sexta-feira, 9 de maio de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 10:27-30 - 11.05.2025

 Liturgia Diária


11 – DOMINGO 

4o DOMINGO DA PÁSCOA


(branco, glória, creio – 4ª semana do saltério)


A terra está repleta da misericórdia do Senhor; por sua palavra os céus foram firmados, aleluia (Sl 32,5s).


Jesus, o Bom Pastor, nos chama para a comunidade do ser, onde cada um encontra seu papel no vasto corpo da Igreja. Em seu abraço de amor, somos nutridos pela sabedoria que transcende, guiados por palavras que transformam a existência em peregrinação. A caminhada do espírito se torna a busca pela verdade, pela realização plena da vocação humana. Hoje, na oração pela perseverança dos chamados ao serviço divino, unimos nossa jornada à memória das mães, fontes de vida e fé, cujas ações ecoam o amor divino que não se apaga, e que continua a iluminar nosso caminho.



✦ Evangelium secundum Ioannem 10,27-30

Dominica IV Paschae – Dominica Boni Pastoris

27. Oves meæ vocem meam audiunt: et ego cognosco eas, et sequuntur me.
As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.

28. Et ego vitam æternam do eis: et non peribunt in æternum, et non rapiet eas quisquam de manu mea.
Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.

29. Pater meus quod dedit mihi, majus omnibus est: et nemo potest rapere de manu Patris mei.
Meu Pai, que as deu a mim, é maior que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai.

30. Ego et Pater unum sumus.
Eu e o Pai somos um.

Reflexão:

Na escuta da Voz, o ser humano reencontra a centelha originária que o impele ao centro de si mesmo, onde reside o Sopro que dá forma ao mundo. A liberdade de seguir Aquele que chama é a expressão mais alta do espírito que reconhece, na verdade, sua morada. Ao prometer a vida eterna, Cristo revela a continuidade do ser para além da dissolução, onde o amor é mais forte que o tempo. Ninguém pode arrebatar da Mão divina o que nela se ancorou por vontade e consciência. Esta comunhão entre o Cristo e o Pai é o paradigma da unidade a que tende toda realidade: não por imposição, mas por convergência. Cada alma, ao seguir a Voz, participa desse movimento ascendente que é ao mesmo tempo criação e escolha. A fé torna-se assim a afirmação radical da dignidade de existir em liberdade, sob o signo da eternidade.


Versícuilo mais importante:

Ego et Pater unum sumus.
Eu e o Pai somos um. ( Jo 10:30)

Essa declaração revela não apenas a comunhão entre as duas Pessoas divinas, mas também o destino da humanidade chamada a participar dessa unidade por meio do seguimento, da escuta e da comunhão com Cristo. É o ápice do trecho, pois sintetiza todos os anteriores sob a luz da unidade ontológica e do vínculo indissolúvel entre amor, liberdade e eternidade.


HOMILIA

No Centro da Voz, a Unidade
Evangelium secundum Ioannem 10,27-30

Há uma Voz que ressoa no mais íntimo do ser, anterior à palavra e mais poderosa que o clamor do mundo. Aqueles que a ouvem, não com os ouvidos, mas com a inteireza da alma, despertam para uma direção interior que não se impõe, mas convida. O seguimento não é mera obediência, mas adesão consciente, um movimento de reconhecimento: quem ouve, reencontra-se.

Ser conhecido por Deus é ser sustentado em sua liberdade mais profunda. Não como peça de um plano, mas como presença irrepetível em meio ao fluxo do real. Quando o Cristo diz que dá a vida eterna, Ele não promete apenas duração, mas plenitude: vida que é inteira porque enraizada no eterno.

O tempo não pode destruir aquilo que foi tecido com a substância da eternidade. Nada pode ser arrancado da Mão daquele que é origem e destino de toda vida. A segurança que brota disso não é passiva, mas ativa: é coragem de existir, de escolher, de avançar.

E então, a declaração final: “Ego et Pater unum sumus.” Não há abismo entre o que fala e Aquele de quem provém a Voz. Esta Unidade é mais do que doutrina: é destino. Toda a criação tende para essa unidade, não como perda de si, mas como expansão. A liberdade que escuta é a mesma que ama, e o amor verdadeiro conduz à unidade — sem anular, mas realizando o ser em sua inteireza.

Neste dinamismo, cada alma é chamada a tornar-se resposta, ponto de convergência, consciência desperta no coração do universo. Pois ouvir a Voz e seguir é participar da obra contínua da Vida que se dá e que jamais será arrebatada.
Unidade não é uniformidade, é comunhão. É onde a singularidade encontra repouso no Todo sem perder-se — porque ali, finalmente, ela se encontra.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação Teológica Profunda de João 10,30: “Eu e o Pai somos um.”

Ego et Pater unum sumus.
Eu e o Pai somos um. (Jo 10,30)

Este versículo, breve em palavras e imenso em significado, é uma das mais profundas declarações cristológicas de todo o Evangelho segundo João. Ele não apenas sugere uma intimidade entre Jesus e o Pai, mas afirma com clareza uma unidade ontológica, essencial — não meramente moral ou funcional. Vamos examinar isso em três níveis teológicos fundamentais: cristológico, trinitário e espiritual.

1. Cristologicamente: a identidade divina do Filho

Jesus não diz “Eu e o Pai pensamos o mesmo” ou “Estamos de acordo”, mas “somos um”. No grego original, Ἐγὼ καὶ ὁ Πατὴρ ἕν ἐσμεν (Ego kai ho Patēr hen esmen), o termo hen (ἕν) está no neutro, indicando unidade de essência, não apenas de pessoa. Se fosse usado o masculino heis (εἷς), indicaria uma só pessoa — o que negaria a Trindade. Ao dizer “hen”, Jesus revela que Ele e o Pai possuem a mesma natureza divina, embora sejam Pessoas distintas.

Este versículo sustenta o dogma da divindade do Cristo, fundamento da fé cristã. Ele não é apenas um enviado, mas é consubstancial ao Pai (homoousios, como declarado no Concílio de Niceia, 325 d.C.). A sua autoridade sobre a vida e a morte, sobre a verdade e a eternidade, deriva dessa unidade essencial.

2. Trinitariamente: distinção de pessoas, unidade de essência

A frase “Eu e o Pai somos um” já pressupõe duas Pessoas distintas — “Eu” e “o Pai” — mas imediatamente as une. É a expressão sintética do mistério trinitário: distinção sem separação, unidade sem confusão. Jesus não se dissolve no Pai, nem é uma cópia inferior d’Ele. Ele é plenamente Deus como o Pai é plenamente Deus, e esta unidade não é meramente cooperativa, mas estrutural: participam da mesma essência divina.

Este versículo é, portanto, uma janela para o coração da Trindade, onde a comunhão perfeita entre as Pessoas divinas é absoluta, eterna e ativa. Essa união é o modelo e o destino de toda comunhão autêntica.

3. Espiritualmente: vocação à unidade participativa

Teologicamente, esse versículo também implica uma teologia da participação. O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,26), é chamado a entrar nessa unidade não por natureza, mas por graça. Em Cristo, a humanidade é elevada para participar da vida divina: “Que todos sejam um, como Tu, ó Pai, em mim e eu em Ti, que eles estejam em nós” (Jo 17,21).

A unidade entre o Filho e o Pai torna-se o modelo da comunhão espiritual. Não se trata de fusão, mas de relação profunda, livre e amorosa. Por isso, ao escutar a voz do Bom Pastor e segui-lo, cada alma é conduzida não à perda de sua identidade, mas à sua realização plena na comunhão com Deus.

Conclusão

João 10,30 é um versículo onde a cristologia, a trindade e a espiritualidade se entrelaçam. Ele proclama que Jesus é Deus, que o Pai e o Filho são inseparáveis em sua essência divina, e que nós, ao seguirmos o Cristo, somos chamados a essa mesma unidade — uma comunhão viva que respeita a singularidade e a eleva à plenitude. Essa afirmação é a resposta última ao desejo humano de sentido, permanência e pertencimento.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

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