Liturgia Diária
24 – QUARTA-FEIRA
25ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
A verdadeira salvação não se impõe, nasce do íntimo de cada ser que reconhece sua fragilidade e busca elevar-se acima do erro. O coração que se arrepende encontra força para renascer e, no silêncio interior, percebe a voz divina que jamais abandona. O homem, chamado à dignidade de sua própria consciência, deve agir com justiça e coragem, levando vida onde impera a dor. Assim, a comunhão com o Eterno se torna obra de liberdade e responsabilidade, pois quem escolhe servir à verdade encontra paz inquebrantável e permanece erguido diante das tribulações, sustentado pela certeza da presença divina.
Proclamatio Evangelii Iesu Christi secundum Lucam 9,1-6
Missio Duodecim Apostolorum
-
Convocatis autem Duodecim Apostolis, dedit illis virtutem et potestatem super omnia daemonia, et ut languores curarent.
1. Quando reuniu os Doze Apóstolos, concedeu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar as enfermidades. -
Et misit illos praedicare regnum Dei, et sanare infirmos.
2. E enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos. -
Et ait ad illos: Nihil tuleritis in via, neque virgam, neque peram, neque panem, neque pecuniam, neque duas tunicas habeatis.
3. E disse-lhes: Nada levem pelo caminho, nem bordão, nem bolsa, nem pão, nem dinheiro, nem tenham duas túnicas. -
Et in quamcumque domum intraveritis, ibi manete, et inde ne exeatis.
4. E em qualquer casa em que entrarem, permaneçam ali, e não saiam dali. -
Et quicumque non receperint vos: exeuntes de civitate illa, etiam pulverem pedum vestrorum excutite in testimonium supra illos.
5. E se houver quem não vos receba: saiam daquela cidade, sacudam também o pó dos vossos pés em testemunho contra eles. -
Egressi autem circuibant per castella evangelizantes, et curantes ubique.
6. E partindo, percorriam as aldeias, evangelizando, e curando por toda parte.
Reflexão:
A missão confiada não exige acúmulo, mas entrega plena ao chamado. O caminhar sem posses ensina que a força nasce da interioridade e da confiança no essencial. Cada recusa recebida recorda que a verdade não depende da aceitação, mas do testemunho sereno de quem a anuncia. A casa que abre suas portas é sinal de comunhão e partilha, enquanto a que as fecha apenas revela a limitação do entendimento. A cura e a palavra unem corpo e alma em liberdade. Servir é ato de grandeza, e perseverar no caminho é a vitória sobre as próprias tribulações.
Versículo mais importante:
Et misit illos praedicare regnum Dei, et sanare infirmos.
E enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos.(Lc 9:2)
HOMILIA
Chamados a Anunciar e Curar
O Evangelho revela que Cristo confere aos discípulos poder e autoridade não como posse, mas como serviço. A verdadeira grandeza não está em acumular, mas em transmitir vida. A ordem de partir sem provisões mostra que a força do caminho não nasce dos bens exteriores, mas da confiança no essencial e da disciplina interior. O envio é convite à liberdade autêntica, que não depende do que se carrega, mas daquilo que se é.
Curar e anunciar são faces de uma mesma missão. Anunciar o Reino é despertar no outro a consciência de que há mais do que o visível. Curar é restituir dignidade, recordar que cada pessoa é chamada a ser templo vivo da presença divina. Onde há sofrimento, somos enviados a levar sentido; onde há resistência, somos chamados a perseverar com serenidade.
A poeira que se sacode dos pés não é sinal de desprezo, mas de desapego. Significa não carregar consigo o peso da recusa, permanecendo íntegro e livre para seguir adiante. A missão exige firmeza, constância e coração aberto. É na fidelidade ao chamado que se experimenta a evolução interior: aprender a confiar, a servir, a permanecer digno diante da adversidade.
Assim, anunciar o Reino e curar é caminho de elevação da alma, onde a liberdade não se confunde com capricho, mas se enraíza no compromisso de ser fiel à verdade. Quem persevera nessa jornada, mesmo entre provações, descobre que a presença do Eterno sustenta, ilumina e conduz.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
“E enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos.” (Lc 9,2)
O Envio como Chamado à Essência
O versículo mostra que a vida do discípulo não se reduz a receber, mas a partir. O envio é desprendimento e obediência à voz interior que conduz além da segurança imediata. Não se trata de fuga do mundo, mas de compromisso com sua transformação. O ser humano é convidado a superar os limites da própria condição para se tornar portador da luz que o habita.
O Reino como Realidade Interior e Universal
“Pregar o Reino de Deus” não é apenas anunciar algo distante, mas despertar a consciência de que o divino já se inscreve no coração humano. O Reino se manifesta onde há justiça, verdade e fidelidade àquilo que transcende os interesses passageiros. Esse anúncio exige coragem para permanecer firme diante da indiferença e serenidade diante da recusa, porque o Reino não depende da aceitação externa, mas da sua presença interior.
A Cura como Restauração da Dignidade
Curar os enfermos não se limita ao corpo, mas alcança também o espírito e a dignidade da pessoa. Todo sofrimento traz em si a busca por sentido; curar é restituir o humano à sua integridade. A cura oferecida é, em última instância, libertação daquilo que aprisiona, seja dor física, seja a escravidão da desesperança. Anunciar e curar, portanto, são inseparáveis: o anúncio desperta e a cura confirma a verdade do anúncio.
A Missão como Caminho de Liberdade
A ordem de Cristo revela que a missão não nasce de imposição, mas de escolha. É liberdade interior que conduz à entrega do próprio ser em favor do outro. O homem é chamado a agir sem apego, sem carregar pesos desnecessários, pois sua força não vem do que possui, mas da clareza do sentido que o sustenta. Nessa fidelidade, encontra-se a verdadeira elevação: viver para o essencial, permanecer firme no serviço e encontrar paz no testemunho.
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