terça-feira, 6 de maio de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 6:44-51 - 08.05.2025

 Liturgia Diária


8 – QUINTA-FEIRA 

3ª SEMANA DA PÁSCOA


(branco – ofício do dia)


Cantemos ao Senhor, pois fez brilhar a sua glória. O Senhor é minha força e meu canto, ele foi para mim a salvação, aleluia (Ex 15,1s).


O fogo inicial que arde na Igreja nascente é expressão viva da liberdade interior acesa pelo Espírito. Não se trata de imposição, mas de um chamado ao voo do espírito, onde cada alma, instruída pela luz do Pai e nutrida pela palavra do Filho, escolhe mover-se com ardor. Evangelizar torna-se então um ato de consciência desperta, de responsabilidade assumida diante da verdade. O Espírito não anula a vontade: ele a eleva. E assim, em comunhão, cada um contribui livremente para a construção do Reino.

"Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade."
— 2 Coríntios 3:17



Evangelium secundum Ioannem 6,44-51

Lectio sancti Evangelii secundum Ioannem

44. Nemo potest venire ad me, nisi Pater, qui misit me, traxerit eum: et ego resuscitabo eum in novissimo die.
— Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia.

45. Est scriptum in Prophetis: Et erunt omnes docibiles Dei. Omnis, qui audivit a Patre, et didicit, venit ad me.
— Está escrito nos Profetas: “E todos serão ensinados por Deus.” Todo aquele que ouviu o Pai e dele aprendeu, vem a mim.

46. Non quia Patrem vidit quisquam, nisi is, qui est a Deo, hic vidit Patrem.
— Não que alguém tenha visto o Pai, mas aquele que vem de Deus, esse viu o Pai.

47. Amen, amen dico vobis: qui credit in me, habet vitam aeternam.
— Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.

48. Ego sum panis vitae.
— Eu sou o pão da vida.

49. Patres vestri manducaverunt manna in deserto, et mortui sunt.
— Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.

50. Hic est panis de caelo descendens: ut si quis ex ipso manducaverit, non moriatur.
— Este é o pão que desce do céu: para que, se alguém dele comer, não morra.

51. Ego sum panis vivus, qui de caelo descendi. Si quis manducaverit ex hoc pane, vivet in aeternum: et panis, quem ego dabo, caro mea est pro mundi vita.
— Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo.

Reflexão:

Ao desvelar-se como pão da vida, Cristo revela a vocação de cada ser à união com o Todo. A liberdade humana não é rompida por essa atração divina — antes, é nela que se cumpre plenamente. Cada pessoa, chamada interiormente, responde com consciência e adesão voluntária. A vida eterna não é imposição, mas conquista amorosa da alma que escolhe o alimento superior. No espaço onde o Espírito atrai e a alma consente, forma-se o verdadeiro ato criador: a comunhão. Nesse caminho, a pessoa torna-se mais inteira, pois escolhe, cresce e ama por si, sem deixar de estar unida ao Um.


Versículo mais importantes:

Ego sum panis vivus, qui de caelo descendi. Si quis manducaverit ex hoc pane, vivet in aeternum: et panis, quem ego dabo, caro mea est pro mundi vita.
— Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. (Jo 6:51)

Esse versículo revela a autodoação de Cristo como fonte de vida eterna e aponta diretamente para a Eucaristia, sendo um ápice do discurso do Pão da Vida.


HOMILIA

O Alimento da Plenitude

No silêncio que une o finito ao eterno, escutamos a palavra do Cristo: “Eu sou o pão vivo descido do céu.” Este não é um chamado comum. É a revelação de um alimento que ultrapassa a matéria e penetra o coração do ser, onde cada indivíduo encontra a si mesmo à medida que se oferece ao Todo.

“Ninguém pode vir a mim, se o Pai não o atrair...” — diz o Verbo. Aqui se revela o mistério da liberdade: uma atração que não força, mas convida; uma força que respeita a interioridade e aguarda o consentimento da alma desperta. Esta atração divina não é externa, mas vibra nas fibras mais íntimas do espírito. É um chamado silencioso que ressoa onde o homem se percebe mais homem — no espaço sagrado de sua consciência.

Aquele que ouve esse chamado e se deixa ensinar pelo Pai entra numa jornada onde a fé não é submissão cega, mas resposta lúcida, afirmativa, pessoal. A fé, assim entendida, é ato de afirmação existencial, escolha radical por um alimento que não se consome, mas que transforma quem o acolhe.

Cristo se revela como pão. Não um pão qualquer, mas o que desceu do céu para que ninguém mais morra. Esse pão é carne dada — é presença doada. E quem come deste pão não apenas vive: floresce. Torna-se centelha ativa da Vida que tudo penetra, que tudo eleva, que tudo reconcilia.

Não há imposição neste gesto de entrega. Há, sim, a oferta de uma comunhão plena entre o divino e o humano. E essa comunhão não anula a individualidade: a exalta. Pois na união com o pão descido do alto, o ser encontra sua vocação última — ser livre, ser consciente, ser parte do Uno sem perder-se de si.

Esse é o mistério: a eternidade se faz presente em forma de alimento. E quem o acolhe não apenas crê — transforma-se. Vive, e faz viver. Pois a carne dada por Cristo é vida para o mundo: é energia de comunhão, fermento de unidade, impulso de liberdade verdadeira.

E aquele que se alimenta deste pão torna-se, ele mesmo, oferta viva para a transfiguração de tudo.

"Si quis manducaverit ex hoc pane, vivet in aeternum."
— Se alguém comer deste pão, viverá eternamente.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA 

A frase de João 6,51 — “Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo” — é uma das declarações mais densas e luminosas de toda a teologia joanina, onde convergem a revelação da identidade de Cristo, a promessa escatológica e o mistério da Eucaristia.

1. "Eu sou o pão vivo descido do céu"

Aqui, Cristo se revela como o alimento que sustenta não apenas o corpo, mas o ser integral — corpo, alma, consciência e destino. O "pão" é símbolo de sustento essencial, mas ao qual se adiciona o adjetivo “vivo”: não é apenas alimento que conserva, mas que comunica vida divina.
Ao dizer que desceu do céu, Cristo afirma sua origem eterna no seio do Pai, e sua Encarnação como dom. Ele não apenas traz palavras de vida — Ele é a Vida que se entrega. Esse “descer” é a condescendência amorosa de Deus, que não apenas visita o homem, mas se torna acessível, digerível, íntimo.

2. "Se alguém comer deste pão, viverá eternamente"

A ação é condicional: se alguém comer. A eternidade não é imposta, mas proposta. O verbo "comer" implica uma assimilação real e pessoal — uma apropriação voluntária da presença de Cristo.
Aqui, a vida eterna não é apenas duração infinita, mas participação contínua na própria vida de Deus. Quem come este pão entra em comunhão com a fonte do Ser. Vive eternamente porque é unido Àquele que não morre.

3. "E o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo"

O pão é identificado com a carne do Cristo — ou seja, com sua humanidade assumida e entregue. É uma antecipação clara da cruz e da Eucaristia.
A carne, em linguagem bíblica, é a totalidade do ser humano. Cristo não dá apenas ensinamentos, mas entrega seu ser inteiro. O termo dabo (“eu darei”) está no futuro: refere-se à oferta suprema no sacrifício da cruz.
E esta carne é dada "pro mundi vita" — para a vida do mundo. Ou seja, a salvação é universal, voltada ao todo. A doação de Cristo é a fonte de revitalização da criação inteira. Sua carne, ao ser comida, redime não só o indivíduo, mas insere-o no processo de renovação cósmica.

Conclusão

Este versículo não fala apenas de um rito, mas de um mistério ontológico: o Filho se faz alimento para que, ao recebê-lo, o ser humano seja transformado de dentro para fora. Há aqui uma tensão entre liberdade e dom, entre pessoalidade e universalidade, entre tempo e eternidade. Cristo, ao se fazer pão, faz-se caminho para que o homem seja mais do que si mesmo — participe do próprio Deus.

Se desejar, posso também relacionar este versículo com outras passagens bíblicas ou aprofundar seu sentido em chave litúrgica ou espiritual. Deseja isso?

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Mensagens de Fé

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