chamados a prestar contas não da quantidade acumulada, mas da maneira como conduzimos nossa existência.

A verdadeira medida da alma não está nas riquezas, mas na capacidade de administrar o pouco com retidão, pois quem é fiel no pouco já possui a grandeza de espírito que o torna digno de receber o muito. Assim, a justiça e a integridade não dependem de circunstâncias externas, mas de uma escolha íntima e contínua que eleva o ser acima das paixões passageiras.

O texto nos recorda que ninguém pode servir a dois senhores. A alma que se divide entre a busca do eterno e a sedução do transitório acaba se tornando escrava da contradição interior. Somente quando se opta pela fidelidade a um princípio claro e absoluto — a verdade que não se corrompe — encontra-se a liberdade. A dignidade não floresce no acúmulo, mas no desapego, não na aparência, mas na coerência.

Este ensinamento nos convida a compreender que a vida é um caminho de evolução interior. Cada escolha, cada gesto, cada palavra pronunciada com consciência é uma semente que germina na eternidade. A liberdade que nasce dessa fidelidade não é ausência de limites, mas a força que se ergue do domínio de si, da clareza de propósito e da obediência àquilo que não perece.

Assim, o Evangelho nos pede que sejamos administradores da luz que habita em nós. Que aprendamos a reconhecer no menor ato cotidiano a oportunidade de afirmar a grandeza da alma. Que nossas mãos não se agarrem ao transitório, mas se abram ao eterno. Pois servir a Deus é escolher a direção da vida que se expande e permanece, enquanto servir ao dinheiro é prender-se àquilo que se desfaz como sombra.

A parábola, portanto, não é apenas uma advertência contra a corrupção dos bens, mas um chamado à consciência da eternidade: viver como administradores vigilantes, fiéis e íntegros, sabendo que tudo o que temos é passagem, mas o que somos em verdade é incorruptível. A fidelidade no invisível é o caminho que transforma a existência em oferenda viva e conduz a alma à plenitude da luz.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

O Engano das Riquezas

O texto alerta: não podeis servir a Deus e ao dinheiro. O apego às riquezas não se limita ao ouro ou à posse material, mas simboliza toda forma de escravidão ao que é transitório. O coração que se prende ao efêmero perde a visão do eterno, e a liberdade se corrompe em dependência. O dinheiro, como representação do poder e da ilusão de segurança, torna-se tirano quando ocupa o lugar do absoluto.

A Liberdade da Consciência

A verdadeira liberdade não consiste em multiplicar opções externas, mas em escolher o que permanece. Ao entregar-se a uma única fonte de sentido, a alma se liberta das correntes que a dividem. A unidade da consciência é força inviolável, pois não se curva às pressões do instante, mas se eleva em direção ao que não se desfaz.

A Dignidade do Ser

Servir a Deus é alinhar a própria vida àquilo que é incorruptível. A dignidade floresce quando a pessoa reconhece que não se define pelo que acumula, mas pela clareza de sua direção interior. Nesta escolha, o ser humano encontra o equilíbrio entre o agir e o contemplar, entre o administrar o mundo visível e permanecer fiel ao invisível.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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