sábado, 24 de maio de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 15:26-16:4 - 26.05.2025

 Liturgia Diária


26 – SEGUNDA-FEIRA 

SÃO FILIPE NÉRI, PRESBÍTERO


(branco, pref. dos pastores – ofício da memória)


O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo seu Espírito, que habita em nós, aleluia (Rm 5,5; 8,11).


O Espírito sopra onde quer, e em cada alma desperta o chamado à verdade que liberta. Dar testemunho de Cristo é mais que missão: é expressão da consciência iluminada que escolhe servir ao bem maior, em liberdade interior. Assim como Filipe Néri, cuja vida foi oferenda viva ao Amor, cada ser é convidado a ser voz do Verbo, não por imposição, mas por escolha amorosa. Pois onde há amor, há espírito; e onde há espírito, há o fogo sutil da liberdade.

“Vós também dareis testemunho de mim”
– João 15:27



Evangelium secundum Ioannem 15,26–16,4

Leitura do Santo Evangelho segundo João

15,26 Cum autem venerit Paraclitus, quem ego mittam vobis a Patre, Spiritum veritatis, qui a Patre procedit, ille testimonium perhibebit de me.
Quando, porém, vier o Paráclito, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim.

15,27 Et vos testimonium perhibetis, quia ab initio mecum estis.
E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.

16,1 Haec locutus sum vobis, ut non scandalizemini.
Disse-vos estas coisas para que não vos escandalizeis.

16,2 Expellent vos de synagogis; sed venit hora, ut omnis qui interficit vos arbitretur obsequium se praestare Deo.
Expulsar-vos-ão das sinagogas; sim, vem a hora em que todo aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus.

16,3 Et haec facient quia non noverunt Patrem neque me.
E farão essas coisas porque não conheceram nem ao Pai, nem a mim.

16,4 Sed haec locutus sum vobis, ut cum venerit hora eorum, reminiscamini quia ego dixi vobis.
Mas eu vos disse isso, para que, quando chegar a hora, vos lembreis de que eu vo-lo disse.

Reflexão:

O Espírito da Verdade não se impõe, mas desperta a centelha livre em cada consciência. O testemunho não nasce do poder, mas da coerência entre o que se crê e o que se vive. A liberdade interior de cada um é o terreno fértil onde o Verbo se encarna novamente. O sofrimento, ainda que venha das estruturas religiosas ou políticas, não silencia o espírito desperto. Ao contrário, fortalece a presença do eterno em cada ato de fidelidade à verdade. O Cristo não é propriedade institucional, mas revelação íntima do sentido. Testemunhar é, portanto, viver em sintonia com a origem viva da liberdade.


Versículo mais importante: 

Cum autem venerit Paraclitus, quem ego mittam vobis a Patre, Spiritum veritatis, qui a Patre procedit, ille testimonium perhibebit de me.
Quando, porém, vier o Paráclito, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. (Jo 15:26)

Este versículo é fundamental por várias razões:

  • Introduz claramente o papel do Espírito Santo como testemunha viva e ativa de Cristo no mundo.

  • Revela a procedência trinitária do Espírito: "qui a Patre procedit", indicando sua origem divina e eterna.

  • Estabelece o fundamento da missão cristã como extensão da ação do Espírito, não por autoridade humana, mas por impulso espiritual livre.

  • Serve de ponte entre a revelação divina e a liberdade da consciência, pois o testemunho do Espírito é interior, silencioso e transformador.

Esse versículo revela a contínua presença de Cristo na história através da ação invisível e libertadora do Espírito da Verdade.


HOMILIA

O Sopro da Verdade e o Fio Ígneo da Liberdade

Quando o Cristo anuncia o envio do Paráclito — o Espírito da Verdade que procede do Pai — ele não apenas consola, mas revela o dinamismo oculto da criação. Não se trata de um Espírito estático, enclausurado em dogmas ou tradições, mas de um sopro vivo que atravessa os tempos, chamando cada ser à plenitude do seu testemunho.

“Ele dará testemunho de mim. E vós também dareis testemunho” (Jo 15,26-27).
Este duplo testemunho é o coração pulsante da jornada humana. O Espírito dá testemunho do Cristo eterno — não apenas de um evento histórico, mas da Presença que vibra no interior de todas as coisas. E vós, chamados pela centelha interior, sois convidados a responder a esse testemunho com a oferenda singular de vossas vidas.

Esse testemunho, no entanto, jamais poderá ser imposto. Pois o Espírito da Verdade sopra onde quer, e sua obra se revela na liberdade da resposta. Cada ser humano, imagem viva da Fonte, é convidado a caminhar na verdade com os pés da consciência desperta e o coração inflamado pelo amor.

Haverá resistências. “Virá a hora em que todo aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus” (Jo 16,2).
Mas a resistência não anula o chamado. Ao contrário: purifica-o. Pois a verdade não floresce onde há imposição, mas onde há fidelidade à centelha que arde no íntimo. A perseguição não cala o Espírito — apenas o conduz por caminhos invisíveis, onde continua semeando o invisível no visível.

Na vastidão do cosmos e no silêncio da consciência, o Espírito edifica. E o testemunho não é feito apenas de palavras, mas de escolhas, gestos e relações onde a dignidade de cada ser é reconhecida como expressão do eterno. Assim, a fidelidade ao Espírito é, também, fidelidade ao humano em sua potência mais elevada.

Que cada um de nós, unidos ao Paráclito, faça da própria vida uma revelação silenciosa do Cristo. E que o nosso testemunho seja, ao mesmo tempo, liberdade e amor — como o fogo que ilumina sem queimar, como a verdade que liberta sem dominar.

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação Teológica Profunda de João 15,26
“Quando, porém, vier o Paráclito, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim.”

Este versículo é uma das declarações mais densas e teologicamente ricas do discurso de despedida de Jesus no Evangelho de João, revelando aspectos profundos da Trindade, da missão do Espírito Santo e da continuidade da revelação divina na história.

1. O Paráclito: Pessoa divina e presença ativa

A palavra Paráclito (do grego Parakletos) pode ser traduzida como Consolador, Advogado, Intercessor ou Ajudador. Trata-se de uma pessoa divina, não uma mera força ou influência. Jesus está anunciando aqui a vinda do Espírito Santo como presença viva e ativa de Deus no mundo, que não substituirá Cristo, mas prolongará sua presença invisível entre os discípulos.

2. “Que eu vos enviarei da parte do Pai” – Missão Trinitária

A missão do Espírito é apresentada como uma missão trinitária, pois o Espírito é enviado por Jesus da parte do Pai. Essa expressão indica uma perfeita unidade e harmonia entre o Filho e o Pai. Não se trata de duas vontades separadas, mas da mesma vontade divina fluindo na história, através de um envio mútuo que reflete a comunhão eterna entre o Pai e o Filho.

3. “O Espírito da Verdade” – Revelação e Iluminação Interior

Chamar o Espírito de Espírito da Verdade indica que sua missão é revelar, conduzir, iluminar. Ele não vem para trazer novas doutrinas, mas para fazer compreender interiormente o que Cristo revelou exteriormente. A verdade aqui não é apenas doutrinária, mas existencial e espiritual. O Espírito conduz a alma à profundidade da realidade, permitindo que a pessoa entre em comunhão com o Logos eterno.

4. “Que procede do Pai” – Origem eterna no mistério da Trindade

Esta cláusula – qui a Patre procedit – foi central nas discussões teológicas sobre o Espírito Santo, especialmente no contexto do Filioque. No texto original da Vulgata (seguindo a tradição oriental), enfatiza-se que o Espírito procede do Pai. Essa “processão” não é um ato no tempo, mas um ato eterno: o Espírito procede do Pai como o Amor vivo que une o Pai e o Filho. Ele é a terceira Pessoa da Trindade, eternamente derivado do Pai (e no Ocidente, também do Filho), como laço pessoal e dinâmico do Amor divino.

5. “Ele dará testemunho de mim” – Continuidade da revelação cristocêntrica

O objetivo da vinda do Espírito é dar testemunho de Cristo. Isso significa que a obra do Espírito no mundo é cristocêntrica: Ele não age em nome próprio, mas conduz ao Filho, ilumina os corações para reconhecerem Cristo como o Verbo encarnado, presente na Escritura, nos sacramentos e na vida da Igreja. Esse testemunho não é apenas externo (pregação), mas interno — no coração de cada ser humano que se abre à luz da Verdade.

Conclusão

João 15,26 revela que a vida cristã não é uma sequência de regras externas, mas uma comunhão viva com Deus Trino. O Espírito Santo, enviado por Cristo da parte do Pai, habita o interior dos que creem, ensinando a verdade como liberdade, revelando Cristo como sentido, e fazendo da história humana um espaço contínuo de revelação. A missão do Espírito é conduzir a criação ao seu ponto Omega: à plena realização no Amor que tudo unifica sem anular.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Mensagens de Fé

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