Liturgia Diária
1º – QUARTA-FEIRA
SANTA TERESA DO MENINO JESUS
VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA
(branco, pref. comum das virgens ou dos doutores – ofício da memória)
O Senhor cercou-a de cuidados e a instruiu; guardou-a como a pupila dos seus olhos. Como águia estendeu as suas asas, tomou-a e levou-a nos seus ombros. Somente o Senhor foi o seu guia (Dt 32,10ss).
Teresa de Lisieux, ao recolher-se no silêncio do Carmelo, mostrou que a grandeza não se mede por feitos exteriores, mas pela disciplina interior que molda o espírito. Na simplicidade dos gestos cotidianos, encontrou a força da transcendência, revelando que a humildade é alicerce da verdadeira liberdade. Seu testemunho recorda que a vida não se engrandece pela busca de glórias passageiras, mas pela fidelidade ao invisível que sustenta o ser. Assim, sua existência torna-se convite a caminhar com firmeza, reconhecendo que o domínio de si mesmo é a senda mais elevada da alma que se orienta pela eternidade.
Proclamatio Evangelii Iesu Christi secundum Lucam 9,57-62
Sequela Christi
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Factum est autem: ambulantibus illis in via, dixit quidam ad illum: Sequar te quocumque ieris.
E aconteceu que, enquanto iam pelo caminho, alguém lhe disse: Eu te seguirei para onde quer que fores. -
Et ait illi Iesus: Vulpes foveas habent, et volucres caeli nidos: Filius autem hominis non habet ubi caput reclinet.
E Jesus lhe respondeu: As raposas têm tocas, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. -
Ait autem ad alterum: Sequere me. Ille autem dixit: Domine, permitte mihi primum ire, et sepelire patrem meum.
E a outro disse: Segue-me. Ele, porém, respondeu: Senhor, permite-me primeiro ir sepultar meu pai. -
Dixitque ei Iesus: Sine ut mortui sepeliant mortuos suos: tu autem vade, et annuntia regnum Dei.
E Jesus lhe disse: Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus. -
Et ait alter: Sequar te Domine: sed permitte mihi primum renuntiare his, qui domi sunt.
E outro disse: Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa. -
Ait ad illum Iesus: Nemo mittens manum suam ad aratrum, et respiciens retro, aptus est regno Dei.
E Jesus lhe disse: Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus.
Verbum Domini
Reflexão:
Seguir o chamado exige desapego e firmeza diante do inevitável. O caminho não se sustenta em promessas fáceis, mas na coragem de viver o presente com inteireza. A liberdade interior floresce quando se rompe com as amarras do passado e do apego. O horizonte do Reino convida a não retroceder, mas a avançar com decisão. Quem se dispersa entre o ontem e o amanhã perde a essência do agora. A disciplina da alma está em manter o olhar firme no propósito maior. Cada escolha é um ato de fidelidade à vida verdadeira. O seguimento é renúncia, mas também plenitude.
Versículo mais importante:
Ait ad illum Iesus: Nemo mittens manum suam ad aratrum, et respiciens retro, aptus est regno Dei.
E Jesus lhe disse: Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus.(Lc 9:62)
HOMILIA
A Mão no Arado do Espírito
O Evangelho nos apresenta a cena do seguimento como um chamado à decisão definitiva, onde o coração humano é confrontado com a grandeza da eternidade. Jesus não promete abrigo nem segurança externa, mas revela a condição essencial da alma que deseja caminhar na luz: não há lugar de repouso no mundo para aquele cuja morada é o infinito. A exigência do desprendimento não é uma negação da vida, mas sua plenitude, pois só é livre quem já não é refém das vozes que o prendem ao passado.
Aquele que olha para trás interrompe o fluxo do espírito e fragmenta o sentido da própria existência. O caminho do Reino não é conquista de glórias externas, mas disciplina interior, firmeza da vontade e dignidade que se alimenta de escolhas coerentes. O arado representa a tarefa sagrada de cultivar a vida como campo fértil, e o olhar fixo adiante traduz a fidelidade àquilo que transcende.
Seguir a Cristo é reconhecer que a verdadeira evolução não está na acumulação de conquistas, mas na transformação silenciosa do ser, no desprendimento que torna o homem senhor de si mesmo. A alma, ao responder ao chamado, assume o destino da liberdade, não como fuga, mas como adesão ao sentido mais alto. O seguimento é o labor da eternidade dentro do tempo: o gesto humilde de avançar sem medo, de cultivar sem retroceder, de viver com a consciência erguida para o horizonte do divino.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
"Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus" (Lc 9,62)
O Chamado Irrevogável
O versículo não apresenta apenas uma instrução moral, mas um princípio espiritual que ultrapassa os limites do tempo. A imagem do arado é símbolo de tarefa e compromisso, indicando que a vida do discípulo não se constrói na indecisão. Uma vez iniciado o caminho, a hesitação fere a integridade da missão. O chamado de Cristo exige decisão integral, não porque Ele oprima, mas porque a eternidade não se conjuga com o movimento fragmentado do coração.
O Arado como Símbolo da Existência
Arar é penetrar a terra e prepará-la para o fruto. O discípulo, ao assumir o arado, reconhece que sua própria vida é o campo a ser cultivado. A fidelidade não se encontra em gestos ocasionais, mas na perseverança de quem mantém firme o sulco. O olhar para trás interrompe o ritmo, desvia a linha e desordena a seara. Assim também o ser humano, ao prender-se ao passado ou ao medo, perde a clareza do horizonte que o chama.
A Liberdade da Alma
Cristo revela que o seguimento não é renúncia por servidão, mas libertação por fidelidade. Não olhar para trás é ato de liberdade, pois significa não ser escravo de nostalgias, culpas ou apegos. A dignidade do homem floresce quando sua vontade se volta inteiramente ao bem maior, e sua força não é fragmentada entre o desejo do ontem e a promessa do amanhã. O Reino é caminho de unidade, e a unidade só se alcança na constância da decisão.
O Reino como Horizonte
O Reino de Deus não se constrói em dispersões, mas no avanço sereno e firme. O horizonte diante do arado é metáfora do futuro eterno que se abre ao discípulo. Olhar atrás é perder-se na sombra, enquanto olhar adiante é manter o espírito aberto à plenitude que o transcende. A verdadeira grandeza está em seguir, mesmo sem garantias exteriores, sustentado pela certeza interior de que o caminho conduz à vida verdadeira.
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